Gabriel chegou no horário marcado no museu, que ainda estava aberto para visitação, havíamos combinado nos encontrarmos bem na entrada, pois seria mais fácil.
- Então é aqui que você trabalha? – Ele me perguntou, parecendo interessado.
- Sim, é um dos melhores do país. – Disse, orgulhosa.
- Posso conhecê-lo? – Ele pediu.
- Claro que pode! Vamos, você nem precisa pagar. – Estava empolgada, pois adorava mostrar o que fazíamos lá.
Para isso, andamos pelas salas de exposição, eu entusiasmada, falava sobre tudo, como havia sido montada cada uma das salas e as histórias das peças expostas.
- Estou sendo uma chata. – Confessei, quando dei conta da minha tagarelice
- Não, eu estou gostando. Continue. – Ele me animou.
- Você está sendo gentil, vamos embora.
- Mas são histórias antigas, ainda bem que você estava por perto. – Ao ouvir ele falar assim, lembrei que Gabriel falou algo parecido. – Não quero que tenha uma má impressão de mim.- Claro que não, Hélio. Isso é apenas relativo a você e a Gabriel, não tenho nada a ver com isso. – Falava, olhando para Gabriel, que não estava com uma cara boa.- Por isso quero me redimir, podemos almoçar amanhã? – Hélio me convidou.- Almoçar amanhã? – Repeti o convite, surpresa, os olhos de Gabriel ficaram negros de raiva.- Sim, seria um sinal de boa vontade. Você aceita? – Hélio insistia, e eu não sabia o que fazer.- Jantar! – Gabriel falou baixinho.- Que tal jantar, amanh&at
Passei a amanhã de domingo toda, lutando contra mim mesma para não ligar para Gabriel, mas ele ligou.- Tem certeza, que não quer almoçar comigo? – Ele insistiu, mais uma vez.- Tenho. – Estou indecisa.- Não senti muita convicção na sua voz. Reconsidere, será somente um almoço. – Gabriel não desistia.- Somente um almoço. – Concordei, não foi uma batalha muito difícil de ser ganha.- Ótimo! – Ele exclama, feliz – Passo aí em quinze minutos.- Não, preciso de tempo para me arrumar! – Reclamei.- Então, em uma hora. Até mais tarde.Tomei um banho, escolhi um vestido, arrumei meus cabelos e, por fim, coloquei o meu cordão com pingente de turquesa, em menos de uma hora estava pronta e ansiosa, quando Gabriel chegou.- Vou levá-la a um dos meus l
- Na verdade, eu acho toda esta história muito interessante. Você já pensou que algumas crenças têm milhares de anos. Que os seres humanos estão sempre procurando explicações ou respostas por caminhos desconhecidos para acalmar seus medos, mas, talvez haja um fundo de verdade em tudo isso.Não queria começar uma discussão filosófica sobre crenças e fé com ele, não era esse o motivo do nosso jantar, por isso logo após pedirmos os nossos pratos, ele começou a falar.- Sei que foi lamentável a cena que você presenciou ontem no museu, gostaria de me desculpar.- Desculpas aceita!- Não via Gabriel há muito tempo, tivemos desavenças muito sérias no passado – Justificou.- Foi por causa da sua irmã
O sono fez pesar meus olhos, mal conseguia mantê-los abertos, já era bem tarde, precisaria de algumas horas de descanso, antes do trabalho no dia seguinte. Fechei o livro, fui para o meu quarto, apaguei a luz e fechei as cortinas da janela, porém tive o estranho pressentimento que lá embaixo, na rua, em algum lugar na escuridão, Gabriel me observava.Naquela noite, sonhei com uma batalha, sobre muralha muito alta, eu vestida como uma guerreira com meia armadura e capacete, trazia um arco e aljava com flechas nas minhas costas e na minha mão havia uma espada, lutava ferozmente para me defender dos muitos guerreiros que me atacavam. Olhei para o lado, Gabriel estava vestido como um guerreiro oriental com turbante e calças largas e o peito protegido por uma malha de ferro, também, lutava bravamente, mas haviam muitos soldados a nossa volta, estávamos perdendo a batalha, e só havia uma saída.- V&a
Na quinta-feira, a exposição seria aberta para os patrocinadores, autoridades, a imprensa e alguns convidados muito especiais, antes da inauguração para o público em geral no dia seguinte. A entrada do museu estava linda, com holofotes iluminando a sua fachada e os banners, colocaram um tapete vermelho na porta principal e uma trilha sonora instrumental, com exóticas músicas orientais, soava nos alto-falantes estrategicamente instalados. Eu estava emocionada com toda aquela gente importante prestigiando o nosso trabalho. Suzana, nossa curadora, parecia andar nas nuvens, distribuindo sorrisos e recebendo parabéns, Hélio fazia jus ao seu nome, como um deus-sol, resplandecia, elegantemente vestido com um belo e caro terno de uma marca italiana, irradiava beleza e confiança, a sua volta grupos de admiradoras femininas e alguns masculinos se formaram, buscando sua atenção. Eu e Helena capri
— Vocês viram Hélio em algum lugar? Eu queria apresentá-lo alguns dos nossos mecenas, mas não o acho em lugar nenhum.Isso fez um alarme disparar na minha cabeça.Não. Foi a respostas de todos, por isso pedi licença e me dirigi até a sala em que a estátua do deus dourado estava exposta, com exceção dos seguranças, o local estava vazio.— Vocês viram Hélio?— O senhor saiu, senhora – Um dos homens me respondeu, de maneira excessivamente formal.Senhora? Que idade eles acham que eu tenho?Contudo, aquela resposta me deixou mais angustiada, então tentei falar com Gabriel, outra vez. Por alguma razão, sabia que algo estava errado e antes de sair da sala, olhei novamente para estátua, que se assemelhava a Gabriel.Não tinha o que fazer, como procurar, então peguei uma carona com Helena e
— Olhe, senhora deve estar enganada. Minha mãe está em um sítio no interior, Hélio não é meu irmão.Aliás, eu não tenho irmão — retruquei, achando toda aquela história uma loucura.— Sei que é difícil entender, já que você foi criada como uma pessoa comum, uma mortal, mas você não é, Diana. Você é uma de nós, um ser especial.— Exatamente, quem são vocês, afinal? – perguntei, irônica.— Você já leu sobre nós, no livro de Samuel Zargo.— Aquilo é ficção, história para vender livros. Tudo aquilo é uma loucura. Com certeza, não acredito que aquele mundo poderia existir de verdade.
— O que houve? – perguntei à mulher ao meu lado, que reconheci como uma vizinha.– Houve um pequeno incêndio em um dos apartamentos, mas não podemos entrar em casa até que os bombeiros nos liberem – ela esclareceu, eu não podia acreditar naquilo, teria que procurar uma livraria ou ... Tive uma ideia melhor.— Helena, Bom dia. Desculpe ligar logo assim pela manhã, mas, por acaso, você sabe o nome da editora de Samuel Zargo? – indaguei de maneira dissimuladamente casual.— Pensei que você não gostasse desse tipo de livro, Diana.— Não, só curiosidade, pensei em comprar outros livros dele.— Posso pesquisar para você, estou de frente para o meu computador.— Por favor, faça isso.Esperei alguns segundos.— Está aqui. Nos caminhos para o Oriente. – Pensei que o n