Capítulo 12Há uma semana, Bianca se isolara na cabana de Draven, afastando-se dos alfas e de qualquer interação. No entanto, não era dentro da cabana que ela encontrava refúgio. A maior parte dos dias, ela passava no topo de uma colina, de onde podia ver o oceano se estender até o horizonte. O isolamento, seu único escape, a mantinha longe das responsabilidades que a aguardavam, dos olhares dos alfas e das expectativas que pesavam sobre ela. Era um esforço consciente de se esconder, de evitar decisões e encarar o destino que a aguardava. Ninguém ousava perturbar sua reclusão. Exceto Draven.Ele sempre aparecia silenciosamente, nunca diretamente. Draven respeitava seu espaço, quase como se sentisse o quanto sua presença constante a sufocaria ainda mais. Em vez disso, deixava discretamente alimentos ao lado do abrigo improvisado, durante a noite, quando Bianca estava adormecida. Cada manhã, ao despertar, ela encontrava as frutas frescas, o pão cuidadosamente deixado, e sabia que ele
Capítulo 13O peso do fardo que carregava parecia, de alguma forma, mais suportável. Ela havia sido ouvida. Pela primeira vez, eles entenderam que sua dor não era algo a ser ignorado ou minimizado.Quando a clareira finalmente se acalmou, e os alfas baixaram suas cabeças em reconhecimento, Bianca se afastou da colina e voltou ao seu refúgio solitário. Ela sabia que, apesar da força que mostrara, não poderia continuar fugindo para sempre. Havia mais decisões pela frente, e essas não poderiam ser adiadas indefinidamente.Bianca passou a noite em claro, deitada sob o manto das estrelas, ouvindo o vento que parecia mais suave agora, quase reconfortante. Sua mente vagava pelas possibilidades, e uma ideia começava a tomar forma. Ela não queria mais ser prisioneira de seu próprio destino, mas, ao mesmo tempo, sabia que não poderia simplesmente continuar a se afastar de tudo e todos.Bianca se sentou lentamente, seus pensamentos se alinhando. Era hora de uma nova abordagem. Na manhã seguinte,
Bianca estava determinada a conhecer melhor cada um dos alfas que a cercavam. Ela não seria uma luna indefesa a espera de proteção, queria ajudar. Se fosse para fazer parte da alcatéia, seria útil, e não apenas alguém que esperaria. Depois de dias explorando a ilha e pensando em quais dos grupos deles escolheria para conhecer primeiro, decidiu que era hora de sair da segurança e acompanhar os líderes de caça e exploração.Era início da noite quando ela caminhou até o ponto de encontro, onde os dez alfas responsáveis por caçar e explorar os perigos da ilha já a esperavam. Krixon, o líder do grupo, estava encostado em uma árvore, os olhos âmbar observando atentamente cada movimento dela. Ao lado dele, Miryas e Vorath conversavam em voz baixa, enquanto Zaphyr afiava uma faca com uma precisão impecável. Os outros permaneciam em posições relaxadas, mas o ar de expectativa era palpável.— Você tem certeza disso? — Krixon perguntou, a voz grave ecoando no silêncio da noite. Ele era imponente
Capítulo 1Ela olhava pela pequena janela da cabine, O céu, que até algumas horas atrás era um manto azul tranquilo e infinito, agora se transformava rapidamente em um espetáculo aterrorizante. Observando a imensidão que a cercava. O horizonte parecia desaparecer lentamente, engolido pelo que ela agora percebia ser mais do que apenas uma tempestade passageira. Algo dentro dela sussurrava que aquilo era um presságio, uma advertência. Seu coração batia acelerado, o medo começando a invadir suas veias, mas ela o empurrava para longe. Respirou fundo, tentando se lembrar de quem ela era — sempre forte, sempre determinada, nunca cedia ao medo, mesmo quando ele apertava seu peito como agora.— Vai ficar tudo bem — murmurou para si mesma, mais como um mantra do que uma verdade.Ela estava a caminho de um novo destino, uma nova vida, uma nova chance de recomeçar. Tinha feito a escolha certa, ou pelo menos, era o que tentava acreditar. Deixar tudo para trás tinha parecido sensato na época, mesm
Capítulo 2Sentia a água fria envolvê-la, penetrando em seus ossos, mas havia algo pior: o silêncio absoluto. Um vazio opressor que consumia cada pensamento, cada emoção, deixando apenas o pavor da incerteza.Seu corpo doía. Cada músculo parecia tenso, desgastado, e o gosto salgado de maresia estava impregnado em seus lábios rachados. Bianca tossiu, tentando expulsar o gosto amargo da garganta seca. Não havia barco, tripulação, ou qualquer sinal de terra firme. Apenas o oceano infinito e impiedoso, vasto e indiferente.Ela olhou ao redor, seus olhos ardiam com o sal. A mente ainda nebulosa a fazia lutar para se lembrar do que acontecera. A tempestade e o caos. Tudo desabou de uma vez, e antes que pudesse reagir, foi lançada à deriva, prisioneira do oceano. Bianca sentia suas forças a abandonarem. Seu corpo parecia à beira de desistir, e sua mente, turva pela exaustão, começou a ceder. Mas então algo mudou. O som do mar foi interrompido por uma presença. A água ao seu lado se agitou. N
Capítulo 3Bianca acordou sem saber onde estava, a mente ainda nublada, sem conseguir raciocinar direito. Ela escutou o crepitar suave da lareira, que rompia o silêncio da cabana, enquanto o calor acolhedor a envolvia. Cada músculo cansado começava a relaxar sob as mantas macias. Ela se sentia segura, ainda que uma parte de sua mente permanecesse inquieta, como se estivesse em alerta.Draven, em contraste, movia-se pela pequena cabana com eficiência controlada. Ele sabia exatamente o que fazer. Agora, ele preparava algo para ela comer, uma sopa quente que lançava um aroma reconfortante no ar. Ele não disse muito; suas ações falavam por ele. Porém, apesar de sua postura rígida e semblante fechado, havia algo em Draven que sugeria mais do que ele deixava transparecer.Bianca sentiu o aroma suave de ervas e legumes, e seu estômago roncou em resposta. Quando Draven finalmente trouxe a tigela de sopa fumegante, ele a colocou em suas mãos com um gesto cuidadoso. O toque de seus dedos contra
Capítulo 4Draven acordou, se levantou e saiu pela porta da cabana determinado a encontrar suprimentos antes que o dia amanhecesse. Ele caminhava com passos silenciosos, movendo-se com a familiaridade de alguém que conhecia cada detalhe daquela floresta. Ele não queria chamar atenção, principalmente por não estar pronto para contar a verdade sobre a mulher em sua cabana. Por isso, decidiu omitir informações.Ao chegar à vila, o sol ainda não tinha nascido. A vila era um amontoado de casas de madeira rústicas, simples, mas funcionais. Poucas pessoas estavam acordadas àquela hora, mas Draven sabia que o líder da matilha, Lucian, já estaria de pé. Lucian era o Alfa de uma comunidade de lobos que viviam isolados ali, em harmonia com a ilha. Draven conhecia bem aquele mundo e sabia que não seria fácil convencê-lo sem levantar suspeitas.Lucian, como sempre, estava na pequena praça central, inspecionando o território como fazia todas as manhãs. Alto, de ombros largos e presença imponente, s
Capítulo 5Os Alfas se reuniram no grande salão da vila. O lugar, com suas paredes de madeira rústica e vigas expostas, era o centro das decisões da matilha. Lucian, o líder, estava no centro da sala. Sua expressão era de preocupação, mas também de determinação. Ele havia sentido algo que não podia ignorar, algo que exigia respostas.— Draven está mentindo — declarou Lucian, quebrando o silêncio que pairava sobre o grupo. Sua voz firme reverberou pelo salão. Todos os Alfas presentes pararam de murmurar, voltando seus olhares para o líder.— O que você quer dizer com isso, Lucian? — perguntou Jarek, um dos Alfas mais antigos da matilha, cruzando os braços. Ele era grande e musculoso, com cicatrizes de batalhas passadas marcando seu rosto severo.Lucian olhou para cada um dos Alfas, sentindo o peso da responsabilidade sobre seus ombros. Ele sabia que essa discussão poderia mudar o destino da matilha. — Quando Draven veio à vila hoje, ele disse que havia encontrado um homem no mar, que