Liam me mandou várias mensagens durante o dia. Não de um jeito grudento. Ele estava me atualizando sobre como os pais estavam amando o passeio que eu tinha organizado e o quanto ele e Thiago estavam ligeiramente entediados e ansiosos para a nossa noite.
Ele me mandou algumas fotos também, e era impossível não deixar de reparar no quanto ele ficava bonito com os cabelos castanho-aloirados bagunçados pelo vento. Eu estava prestes a digitar uma cantada engraçadinha sobre isso, mas detive meus dedos a tempo. Ele não ia me levar a sério desse jeito.
E se eu queria ser levada a sério, eu precisava me resolver com outra pessoa também. Contrariando o que Adam tinha me pedido, procuro por Lilly no Instagram de Otto.
- O quê? Lennox? – Me surpreendo com o sobrenome dela.
Quando você fazia parte de uma família renomada, você crescia aprendendo o nome de outras
- Vamos sair daqui! – Liam convida, quando nossos beijos se tornam intensos demais para a pista de dança.- Não posso... – dou um passo para trás, me afastando levemente. – Não posso... Adam...- Ele e Thiago estão falando de negócios...Eu deveria estar falando de negócios, penso, me lembrando que deveria ser a responsável por convencer Liam de que o contrato com a Milani poderia trazer os melhores benefícios para sua família.- Liam... eu não sei o que você leu sobe mim na internet...- Eu não sou do tipo que acredita em tudo que está na internet, Kara.- Deveria... – digo sem pensar. – Não, quero dizer, não deveria – rio. – Não sobre Terra plana e essas coisas. Mas... não é como se a maioria das coisas sobre mim fossem mentira...- Eu não me imp
~ADAM~- Lilly! Eu não estou te entendendo, fala mais devagar.Como se já não fosse difícil o suficiente tentar decifrar a voz acelerada de Lilly e em tom muito mais agudo do que o que ela normalmente usava, a música alta pulsante que dominava todo o ambiente me fazia gritar de volta no celular, ao mesmo tempo em que pressionava o aparelho contra a orelha, tentando captar qualquer coisa útil.- Kara? – Vejo Liam rapidamente voltando a atenção na minha direção. – Tudo bem, eu estou indo... – me levanto rapidamente.- O que aconteceu...?- Agora não! – Dou um corte seco no garoto enquanto saio a passos largos em direção a saída.Provavelmente Kara odiaria quando soubesse, mas eu podia rastreá-la através do celular e eu não tinha problemas em usar desse artifício. A madrugada do Rio
~ADAM~- Achei que você ia descer para tomar café da manhã – digo, ao voltar para o apartamento e encontrar Kara encolhida no sofá, claramente ignorando fosse lá o que estivesse passando na TV gigante na sua frente. – Tá tudo bem? – Ela me olha e afirma rapidamente com a cabeça, forçando um sorriso falso.Nem um pouco convencido, mas tentando não forçar qualquer interação que ela não quisesse ter, vou até a área da TV e me sento em um dos sofás individuais. Kara estava assistindo a reprise de um jogo de basquete, o que me faz levantar a sobrancelha em surpresa. Primeiro porque não imaginava que ela fosse uma garota dos esportes. Depois... uma reprise?- Você realmente está vendo isso?- Pode trocar, se quiser... – responde, com a voz distante.- Não... é só que
- Uma trilha, porra... – eu reclamava com Luca, na manhã seguinte, enquanto tomava uma longa golada do meu café, que descia aquecendo todo o meu corpo e me despertando para mais uma monótona manhã de trabalho. – Eu te pareço o tipo de garota que faz uma trilha? Andar em uma floresta, ou sei lá, embaixo de sol, com mosquitos e... cobras?- Estou confuso, Kara... – ele se recosta na parede do elevador, me observando de forma analítica com um pequeno sorriso nos lábios. – Não foi você quem sugeriu algo mais radical? Ele pegou leve. Esperava que te convidasse pra pular de paraquedas?- Céus, não! Eu esperava que ele me convidasse pra andar de jet-ski e me levasse pra uma praia deserta pra dar uns amassos.- Isso é radical pra você?- Bom...- E também... Não foi você quem disse que queria ir devagar?- Disse
A boa notícia é que eu tinha convencido Luca e Manu a irem em um encontro duplo com Liam e eu. A má notícia é que de alguma forma eu tinha conseguido transformar a trilha em... um acampamento. Pelo menos essa era a má notícia pra mim. Liam tinha ficado muito, muito animado! O fato é que era tão bonitinho ir vendo-o se empolgar quando falava dessas coisas que eu acabava dando ideias loucas, como ser convidada para fazer algum esporte radial ou acampar.E foi assim, que naquela sexta de feriado, ao invés de Liam vir para o Rio, meu motorista levou Manu, Luca e eu para a cidade de Liam. Não era um percurso longo, bastava subir a serra, mas era bom ter meus amigos para me distraírem durante a viagem de carro.Adam tinha decido ir também, no carro dele. E por mais que a desculpa que deu fosse a de aproveitar que precisava conversar com o senhor Arantes para se hospedar e avaliar um do
Arquivei o sentimento de abandono que a notícia de Manu tinha me gerado no fundo de uma gaveta da minha mente. Não podia agir como uma egoísta. Além do mais, se minha melhor amiga ia embora em breve, eu ia querer aproveitar cada momento que eu pudesse ter com ela. Nós duas resolvemos tomar um banho de cachoeira enquanto deixávamos todo o trabalho duro de montar as barracas nas quais dormiríamos para Luca e Liam.- Essas são realmente cenas que eu nunca esperava ver – Manu diz. – Kara Milani fazendo trilha, tomando banho de cachoeira e dormindo em uma barraca. Está gostando mesmo do Liam, não é?- Acho... – baixo a minha voz antes de confessar. – Estou me esforçando para gostar.- O quê? – Manu me olha confusa.- Liam é perfeito pra mim. Quero dizer... A família dele é “importante” – faço as a
~ADAM~No fim da tarde, estava no bar do Arantes tomando uma bebida e tendo uma conversa descontraída com Thiago, quando meu telefone pessoal tocou. Apenas levantei a mão, em um pedido silencioso para que ele esperasse, e atendi o telefone no segundo toque.- Kara?- Oi, tutor – a voz dela soa fraca do outro lado da linha.- O que aconteceu?- Hum... lembra quando cogitamos mosquitos tentando me matar?- Alguma coisa te picou?- Não exatamente... Mas... a gente devia ter pensado em plantas assassinas.- Plantas assassinas...? Kara, você não está fazendo sentido. Tá tudo bem?- Liam cuidou de mim. Me deu um antitérmico e passou uma pomada na minha perna. Mas o efeito tá passando e... eu realmente não quero passar a noite aqui. Pode vir me buscar? De preferência... de carro. Não vou aguentar outra trilha.- Já
Não tive uma boa noite de sono. A primeira coisa que teríamos que trocar naqueles hotéis seriam as camas. Talvez aquelas cortinas bregas tivessem que ir logo em seguida. Mas quando eu tateei meu celular na mesinha de cabeceira e vi que já era quase sete da manhã, desistir de rolar no colchão desconfortável e decidi me levantar.Eu estava melhor. A sensação de febre tinha ido embora e por mais que a região afetada da minha perna ainda estivesse bem inchada e vermelha, a queimação horrível tinha sido substituída por uma coceira chata. Mas foi o suficiente para que eu conseguisse vestir uma calça mais larguinha, junto com um top, e passasse a próxima hora na academia do hotel, descarregando energia acumulada.As oito da manhã, eu já estava de banho tomado, sentada à mesa de café da manhã, com Manu e Luca. Eles tinham transado.