Eu tinha saído bem tarde do setor administrativo da Milani naquele último dia de trabalho do ano, mas a verdade é que eu tinha ficado praticamente o dia todo organizando a festa de confraternização da empresa ao invés de fazer alguma coisa no marketing – se no dia a dia eu já enrolava, imagina com uma festa prestes a rolar.
Então, fui para casa e tomei um longo banho de banheira enquanto relaxava um pouco antes de começar a me arrumar. Adam tinha oferecido uma carona já que ele ainda estava em um dos aparts do hotel (não que eu estivesse reclamando – pelo contrário, eu adorava que ele estivesse por perto – mas quanto tempo levava para dedetizar um apartamento?) mas Liam tinha ficado de vir me buscar e era a primeira vez que ele, de fato, vinha ao meu apartamento.
Liam e eu erámos um dos pouco casais que estaria na festa. A empresa não tinha polític
Diferente dos outros anos, quando a festa de confraternização sempre ocorria em um grande salão, eu tinha feito questão de movê-la para o terraço do prédio empresarial da Milani. Eu tinha verificado a previsão do tempo é claro, garantindo que não havia possibilidade de chuva. E gostei do resultado, de alguma forma aquilo parecia deixar as coisas mais informais.As pessoas se espalhavam em pequenos grupos, fosse nas mesinhas decoradas, no bar improvisado, ou admirando a vista perto do guarda-corpos. Quase todos tinham um copo de bebidas na mão. Alguns, mais extrovertidos, dançavam enquanto conversam alto. Outros, preferiam manter a descrição. Mas ninguém parecia tão deslocado quanto Adam.Assim que piso no terraço, meus olhos começam a varrer o local tentando encontrá-lo. Ele estava em uma das mesas de canto, com Thiago Arantes e Noah Lanca
- Então... Ele te obrigou a usar isso? – Adam vem se sentar à mesa, diante de mim, e desliza um copo de whisky na minha direção.- Whisky? – Torço o nariz.- Você não esperava que eu tivesse daiquiri aqui, não é? – Ele sorri.Eu reviro os olhos e tomo uma golada generosa. Não gostava muito de bebidas amargas, mas naquele momento eu estava topando qualquer coisa.- Liam não me obrigou a usar isso... Ele só... sugeriu veementemente – faço uma careta e Adam ri.- Você tá linda, Kara. Você é linda. Só... não me parece tanto o seu estilo.- E não é... – murmuro. Eu não tinha me dado conta, mas estava brincando com a aliança em meu dedo. – Adam... - Repentinamente eu a tiro e jogo em cima da mesa. – Por quê?- Por que o quê? –
Meu sorriso morreu instantaneamente. Alessandro Rossi, meu tio, vinha se aproximando lentamente, com um sorriso polido no rosto e uma postura elegante.- Kara, querida, que surpresa te ver por aqui! – Diz, em um tom cadenciado.- É a festa de confraternização da Milani, onde mais eu estaria?- É verdade, é verdade – ele parece forçar uma risada. – Como você está?- Bem, obrigada – busco soar tão polida quanto ele. – E você?- Nada mal... Sempre muito ocupado, você sabe.Na verdade, eu não sabia. O que tio Alessandro fazia além de viver dos lucros que suas ações da Milani lhe davam? Talvez administrar alguns investimentos, se ele fosse esperto, mas... Ele não trabalhava em nada, trabalhava? Não tinha motivos para tentar se passar por um homem de negócios que vivia sempre ocupado só por
Acontece, que o que eu mais queria também era me ver fora daquele vestido. Então, quando voltamos para o meu apartamento, eu nem me dei ao trabalho de mostrar o lugar a Liam. Apenas mostrei onde era o banheiro do quarto de hóspedes enquanto fui para meu próprio quarto tomar um banho – nem fodendo eu estava no clima de ficar de chameguinho enquanto tomávamos banho juntos.Quando Liam entra pela porta do meu quarto, eu já estava embaixo das cobertas, com a tv ligada, fingindo estar completamente concentrada no filme que passava em um canal qualquer de tv aberta. Liam, não se sente intimidado ao deitar ao meu lado.- Sabe, eu meio que odeio essas festas – ele diz. – Meu pai sempre obrigava a mim e ao meu irmão a irmos em todos os eventos sociais que envolvessem as famílias renomadas lá da nossa região, desde pequenos. Era um saco! Acho que peguei trauma.Eu rio, porque en
~ADAM~Quando entrei na delegacia, não demorei a identificar Kara, sentada à uma mesa no fundo. Se eu bem a conhecia – e eu achava que já a conhecia o suficiente – o sorriso em seu rosto e jeito como ela inclinava o corpo deixava claro que ela estava flertando com o policial a sua frente.- Kara? – Eu chamo sua atenção, me aproximando.- Ah, oi, tutor! – Ela vira o sorriso cheio de dentes na minha direção. Estava segurando uma bolsa de água próxima a nuca, provavelmente tentando anestesiar alguma dor. O que me leva a perguntar: - Você tá bem?- Eu tô ótima! Já a sua namoradinha... – ela faz uma careta irônica – nem tanto.- Kara... – eu respiro fundo e me sento na cadeira ao seu lado. – O que exatamente aconteceu?- Aconteceu que ela é louca. Me agrediu do nada no meio da rua... –
Quanto Adam veio falar comigo, na manhã seguinte, eu estava tomando café da manhã no bar da piscina do Milani. Eu achei que ele teria vindo conversar ainda na noite de ontem, mas uma rápida olhada em suas roupas – as mesmas que usava na delegacia – denuncia que ele passou a noite fora. Com Michelle. Isso já me coloca completamente em modo defensivo quando ele se senta a minha frente na mesa.- Como você está? – Pergunta, roubando algumas uvas do meu prato.- Isso depende. Quais as chances de você ter deixado ela passar a noite atrás das grades?- Você sabe que eu não teria feito isso...- Claro que não... – reviro os olhos. – Ao invés disso você dormiu com ela... – aponto com a cabeça para suas roupas.Adam não responde a acusação.- O que aconteceu, Kara? Ela me contou a versão
~ADAM~- Ahhhh!Mal tinha adentrado no apartamento quando o grito de Kara vindo da cozinha me faz correr naquela direção. A cena é um tanto bizarra. Não por Kara estar debruçada no balcão com dois dedos na boca e os olhos vermelhos. Não pelo cheiro de queimado vindo do forno. Não pela bagunça na qual aquele lugar se encontrava. Mas pelo simples fato de Kara estar na cozinha. Se alguém me falasse que todos os eletrodomésticos ali eram de enfeite, eu não teria duvidado até aquele momento. Nós sempre usávamos o restaurante ou o serviço 24 horas do hotel.- O que você tá fazendo? – Olho para ela com muita curiosidade.- O biscoito me queimou e então eu o queimei de volta.Eu não contenho uma risada enquanto vou até a geladeira pegar uma bolsa de gelo para ela.- Tenho certeza de que aconteceu exa
- Deixa eu arrumar isso para você... – Adam pega o celular novo da minha mão e começa a configurá-lo para mim.Nós estávamos no helicóptero, voando para a cidade do interior onde os pais dele moravam. Apesar de eu me sentir mais confortável assim do que fazendo uma viagem longa de carro, o tempo estava chuvoso e nublado lá fora, o que nunca era uma combinação agradável para voar de helicóptero.- Não posso restaurar seu backup... – ele diz. – No máximo a lista de contatos. Mas você pode reinstalar tudo depois.- Qual o problema com o meu backup?- Não sei até onde podem ter ido ao hackear seu celular.Era a primeira vez que Adam falava daquilo em alto e bom tom. O quê me traz uma compreensão repentina.- Foi por isso que você me deu o celular! – Digo.Ele disse que troco