Anne Turner Os meses se passaram desde que nossa vida voltou ao normal, e estávamos de volta à nossa nova casa na reserva. A rotina finalmente começou a se estabilizar, mas estando casada com um Alfa, a palavra "rotina" nunca era sinônimo de calmaria. Seu espírito empreendedor e sua vontade de nos proporcionar sempre o melhor o levaram a abrir uma nova construtora em Nova York, colocando-a em meu nome. Ele disse que queria garantir que eu nunca ficasse desamparada. E realmente ele a abriu. Eu estava feliz. Por mais que Portland fosse o nosso lar, a ideia de expandir nossos horizontes me enchia de entusiasmo. Viemos para Nova York para ver de perto o andamento dos negócios e, finalmente, aproveitar a lua de mel que nunca conseguimos ter quando o maluco do Michael sequestrou nosso filho.A distância entre Portland aqui em Oregon e Nova York,era de aproximadamente 3.940 quilômetros,mais ou menos seis horas de viagem. Uma eternidade, mas o carinho que William fazia em meu cabelo torn
Anne Turner Minhas mãos frias estão por baixo do casaco de pele, e eu estou ansiosamente olhando por todos os lados aguardando a Vic chegar.O motorista me deixou aqui no café marcado, e eu me sentei em uma das cadeiras.Minha tia Sara, disse que os lobos eram sensitivos, e que podíamos sentir coisas que os humanos não conseguiam distinguir. E durante toda a minha vida eu realmente tive essa impressão sobre tudo, porém não sabia o motivo.Sinto uma mão tocar suavemente em meu ombro, me viro e cumprimento a Vic."Anne" ela me dá um abraço.""Você está bem?" perguntei preocupada referente a situação no avião.""Estou sim, graças a você. Fiquei sabendo que não tinha outro médico no avião.. Se não fosse você.""Eu ainda não sou médica. Vou me formar." passei as mãos entre os cabelos.""Será uma excelente profissional.""Espero que sim.'Eu ainda estava processando tudo quando me sentei com Vic na cafeteria. Ela parecia tão tranquila, tão natural, como se fôssemos amigas de longa data. Havi
Anne Turner Apesar dos contratempos, nossa lua de mel foi incrível.Eu e William passamos dias maravilhosos onde eu me permitia esquecer os problemas. Alongamos a nossa estadia na cidade de Nova York, pois estávamos esperando o resultado do exame de Dna.E esse dia chegou.Vic estava com o envelope em mãos, eu sabia que tinha a possibilidade de não sermos irmãs e tudo ter sido um engano. Mas eu queria acreditar no melhor.Os pais dela nos ajudaram em todo processo fazendo com que fosse bem mais rápido."Está pronta para abrir?" perguntou encarando o envelope com o resultado.""Seja o que a Deusa quiser."eu disse a ela."Devagar ela abriu o exame de DNA, e eu senti um calafrio percorrer a minha espinha.Quando ela abriu e leu primeiro que eu, Vic começou a chorar."Somos irmãs Anne."Meu cérebro estava tão nublado que eu não conseguia esboçar reação. Eu só pensava no por que. Por que Amélia destruiu a nossa vida assim? Eu agora não conseguiria sentir mais rai
William Carter.Eu particularmente odiava reuniões de negócios. Era exaustivo ouvir todos aqueles lobos prepotentes falarem enquanto eu sabia que metade deles não fazia nada que prestasse pelas suas alcateias.Seguro um drinks na mão enquanto o tédio me consumia e eu prestava atenção em tudo ao meu redor, menos no que o idiota no palco falava. Mas aquilo era importante para ter boas relações, eu sabia disso. "Então você é William Carter." a voz feminina ecoou sob meus ouvidos."Olhei para a frente e dei de cara com a loba loira em seus 1.70m de altura, e um perfume que espantaria mil lobos de vez."O próprio.""Ouvimos falar da sua matilha em Portland, um dia eu e meu pai gostaríamos de fazer uma visita."Ela era filha de um dos Alfas da alcateia vizinha. "É. Você e seus pais estão convidados." forcei uma gentileza.""Sabe…" a loba se aproximou." Você é um dos Alfas mais charmosos que eu conheço, Carter. Que tal se adiar sua volta para Oregon hoje? Podemos tomar um vinho…Tudo por m
Anne Turner Um dos primeiros natais que eu passaria comemorando. Era até inacreditável.Tudo que eu sonhei e pedi estava se realizando, coisas simples, como poder participar do natal sem ser como uma empregada. Poder comprar presentes para quem eu amava, e ter uma família para chamar de minha.Me abaixei para pegar os enfeites de natal no porão e imediatamente lembrei-me de como odiava o escuro. Ele me trazia sensações ruins, prisão, desconforto, mas agora isso não precisaria ser um motivo para temer.Eu costumo dizer que a felicidade é algo singular. Nem sempre estará tudo perfeito e harmônico, mas também haverá momentos bons, felizes. Se fossemos felizes o tempo todo não daríamos o devido valor à felicidade. Peguei os enfeites e os pendurei na árvore de natal. Foi quando senti uma mão em minha cintura e pude sentir diversos calafrios,assim como a primeira vez que aquela mão me tocou. Ainda era o mesmo sentimento."Eu te ajudo com isso." William segurou alguns dos enfeite
Anne Turner. Quatro anos depois. Cá estava eu me encarando no espelho. A maquiagem pronta para a minha tão sonhada formatura de medicina que era daqui a alguns instantes. Eu estava nervosa, mas a pequena mão que segurava as minhas com um olhar muito meigo me acalmava e dizia que eu poderia tudo. Noah estava com três aninhos, e falava tudo que eu podia ou não podia imaginar. "Mamãe, linda." ele falou com sua voz doce." "Sério meu amor? Você é lindo. Agora vai ficar com a titia Zara e sua prima enquanto eu vou terminar de me arrumar tá bom?" Ele assentiu e saiu saltitando. Muito fofo e inteligente o meu lobinho.Eu nem podia acreditar, foram tantos anos sonhando com isso. Me segurei para não borrar a maquiagem ao me lembrar de tudo que passei para estudar. Das noites em claro, dos livros que tinham que ser escondidos, de fugir para conseguir ir até a faculdade. Eu agradeci mentalmente, por tudo ter dado certo. "Já está pronta? Futura médica?" Wil
Sinto roupas sujas sendo jogadas em direção ao meu rosto com agressividade e me levanto atordoada, meu corpo inteiro dói após um dia de trabalho árduo.— Ei, órfã preguiçosa! — a voz ecoou sobre o porão. — Eu te disse para lavar todas as roupas, e o que seriam essas que sobraram? — Ela aponta para a trouxa de roupas que acabará de jogar em mim.Levanto-me devagar, os músculos protestando a cada movimento. Encaro a figura imponente da minha tia, lutando para manter a compostura, mesmo que minhas mãos estejam tremendo de frustração e tristeza. Respiro fundo, buscando forças para não deixar as lágrimas traíras rolarem livremente pelo meu rosto.— Eu… eu estava… tentando terminar, eu juro — as palavras saem da minha boca em um sussurro frágil, quase abafadas pela raiva contida.Mas as palavras dela cortam meu ímpeto. Um nó se forma na minha garganta, mas preciso manter a calma, preciso. Com um esforço sobre-humano, controlo a vontade de rebater, resistindo ao impulso de explodir em choro.
O ônibus estacionou uns dois pontos antes da universidade, e eu precisava andar apenas alguns passos até lá. Meus olhos tentavam não se fechar pelo simples fato de ter que acordar antes de todos para fazer o café da manhã e os afazeres, mesmo após apanhar como uma mala velha.Não era simples conviver com toda aquela situação. Eu sempre percebi ser diferente das outras pessoas; era tímida e reclusa. Talvez fosse normal, considerando o ambiente em que fui criada como uma escrava a vida toda, sem nenhum resquício de amor ou afeto. Não havia muitas convicções ou esperanças para mim; eu nunca conseguiria ser feliz estando naquela casa.Muitas vezes, já me perguntei: se meus tios têm boas condições, por que não contrataram uma empregada?Isso era simples de responder; por que raios eles iriam contratar mão de obra se tinham a minha gratuitamente?Andei mais um pouco com dificuldade, pois meu corpo doía e latejava. Enfim, eu cheguei à universidade.As garotas me olhavam com desprezo e superi