- Na verdade, eu acho toda esta história muito interessante. Você já pensou que algumas crenças têm milhares de anos. Que os seres humanos estão sempre procurando explicações ou respostas por caminhos desconhecidos para acalmar seus medos, mas, talvez haja um fundo de verdade em tudo isso.
Não queria começar uma discussão filosófica sobre crenças e fé com ele, não era esse o motivo do nosso jantar, por isso logo após pedirmos os nossos pratos, ele começou a falar.
- Sei que foi lamentável a cena que você presenciou ontem no museu, gostaria de me desculpar.
- Desculpas aceita!
- Não via Gabriel há muito tempo, tivemos desavenças muito sérias no passado – Justificou.
- Foi por causa da sua irmã
O sono fez pesar meus olhos, mal conseguia mantê-los abertos, já era bem tarde, precisaria de algumas horas de descanso, antes do trabalho no dia seguinte. Fechei o livro, fui para o meu quarto, apaguei a luz e fechei as cortinas da janela, porém tive o estranho pressentimento que lá embaixo, na rua, em algum lugar na escuridão, Gabriel me observava.Naquela noite, sonhei com uma batalha, sobre muralha muito alta, eu vestida como uma guerreira com meia armadura e capacete, trazia um arco e aljava com flechas nas minhas costas e na minha mão havia uma espada, lutava ferozmente para me defender dos muitos guerreiros que me atacavam. Olhei para o lado, Gabriel estava vestido como um guerreiro oriental com turbante e calças largas e o peito protegido por uma malha de ferro, também, lutava bravamente, mas haviam muitos soldados a nossa volta, estávamos perdendo a batalha, e só havia uma saída.- V&a
Na quinta-feira, a exposição seria aberta para os patrocinadores, autoridades, a imprensa e alguns convidados muito especiais, antes da inauguração para o público em geral no dia seguinte. A entrada do museu estava linda, com holofotes iluminando a sua fachada e os banners, colocaram um tapete vermelho na porta principal e uma trilha sonora instrumental, com exóticas músicas orientais, soava nos alto-falantes estrategicamente instalados. Eu estava emocionada com toda aquela gente importante prestigiando o nosso trabalho. Suzana, nossa curadora, parecia andar nas nuvens, distribuindo sorrisos e recebendo parabéns, Hélio fazia jus ao seu nome, como um deus-sol, resplandecia, elegantemente vestido com um belo e caro terno de uma marca italiana, irradiava beleza e confiança, a sua volta grupos de admiradoras femininas e alguns masculinos se formaram, buscando sua atenção. Eu e Helena capri
— Vocês viram Hélio em algum lugar? Eu queria apresentá-lo alguns dos nossos mecenas, mas não o acho em lugar nenhum.Isso fez um alarme disparar na minha cabeça.Não. Foi a respostas de todos, por isso pedi licença e me dirigi até a sala em que a estátua do deus dourado estava exposta, com exceção dos seguranças, o local estava vazio.— Vocês viram Hélio?— O senhor saiu, senhora – Um dos homens me respondeu, de maneira excessivamente formal.Senhora? Que idade eles acham que eu tenho?Contudo, aquela resposta me deixou mais angustiada, então tentei falar com Gabriel, outra vez. Por alguma razão, sabia que algo estava errado e antes de sair da sala, olhei novamente para estátua, que se assemelhava a Gabriel.Não tinha o que fazer, como procurar, então peguei uma carona com Helena e
— Olhe, senhora deve estar enganada. Minha mãe está em um sítio no interior, Hélio não é meu irmão.Aliás, eu não tenho irmão — retruquei, achando toda aquela história uma loucura.— Sei que é difícil entender, já que você foi criada como uma pessoa comum, uma mortal, mas você não é, Diana. Você é uma de nós, um ser especial.— Exatamente, quem são vocês, afinal? – perguntei, irônica.— Você já leu sobre nós, no livro de Samuel Zargo.— Aquilo é ficção, história para vender livros. Tudo aquilo é uma loucura. Com certeza, não acredito que aquele mundo poderia existir de verdade.
— O que houve? – perguntei à mulher ao meu lado, que reconheci como uma vizinha.– Houve um pequeno incêndio em um dos apartamentos, mas não podemos entrar em casa até que os bombeiros nos liberem – ela esclareceu, eu não podia acreditar naquilo, teria que procurar uma livraria ou ... Tive uma ideia melhor.— Helena, Bom dia. Desculpe ligar logo assim pela manhã, mas, por acaso, você sabe o nome da editora de Samuel Zargo? – indaguei de maneira dissimuladamente casual.— Pensei que você não gostasse desse tipo de livro, Diana.— Não, só curiosidade, pensei em comprar outros livros dele.— Posso pesquisar para você, estou de frente para o meu computador.— Por favor, faça isso.Esperei alguns segundos.— Está aqui. Nos caminhos para o Oriente. – Pensei que o n
— Como? Não sei como fazer isso.— Vou ajudá-la, Diana. – Não tinha ideia de como ele poderia me ajudar ou o que eu precisaria fazer, mas tinha que tentar, porém, algo me ocorreu.— Onde está o Senhor do Oriente? Ele é o pai de Gabriel, poderá nos ajudar?— Diana, lembra da estátua que está no seu museu, a do deus dourado?— Sim, claro que me lembro.— Ele é o Senhor do Oriente. Seu pai o transformou em uma estátua, antes da guerra e a escondeu por anos, até ser colocada em um museu, doada por ele próprio. Era uma isca para Gabriel, mas por algum motivo, eles a trouxeram para aqui —revelou com pesar, eu não podia acreditar que aquela estátua era o pai de Gabriel, mas isso explicava tudo, a presença de Hélio como guardião, o reforço na segurança do museu, quando so
Comecei meu treinamento, em uma clareira, no meio do bosque, junto à casa de Samuel. Primeiro foi arco e flecha, tinha que acertar um alvo a certa distância, mal conseguia puxar a corda, porém Samuel me ajudou e para minha própria admiração foi fácil, cada vez mais minha performance melhorava, era como se tivesse feito aquilo por toda minha vida.— Uaol! Não posso acreditar! – exclamei, quando acertei o centro do alvo pela quinta vez seguida.— Eu falei que você iria se lembrar – Samuel também estava entusiasmado. – Essas flechas são especiais, quando você tira uma da sua aljava, outra aparecerá no lugar, elas não matarão quem você acertar, seus alvos apenas desaparecerão para renascer mais tarde. Afinal não podemos nos dar o luxo de nos matarmos, pois somos uma espéci
— Gabriel, há quanto tempo não nos vemos, desde que deixou minha casa tão repentinamente, há alguns séculos atrás – Sua voz era calma e firme, acima de tudo charmosa e confiante. – Fico feliz que tenha aceitado o convite do meu filho Hélio e a nossa hospitalidade, mais uma vez – disse, olhando para minha direção.— Foi um convite irrecusável – Gabriel rebateu, com ironia.— Então vou lhe dar tempo para pensar na minha proposta de aliança. Enquanto, isso ficará na minha casa como hóspede, espero que não seja descortês como da outra vez, e não tente fugir. Lembre-se, infelizmente, minha filha não está mais aqui para ajudá-lo.Naquele momento em que ouvia e via pelos ouvidos e olhos do meu irmão Hélio, tentei obser