“Por Zoe Adkins”Assim que Sean se vira para sair, levanto o olhar para encarar suas costas. Quando a porta se fecha, finalmente solto o ar, que estava preso na garganta, e esfrego a mão no rosto.— Não acredito que isso aconteceu… — resmungo, deixando meu corpo relaxar na cadeira. — Aliás, o que foi isso que aconteceu?Antes que eu pudesse me recuperar totalmente, ouço batidas à porta, o que me obriga a sentar corretamente. Matthew surge assim que permito sua entrada, levantando a sobrancelha enquanto me lança um olhar questionador.— Vejo que continua viva. — ele brinca, aproximando-se após fechar a porta atrás de si.— Um leão por dia. — respondo, tentando soar casual. — Sean e sua mania de mimar a Liah, nada de novo no paraíso.— Minha mãe sempre diz que pais e avós adoram estragar crianças.— Sua mãe está completamente certa, Matt. — concordo, soltando um suspiro pesado ao me lembrar da chegada de Giulia nos próximos dias. — Sempre que a avó da Liah vem para Nova York, o estresse
“Por Sean Gallagher”Após a frustração que se tornou o meu encontro com Zoe, retorno à empresa mesmo contra a minha vontade. Esses últimos anos, desde que ela saiu da minha vida, trabalhar se tornou algo que faço por obrigação. A empresa se tornou preto e branco e diversas vezes pensei em mudar a sede da holding para outro lugar, apenas para não me lembrar de tudo o que aconteceu entre nós.No entanto, com o tempo, passei a fazer das lembranças uma espécie de tortura, uma punição por tudo o que perdi por minha própria culpa, e acabei me acostumando ao automático que se tornou minha vida profissional.— Sr. Gallagher. — George, meu assistente, diz assim que entro na minha sala. — A Sra. Rossi pediu que o senhor entrasse em contato assim que chegasse. Ela já ligou cinco vezes.— Farei isso. Obrigado. — agradeço, contendo a vontade de revirar os olhos diante do exagero da minha mãe. Podem se passar mil anos, e ainda assim, dona Giulia sempre me verá como seu bebê.Me livro do terno que p
“Por Zoe Adkins”Paraliso por um momento, decidindo entre deixá-lo entrar, torcendo para que realmente seja uma coincidência, ou inventar uma desculpa e dispensá-lo. Ann limpa a garganta discretamente, tentando chamar minha atenção.— Peça para ele esperar um momento, por favor, Ann — finalmente respondo, piscando algumas vezes para voltar à realidade. — Preciso fazer uma ligação e já vou atendê-lo.— Certo. Com licença.Com um leve aceno de cabeça, Ann se vira e sai, deixando-me a sós com minhas inseguranças. Abaixo a cabeça sobre a mesa, apoiando-a nos braços cruzados. Holloway. O sobrenome ecoa em meus pensamentos, algo que não fez parte da minha vida, mas que tem um grande peso na minha história.— Pare de bobeira e aja profissionalmente, Zoe — resmungo, levantando a cabeça para tentar me recompor. Com um suspiro pesado, me levanto, hesitando. — Mesmo se for ele, nem sequer sabe da sua existência.Com esse pensamento, finalmente sigo em direção à porta, hesitando novamente antes d
“Por Sean Gallagher”O som do relógio na parede da minha sala parece ecoar mais alto do que nunca enquanto permaneço de pé, encostado na mesa, observando o médico da empresa examinar Beatrice. Ele verifica os sinais vitais e, em seguida, pega um pequeno frasco do kit de primeiros socorros. Abrindo-o, passa o frasco sob o nariz dela, esperando que o cheiro forte a faça recobrar a consciência.Depois de alguns segundos, Beatrice começa a se mexer, franzindo a testa enquanto seus olhos se abrem lentamente. Ela parece confusa e desorientada, tentando entender o que aconteceu. O médico a ajuda a se sentar, segurando seus ombros para mantê-la estável.— Calma, Srta. Espósito. — o médico diz suavemente. — Você desmaiou. Como está se sentindo agora?Beatrice pisca algumas vezes, ainda tentando focar. Ela olha ao redor da sala, parando o olhar em mim.— Sean…? — ela sussurra, com a voz fraca. — Você… você está aqui ou já estou no céu?— Estou aqui, Beatrice. — respondo, me aproximando enquanto
“Por Zoe Adkins”Entre contratos, reuniões, lista de convidados e detalhes da festa, a semana passou voando. E hoje, mesmo sendo um dos poucos dias que tenho para descansar, me permito acordar mais cedo, apenas para aproveitar esses momentos de tranquilidade antes que o ritmo da festa de aniversário de Liah comece.A casa está silenciosa, com exceção dos sons suaves que faço ao preparar o café da manhã. Pego a bandeja com cuidado, observando os detalhes que incluí: suas frutas favoritas, um leite morno, mini panquecas em forma de coração e um muffin que ela adora.— Agora, vamos começar o dia de uma forma especial, Sr. Fofuxo. — sussurro para o gato de Liah, que dorme tranquilamente no sofá.Subo as escadas silenciosamente, tentando não fazer barulho ao abrir a porta do quarto. Ao ver minha pequena dormindo serenamente, abraçando seu pato de pelúcia, um sorriso bobo surge em meu rosto.Coloco a bandeja sobre a mesa de cabeceira e me aproximo devagar, sentindo o coração aquecer ao vê-l
O silêncio que se segue é tão pesado quanto inesperado. Sinto meu rosto corar instantaneamente, surpresa com o pedido de Liah. Observo Sean passar a mão pelos cabelos, claramente tentando encontrar as melhores palavras para explicar a uma criança de 3 anos por que ele não pode morar com ela. Ele se remexe, buscando uma resposta adequada.— Ah, Piccola… Isso é um pedido muito grande — ele começa, optando por uma resposta breve. Liah franze o cenho, como se não entendesse por que seu pedido é tão complicado.— Mas eu quero, papai — ela insiste. — O papai da Maya mora com ela, e ele sempre conta historinhas para ela dormir.— Mas a mamãe já não conta? — pergunto, levantando a sobrancelha. Liah abre um sorriso travesso.— Sim, mamãe. Mas eu também quero o papai. Por que você não pode morar com a gente, papai?— Porque… — Sean começa a falar, mas para, olhando para mim, como se estivesse pedindo ajuda sobre o que responder. — A mamãe é muito espaçosa e gosta de ter uma cama só para ela. Ma
Instintivamente, me solto dos braços de Sean, limpando as lágrimas com as costas da mão enquanto me afasto. Sua proposta, ainda que seja uma maneira eficaz de criar memórias para Liah, traz à tona inseguranças que prefiro evitar, especialmente após a cena que aconteceu na minha sala há alguns dias. Dou um passo para trás, buscando abrigo do outro lado da ilha central, antes de encará-lo novamente. — Sean, agradeço sua disposição em propor isso, mas uma viagem assim me exigiria um tempo que eu não tenho — respondo, tentando parecer convincente. Sean força um riso seco, mas assente. — Como queira, Zoe. Respeitarei sua decisão — ele diz, embora seu olhar diga o contrário. — Podemos pensar em algo mais… acessível para você. — Obrigada por compreender. Depois veremos a melhor maneira. Sean assente, optando pelo silêncio, e por um momento permanecemos parados, nos encarando. Então, a voz animada de Liah, chamando pelo nome de seus padrinhos, nos traz de volta à realidade. Limpo a garga
A tensão em seu rosto é inconfundível, e o clima que antes era leve e descontraído começa a pesar ao nosso redor. Sean dá alguns passos em nossa direção, forçando um sorriso que não chega aos olhos. — Sr. Ewing, que surpresa vê-lo no aniversário da minha filha — Sean diz, enfatizando a palavra “minha” enquanto estende a mão para cumprimentá-lo. Matthew esboça um sorriso um pouco tenso, me lançando um breve olhar antes de apertar a mão de Sean. — Liah é uma menina adorável, e eu não poderia deixar de vir — Matthew responde, soltando a mão de Sean e retornando ao meu lado. — Além disso, acompanhei todo o esforço de Zoe nos preparativos. Não poderia deixar de conferir o trabalho incrível que ela fez. — Sim, Zoe sempre faz um trabalho impecável — Sean concorda, com uma ironia evidente no tom. — Ela tem muitos talentos… É uma pena que nem todos tenham a chance de conhecer todas as suas… qualidades. Sinto meu rosto esquentar com a insinuação de Sean, e abro a boca para responder, mas Mat