Capítulo 38Bianca despertou com um sobressalto, o coração batendo tão forte que parecia ecoar pela cabana. Seu corpo estava coberto de suor frio, e o ar ao seu redor parecia pesado, denso, como se o próprio pesadelo se recusasse a deixá-la. A imagem de Malakai ainda flutuava em sua mente, com seus olhos sombrios e um sorriso cruel que parecia prometer destruição. Ela tentou recuperar o fôlego, fechando os olhos por um instante para afastar a sensação de perigo iminente, mas a sombra da presença dele ainda pairava em seu coração.Respirando fundo, ela deslizou as pernas para fora da cama, sentindo o chão gelado sob seus pés descalços. Enquanto olhava ao redor da cabana, a escuridão parecia mais opressiva, quase viva. Naquela manhã, a ilha parecia ter absorvido o eco do pesadelo, e o silêncio que preenchia o ar era mais inquietante do que qualquer som.A lembrança do olhar de Malakai, carregado de um desejo sombrio e incompreensível, não a abandonava. Havia algo sobre ele que a atraía
Capítulo 39A noite se despedia lentamente, e os primeiros raios de sol se insinuavam entre as copas das árvores, lançando uma luminosidade suave e dourada sobre a ilha. Um novo dia surgia, e com ele uma promessa de renovação pairava no ar. No entanto, para os alfas, o amanhecer trazia mais do que uma simples sensação de alívio; trazia também uma necessidade urgente de preparação, de fortalecimento interior. A partida de Lucian, um dos pilares da irmandade, deixara um vazio entre eles, e Draven sabia que, se quisessem proteger Bianca e a própria ilha, precisavam mais do que vigilância; precisavam de uma unidade inabalável, um espírito purificado.Draven, sempre atento às tradições e sabedor das forças místicas que sustentavam a ilha, decidiu convocar os alfas ao amanhecer para propor o ritual de purificação. Era uma prática antiga, quase sagrada, transmitida através de gerações e realizada em raríssimos momentos de necessidade extrema. A cerimônia permitia aos guerreiros reconectar-se
Capítulo 40O ritual de purificação da noite anterior ainda reverberava na mente de Bianca, como um eco distante, e ela sentia que algo profundo e inominável havia mudado dentro dela e, talvez, em todo o grupo. Era uma transformação sutil, mas ela a sentia pulsar como uma promessa de algo novo e poderoso.Saindo da cama, foi até a janela, onde pôde ver a ilha despertando. Seus olhos vagaram pelas árvores, e ela sentiu uma conexão inexplicável com tudo ao seu redor. A ilha era muito mais do que um refúgio. Sentia como se ela e aquele lugar compartilhassem algo misterioso, uma força ancestral que pulsava em cada árvore, em cada folha, em cada canto.Enquanto observava a paisagem, ouviu uma batida na porta. Surpresa, abriu-a e encontrou Rykael, que a observava com seu olhar sério, mas sereno.— Não queria incomodar. — Disse ele, em um tom baixo, hesitante, que não lhe era comum. — Mas senti que talvez você quisesse conversar... Sobre o ritual, sobre tudo.Bianca sorriu, assentindo.— Obr
Capítulo 41Bianca caminhava em silêncio ao lado de Draven, seus passos ecoando suavemente pelo chão coberto de folhas secas. O céu começava a se tingir de laranja, um prenúncio de que a noite logo se aproximaria. A uma semana da partida de Lucian e dos outros alfas, ela sentia uma inquietação crescente, uma necessidade inexplicável de buscar algo na floresta que a chamava como um sussurro suave, embora desconhecido.Ela não sabia ao certo o que procurava, mas sentia no fundo da alma que deveria ouvir esse chamado. Ainda assim, parte de si hesitava, razão pela qual havia pedido a Draven que a acompanhasse. Seu equilíbrio a fazia sentir-se segura.— Não esperava que me chamasse para uma caminhada tão longa a essa hora. — Comentou Draven, lançando-lhe um olhar curioso. — Você parece... Diferente hoje, Bianca. Como se estivesse em outro lugar.Bianca sorriu, mas o sorriso foi fraco.— Talvez eu esteja mesmo. Ou parte de mim, ao menos. — Respondeu, com uma leveza forçada. Respirou fundo,
Capítulo 42Bianca respirou fundo, sentindo o peso da decisão que tomou. Ela sabia que o ritual sagrado precisava ser realizado no local certo, onde a energia da Deusa Tríplice era mais forte, então lembrou de algo, por isso olhando para Draven disse:— Draven, eu sei onde o ritual deve ser realizado! — disse ela, olhando para ele com determinação.— Onde? — perguntou Draven, curioso.— Na gruta onde encontrei os antigos manuscritos. Onde Malakai transformou a lua prateada em lua de sangue — respondeu Bianca.Draven assentiu, entendendo. — É um local sagrado, carregado de energia.— Sim, e é lá que eu preciso realizar o ritual — Ela confirmou depois olhando para ele novamente, com a voz firme falou: — Preciso que você prepare os outros alfas. O ritual será realizado à noite.— Estaremos prontos — respondeu Draven, seu olhar determinado.Ao anoitecer, eles caminharam em direção à gruta, o som da cachoeira ao fundo crescendo à medida que se aproximavam. O ar estava carregado de umidade
Capítulo 43Bianca sentiu um peso em seu coração ao ouvir as palavras de Lucian, então o encarando de forma séria perguntou curiosa:— E como se chamava o Alfa amaldiçoado?Lucian hesitou por um momento antes de responder. — Ryker.Ela sentiu um tremendo choque ao lembrar que esse foi o nome que o Umbrawolf lhe deu. Ela se lembrou do desespero que ele parecia viver dentro de sua própria mente, atormentado constantemente.Então lembrou-se das palavras dele, sua voz ecoando em sua mente: "Não deixe Kariel sucumbir ao desespero, assim como eu sucumbi!".Agora ela sentia ainda mais o peso da responsabilidade que possuía. Sabia também que precisava fazer algo, mas não sabia o quê. Por isso precisava de respostas. — O que... o que aconteceu com ele? — perguntou Bianca com a voz trêmula.— Ele foi totalmente consumido por sua dor até começar a causar destruição em sua própria vila e infelizmente como já expliquei, seus próprios irmãos tiveram que destruí-lo, mas mesmo depois de morto a mal
Capítulo 44Bianca despertou com um leve gemido, sentindo a cabeça pesar como se estivesse imersa em um sonho distante. Piscar era um esforço, e sua visão estava turva, embaçada por uma sensação estranha de esgotamento. O quarto onde estava era escuro, a única fonte de luz era uma vela solitária ao lado da cama, que lançava sombras dançantes nas paredes, aumentando a aura de mistério que a cercava. Ao seu lado, Draven e Lucian a observavam com expressões tensas, ambos como guardiões zelosos e figuras carregadas de segredos não revelados.Draven, sempre sério, foi o primeiro a falar, com a voz carregada de preocupação:— Você está bem?Bianca respirou fundo, assentindo devagar, ainda tentando compreender o turbilhão de imagens e sensações que tinham invadido sua mente. Lembranças da caverna, da inscrição enigmática, da mulher misteriosa sentada em um trono com lobos caídos ao seu redor... Cada detalhe era tão vívido, tão inquietante, que parecia um eco distante de algo que ela sempre s
Capítulo 45A ilha parecia silenciosa demais naquela manhã, como se ela também aguardasse algo. Bianca despertou com uma leve pressão no peito, um lembrete constante das palavras reveladas na noite anterior. O “Destino Dividido” deixara de ser uma lenda distante, assumindo uma realidade iminente, pulsante, quase palpável. E, junto com essa percepção, veio o peso da responsabilidade que parecia absorver cada pensamento seu.Assim que saiu, ainda sentindo o frescor da manhã, encontrou Lucian à sua porta. Ele não disse nada, mas seus olhos eram suficientes para transmitir tudo que precisavam: empatia, respeito e, de um modo sutil, uma confiança que Bianca ainda lutava para sentir por si mesma.— Bom dia, Bianca — cumprimentou ele, em um tom calmo, sem pressa, como se a própria existência daquele momento fosse uma maneira de oferecer consolo.Ela forçou um sorriso, tentando manter a compostura enquanto atravessava a clareira ao seu lado, onde Draven, Zaphyr e os outros alfas já se encontr