~ADAM~
Giovanna estava “por perto” do escritório novamente naquela sexta-feira. E depois dela ter esperado por mim algum tempo, não tive como recusar seu convite para almoçar. Mas precisaria de desculpas melhores caso ela continuasse insistindo nessa aproximação, além da amizade, que eu não desejava.
Eu disse para Kara que nós estávamos saindo. Mas não estávamos. Pelo menos não do jeito que eu fiz parecer. Mas se Kara acreditasse que nós dois tínhamos alguma chance, especialmente depois dos dias na fazenda e do passeio na virada do ano, ela nunca sairia do Brasil.
– Então... o que você acha?
– O que eu acho...?
Estava completamente distraído. Talvez Giovanna estivesse falando por pelo menos uns dez minutos sem que eu me desse conta do tópico. Da última vez em que prestei um pouco de atenç
Eu caminhava de um lado para o outro na sala de espera, meus saltos finos batendo ruidosamente contra o assoalho sendo o único barulho que se destacava dentro do ambiente cheio de tensão.Meus olhos caíram em Thiago, sentado em um sofá no canto da sala. Ele estava destruído. Seus pais haviam sido avisados e estavam a caminho, mas, por enquanto, ele só tinha Adam para consolá-lo.Não passei por isso quando Otto se foi, a espera angustiante. Quando fomos resgatados e levados ao hospital, entramos em cirurgia imediatamente. Horas depois fui levada ao centro de recuperação e lá fiquei por dias, dopada praticamente o tempo todo pela medicação fortíssima. Quando me recuperei minimante, recebi a notícia de que Otto não tinha resistido. Então, me doparam novamente.Ainda assim, eu não tinha boas experiências com hospitais. Todos os que eu v
O quarto do hospital estava mergulhado em uma calmaria artificial, o som constante dos monitores ecoando suavemente no ar. Alguns dias já haviam se passado, mas Liam continuava internado, em recuperação. Por sorte, ele era jovem e tinha uma excelente saúde, então, segundo os médicos, ele estava indo muito bem e logo teria alta.Sentada ao lado de Liam, segurando o tabuleiro de palavras cruzadas, ou scrabble, como ele sempre fazia questão de me corrigir, eu me concentrei nas letras diante de nós.– R–E–S–P–E–I–T–O. Respeito! – eu declarei, movendo as peças com confiança para formar a palavra.Liam olhou para o tabuleiro e sorriu, aceitando o desafio.– Você sempre foi boa nisso, Kara – ele franze a testa enquanto observa as suas peças. – Acho que estou indo de mal a pior...Eu ri, satisfeita com m
~ADAM~Quando a reunião com os acionistas começa a esvaziar, percebo Alessandro se demorando intencionalmente, provavelmente procurando uma oportunidade de ficar sozinho comigo, que sempre era o último a sair. Mas Kara não estava a fim de facilitar para ele. Ela tinha sentado no sofá de couro no fundo da sala e deliberadamente encarava o tio.– Pode falar na frente dela – sou direto com Alessandro. – Não tenho segredos com Kara.– Não tem mesmo, não é? – Ele diz em tom de insinuação. – Vocês me parecem... bem íntimos.Kara nem pisca. Seu olhar ameaçador parecia capaz de afogar qualquer um que ousasse encará-la de volta. O ponto positivo, é que ela também não fala nada. De alguma forma estava conseguindo controlar o seu lado impulsivo, já que, se eu bem a conhecia, ela desejava pula
– O quê? – Adam pergunta surpreso, se colocando de pé.– O quê? – Repito. Ele tinha me pedido em casamento. Não tinha?– Kara... – ele ri. – Você é bem doidinha mesmo, não é?– Bom, não sou eu que tô segurando um anel solitário de diamante de três quilates. E essa coisa brilha tanto que meio que tá me cegando, então, se você não quer que minha resposta seja “sim” pra qualquer coisa que você diga, fecha essa caixinha.Adam ri e fecha a pequena caixa de veludo preto.– Então é isso, sempre foi o anel e não eu? – Ele brinca de volta.– Claro! – Minto. – Diamonds are a girl's best friend – cito Marylin Monroe.Quero dizer... Era Adam. Era a pessoa que fazia meu coração bater mais forte no peito, a pe
– Casar? – Manu grita de surpresa quando lhe atualizo por uma chamada de vídeo. – Não tem nem um mês que eu vim pra cá e você me invente de... casar?Eu rio.– Adam diz que é a melhor solução... – dou de ombros. – E depois que ferrei com tudo, beijando ele no elevador... O que eu posso fazer?– Kara... – Manu me lança um olhar analisador. Era impressionante como ela consegui fazer isso ainda que não estivéssemos cara a cara de verdade. – Você tá animada com isso? Porque... Eu te conheço bem o suficiente para dizer que parece estar.– Mais ou menos... – admito. – Eu gosto do Adam, Manu, você sabe disso. Gosto de ter ele do meu lado, gosto da companhia, das conversas...– Gosta da pegada dele...Eu rio e balanço a cabeça. É claro que gosto. Sinto
~ADAM~Nós estávamos sentados um de frente para o outro, as pernas cruzadas sobre o sofá de couro do meu escritório. Eu mantinha meu rosto baixo, tentando me segurar.– Me distrai... por favor – peço a Kara. – Vou fazer uma loucura se eu não conseguir desviar meu pensamento.Thiago tinha trazido Kara até a minha sala com ela no início de uma crise pânico. Por sorte, eu estava ficando bom em conseguir acalmá-la e trazê-la de volta para a realidade.Quando ela se acalmou, enquanto tomava um chocolate quente, ela me contou o que tinha acontecido para que ela chegasse naquele ponto: o tio a havia confrontado diretamente enquanto a manteve presa no banheiro masculino.– Isso é tudo? – Pergunto. Não que eu achasse que fosse pouco. A gente precisaria dar um jeito de manter Kara segura dentro da Milani também, por mais que agora fos
Então eu ia me casar. De verdade. Real, oficial. Mas... por que aquele parecia um dia extremamente comum? Deveria ser diferente, não deveria? Deveria ser especial. Deveria... ser o dia mais feliz da minha vida. – Feliz aniversário, Kara! Jacob me serviu um delicioso petit gateau, em um prato decorado com os dizeres “Parabéns, Kara” e uma única velinha em cima. Eu apaguei a velinha com um sorriso no rosto. – Obrigada, Jacob! Senta comigo... – convido. – Ah, não, senhorita! – Ele arregada os olhos em surpresa com o convite. – Eu não poderia... – Jacob, senta! – Digo de uma forma incisiva, e ele obedece. Era estranho passar o dia do meu aniversário sozinha, com Manu longe, Luca trabalhando, Lilly ocupada... Mas era ainda mais estranho passar o dia do meu casamento sozinha. Sempre imaginei que estaria em um dia de noiva, relaxando em um spa com um champanhe na mão enquanto cuidavam dos meus cabelos, unhas e maquiagens. Mas não. Até mesmo A
– Senhora Milani-Benatti... – testo como soa e caio na gargalhada. – Acho que gosto desse.Lilly e eu não estávamos bêbadas, mas já estávamos levemente alegrinhas, rindo fácil de qualquer besteira enquanto tomávamos drinks na piscina do meu apartamento.– Então, senhora Milani-Benatti... – Lilly brinca. – Como se sente?– Adulta... – respondo, sem nem mesmo pensar. – E perdida. Nada vai mudar? Vamos continuar morando separados e nos tratando como amigos?– Vocês precisam definir os detalhes, mas não se preocupe com essas coisas agora. Aproveite seu jantar e sua viagem de lua de mel.– Pelo menos isso... Pelo menos Adam se deu ao trabalho de tirar uns dias de folga para a gente viajar juntos.– Não tem nada melhor do que uma viagem para conectar um casal. Você vai ver, vão voltar com u