“Por Sean Gallagher” Tomar a decisão de ir até Portland foi uma das escolhas mais difíceis da minha vida. Durante meses, esperei por uma chance de me aproximar consensualmente, mas isso nunca aconteceu. Mesmo sabendo que poderia estar forçando a situação, a necessidade de estar presente para o nascimento de Liah falou mais alto. Cada quilômetro percorrido foi uma luta interna entre o respeito e a necessidade, entre o desejo de estar lá e o medo de ser rejeitado. No entanto, a emoção do reencontro rapidamente deu lugar ao arrependimento. Ver o pânico nos olhos de Zoe quando a dor começou me fez questionar se minha presença era um erro. Então, ela me deixou participar daquele momento, e a felicidade de estar ao lado dela e da nossa filha superou qualquer dúvida. Assistir ao nascimento de Liah foi a experiência mais emocionante da minha vida. Mesmo quase desmaiando várias vezes, me esforcei para ser forte e apoiar Zoe. Cada segundo daquele dia está gravado na minha memória, desde o
“Por Zoe Adkins”Os primeiros dias com Liah em casa foram uma mistura de cansaço e felicidade, um turbilhão de emoções que não consigo descrever completamente. Sean, embora tenha se hospedado em um hotel próximo para respeitar meu espaço, acabou fazendo do sofá sua cama. É estranho me adaptar a essa nova dinâmica, e sei que ainda levarei um tempo para me acostumar com sua presença constante. No entanto, confesso que estou me surpreendendo com sua dedicação à nossa filha.Após sua saída, finalmente consegui respirar sem a tensão que parece nos rodear a cada momento. Agora, sentada à mesa com Ellie, aproveito um raro momento de calma enquanto almoçamos juntas e Liah dorme tranquilamente em seu quarto.— Durma um pouco quando terminar de comer — Ellie comenta, pegando um pedaço da salada. — Você precisa descansar; afinal, nunca se sabe quando Liah decidirá fazer uma festa às três da manhã.— Agradeço, amiga. Mas preciso adiantar algumas coisas — respondo, soltando um suspiro. — Estou nos
Meu coração dispara ao reconhecer a voz de Beatrice, mas tento controlar a respiração e manter o tom de voz firme. Não vou permitir que o ciúme me afete, não mais.— Liah está bem, exatamente como estava quando você saiu pela manhã — respondo, mantendo o controle. — Agora, se preocupe com o que está fazendo atualmente.— Zoe, eu…— Não se preocupe em ligar, Sean. Se houver algo realmente relevante com Liah, eu te avisarei — corto suas palavras, sentindo a frieza na minha voz.Sem esperar por uma resposta, desligo a ligação e deixo o celular na mesa. Eric e Mark me encaram, talvez assustados com meu tom de voz.— Realmente, será um longo caminho a percorrer — Eric comenta, levantando-se. — Mas acho justo, querida. Faça aquele idiota rastejar aos seus pés.— Bobo. Ele ser o pai que Liah merece já é o suficiente para mim.— Se você diz… — ele responde, dando de ombros. — Agora, vamos lavar as mãos, Mark. Estou louco para segurar essa menininha linda.— Enquanto isso, vou amamentá-la, ou
“Três anos depois. Por Zoe Adkins”— Brilha, brilha, estrelinha. Quero ver você brilhar… — cantarolo baixinho, quase sem perceber, enquanto observo os rostos concentrados na tela que exibe os gráficos financeiros.A melodia me acalma, trazendo à tona uma enxurrada de lembranças dos últimos anos. Com Liah prestes a completar três anos, a ansiedade se mistura à nostalgia.Depois que Sean começou a passar mais tempo em Portland do que em Manhattan, nossa dinâmica familiar mudou completamente. Sua presença constante trouxe uma nova estabilidade para Liah. Ele cuidava dela com tanto carinho que, independentemente do nosso passado conturbado, ficou claro que ele sempre seria um bom pai.O primeiro ano de Liah em Portland foi cheio de descobertas e adaptações. A cidade tornou-se um lar para nós duas, mas eu sabia que a distância entre Portland e Nova York seria um obstáculo inevitável. Mesmo assim, tentava ignorar o incômodo que essa ideia me causava.Quando Sean mencionou a possibilidade de
“Por Sean Gallagher”Após ter passado na empresa de Zoe e sua secretária ter informado que ela já havia saído para almoçar, decidi seguir para o restaurante onde ela costuma ir. No entanto, ao chegar ao restaurante e avistá-la com o ruivo que se tornou sua sombra, cerrei os punhos e parei imediatamente de andar. Mas, ao ver sua risada, seu rosto corado e a maneira como ela parecia tão à vontade, voltei a andar. Não vou dar a chance desse cara roubar o que é meu.— Sean? — Ela pergunta, assustada, enquanto troca olhares com o idiota ao seu lado. — O que está fazendo aqui?— Vim falar com você sobre a nossa filha. — respondo, tentando soar calmo enquanto encaro Zoe. — Não consegui falar com você mais cedo e, como tive uma reunião aqui perto, quis aproveitar a oportunidade.— Você não é a única pessoa ocupada no mundo, Sean. Tive algumas reuniões pela manhã e não consegui olhar o celular. — Zoe diz, com sua indiferença habitual.Inevitavelmente, encaro Matthew, que se inclina para trás n
Sem esperar por mim, Zoe segue em direção à saída. Dou um último olhar para Matthew, que me dá um sorriso que me provoca a vontade de socá-lo, e sigo os passos dela. Durante todo o caminho até sua sala, Zoe evidencia seu desejo de manter distância, permanecendo em silêncio. No entanto, quando entramos em sua sala e ela fecha a porta atrás de nós, seu olhar se torna pura insatisfação.— O que foi aquilo? — ela pergunta, colocando as mãos na cintura enquanto me encara. — Você sabe muito bem que nossos encontros devem ser limitados ao necessário, e hoje não era um desses dias.— Já te disse, estava aqui perto e resolvi adiantar a minha conversa com você. — respondo, tentando soar indiferente, sem sucesso. — Só não imaginei que você estaria almoçando com aquele… homem.— Queria entender por que você decidiu agir como um cachorro marcando território ao ver Matthew perto de mim. — Zoe comenta, dirigindo-se para sua mesa. Após se encostar e cruzar os braços, continua: — Será que você não con
“Por Zoe Adkins”Assim que Sean se vira para sair, levanto o olhar para encarar suas costas. Quando a porta se fecha, finalmente solto o ar, que estava preso na garganta, e esfrego a mão no rosto.— Não acredito que isso aconteceu… — resmungo, deixando meu corpo relaxar na cadeira. — Aliás, o que foi isso que aconteceu?Antes que eu pudesse me recuperar totalmente, ouço batidas à porta, o que me obriga a sentar corretamente. Matthew surge assim que permito sua entrada, levantando a sobrancelha enquanto me lança um olhar questionador.— Vejo que continua viva. — ele brinca, aproximando-se após fechar a porta atrás de si.— Um leão por dia. — respondo, tentando soar casual. — Sean e sua mania de mimar a Liah, nada de novo no paraíso.— Minha mãe sempre diz que pais e avós adoram estragar crianças.— Sua mãe está completamente certa, Matt. — concordo, soltando um suspiro pesado ao me lembrar da chegada de Giulia nos próximos dias. — Sempre que a avó da Liah vem para Nova York, o estresse
“Por Sean Gallagher”Após a frustração que se tornou o meu encontro com Zoe, retorno à empresa mesmo contra a minha vontade. Esses últimos anos, desde que ela saiu da minha vida, trabalhar se tornou algo que faço por obrigação. A empresa se tornou preto e branco e diversas vezes pensei em mudar a sede da holding para outro lugar, apenas para não me lembrar de tudo o que aconteceu entre nós.No entanto, com o tempo, passei a fazer das lembranças uma espécie de tortura, uma punição por tudo o que perdi por minha própria culpa, e acabei me acostumando ao automático que se tornou minha vida profissional.— Sr. Gallagher. — George, meu assistente, diz assim que entro na minha sala. — A Sra. Rossi pediu que o senhor entrasse em contato assim que chegasse. Ela já ligou cinco vezes.— Farei isso. Obrigado. — agradeço, contendo a vontade de revirar os olhos diante do exagero da minha mãe. Podem se passar mil anos, e ainda assim, dona Giulia sempre me verá como seu bebê.Me livro do terno que p