Parada de costas para porta Sarah encara o homem de forma a desafia-lo, com os olhos examina mais uma vez a loja, dá dois passos alcança o balcão mais uma vez, repousa suas mãos sobre ele e o aperta com raiva, retoma o fôlego e pergunta:
- Qual seu nome?
- Me chamo Richard – responde em silêncio.
Sarah tira de sua bolsa uma tesoura de cerca de quinze centímetros e a leva na altura do rosto com a ponta virada ao homem, fecha os olhos com força e quando abre, brada para Richard:
- O senhor tem dois minutos para trazer meu filho aqui ou eu estraçalho sua cara! Eu juro por tudo que não sobrará um pedaço dela!
O homem esbugalha os olhos e com as mãos pede calma a Sarah.
- Seu filho está seguro! Pode confiar no que estou falando – responde o velho homem.
Mal ele termina suas palavras e ouve um grito descontrolado:
- Então devolva meu filho!
Richard dá um passo para trás e levanta as mãos como estivesse se rendendo e de uma prateleira atrás de sua cabeça pega um livro e põe em cima da mesa.
- Por favor, se acalme e tome esse livro – diz o homem assustado.
Sarah olha para o livro e sem saber o que está acontecendo analisa-o sobre o balcão, é um livro de capa de couro preta com uma presilha dessas que mantém os livros fechados, não há nada escrito na capa, é um livro um pouco desgastado com cerca de quatrocentas páginas.
- Abra, por favor – encoraja o homem.
Sarah com olhar desconfiado coloca a tesoura em cima do balcão e abre o livro com certa desconfiança, a primeira página está em branco, ela vira mais uma página e novamente em branco, vira mais uma e mais uma, e depois varias e percebe que todo o livro está em branco, com raiva Sarah fecha o livro e percebe que na capa aparece seu nome em letras brancas.
- Já me cansei disso tudo, vou chamar a policia!
- Mas senhora...
- Cala a boca! Quando a polícia chegar nós veremos se você não vai abrir a boca, isso aqui tá virando uma palhaçada! Portanto, cala a boca!
- Leve o livro, por favor – dando um empurrãozinho no livro em direção a Sarah.
- Eu não quero saber de um livro em branco!
O homem abaixa a cabeça em sinal de pesar, respira fundo e dá um soco na mesa.
- Porque vocês sempre são assim? – esbraveja – Apenas pegue a porcaria do livro! – esbraveja novamente.
Sarah dá meia volta e caminha em direção a Richard dessa vez tentando entender o que ouviu.
- Espera um pouco, acho que agora eu que estou meio louca, é impressão minha ou o senhor gritou?
- Apenas faça o que eu estou dizendo para fazer! – esbraveja Richard.
Com toda a raiva que possui Sarah pega um jarro de vidro que está na prateleira ao seu lado e atira no homem, que desvia a cabeça e volta seus olhos a mulher com surpresa.
- Se acalme! – ordena Richard – Se quer seu filho de volta apenas pegue o livro.
- Olha, eu realmente não sei como você fez aparecer meu nome na capa do livro, foi um belo truque, mas não vou comprar livro nenhum, ainda mais em branco.
Richard põe a mão em cima do livro.
- Se quer seu filho de volta, o livro é a única opção que tem, não precisa comprar, apenas leve-o com você.
- Ah! Então quer falar de opções! – diz em tom de deboche – Então você tem duas, ou entrega meu filho ou vai preso, escolha!
- Não é assim que as coisas funcionam Sarah!
- Explique para a polícia! Um amigo meu também viu que meu filho entrou aqui, portanto eu tenho testemunhas e você vai se ferrar muito por tudo isso seu desgraçado!
Sarah começa a caminhar em direção a porta.
- Você estava certa quando afirmou que no mês passado essa loja não estava aqui – afirma Richard.
Nesse momento ela dá meia volta.
- E daí?
- E daí que não vai adiantar chamar a polícia! – aconselha Richard.
- É o que vamos ver! – responde em tom de desafio – Com certeza você é o sequestrador mais lunático da face da terra! Acha mesmo que eu vou acreditar nessa conversa mole?
- Eu não quero te fazer mal – responde Richard calmamente – apenas pegue o livro e vá para casa.
- Olha, você é realmente um lunático! Richard, você é um velho doido de pedra! – gargalha – Eu vou chamar a policia!
Sarah sai da loja e vai até um telefone público, liga para polícia e relata tudo o que aconteceu, enquanto está ao telefone olha para a praça central e vê a corrida de sacos sendo realizada, uma lágrima escorre pelo seu rosto, desliga o telefone e fica na frente da loja aguardando a polícia. No outro lado da rua avista Dennis e Kate caminhando a seu encontro.
- Sarah! Estávamos preocupados! O que faz aqui? Onde está o Adam? – pergunta Kate.
- Um velho lunático daquele antiquário o raptou, já chamei a policia – responde nervosa enquanto arruma os cabelos.
- Antiquário? Onde? – pergunta Dennis confuso, enquanto olha para os lados.
- Ali! – responde Sarah – está a três passos de você Dennis!
- Sarah, aquela é a antiga fabrica de vidros da cidade, está abandonada há sessenta anos! – responde apontando para a fabrica – Está tudo bem com você?
- Dennis, por favor – adverte Sarah – já ouvi muita conversa fiada por hoje!
Dá três passos e fica diante do vidro e com a mão aponta para as letras.
- Está vendo aqui? Está escrito antiquário! – olha para dentro da loja – Lá está o maldito que raptou meu filho! E tem a capacidade de ficar calmo a ponto de ler um livro!
Dennis e Kate ficam atônitos olhando para Sarah, trocam alguns olhares e lhes faltam palavras enquanto olham Sarah parada em frente a fábrica abandonada afirmando que vê ali é um antiquário, no momento que eles se aproximam de Sarah são interrompidos pelas sirenes da polícia.
- Os guardas chegaram! Que bom! Já não era sem tempo! – exclama Sarah levantando o braço para os policiais.
Dois guardas saem do carro e se aproximam de Sarah, Kate e Dennis.
- Quem é Sarah Reed? – pergunta o policial.
- Sou eu, por favor, entre lá e prendam aquele homem, o nome dele é Richard, meu filho entrou ali e depois não o vi mais.
- Senhora Reed, como alguém vai entrar aí? As portas da fabrica estão acorrentadas há muito tempo, o antigo dono dela, o senhor David Moses morreu e desde então a fabrica nunca mais funcionou.
Sarah incrédula olha para os policiais e depois para Kate e Dennis, que acenam com a cabeça confirmando o que os policiais disseram. Sarah responde com certo desconforto olhando para dentro do antiquário e aponta para Richard através do vidro:
- Olha ele lá! Mexendo naquele quadro!
- Desculpe senhora, não há ninguém lá, apenas poeira, moveis velhos e papéis jogados no chão – responde o policial ajeitando seu quepe.
Sarah olha novamente para o antiquário e Richard apenas balança a cabeça em sinal de negação.
- Senhora Reed, por favor, volte para casa, está anoitecendo a festa na praça já está acabando, nós vamos procurar seu filho, temos certeza que ele irá aparecer, apenas vá para casa e descanse.
Dennis e Kate se aproximam de Sarah, agradecem os policiais que voltam para o carro e tentam convence-la.
- Vamos para casa, amanhã a policia cuidará de tudo!
Sarah esbraveja e enlouquecida os manda irem embora, olha mais uma vez para dentro da loja, avista Richard e passa o dedo indicador por seu pescoço, sinalizando a Richard que vai “cortar sua garganta” e caminha para seu carro, Dennis a adverte.
- Por favor, Sarah, vá para casa e descanse amanhã nós iremos visitar você.
Sarah liga o carro e começa a dirigir, dobra a primeira esquina e confusa tenta assimilar o que aconteceu, chora copiosamente, soca o volante, olha para o lado e dobra mais uma esquina, dirige sem rumo, aperta o acelerador e quando avista o posto de gasolina para em frente a bomba número um.
- Boa noite! Em que posso ajuda-la? – pergunta o frentista.
- Conhece bem a cidade?
- Sim – o frentista responde desconfiado.
- Aqui tem algum Antiquário? – pergunta enxugando as lágrimas.
- Não tenho certeza, mas vou chamar o dono do posto, o senhor Bill, ele deve saber.
Sarah acena com a cabeça e se recosta no banco, a imagem de seu filho vem a sua cabeça, olha para frente, avista os carros passando, as luzes da cidade, as pessoas caminhando, no banco ao seu lado um boneco de brinquedo de Adam ficou esquecido, segura-o por um instante e aperta os lábios com raiva.
- Boa noite senhora, me chamo Bill, sou o dono do posto, em que posso ajuda-la? – diz o gentil homem com a mão repousada na janela do carro.
Seus pensamentos são interrompidos e por um instante recobra a atenção.
- Aqui na cidade existe algum antiquário?
- Não, estou com cinquenta e quatro anos e não vejo um a muito tempo, acho que o último que vi eu ainda usava calças curtas – responde pensativo coçando o queixo.
- Era no mesmo lugar da antiga fábrica de vidros? – pergunta Sarah.
Bill olha para cima e se põe a pensar, cruza os braços e se esforça para lembrar, até que levanta o dedo indicador.
- Pode me acompanhar até o meu escritório? – convida o homem apontando para o outro lado do posto.
Chegando no escritório ele aponta para a cadeira convidando Sarah a se sentar, dá a volta na mesa e calmamente abre a última gaveta e coloca um envelope em cima da mesa.
- Acho que isso responde a sua pergunta.
Com cuidado abre o envelope já surrado pelo tempo, o coloca em pé e olha para dentro procurando alguma coisa, Sarah apenas acompanha em silêncio seus movimentos, Bill folheia o papeis um por um.
- Essa não... Essa também não... Talvez essa... – fala baixo – 1933... 1937... 1945... – olha mais atentamente – Achei!
Nesse momento puxa um retrato de dentro do envelope e o coloca em cima da mesa, e o vira em direção a Sarah.
- Essa foto aqui! Richard Turier! – morreu em 1945, exatamente a quarenta anos atrás, ele tinha um antiquário ou uma loja de antiguidades não me lembro bem, essas fotos são do meu falecido pai, Richard era nosso vizinho.
Sarah fica incrédula, na foto está Richard jovem em pé na frente do antiquário.
- É ele mesmo! – afirma – Eu o vi hoje mesmo, no antiquário! Logo na frente da praça!
- Desculpe senhora, com todo respeito, eu nem a conheço – faz uma pausa – mas não brinque com essas coisas, eu tinha cerca de treze anos ou catorze, e eu mesmo vi Richard cair duro no jardim em um domingo de manhã enquanto cortava sua grama, eu e meus amigos estávamos andando de bicicleta na frente da casa dele.
- Não mesmo! Ele está vivo! Está atendendo no antiquário.
- Aonde fica esse antiquário senhora? – pergunta Bill em tom desconfiado.
- Na frente da praça central da cidade! – afirma Sarah balançando a cabeça – Rua Bedford, 38!
Bill balança a cabeça negativamente e rapidamente começa a guardar a foto, e com um sorriso incrédulo e olhos abaixados, responde a Sarah:
- Olha senhora, eu não sei o que está acontecendo, mas não faz sentido nenhum, me desculpe, mas novamente com todo o respeito, a senhora deve estar com algum problema, na rua Bedford 38 ficava a antiga fábrica de vidros do velho David Moses, fechada há muito tempo, desde que ele morreu, eu mesmo não o conheci, mas meu pai que falava muito dele, era a maior fábrica da cidade.
- Não, por favor, acredite em mim! – implora Sarah – me fale mais sobre esse Richard!
- Por gentileza senhora, mas não insista, isso não faz sentido algum, o antiquário do Richard era do outro lado da cidade, na rua Union, 73!
Sarah fica olhando para Bill sem saber o que falar, abre a bolsa e tira um lenço, no mesmo momento começar a chorar, abaixa a cabeça e inconsolada ignora a presença de Bill.
- Por favor, não chore! – implora Bill lhe estendendo a mão – Desculpe se fui grosseiro, não era minha intenção.
- Não é isso, é que meu filho está desaparecido.
- E o que tem isso tem a ver com toda essa história de Richard Turier? – pergunta Bill enquanto enche um copo de água e oferece a Sarah.
- Meu filho entrou na loja dele e desapareceu – responde Sarah enquanto bebe um gole de água.
- Talvez seja apenas o choque senhora, porque nada disso faz sentido – afirma Bill enquanto enche novamente copo – mas pegue meu cartão, se precisar de algo não hesite em me ligar.
Sarah toma o cartão e antes de coloca-lo na bolsa o examina.
Posto de Gasolina Whiteoak
Rua Dimple, 37 - Elbor
Bill Howie
- Muito obrigado senhor Bill, o senhor está sendo muito gentil – Sarah agradece enquanto enxuga as lágrimas.
Novamente em seu carro tenta novamente entender tudo que está acontecendo, repassa mentalmente tudo que aconteceu no antiquário e no posto de Bill, acha tudo muito estranho, chega a se perguntar como pode ela ter visto alguém que aparentemente está morto, e um livro em branco que uma hora não tem nada na capa e depois tem seu nome, e como seu filho desaparece do nada sem deixar pista nenhuma, sem dar o mínimo sinal de vida. Não acredita que viu um antiquário que a muito tempo não existe na cidade. Nesse momento torce o volante bruscamente e volta a praça da cidade, acelera cada vez mais, volta a chorar, o vento na janela do carro fica mais forte, troca de marcha com violência e em poucos minutos está novamente na frente do antiquário. Estaciona o carro, olha para a praça e tudo está escuro, a festa já acabou, tira o relógio do pulso, examina as horas, já são 22:45h, pisca rapidamente e percebe que o tempo passou muito rápido, torce o pescoço e percebe que as luzes do antiquário estão acesas.
Sarah sai do carro rapidamente, bate a porta, gira a chave impaciente e com o olhar fixo no antiquário atravessa a rua em passos rápidos, ao chegar na frente do antiquário examina novamente vidraça a sua frente e vê Richard sentado atrás do balcão exatamente como estava anteriormente, entra com violência e atravessa a loja com olhar fixo no velho, que levanta a cabeça lentamente perguntando:
- Veio buscar o livro? – pergunta com um sorriso no rosto.
Sarah sequer o responde e o segura pela gola do suéter de lã marrom o puxando para frente, nesse momento percebe que Richard está realmente vivo, com a outra mão o segura pela nuca e puxa sua cabeça contra o balcão.
- Tire as mãos de mim – grita Richard afastando Sarah – você está ficando louca?
- Fica quieto! Se não quer devolver meu filho por bem vai devolver por mal!
Richard dá um passo para trás e com os olhos semicerrados e cara de fúria dá um último aviso a Sarah.
- Não complique as coisas! Droga! – esbraveja e soca o balcão – já estou muito velho para essas coisas! Pegue a porcaria do livro e vá embora!
- Não aguento mais ouvir você falar dessa merda de livro em branco! Seu velho lunático!
Richard arruma a gola e enquanto se recompõe tenta retomar o fôlego e com um sinal de trégua com as mãos pede para Sarah lhe escutar.
- Por favor, me escute e se acalme, tudo bem? Um minuto apenas! – olha com raiva para Sarah – já chega de descontrole.
- Um minuto! – responde com rispidez.
- Eu sei que tudo pode parece estranho, mas pare de relutar contra isso, apenas pegue esse livro e saia pela porta – diz apontando para o livro.
- Por favor Richard, devolva meu filho! – pede Sarah batendo com as palmas das mãos no balcão.
- Sinto muito, mas não posso – responde entristecido.
- Porque não pode? – pergunta incrédula – Então você está com meu filho?
- Não, não estou, sinto muito Sarah.
Nesse momento começa novamente a não entender nada e balança a cabeça negativamente com cara de dúvida, puxa o canto da boca e apoia a cabeça sobre a mão.
- Tudo bem, escute uma coisa, eu já estou esgotada com tudo isso, quero apenas meu filho de volta e quero ir para casa viver minha vida pífia e sem graça novamente, pode ser?
- Pode, mas por favor, pegue o livro e leve com você Sarah! – implora Richard.
- Não! Não! E Não! Mil vezes não! – volta a esbravejar - quero meu filho e não um livro velho em branco!
Richard baixa a cabeça desapontado e suspira.
- Porque vocês querem fazer tudo do pior jeito? Porque? Porque? – repete apertando os olhos.
Sarah baixa a cabeça e já sem forças para gritar ou para esmurrar a cara de Richard de tanta raiva por causa dessa conversa mole que ele insiste em repetir, fecha as mãos com força, tremendo de raiva e mentalmente tenta se acalmar repetindo para si mesma que não está ficando louca.
- Olha, eu não sei como, não sei mesmo, não faço a mínima ideia de como apenas eu vejo você e sua maldita loja de porcarias sem utilidade – fala com firmeza – e também nem quero saber como e porque o tal de Bill Howie afirma que você está morto e essa espelunca ficava no outro lado da cidade a não sei quantos anos atrás...
- Bill Howie! Aquele moleque malcriado! – interrompe afirmando com risadas.
- Fica quieto, e me escuta ou a última coisa que faço na minha vida é te matar novamente ou sei lá o que – avisa Sarah apontando o dedo para o velho a sua frente – como eu estava dizendo, eu não sei como essa droga de loja veio parar aqui depois de tanto tempo, mas uma coisa é certa, eu não vou levar comigo porcaria nenhuma de livro, e se eu te encontrar aqui amanhã de novo, aí sim, aí eu te mato, viro essa merda de antiquário de cabeça para baixo e acho meu filho nem que eu tenha que ir até o inferno e voltar!
- É isso! – parabeniza Richard – Está pegando o jeito da coisa!
Nesse momento Sarah não se contém de raiva e junta as últimas forças que tem e empurra uma das prateleiras no meio loja, uma prateleira pequena de madeira com cerca de oitenta centímetros de altura e pouco mais de um metro de largura, empurra com tanta força que todos os vasos ali se quebram. Sarah se vira novamente para Richard e apontando o dedo em sua direção, repete:
- Amanhã! Você está ouvindo? A-ma-nhã!
Sarah bate a porta e vai embora.
Sarah está muito cansada, seus olhos tendem a se fechar, tem sono, seus pensamentos são confusos, ao sair do antiquário dirigiu até em casa sem sequer saber como chegou em casa, muitos pensamentos passam por sua cabeça, seu filho Adam, os acontecimentos inexplicáveis que aconteceram durante o dia o levaram ao cansaço mental, por alguns momentos acha que tudo foi apenas um sonho ou algo parecido, e que vai abrir a porta e seu filho vai vir correndo abraça-la perguntando onde ela estava esse tempo todo e se trouxe alguma guloseima da rua para ele, mas não será isso que vai acontecer.Estaciona o carro na garagem e caminha pelo pátio da casa cabisbaixa e triste, mal consegue andar de tanta tristeza, se coloca em frente a porta e sequer tem vontade de abrir a porta, a tristeza que se abateu sobre ela não lhe dá sequer vontade de respirar, mas mesmo assim se esforça e busca a chave de
Sarah abre os olhos e logo percebe que dormiu no sofá, a luz incomoda seus olhos a ponto de colocar uma almofada na cabeça e tentar dormir mais um pouco, mas é em vão, suas costas doem, dormir no sofá talvez seja pior que não dormir durante a noite, irritada senta-se e arruma os cabelos, um bom bocejo e uma espreguiçada lhe fazem lembrar que a noite foi ruim. Quando seus pensamentos vêm à tona, percebe que teve um sonho ruim, aliás um grande pesadelo, balança a cabeça e faz cara feia, tenta lembrar a última vez que teve um pesadelo tão real, seu filho desaparece, um maluco em uma loja que não existe, um livro que se escreve sozinho, enfim... ainda bem que tudo não passou de um desagradável pesadelo. Ainda sonolenta olha para o corredor e tenta ver se a porta do quarto de Adam está fechada. - Adam, você está aí? Está acordado? – pergunta em voz alta. Sem receber uma resposta, decide ir até o quarto do filho para se certificar que ele está dormindo, se espreguiça mais
Após conversar com Timothy, Sarah fica parada na calçada, apenas observa o movimento, analisa as pessoas caminhando e se põe a pensar em como vai saber quando uma pessoa vai morrer ou como vai descobrir que pessoa morta é a que deve ser aprisionada no livro, mas sem sucesso resolve ir para o carro, talvez uma volta na cidade para arejar seus pensamentos possa trazer alguma resposta para toda essa maluquice que está acontecendo em sua vida.Enquanto se aproxima do carro se dá conta que um passeio a pé pode ser mais proveitoso, abre rapidamente o livro, e uma olhada em volta para se certificar que está tudo bem, e finalmente novas palavras aparecem no livro.Vá encontrar Joe Flame no cemitério.Sarah fecha o livro rapidamente e desiste de caminhar, entra no carro e dirige até o cemitério na cidade, enquanto dirige seu nervosismo começa a aumentar, começa a pe
Elizabeth Sholer sempre foi uma pessoa rica, seus pais acumularam riquezas com uma empresa de estocagem de arroz, tinham silos em todas as partes do país, em Elbor ficava a sede de sua empresa a Rice Garner Co., ainda muito jovem seus pais morreram e deixaram uma fortuna para Elizabeth, que com o passar dos anos multiplicou a fortuna. Desde criança sempre foi chamada de Liz, incorporou o apelido como seu nome, raramente não era chamada assim, e um pouco depois dos trinta anos noivou com um fotógrafo famoso, viajava o mundo tirando fotos de eventos esportivos, um homem ligado as artes, o contrário de Liz que vivia apenas para si mesma, Peter, seu noivo era apenas um acessório, muitas vezes era até tratado mal na frente dos outros, no fundo Liz era acima de tudo uma pessoa muito diferente das outras.Quando chegava no seu escritório sequer dava bom dia aos funcionários, sentava em sua mesa e os gritos já come
Mais um dia amanhece, Sarah senta-se na cama, abre a janela e admira o dia de sol, esfrega os olhos, troca de roupa, e depois de um café da manhã rápido dirige pela cidade, tudo está normal, as pessoas caminhando para o trabalho, estudantes indo para escola, as lojas abrindo as portas e o vem e vai dos carros pelas ruas, tudo está acontecendo como sempre. Ao passar pela escola de Adam, dá uma olhada rápida e logo desvia olhar, por um momento sente-se triste, mas tem a esperança que seu filho logo voltará, vira uma esquina e estaciona o carro no estacionamento, mais um dia de trabalho está para começar. Ainda com vontade de se espreguiçar caminha até a sua mesa, sem vontade nenhuma senta-se e apática começa a verificar as coisas que precisa fazer, trabalhar no escritório de apólices e seguros da cidade é algo um tanto chato, rotineiro e maçante que Sara
Sarah caminha pela rua exausta, os últimos dias para ela foram duros, pensa em tudo que está acontecendo em sua vida, pensa em Adam e tenta controlar a saudade. Caminha em passos preguiçosos enquanto olha em volta, pensa que um passeio pode trazer a ela um pouco de ânimo e lhe fazer esquecer o que está acontecendo, sua vida não tinha muita graça antes de Adam desaparecer e toda essa loucura tomar conta de sua vida.As vezes chega a sentir que não existe, as pessoas passam por ela sem sequer nota-la, como não tem muitos amigos e dedicou sua vida a seu filho, sua vida social se tornou praticamente nula depois que seu marido foi embora naquele acidente automobilístico, o mundo tornou-se vazio e sem graça, a única coisa que a fazia seguir em frente era Adam, que agora não está mais ao seu lado.Os pensamentos ficam cada vez mais confusos e intensos, começa a suar frio e
Sarah chega em casa e desaba no sofá, é inevitável pensar no que aconteceu, apoia os pés na mesa de centro, liga a televisão e abre uma cerveja, nem sempre tem o costume de beber, mas aquela lata de cerveja perdida na geladeira veio bem a calhar em contrapartida ao dia agitado. Bebe um longo gole e com a lata a frente do rosto a analisa enquanto saboreia o amargo descendo pela garganta, jamais pensou que uma lata de cerveja seria uma companhia tão boa, mexe os dedos dos pés e recosta a cabeça no sofá, na televisão não há nada de interessante, mas nada que a faça desistir de apenas ficar no sofá e esperar o tempo passar, as imagens sequer chamam sua atenção e seus pensamentos estão longe, as vezes chegar a cochilar.A cerveja acaba, era a única que tinha, massageia a nuca e percebe que está cansada e um banho seria uma boa ideia, mas, ficar no so
Sarah senta-se a mesa para tomar seu café da manhã quando olha pela janela e comtempla o dia ensolarado, então resolve ligar para Susan para convida-la para um passeio, apenas para jogar conversa fora e ver o dia passar. Com o telefone apoiado no ombro se divide em cortar um pedaço de pão e falar com a amiga, é uma conversa rápida apenas para marcar a hora e lugar que vão se encontrar e logo Sarah vai ao lugar combinado e lá está Susan a esperando sentada em um banco do parque, Susan até sentada é alta, e assim Sarah a percebe de longe, as duas se cumprimentam e resolvem comprar um refrigerante e caminhar em volta do lago do parque da cidade.É uma caminhada preguiçosa, as duas querem apenas curtir o dia e conversar, deixar os problemas de lado, observar os pássaros e até jogar umas migalhas de pão para os pombos. Mas parece que Sarah não tem tempo seq