Capítulo 5

Capítulo 5

Os Alfas se reuniram no grande salão da vila. O lugar, com suas paredes de madeira rústica e vigas expostas, era o centro das decisões da matilha. Lucian, o líder, estava no centro da sala. Sua expressão era de preocupação, mas também de determinação. Ele havia sentido algo que não podia ignorar, algo que exigia respostas.

— Draven está mentindo — declarou Lucian, quebrando o silêncio que pairava sobre o grupo. Sua voz firme reverberou pelo salão. Todos os Alfas presentes pararam de murmurar, voltando seus olhares para o líder.

— O que você quer dizer com isso, Lucian? — perguntou Jarek, um dos Alfas mais antigos da matilha, cruzando os braços. Ele era grande e musculoso, com cicatrizes de batalhas passadas marcando seu rosto severo.

Lucian olhou para cada um dos Alfas, sentindo o peso da responsabilidade sobre seus ombros. Ele sabia que essa discussão poderia mudar o destino da matilha. 

— Quando Draven veio à vila hoje, ele disse que havia encontrado um homem no mar, que estava fraco e precisava de cuidados — começou Lucian, com um tom sério. — Mas isso não é verdade. Ele está escondendo algo, e eu sei o que é.

Os olhos dos Alphas brilharam com uma mistura de curiosidade e inquietação. Eles confiavam em Lucian, mas Draven sempre havia sido um aliado fiel da matilha. Ainda assim, o silêncio no salão mostrou que estavam prontos para ouvir o que o líder tinha a dizer.

— Quando Draven veio hoje até aqui eu senti o cheiro de uma mulher. Não qualquer mulher. Uma Luna.  — continuou Lucian, sua voz baixa, mas carregada de autoridade. 

Alguns dos Alfas se levantaram de suas cadeiras, suas expressões incrédulas e alarmadas. O cheiro de uma Luna, especialmente em uma ilha tão isolada, era algo que não poderia ser ignorado.

— Uma Luna? — exclamou Rehan, um dos Alfas mais jovens, os olhos arregalados de surpresa. — Tem certeza, Lucian? 

Lucian balançou a cabeça, confirmando.

— Eu senti. O cheiro era inconfundível. Draven está escondendo uma Luna em sua cabana, e ele mentiu sobre isso.

O salão explodiu em murmúrios e discussões acaloradas. Alguns questionavam as intenções de Draven, enquanto outros tentavam processar o que isso significava para a matilha. Uma Luna significava mais do que uma simples visitante. Ela era uma figura de poder, uma força capaz de mudar o equilíbrio dentro da matilha.

— Por que ele esconderia algo assim? — perguntou Jarek, ainda confuso, sua voz ressoando por cima das conversas. — Draven sempre foi leal. Não faz sentido ele mentir sobre algo tão importante.

Lucian cruzou os braços, pensativo.

— Isso é o que eu pretendo descobrir. Mas o fato de ele ter escondido a presença dela já é motivo suficiente para desconfiança. Não podemos nos dar ao luxo de ignorar isso. Ele pode estar tentando protegê-la... ou pode estar escondendo algo mais.

— Se ela for uma Luna, isso muda tudo! — gritou Rehan, se levantando de repente. — Uma Luna pode significar uma nova era para a matilha, ou até um desastre. Depende de quem ela é e por que está aqui.

— Mas por que Draven mentiria sobre isso? — insistiu Jarek. — Ele sabe que somos uma comunidade, que qualquer decisão deve ser compartilhada com a matilha.

Lucian olhou ao redor, percebendo que a dúvida estava corroendo o grupo. O vínculo de confiança entre os Alfas era a base da força deles, e a ideia de que um dos seus pudesse estar traindo essa confiança era um veneno perigoso.

— Temos que confrontá-lo — disse Lucian, sua voz cortando o tumulto de conversas. — Precisamos descobrir a verdade antes que seja tarde demais.

— E se ele estiver protegendo ela por um motivo legítimo? — perguntou Aric, conhecido por sua cautela. — Não podemos simplesmente acusá-lo sem ouvir sua versão.

Lucian assentiu.

— É verdade, Aric. Não estou propondo que o condenemos sem provas. Mas a presença de uma Luna pode significar muitas coisas, boas ou ruins. E se Draven estiver escondendo mais do que apenas sua presença? Precisamos estar prontos para qualquer possibilidade.

Os Alphas continuaram a debater, suas vozes subindo e descendo como o mar agitado. Alguns queriam agir imediatamente, confrontar Draven e forçá-lo a falar. Outros achavam melhor esperar e observar, tentar entender por que ele estaria escondendo uma Luna.

Jarek, sempre o mais direto, deu um passo à frente. 

— Então, o que fazemos, Lucian? Vamos confrontá-lo agora?

Lucian ficou em silêncio por um momento, ponderando. Ele sabia que a verdade era essencial, mas também que qualquer movimento errado poderia provocar uma ruptura dentro da matilha. Finalmente, ele falou:

— Vamos até a cabana de Draven — disse ele, com firmeza. — Mas não iremos com violência. Vamos exigir respostas. Se ele estiver escondendo algo, saberemos. Se ele tiver uma explicação, ouviremos. Mas, de uma forma ou de outra, a verdade virá à tona.

Os Alfas assentiram, preparando-se para o confronto inevitável. Lucian os guiaria, como sempre fazia, mas dessa vez, ele também estava em terreno incerto. Uma Luna, uma figura tão poderosa, em segredo naquela ilha... aquilo poderia alterar tudo o que eles conheciam sobre seu mundo.

Draven estava sentado ao lado da cama observava a mulher dormir um sono profundo, o silêncio na cabana era reconfortante, mas ele sabia que não duraria. Desde o momento em que a resgatara do naufrágio, sabia que seu segredo estava em risco. Proteger uma mulher desconhecida era algo que ninguém ousaria fazer em silêncio por muito tempo.

Ele suspirou, com os pensamentos em um fluxo anormal. De repente, seus ouvidos captaram o som de passos do lado de fora. Passos firmes, decididos, que não pertenciam a somente um lobo, mas a matilha completa. Ele fechou os olhos por um momento, tentando acalmar o batimento acelerado de seu coração. Ele sabia que esse momento chegaria.

Levantando-se lentamente, Draven caminhou até a porta da cabana e olhou por uma fresta da porta. Seus sentidos aguçados confirmaram o que ele já sabia: Lucian estava à frente da matilha. O cheiro de desconfiança e tensão pairava no ar, inconfundível.

Ele voltou-se para Bianca por um breve instante. Ela ainda dormia, alheia ao caos que se aproximava. Draven sabia que, em questão de minutos, sua tranquilidade estaria destruída. O conflito era inevitável. Ele a protegeria, a qualquer custo.

"Eles não a levarão." Esse pensamento repetia-se como um mantra em sua mente. Ele havia quebrado o protocolo ao esconder sua presença, mas não podia permitir que os outros Alfas decidissem o que deveria ser feito com a mulher.

Draven abriu a porta antes que Lucian ou os outros tivessem a chance de bater. Seu olhar duro encontrou o de Lucian imediatamente, e o líder da matilha não hesitou.

— Sabíamos que você estava escondendo algo, Draven — disse Lucian, sua voz baixa, mas carregada de tensão. — Chegou a hora de explicações.

Os outros Alfas estavam posicionados logo atrás, formando uma linha imponente, prontos para agir caso fosse necessário. Draven, no entanto, não se intimidou. Sua postura era calma, controlada, mas seus olhos não escondiam a determinação feroz que ardia dentro dele.

— Não há nada para explicar — respondeu Draven, em um tom cortante. — O que quer que vocês pensem que sabem, não entenderiam.

Lucian estreitou os olhos, dando um passo à frente. Ele não tinha a intenção de fazer aquilo virar uma batalha, mas estava preparado. O cheiro de uma Luna era inconfundível, e Draven não podia mais negar o que estava escondendo.

— Uma Luna está aqui, Draven. Não negue. Nós sabemos — disse Lucian, sua voz firme. — E o fato de você ter mentido e escondido isso de nós... Isso levanta muitas questões.

Draven se sentiu injustiçado de tais acusações, seus instintos alertando-o para a gravidade da situação, maso semblante de espanto mostrava que ele não fazia ideia de que a mulher a qual estava ajudando era uma Luna, agora ele conseguia entender o motivo de estar sentindo uma ligação com ela. 

— Eu não sabia que ela era uma Luna — disse Draven se defendendo assim que recuperara do espanto inicial. — Eu não disse nada porque estava protegendo ela.

Os olhos de Lucian brilharam com curiosidade, mas também com raiva. Ele não estava acostumado a ser desafiado dentro da própria matilha. Os outros Alphas começaram a murmurar, claramente desconfortáveis com a situação.

— Se é verdade que você a está protegendo, então nos deixe vê-la — exigiu Lucian.

Draven permaneceu em silêncio por um longo momento. Ele sabia que não poderia mantê-la escondida para sempre, mas também sabia que revelar sua identidade naquele momento poderia colocá-la em um perigo ainda maior. Ela não estava pronta para enfrentar os Alphas. Não ainda.

— Não. Não vou permitir que vocês a perturbem — disse ele, finalmente, sua voz dura como pedra. — Ela ainda não sabe quem é, e se vocês a levarem agora, só estarão colocando sua vida em risco.

— Draven — disse Lucian, a voz mais calma agora. — Eu entendo seu instinto de protegê-la. Mas ela não é sua para guardar. A Luna pertence à matilha. Precisamos vê-la, precisamos saber o que está acontecendo. Acreditamos em você, mas não podemos ignorar o fato de que está escondendo algo tão importante.

Draven apertou os punhos, seu corpo tenso. Ele sabia que Lucian estava tentando ser razoável. Ele olhou para trás, para a cabana, onde ela ainda dormia, e então voltou-se para Lucian.

— Se eu deixar que a vejam, vocês precisam prometer que nada será decidido sem antes ouvir o que eu tenho a dizer. Não vou permitir que a tirem daqui à força.

Lucian assentiu lentamente, os olhos fixos nos de Draven. 

— Eu prometo. Queremos a verdade, Draven. Nada mais.

Draven suspirou, resignado. Ele sabia que não poderia proteger Bianca da matilha por muito mais tempo. E, no fundo, sabia que a verdade teria que vir à tona eventualmente. Mas isso não significava que ele a entregaria de bandeja.

Com um último olhar para os Alfas, ele se afastou da porta, permitindo que Lucian e os outros entrassem na cabana. Enquanto eles avançavam, Draven sentia o peso de uma batalha iminente, uma que ele estava disposto a lutar com tudo que tinha para garantir a segurança de Bianca.

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