༺ Bryan Fernandes ༻ Saio apressadamente desse maldito hospital e, assim que chego no estacionamento, não consigo me conter e dou um soco com toda a força que possuo na parede. Então tudo não passava de uma farsa? Eu pensava que ela estava realmente casada com meu pai. Os dois me fizeram de idiota, não consigo esquecer isso. Tentei de todas as formas conseguir o perdão de Maribel, mas cheguei à conclusão de que cada dia isso estava se tornando um túnel sem fim. Parei no primeiro bar que estava aberto e fechei os olhos enquanto aguardava o garçom me servir uma dose de uísque. Todos esses meses eu tentei de todas as formas fazer com que o coração dela amolecesse, mas o ódio que ela sente por mim é maior do que tudo. Estou cansado disso. Meu pai também não passava de um traidor. Eu não sei por que não me surpreendo que ele tenha feito isso para me punir, para me fazer pagar. Sempre foi assim, ele resolve as coisas com alguma punição para que eu aprenda. Depois da quinta dose, já não e
༺ Vincenzo Fernandes ༻ Bryan chegou aqui de repente, e acabamos discutindo. No entanto, eu podia perceber que ele estava completamente bêbado, então não insisti em ir mais fundo nessa discussão. Após me dizer as coisas mais horríveis que ele poderia ter falado, simplesmente saiu, e mandei os meus seguranças fecharem o portão. Porém, não adiantou de nada; ele passou com seu carro por cima do portão, catando pneu. Rapidamente, andei até o meu carro, e João Carlos assumiu o banco do motorista. Dirijo apressadamente, não posso deixar que nada aconteça com o meu filho. Assim que avisto seu carro, digo para João Carlos buzinar para que ele pare, mas simplesmente não me ouve, me ignora e acelera mais. Tenho medo do que possa acontecer, principalmente porque a rua está movimentada de carros. O carro dele tem momentos que vai para um lado da rua e, no outro, para o outro lado. Ao perceber que continuo sério, olhando para o carro à minha frente, João Carlos comenta. — Esse idiota, que irre
༺ Maribel Varrozzini ༻ — Vincenzo? Alô? Não tive tempo de perguntar mais nada porque a ligação foi encerrada; Vincenzo simplesmente desligou na minha cara. Mas o que ele havia me falado me deixou muito nervosa e preocupada. Comecei a me sentir culpada ao lembrar das palavras que disse a Brayan. Não poderia imaginar que aconteceria tudo isso. Para ele chegar ao extremo, com certeza, estava esgotado. Será que realmente, esse tempo todo, eu estava sendo muito cruel com Brayan e muito ressentida pelos meus sentimentos? Me sentei no sofá, tentando formular tudo que aconteceu. As palavras que Vincenzo disse não saíram da minha cabeça: ele estava entre a vida e a morte. Júnior rapidamente surgiu no batente da porta perguntando com um sorriso, tirando-me dos meus pensamentos. — Maribel, então nosso convidado de honra vai comparecer? Nossa, que cara é essa? Aconteceu alguma coisa? — Sim, aconteceu, mas é difícil acreditar. Ele não vai poder vir porque está com o filho entre a vida e a mor
༺ Esther Fernandes ༻Até agora, havia me mantido neutra em tudo o que Maribel vem fazendo com a minha família, mas cheguei ao meu limite. Percebi que meu irmão estava destruindo a própria vida por causa dela.Meu pai era cego, não sei se ele estava apaixonado por ela ou simplesmente não queria enxergar a maldade que ela vinha fazendo com o Bryan. Porém, eu não permitirei mais que isso aconteça; ela não machucará mais ninguém da minha família e desuni-los.— Você não deveria ter falado dessa forma com a Maribel, ela não tem culpa do que aconteceu. Você sabe que o seu irmão é um irresponsável — ele disse, completamente enfurecido com o meu comportamento. E respondi:— Eu não precisava? Pai, põe a mão na sua consciência. Essa mulher está destruindo a nossa família. Sei que o Bryan não é a melhor das pessoas, porém, você tem que admitir que desde que ela surgiu nas nossas vidas, ele vem se matando a cada dia por culpa dela.— Você sabe que tudo que está acontecendo é culpa dele mesmo. Foi
༺ Maribel Varrozzinni ༻Depois da minha discussão com o Esther, achei melhor sair daquele hospital. Não estava suportando os olhares acusadores dela e do João Paulo, mesmo não tendo culpa na história. Enquanto Júnior me conduzia ao carro, ele comentou.— Foi melhor assim, pelo menos você não precisa estar sendo julgada por uma coisa que não fez. Quem agiu com a irresponsabilidade foi o Bryan, não se sinta culpada por isso.Concordei com as palavras dele e respondi.— Eu não me sinto, mas conheço muito bem aquela garota, insuportável. Olha, não sei quanto tempo aguentei perto dela. Menina cheia de si que se acha melhor do que os outros.Júnior concorda com as minhas palavras e responde.— Isso é verdade. Ela é bem petulante e ousada. E arrogante. Também até entendo é uma patricinha mimada que tem tudo né? Mas olha se ela não mudar a vida vai ensiná-la.— Concordo plenamente, Júnior. Se Esther não mudar, a vida vai ensiná-la da pior forma possível. — assenti enquanto olhava pela janela,
༺ Bryan Fernandes ༻07 meses depois...Acordei com a visão embaçada, uma dor de cabeça pulsante e a sensação de que algo estava muito errado. Lentamente, percebi estar em um quarto de hospital. Olhei para o lado e vi um soro pendurado e vários remédios dispostos na mesa ao lado da cama." Onde estou? Como vim parar aqui?" pensei em voz alta, tentando juntar as peças de um quebra-cabeça confuso.Uma enfermeira entrou no quarto, e ao perceber que eu havia acordado, deu um sorriso gentil.— Finalmente você acordou! Sua família vai ficar muito feliz — disse ela, ainda sorrindo.Minha mente estava um turbilhão. Nada fazia sentido. Olhei para ela, confuso.— O que aconteceu? — perguntei, tentando encontrar respostas em seu olhar.— Você sofreu um acidente de carro. Ficou entre a vida e a morte, mas parece que é muito forte e sobreviveu — respondeu à enfermeira, sua voz suave tentando me acalmar.— Um acidente de carro? — minha surpresa era evidente.Ela hesitou um pouco antes de responder.—
༺ Maribel Varrozzinni ༻Os meses haviam se passado e eu não tinha mais notícias de Bryan. Depois que a Esther deu aquele show, preferi me afastar da família dele. Ainda perguntava algumas coisas para Vincenzo, mas nunca prolongava a conversa.Minha fisioterapia estava indo bem; eu já conseguia andar com a ajuda de muletas. A vida continuava, mesmo com Bryan em coma, mas eu sempre esperava que ele acordasse.Enquanto o Dr. Kemal, meu médico, me ajudava com os exercícios, ele comentou:— Você parece estar com o pensamento longe hoje, Maribel.Suspirei, desviando o olhar.— Só estou pensando na vida e em tudo o que aconteceu.— Você é uma mulher misteriosa — ele disse, com um tom curioso. — Percebo que carrega uma tristeza nos olhos.Dei de ombros, tentando minimizar.— Só passei por muito sofrimento Dr.— Posso perceber isso. Mas você é uma mulher forte — ele respondeu com um sorriso encorajador.Assenti, mas minha expressão permaneceu séria.— Sim, mas o que tem me preocupado ultimamen
༺ Bryan Fernandes ༻Estava sentado na cama quando decidi perguntar sobre Maribel. A dúvida me corroía desde ontem. Ergui os olhos para meu pai, que lia um livro numa poltrona próxima.— Pai, como está a Maribel? — perguntei, quebrando o silêncio.Ele levantou o olhar do livro, com uma expressão mista de surpresa e cautela.— Tenho falado pouco com ela — disse ele, medindo as palavras. — Ela se afastou, mas soube que continua fazendo fisioterapia para voltar a andar melhor. Está se movimentando com muletas.— Então ela voltou a andar? — minha surpresa era evidente na voz.— Sim — confirmou ele, com um leve sorriso. — Fez uma pequena cirurgia com o médico e conseguiu recuperar alguns movimentos da perna. Parece que tudo começou quando o cuidador dela estava auxiliando nos exercícios. Ela sentiu o toque das mãos dele nas pernas e mencionou ao médico, que logo pediu alguns exames e decidiu pela cirurgia. E parece que deu tudo certo.Um sorriso brotou no meu rosto, mesmo que pequeno.— Que