Respirando fundo, saiu do apartamento de Amanda. O vento estava mais forte, batendo em suas bochechas pálidas e revirando seus cabelos loiros. Era uma curta caminhada da porta da frente até o seu inevitável destino.Dog estava apoiado na frente do carro, com os olhos fixos nela, assim que ela saiu da casa da amiga. Nikolai havia lhes dado vinte minutos de privacidade, mas não saiu da frente da casa. O assunto deles não estava encerrado."Eu posso abrir minha própria porta." Angelina murmurou quando Dog apontou para o banco de trás.O couro abraçou sua figura quando ela se sentou no carro, que era, de resto, bastante confortável. Ela preferia olhar para o interior do carro do que para o cruel homem sentado ao seu lado. Os olhos dele pareciam queimar buracos em sua pele. Ele olhava com a intensidade de um lobo observando sua presa."Você tem medo de mim, Angel?" Sua voz quebrou o silêncio no momento em que o carro começou a se mover."Sério que você está me perguntando isso?""Respond
“Moça!” Uma voz angustiada ecoou na escuridão.“Moça! Por favor, acorde!”Angelina sentiu seus ombros sendo sacudidos, tirando-a de um sono profundo do qual ela não queria mais acordar. Lentamente, ela abriu os olhos pesados. A primeira coisa que viu foi a expressão preocupada de Irina. A empregada estava inclinada sobre ela, onde ela tinha desmaiado no dia anterior, ainda encostada na parede.“Obrigada, Deus”, suspirou Irina quando viu seus olhos finalmente abertos. “Você está bem, moça? Quer que eu chame um médico?”“Não”, ela respondeu com a voz rouca como lixa. “Não chame ninguém.” Não tinha sido um pesadelo afinal. A gaiola dourada era tão real quanto as algemas invisíveis em seus pulsos e o peso pesado em seus ombros.“Tem certeza? Você está pálida”, insistiu Irina.“Eu já disse que estou bem”, Angelina respondeu, sem querer ser rude, apesar de estar de mau humor. Irina não era culpada pelo que tinha acontecido. “Desculpe, não foi minha intenção...”“Está tudo bem, moça”, a
O quarto estava envolto em escuridão. Cortinas fechadas, ela só conseguia ver pedaços da luz da lua escapando pelas brechas. Um daqueles feixes fracos iluminava os cabelos cor de noz de Nikolai. Dava ao seu rosto uma borda afiada e fazia seus olhos cinzentos brilharem como prata predatória. Sua mandíbula estava cerrada, parecendo cortante o suficiente para atravessar a pele.Devagar, ele levantou uma bebida escura até os lábios, seu pomo de adão se movendo ao dar um grande gole. Ainda assim, seus olhos não saíam do corpo dela. “Tire a roupa” A ordem abalou o ar ao redor deles, falada em um tom tão baixo e rouco que ela sentiu seus ossos tremerem.A escuridão a proibia de ver muitos detalhes, mas ela conseguia claramente distinguir as silhuetas das altas estantes de livros, enquanto Nikolai estava sentado em uma poltrona à frente delas, com uísque girando no copo que segurava.Finalmente, seus dedos trêmulos tiraram o vestido fino, que caiu com facilidade. As alças finas caíram de seu
Os dias passaram como um borrão e, logo marcou uma semana desde que ela chegou à mansão Ivanov. O tempo tinha um fluxo estranho lá. Arrastava-se durante o dia e passava voando quando Nikolai e ela jantavam juntos. Isso havia se tornado uma espécie de tradição. Quando ele não estava ocupado no clube ou em qualquer outro negócio, ele se certificava de que tivessem refeições juntos. Angelina não entendia a obsessão dele em tê-la por perto. Nikolai estava longe de ser um amante generoso, ele era um homem de muitos desejos sombrios e por isso, Angelina não entendia porque desde a noite em que vendeu sua virgindade, ele nunca mais transou com ela. Toda vez que ela olhava para ele, ela lembrava daquela noite, era impossível esquecer e agora, ele evitava contato físico com ela, como se nunca tivessem transado. Angelina tinha aprendido coisas sobre ele que jamais esperaria conhecer. Nikolai detestava beterraba e sempre mantinha uma arma debaixo do travesseiro. Em algum momento, ela também
“Você me traiu.”Ela conhecia aquele tom. E conhecia aquele olhar também. Seus olhos brilhavam de crueldade. Frios. Implacáveis. Da última vez que ele a olhou assim, ela estava implorando para que ele poupasse Amanda.“Angel, Angel...” Ele balançou a cabeça de uma maneira assustadora. “Estou desapontado. Será que fui ingênuo em pensar que você aprendeu sua lição?” Ele falou, pegando duas luvas de couro de seu casaco preto. Ele as colocou, movendo os dedos longos como se estivesse verificando o ajuste.Sua respiração engasgou em sua garganta. Dog e outros dois homens entraram no camarim. O clique da fechadura sendo girada fez o sangue gelar em seus ossos.“Angelina, o que está acontecendo? Você os conhece?” A confiança tinha desaparecido da voz de Dário. Seu rosto estava pálido como cal, e o aperto em sua cintura desapareceu. “Nikolai... eu posso explicar. Não machuque ele, por favor.” Ela deu um passo para trás, lutando para manter a voz firme. “Ele não fez nada. Eu juro-“ Angeli
Tudo ao redor deles estava úmido e cheirava a mofo. Estava frio. Ela olhava para o garoto deitado em seu colo, passando suavemente os dedos por seus cabelos castanhos claros. Eles eram macios como seda. Ele não tinha mais de quinze anos, mas suas características eram endurecidas como as de um homem mais velho. Seus olhos estavam fechados, como se estivesse dormindo."Você está seguro", sussurrou Angelina, com uma voz infantil. Suas mãos eram pequenas e ligeiramente arredondadas. Ela também era apenas uma criança. Os dois eram, mesmo que ele fosse mais velho. E os dois estavam perdidos."Você está seguro agora”, repetiu ela.O garoto fez uma careta como se estivesse com dor, soltando um suspiro dolorido. E então seus olhos se abriram...x-x-x-x-x-x"Ah!" Um grito agudo escapou de seus lábios. Angelina acordou na cama sobressaltada, todo o seu corpo voltando à vida de uma vez. O teto familiar a encarava de volta.Mais de uma noite ela tinha passado olhando para ele na escuridão, pen
O fogo da lareira lançava um brilho alaranjado por todo o quarto escuro.Lá estava ele, sentado numa poltrona com um copo de uísque quase caindo entre seus dedos longos. Ele o segurava tão frouxamente que poderia cair e derramar a qualquer momento. Seu rosto estava voltado para longe dela. Ela só conseguia ver o emaranhado de seus cabelos grossos e seu braço.O felpudo carpete abafava o som de seus passos. Angelina atravessava silenciosamente o amplo quarto, sua firme determinação agora sumindo sob o peso do crime que estava prestes a cometer.Ele não hesitou ao ordenar a morte de Dário.Ele não hesitou quando Amanda foi espancada e quase estuprada.A violência era tão natural para ele quanto respirar, e ali estava ela, abalada até a alma só em pensar em derramar o sangue dele com suas próprias mãos.O desejo de vomitar e fugir aumentava a cada passo que ela dava. Mas ela não podia. Não depois de tudo o que ele tinha feito a ela... depois de tudo que ele tinha feito a todas aquelas pe
Na TV estava passando uma notícia trágica.Um jovem chamado Dário O’Conner foi encontrado morto perto de um posto de gasolina, brutalmente espancado, a polícia supõe que foram bandidos.Angelina assistia ao noticiário. Eles fizeram um bom trabalho fazendo parecer que ele foi morto por um grupo de ladrões insignificantes. Levaram sua carteira e o abandonaram em um beco para ser devorado por ratos.Alguns ladrões de rua foram presos sob suspeita de sua morte.Se ao menos eles soubessem...Se ao menos ela pudesse contar para alguém por que ele estava morto...A culpa a consumia. Estava fazendo ela desmoronar em pedaços.Amanda abandonou a faculdade, alegando que estava se mudando para Nova York com a família. Ela prometeu não dizer uma palavra do que aconteceu, pela própria segurança dela e de Angelina. E isso estava a matando.A vida se tornou apenas uma existência tediosa dentro das paredes de mármore da mansão de Nikolai.Seu pai tentou ligar algumas vezes, mas acabou desistindo quand