– Bom dia, Wanessa, eu preciso ver o... – me calo, quando meus olhos caem no sofá que ficava em um dos cantos da sala de espera do escritório de Adam.
– Senhorita Milani, o senhor Benatti está em uma vídeo conferência – a secretária de Adam me diz. – Deve estar prestes a terminar, se puder aguardar um pouquinho.
Confirmo com a cabeça e me encaminho para o sofá, mas não me sento.
– Oi... – digo.
– Kara, né? – Giovanna abre um sorriso que me parece forçado. – Como vai?
– O que faz aqui? – Sou direta em tentar saciar a minha curiosidade. – Outro almoço com Adam?
– Espero que sim – ela abre um sorriso. – Eu só estava por perto e resolvi passar. – Ela faz uma careta e baixa a voz. – Eu realmente não esperava que ele fosse tão ocupado e qu
Quando acordei, na manhã daquela sexta-feira, passei bons minutos apenas deitada olhando para o teto, sem ousar nem mesmo me mexer. Por que eu sempre precisava me reinventar quando minha vida parecia estar entrando em uma constante? Eu lembrava muito pouco sobre como era a vida quando eu ainda tinha meus pais, mas tinha fortes memórias de chorar noites e noites depois que eles se foram e Otto e eu tivemos que mudar totalmente de vida ao ir morar com nossos avós. E depois, quando nossos avós se foram, em meio a minha adolescência rebelde, demorei muito a me acostumar que a partir dali éramos somente meu irmão e eu. Ainda assim, nós erámos tão próximos, tão unidos...E então Otto se foi. E eu acho que essa é a perda a qual eu nunca vou me acostumar. Desde pequena, ele era a única coisa certa na minha vida, a única pessoa que sempre esteve presente em todas as fases. E,
~ADAM~Giovanna estava “por perto” do escritório novamente naquela sexta-feira. E depois dela ter esperado por mim algum tempo, não tive como recusar seu convite para almoçar. Mas precisaria de desculpas melhores caso ela continuasse insistindo nessa aproximação, além da amizade, que eu não desejava.Eu disse para Kara que nós estávamos saindo. Mas não estávamos. Pelo menos não do jeito que eu fiz parecer. Mas se Kara acreditasse que nós dois tínhamos alguma chance, especialmente depois dos dias na fazenda e do passeio na virada do ano, ela nunca sairia do Brasil.– Então... o que você acha?– O que eu acho...?Estava completamente distraído. Talvez Giovanna estivesse falando por pelo menos uns dez minutos sem que eu me desse conta do tópico. Da última vez em que prestei um pouco de atenç
Eu caminhava de um lado para o outro na sala de espera, meus saltos finos batendo ruidosamente contra o assoalho sendo o único barulho que se destacava dentro do ambiente cheio de tensão.Meus olhos caíram em Thiago, sentado em um sofá no canto da sala. Ele estava destruído. Seus pais haviam sido avisados e estavam a caminho, mas, por enquanto, ele só tinha Adam para consolá-lo.Não passei por isso quando Otto se foi, a espera angustiante. Quando fomos resgatados e levados ao hospital, entramos em cirurgia imediatamente. Horas depois fui levada ao centro de recuperação e lá fiquei por dias, dopada praticamente o tempo todo pela medicação fortíssima. Quando me recuperei minimante, recebi a notícia de que Otto não tinha resistido. Então, me doparam novamente.Ainda assim, eu não tinha boas experiências com hospitais. Todos os que eu v
O quarto do hospital estava mergulhado em uma calmaria artificial, o som constante dos monitores ecoando suavemente no ar. Alguns dias já haviam se passado, mas Liam continuava internado, em recuperação. Por sorte, ele era jovem e tinha uma excelente saúde, então, segundo os médicos, ele estava indo muito bem e logo teria alta.Sentada ao lado de Liam, segurando o tabuleiro de palavras cruzadas, ou scrabble, como ele sempre fazia questão de me corrigir, eu me concentrei nas letras diante de nós.– R–E–S–P–E–I–T–O. Respeito! – eu declarei, movendo as peças com confiança para formar a palavra.Liam olhou para o tabuleiro e sorriu, aceitando o desafio.– Você sempre foi boa nisso, Kara – ele franze a testa enquanto observa as suas peças. – Acho que estou indo de mal a pior...Eu ri, satisfeita com m
~ADAM~Quando a reunião com os acionistas começa a esvaziar, percebo Alessandro se demorando intencionalmente, provavelmente procurando uma oportunidade de ficar sozinho comigo, que sempre era o último a sair. Mas Kara não estava a fim de facilitar para ele. Ela tinha sentado no sofá de couro no fundo da sala e deliberadamente encarava o tio.– Pode falar na frente dela – sou direto com Alessandro. – Não tenho segredos com Kara.– Não tem mesmo, não é? – Ele diz em tom de insinuação. – Vocês me parecem... bem íntimos.Kara nem pisca. Seu olhar ameaçador parecia capaz de afogar qualquer um que ousasse encará-la de volta. O ponto positivo, é que ela também não fala nada. De alguma forma estava conseguindo controlar o seu lado impulsivo, já que, se eu bem a conhecia, ela desejava pula
– O quê? – Adam pergunta surpreso, se colocando de pé.– O quê? – Repito. Ele tinha me pedido em casamento. Não tinha?– Kara... – ele ri. – Você é bem doidinha mesmo, não é?– Bom, não sou eu que tô segurando um anel solitário de diamante de três quilates. E essa coisa brilha tanto que meio que tá me cegando, então, se você não quer que minha resposta seja “sim” pra qualquer coisa que você diga, fecha essa caixinha.Adam ri e fecha a pequena caixa de veludo preto.– Então é isso, sempre foi o anel e não eu? – Ele brinca de volta.– Claro! – Minto. – Diamonds are a girl's best friend – cito Marylin Monroe.Quero dizer... Era Adam. Era a pessoa que fazia meu coração bater mais forte no peito, a pe
– Casar? – Manu grita de surpresa quando lhe atualizo por uma chamada de vídeo. – Não tem nem um mês que eu vim pra cá e você me invente de... casar?Eu rio.– Adam diz que é a melhor solução... – dou de ombros. – E depois que ferrei com tudo, beijando ele no elevador... O que eu posso fazer?– Kara... – Manu me lança um olhar analisador. Era impressionante como ela consegui fazer isso ainda que não estivéssemos cara a cara de verdade. – Você tá animada com isso? Porque... Eu te conheço bem o suficiente para dizer que parece estar.– Mais ou menos... – admito. – Eu gosto do Adam, Manu, você sabe disso. Gosto de ter ele do meu lado, gosto da companhia, das conversas...– Gosta da pegada dele...Eu rio e balanço a cabeça. É claro que gosto. Sinto
~ADAM~Nós estávamos sentados um de frente para o outro, as pernas cruzadas sobre o sofá de couro do meu escritório. Eu mantinha meu rosto baixo, tentando me segurar.– Me distrai... por favor – peço a Kara. – Vou fazer uma loucura se eu não conseguir desviar meu pensamento.Thiago tinha trazido Kara até a minha sala com ela no início de uma crise pânico. Por sorte, eu estava ficando bom em conseguir acalmá-la e trazê-la de volta para a realidade.Quando ela se acalmou, enquanto tomava um chocolate quente, ela me contou o que tinha acontecido para que ela chegasse naquele ponto: o tio a havia confrontado diretamente enquanto a manteve presa no banheiro masculino.– Isso é tudo? – Pergunto. Não que eu achasse que fosse pouco. A gente precisaria dar um jeito de manter Kara segura dentro da Milani também, por mais que agora fos