POV: AIRYS
— Imagino que o Conselho esteja reunido com os outros Alfas. — ele comentou, sem suavidade, com preguiça.
— Na verdade, senhor… — Symon coçou a cabeça, visivelmente desconfortável. — Estão todos aqui na cidade. Os conduzi ao salão central de julgamentos. Também levei o prisioneiro capturado na montanha para o interrogatório.
— Lobos sem companheiras… a fome se acumula. — rosnou Daimon com desprezo, e sua voz carregava uma selvageria que me fez rir, escondendo o rosto em seu peito. O Beta fingiu não escutar, mantendo os olhos fixos no chão.
— Daimon, estão tentando eliminar esta geração de lobos. — falei, tocando seu tórax com uma das mãos, sentindo os músculos rígidos sob meus dedos. — Primeiro os filhotes, agora
POV: AIRYS— Não me leve a mal, humana, mas é mais fácil lidar com um Alfa que está sem sexo há semanas do que com uma mulher cabeça-dura. — Ele deu uma risada sem vida. — Não que não tenha rolado algo.— Ah, agora você vai ter que contar tudo. — Provoquei com um sorriso malicioso, abrindo a porta e deixando que ele entrasse. Nos sentamos, e a conversa tomou um rumo descontraído.Jasper começou a descrever como arrastou Lify para um canto da sala de estratégia e a tomou como se não houvesse amanhã. Enquanto ele falava com aquele tom orgulhoso e safado, minha mente se afastou. Algo não estava certo. Havia uma inquietação que crescia dentro do meu peito. Um arrepio se arrastou pela minha pele como um aviso sutil.Olhei pela janela, buscando algo, qualquer coisa, que justificasse aquela sensação estranha. Meus olhos se fixaram em uma silhueta à distância. Aquela postura, aquela presença... era idêntica à que vimos na montanha. A figura olhou para cima, direto na minha direção, e levou o d
POV: DAIMONAntes de adentrar o conselho, algo estranho pairou no ar. Instintivamente, fechei os olhos e respirei fundo. Farejei. Havia algo errado. Meus pelos se arrepiaram."Essa sensação...", Fenrir rosnou em alerta dentro da minha mente. "Já a sentimos antes."— Há algo ruim prestes a acontecer. — Falei, com os caninos expostos, a voz baixa e carregada. Symon me olhou com estranheza e deu um passo para o lado, como se quisesse manter distância.— Alfa? — Ele me chamou com cautela, indicando com a cabeça os pelos da mutação começando a aparecer no meu braço. Minha áurea estava instável, violenta.— Estou bem o suficiente. — Respondi com firmeza. — Beta, quero todos os guerreiros de prontidão. E mande reforços para minha mansão. A segurança da humana é prioridade absoluta.Minhas garras estavam longas, afiadas, prontas. As pupilas dilatadas procuravam cada mínima alteração no ambiente. Algo se escondia entre nós, algo que exalava poder bruto e maligno.— E quanto à confusão aí dentr
POV: AIRYSAgarrei seu braço com força ao ver a sombra colossal cobrir as paredes e um assovio frio e sombrio preencher o túnel.— Presas... eu farejo suas fraquezas e medo. — A voz distorcida ecoou pelo corredor, grotesca, poderosa, inumana. Meu estômago virou.— Vá, Airys. Eu vou segurá-lo o máximo que conseguir. — Jasper me empurrou com a lanterna. — Não olhe para trás.— Não! Vem comigo! — Agarrei seu braço com desespero, cravando as unhas em sua pele. — Você vai morrer se ficar! Sentiu a áurea dele... é tão parecida com a do...— Que tipo de amigo eu seria se não a protegesse? — Ele sorriu fraco, soltando meu agarro e me empurrando outra vez, me fazendo tropeçar para frente. — Além do mais, é minha chance de me provar ao Supremo. Vá!Jasper me empurrou com mais força dessa vez, me fazendo tropeçar e segurar na parede, o olhei desesperada, não queria o perder, Jasper havia se tornado um amigo único e eu o adorava como um irmão.— E, Airys? — Sua voz tomou um tom mais divertidoPar
POV: AIRYSEngoli em seco, tentando me manter firme. Mas meu corpo tremia. Meus dedos estavam dormentes do frio e do pavor. O enorme lobo se posicionou para o ataque. Seus ombros abaixaram, as patas avançaram devagar, o focinho repuxado revelava as presas com uma ameaça silenciosa. O som de suas garras arranhando o chão ecoava como uma sentença.— Eu... — Minha voz falhou. Minha garganta estava seca, meus joelhos vacilaram. Forcei o ar para dentro dos pulmões e me pus de pé cambaleando, com o coração batendo tão rápido que doía. — Eu sou sua Luna, Daimon. Por favor... controle sua fera...Por um segundo, eu acreditei que aquilo o alcançaria. Por um segundo, tive esperança.Mas a fera apenas riu de novo.A risada veio de dentro do peito, profunda, distorcida, desumana. Vibrou pelo ambiente, ecoou nas paredes, me atingiu como uma explosão. Aquela não era uma risada comum. Era a risada de alguém que perdeu completamente o controle ou talvez, de alguém que nunca quis controlar nada.Seus
POV: AIRYSEle ergueu o corpo, a sombra dele cobrindo tudo ao redor. As garras cravadas no gelo. Os olhos incandescentes, fixos em mim.— Uma humana incompleta. — rosnou com ferocidade, preparando-se para o salto.Eu não consegui reagir. Não consegui correr. Não desviei. Meu corpo paralisou. Meus olhos se fecharam com força, esperando o fim. O coração parecia prestes a se partir. A dor não era só física. Era o tipo de dor que destroça a alma.Foi então que ouvi. Um grunhido alto. De dor. Meu corpo ainda estava inteiro. Não era o meu grito.Meus olhos se abriram em choque. Arfei. Estremeci. Minha mão trêmula tocou meu peito, confusa. Eu ainda estava viva.Ergui o olhar e vi Symon à minha frente. Seu corpo estava ferido de forma horrível. Uma mão estava atravessava em seu abdômen. O sangue caía em gotas sobre a fina camada de gelo. O rosto dele estava pálido, os olhos se apagando lentamente.— Airys, fuja... — ele virou o rosto, a boca cheia de sangue, os lábios tremendo. — Ele... não é
POV: DAIMONHazim avançava contra Nero como um demônio descontrolado, os olhos tomados por dor e vingança. Cada soco que desferia carregava a fúria de ter perdido sua companheira e o filho que nunca chegou a nascer. Os rosnados do seu lobo rasgavam sua garganta junto aos gritos abafados pela dor. O cheiro de sangue se misturava à neve pesada que caía, o som dos corpos se chocando, uivos, ossos se partindo e o estalo de garras contra carne preenchia tudo ao redor.A guerra havia explodido. Inimigos vinham de todos os lados. Guerreiros de outras alcateias, errantes, rostos desconhecidos. E então, senti. A presença de bruxas. Elas estavam camufladas entre nós, se disfarçando com feitiços para parecerem Lupinos. O cheiro era estranho, mágico demais. Não consegui identificar quem eram, mas não hesitei. Quem se aproximava, morria. Esmagava costelas, perfurava gargan
POV: DAIMONAvancei. Rápido demais para que Nero reagisse. Ele apenas arregalou os olhos antes do impacto. Meu joelho atingiu seu estômago com força suficiente para tirar o ar dos pulmões dele. Ele se curvou, arfando. Fechei o punho e atingi o topo da cabeça dele com brutalidade, afundando seu rosto no chão. O som dos ossos dele encontrando a pedra foi seco. Ele gritou. Antes que pudesse tentar se mover, meu pé o encontrou mais uma vez, chutando-o com força o suficiente para arremessá-lo contra uma das colunas. A estrutura quebrou com o peso do corpo dele, caindo em pedaços.Me virei com o peito arfando, a respiração pesada, o sangue latejando nas têmporas. Minha visão ainda estava turva pelos efeitos da maldita magia, mas o cheiro denunciava tudo. Kael. O traidor. Sentia o medo dele, o suor frio, a hesitação.Ele avanç
POV: DAIMONO coração bateu com força, como se quisesse rasgar o peito. Arqueei as sobrancelhas, o ar preso nos pulmões por um segundo.— Então não morra — murmurei, cerrando o maxilar. — Será um prazer a ver constrangida por isso. — Apertei suas mãos. — Meus guerreiros estão vindo. Aguente firme.Jasper apertou os olhos, tremendo. Cada músculo dele se contraía com dor.— O labirinto... — sussurrou com esforço. O ar parecia não alcançar seus pulmões. — Eu... mudei o caminho do mapa. Eles sabiam para onde estávamos indo... Eles sabiam...— Para onde a mandou? — minha voz saiu como um trovão abafado, o maxilar travado de raiva. Se Airys não estava indo para o bunker protegido com prata... onde estava?<