POV: DAIMON
Avancei. Rápido demais para que Nero reagisse. Ele apenas arregalou os olhos antes do impacto. Meu joelho atingiu seu estômago com força suficiente para tirar o ar dos pulmões dele. Ele se curvou, arfando. Fechei o punho e atingi o topo da cabeça dele com brutalidade, afundando seu rosto no chão. O som dos ossos dele encontrando a pedra foi seco. Ele gritou. Antes que pudesse tentar se mover, meu pé o encontrou mais uma vez, chutando-o com força o suficiente para arremessá-lo contra uma das colunas. A estrutura quebrou com o peso do corpo dele, caindo em pedaços.
Me virei com o peito arfando, a respiração pesada, o sangue latejando nas têmporas. Minha visão ainda estava turva pelos efeitos da maldita magia, mas o cheiro denunciava tudo. Kael. O traidor. Sentia o medo dele, o suor frio, a hesitação.
Ele avanç
POV: DAIMONO coração bateu com força, como se quisesse rasgar o peito. Arqueei as sobrancelhas, o ar preso nos pulmões por um segundo.— Então não morra — murmurei, cerrando o maxilar. — Será um prazer a ver constrangida por isso. — Apertei suas mãos. — Meus guerreiros estão vindo. Aguente firme.Jasper apertou os olhos, tremendo. Cada músculo dele se contraía com dor.— O labirinto... — sussurrou com esforço. O ar parecia não alcançar seus pulmões. — Eu... mudei o caminho do mapa. Eles sabiam para onde estávamos indo... Eles sabiam...— Para onde a mandou? — minha voz saiu como um trovão abafado, o maxilar travado de raiva. Se Airys não estava indo para o bunker protegido com prata... onde estava?<
POV: AIRYSUm rugido alto, rasgado, brutal, ecoou em minha mente. Era um som que quebrava qualquer resistência. Soava como dor, raiva e desespero ao mesmo tempo. Aqueles olhos vermelhos voltaram à minha lembrança: opacos, perdidos, frios e... vazios. Senti como se algo dentro de mim tivesse se rompido. Como se algo vital tivesse sido arrancado. Meu peito doía. Minha alma gritava. Grunhidos silenciosos, soluços sem som. Meu corpo inteiro se encolhia. Algo quente e úmido rolou pela lateral do meu rosto. Estava chorando. Mesmo sem entender o motivo exato, meu corpo reagia como se tivesse sido quebrado.— Eu morri? — sussurrei, com dificuldade. Minha garganta queimava. Meu corpo estava mole, dolorido. Cada movimento era uma tortura. Gemidos baixos escaparam enquanto tentei mexer a cabeça, mas uma pontada aguda me obrigou a parar. — Minha... cabeça...Aos poucos, a escuridão ao meu redor começou a ceder. Minha visão clareava lentamente, revelando vultos, formas, luzes brancas. O som de bat
POV: AIRYS— Que pergunta peculiar. — Ela olhou em volta, depois sussurrou próximo ao meu ouvido. — Sim, eu sou humana. E também sei que o que te atacou... não foi um urso. Foi algo muito mais selvagem.Arregalei os olhos, o estômago se revirando.Ela sabia. Mas como?— Como você... — balbuciei, nervosa, estremecendo ainda mais.— Querida, minha base fica entre as fronteiras. Tem ideia de quantos pacientes recebo por aqui? De quantas espécies diferentes? — Jack disse animada, rindo com leveza. — Olha, pela forma como te encontramos, sei que você estava em perigo real. Quero que saiba que está segura aqui. Mas precisamos conversar sobre suas condições... e eu preciso saber quem estava atrás de você, para que eu possa garantir sua segurança.— Você não teme os lobos? — perguntei, confusa. Toda essa naturalidade me deixava atônita.— Ah, querida... convivo com um meio-irmão híbrido, e minha irmã é Lupina. — Jaqueline suspirou com um sorriso. — O que eu temo é que eles roubem a mistura do
POV: AIRYSAs imagens invadiram minha mente com violência. O túnel. Jasper. O labirinto. Eu ajoelhada, implorando para que ele não fizesse aquilo. O som do meu próprio grito. Seu olhar antes de tudo desmoronar.Meu corpo inteiro começou a tremer. Choro preso na garganta, soluços sem voz. O desespero era sufocante. Me curvei sobre os joelhos, os ombros estremecendo a cada respiração.O toque dele ainda estava gravado na minha pele, assim como sua marca em meu ombro. A força das mãos, o domínio, os beijos possessivos, a forma como me fazia gemer com um simples toque. Eu o odiava..., mas meu corpo o desejava, meu coração o amava.E agora, dentro de mim... três corações batiam. Três vidas que ele deixou marcadas em mim. Três filhos de um homem que me destruiu e que eu ainda... ansiava. Por mais que tentasse negar.O desespero crescia como uma chama fora de controle. Eu estava presa a ele. Ao meu predador. Ao meu carrasco. E, de alguma forma, ao único homem que fez meu corpo e alma arderem
POV: AIRYSSegurei o colar nas mãos e senti um peso estranho apertar meu peito. A pedra azul parecia vibrar levemente, morna contra meus dedos.— O que é esse colar? — perguntei, a voz embargada pela tensão.— Era da minha mãe — disse ela, com um sorriso triste. — Uma feiticeira poderosa. Essa pedra é encantada. Vai camuflar seu cheiro e sua aparência. Impedir que qualquer lobo consiga rastreá-la... mesmo que ele seja o Alfa Supremo.Senti minha garganta fechar. Meu coração disparou. Levei a mão instintivamente à barriga. A presença das três pequenas vidas ali dentro parecia ainda mais real. Mais urgente. Eu estava dividida entre o desespero de sumir do mundo... e o impulso irracional de querer vê-lo mais uma vez. De entender se ele sentiria. Se reconheceria nossos filhos.Jaqueline segurou minha mão, firme.— Se escolher ficar, posso protegê-la. Mas isso significa abandonar sua identidade. Você terá outra vida, outro nome, outro rosto. E jamais poderá voltar para ele. Se Daimon souber
POV: DAIMONA correnteza seguia violenta, o barulho da cascata rugia como se ecoasse minha fúria interna. Estava parado em meio às pedras, encarando a queda d’água com os punhos cerrados. Mais um dia. Mais uma noite. E nenhuma pista. Nenhum maldito rastro da minha pequena humana.O corpo dela nunca foi encontrado. Meses se passaram. Vasculhei cidades inteiras, reduzi fronteiras a cinzas, passei por sangue e cinzas em busca de qualquer sinal de Airys. E nada.Enquanto isso, a guerra se espalhava feito praga. O verdadeiro inimigo havia desaparecido, levando consigo a única coisa que importava: ela. Os pilares estavam ruindo. Nero e Kael estavam mortos. Suas alcateias dilaceradas. Os poucos sobreviventes se renderam, fugiram ou rastejavam nas sombras com medo do meu nome.— Meu rei. — Symon limpou a garganta, chamando minha atenção. Ele se aproximou devagar,
POV: AIRYS— Sabe que é arriscado ficar aqui nas fronteiras, ainda mais em suas condições. — Colen comentou, arqueando uma sobrancelha e lançando um olhar direto à minha barriga. O tom brincalhão havia sumido por um instante, substituído por algo mais sóbrio.— Ela vai ficar conosco, na cidade. — Jack declarou firme, parando ao meu lado e puxando-me com cuidado pelos ombros. — Junto com os bebês.— O quê? — Pisquei, surpresa, meu coração acelerando com o susto. — Não... Eu não posso pedir isso a vocês. Já estão fazendo muito. Além do mais, são três bebês... é muita responsabilidade.— Hum... Só não podem mexer no meu violão. — Colen disse com um sorriso de canto, tentando aliviar o clima.
POV: AIRYS— Empurra, querida... Isso, está indo bem. — A voz de Jaqueline era firme, mas doce, vinda de entre minhas pernas enquanto eu apertava as mãos contra os lençóis.Arfei alto, o corpo inteiro tenso. Uma onda de dor atravessou minha lombar como se algo estivesse se partindo por dentro. Meus olhos se fecharam com força, e tudo o que consegui foi gritar.— Droga, isso dói pra caramba! — grunhi, sentindo o suor escorrer pelas têmporas. Minhas coxas tremiam, e meu ventre pulsava, quente e pesado, como se estivesse à beira de explodir.Colen estava ao meu lado, segurando um pano com mãos trêmulas, tentando secar meu rosto. O sarcasmo habitual sumira, e havia um brilho estranho, quase desconcertante, em seus olhos escuros.— Não quer mesmo a anestesia? Podemos tentar uma cesárea. — Jaqueline perguntou com cuidado, observando minha expressão. — São três, Airys. Três. Ninguém aqui vai te julgar se quiser mudar de plano.Balancei a cabeça, arfando, os lábios entreabertos em desespero.—