Recuperei a consciência e imediatamente percebi que algo estava diferente. Denver estava ao meu lado na cama, com um olhar estático, repleto de aflição e preocupação.Brinquei, tentando amenizar a tensão:- Avaliando qual feitiço usará para me matar? - Sentei-me devagar, mas me sentia fraca e tonta.- Sophie? Você finalmente despertou! - Ele respondeu rapidamente- Finalmente? Há quanto tempo estou dormindo? - Fiquei surpresa e perguntei.- Há... Quanto tempo você acha? - Denver hesitou por um momento antes de responderEu olhei para ele, percebendo que se tratava de algo muito mais longo do que eu imaginava.- Para o meu bem, apenas um dia... Três dias? – Indaguei curiosa- Na verdade... Faz um mês desde que você desmaiou. Estávamos muito preocupados! - Ele admitiu sem jeito.Minha reação foi de choque:- UM MÊS? - Gritei, colocando as mãos na boca.Comecei a tossir, com a boca seca, enquanto algumas memórias começavam a retornar. Recordava da revelação sobre a possível natureza somb
- Vocês dois já basta! – Elara nos advertiu, esfregando os olhos. Ela parecia muito cansada – Guardem essa energia para o feitiço. Vamos logo.Chegamos ao jardim e nos sentamos em volta do círculo que continha as gravuras.- Como faremos isso? – Perguntei, sem querer revelar meu estado atual.- Precisamos de algo que a conduza até o Alfa – Denver avaliou – Você tem algo que ele te deu?Coloquei a mão diretamente no colar que havia ganhado no dia do treinamento.- Sim! – Respondi.- Ótimo! – Ele respondeu – Quando começarmos, você precisa se concentrar no presente, em todas as memórias com o Alfa e, no final, entoar: Encontre meu companheiro!- Simples assim? – Perguntei desconfiada.- Não é simples, criança – Respondeu Elara, acomodando-se ao meu lado – Segurarei sua mão, canalizando minha magia para te auxiliar. Se você não conseguir alcançar seu Alfa, nossos espíritos podem ficar presos no espaço/tempo sem retorno.- Eu... – Mordi levemente os lábios – Não quero te colocar em risco
O Beta adentrou o castelo e deparou-se com uma cena desoladora: Selena estava agachada no canto, chorando, enquanto o Alfa jazia inconsciente no chão.- O que aconteceu aqui? - Rosnando em direção à jovem bruxa, Oliver perguntou, preocupado.Ela soluçou inconsolavelmente, tentando falar entre soluços. - Ela... Ela disse que eu podia confiar em você!A menina ergueu os olhos para encarar o Beta. Ele estava com os caninos à mostra, parecendo ameaçador, o que a fez encolher ainda mais e tremer.- Quem disse isso? - Perguntou o Beta, tornando sua voz mais ameaçadora.- A mulher de cabelos loiros e olhos incomuns - Selena respondeu entre lágrimas.- Sophie! - Exclamou o lobo, farejando o ar, mas não encontrando vestígios de que ela estivera ali. - Não entendo como ela pode estar aqui!- Magia extracorpórea! - Explicou a jovem bruxa, secando as lágrimas, claramente exausta. - Vocês vão me matar, não vão?- Isso depende - Rosnou o Beta impaciente. - O que você fez com o nosso Alfa?A menina
- NOSSO FUTURO SELADO! - Uivou a besta em minha direção.Rosnei, lançando um olhar indiferente, segui o feixe de luz que nos guiava, com a fera em silêncio logo atrás de mim.- Você também teme a escuridão! - Comentei finalmente, observando as sombras se fecharem ao nosso redor.- SOU UMA CRIA DA ESCURIDÃO, POR QUE DEVERIA TEMÊ-LA? - Rugiu a fera.- Porque você provou a liberdade e agora recua diante do seu antigo lar! - Rosnei impacientemente, esforçando-me para esquivar das criaturas que vinham nos assombrar.- HARVEY! - A voz de Sophie tornou-se mais desesperada, e eu ergui o focinho, a luz que nos guiava enfraquecendo rapidamente.A besta me agarrou com sua mandíbula, forçando-me a correr a uma velocidade vertiginosa. No entanto, a escuridão parecia infinita, inabalável. Uma luz intensa surgiu à minha frente, revelando uma silhueta.- Pegue minha mão, Harvey! - Agatha sorriu, sua beleza intacta como era em vida.- Agatha? - Rosnei, assumindo minha forma humana, enquanto a fera rec
- E você, Anciã, sempre tão imparcial e política, permitiu que seu povo fosse usado como ferramenta por essas feras imundas! - Ele lançou uma rajada de poder contra o escudo, fazendo Elara estremecer, mas sem permitir que a barreira cedesse. - E ainda trouxe para dentro da cidade o fruto de um amor proibido, está híbrida, nascida das trevas, aconchegou-a no coração das bruxas!Denver continuou a lançar ataques em nossa direção.- Denver, você sabe que foi necessário! - Elara gritou, enfrentando a fúria do mago. - Era o destino da híbrida se unir a nós, não podíamos desafiar os ancestrais!- AO INFERNO COM OS ANCESTRAIS! - Ele berrou, com os olhos faiscando de raiva. - Você entregou sua própria filha a eles, minha futura noiva!Senti a onda de indignação e fúria emanando do mago.- Denver - gritei, tentando apaziguar a situação. - Sua luta é comigo, não com as bruxas. Deixe-as em paz. Ajude-me a atrair a bruxa sombria para longe, e eu me entregarei ao meu destino!Cerrei os punhos, man
Ergui-me, ficando de pé como um lobisomem, com garras afiadas prontas para rasgá-la ao meio.- Criança, não seja ousada; não queremos matá-la ainda! - Os olhos da bruxa cintilaram com uma escuridão profunda. - Ainda não é a hora, não é mesmo? Venha conosco, seu destino a aguarda!- Ir exatamente para onde? - Rosnei, enchendo minhas mãos de magia de luz. - O que quer dizer com "ainda não vão me matar"?- Sempre foi tão curiosa, não é, Sophie? - A bruxa sorriu, revelando dentes podres, enquanto me encarava impaciente.Baixei as mãos, percebendo um leve timbre de voz familiar em seu tom, a voz de minha mãe. Lembrei-me daquela experiência extracorpórea e da revelação que ela me trouxera.- Mamãe? - Uma lágrima escorreu dos meus olhos ferozes, molhando minha pelagem facial. - É você mesma?A bruxa ergueu ainda mais o queixo em minha direção, em uma pose desafiadora.- Quem acha que sou, híbrida? - Ela perguntou com desdém, brincando com magia negra em seus dedos, seus olhos completamente n
- Está tudo bem, Alfa, vamos acabar com essa maldita de uma vez por todas! - Rosnei determinada.Harvey assumiu uma postura de lobisomem ao meu lado, e avançamos contra as sombras. O Alfa cortava através das trevas, derrubando suas barreiras, enquanto eu lançava magia de luz divina por meio das minhas garras, concedida pelas preces que havia proferido. A bruxa recuava, e pude sentir seu medo e inquietação.- AMALDIÇOADOS! - Ela gritou, rangendo os dentes. - VOCÊS NÃO PODEM DERROTAR AS SOMBRAS!A maldita então moveu os punhos, criando um furacão de mãos e espinhos em nossa direção, pareciam ser impregnados de prata, e ao tocarem minha pele, a sensação de queimadura se espalhou. Soltei um rugido de dor, fazendo o Alfa olhar para mim. Ele se lançou sobre meu corpo, me derrubando no chão, protegendo-me com sua própria figura imponente.Tentei sair de debaixo dele, mas a tempestade sobre nós era avassaladora. Vi gotas de sangue escorrendo por entre seus pelos. Ergui minhas mãos e entoei:-
- SOPHIE... Você precisa nos encontrar... - Uma voz ecoou em minha mente durante o sonho, como um sussurro que atravessou os véus da minha consciência.- Encontrar quem? Quem são vocês? - Perguntei, confusa, enquanto a escuridão inicial dava lugar a um campo de flores, sua beleza iluminando o cenário.- Somos as portadoras de suas respostas... Venha, criança, o destino a aguarda! - A voz ressoou com mais intensidade, revelando uma esplêndida casa no centro do campo. Eu me aproximei, e a porta se abriu diante de mim. Lá dentro, três mulheres e a jovem bruxa que eu havia resgatado na floresta estavam acomodadas em confortáveis poltronas, me encarando com expectativa.A porta se fechou com um estrondo, e eu senti sendo arrastada para trás, enquanto nuvens negras e densas se formavam no céu, anunciando a chegada das sombras.- NINGUÉM PODE TE SALVAR! - A voz sombria da bruxa ressoou ameaçadoramente.Despertei de sobressalto, minha mão instintivamente indo para as costelas, que queimavam a