As vezes não sabemos do que somos capazes, mas somos capazes de saber até onde devemos ir para ter o que queremos.
Quando os primeiros raios de sol entram pela janela do quarto de Sarah Reed, indicam que um novo dia começa, e lentamente ela abre os olhos, leva a mão à boca e boceja lentamente, olha para a janela e com um sorriso tímido se espreguiça. Na porta do guarda-roupa ela posiciona o espelho e com feição de desprezo arruma os cabelos loiros e novamente percebe que alguns bons anos de sua vida já se foram, olha para a foto de casamento em cima da estante e se dá conta que se passaram vinte anos desde que se casou, rapidamente relembra os dezenove anos e seu ultimo ano de solteirice, as velhas amigas e o tempo que se foi.
Depois dos vinte anos sua vida tornou-se mais amarga, e logo tornou-se mãe, eu quando passou dos quarenta, passou a ser viúva, um acidente automobilístico levou seu marido, suas esperanças, sua juventude e sua alegria de viver, salvo, pelo filho que restara do seu casamento, Adam, um lindo garotinho que parece ter saído de um livro que conto de fadas, a única coisa que traz alegria a sua vida. O tempo levou o seu marido, e deixou o filho, que não conheceu o pai, quando um morreu o outro nasceu.
Enquanto penteia os cabelos e se esforça para que as lembranças vão embora, escuta uma voz baixinha no corredor: - Mãe? Já está acordada? Com passos lentos e suaves caminha até a porta e com o maior sorriso do mundo recebe o menino em seus braços.
O menino olha a mãe quase que hipnoticamente e mexe no seu nariz perguntando:
- Já está na hora?
- Está! – responde vibrante ao menino – Vá se arrumar e depois vamos sair.
O menino de pouco mais de oito anos atravessa o corredor e rapidamente troca seu pijama estampado de pássaros por uma camiseta, calças de jeans e tênis, aproxima-se da foto de seu pai e a coloca ao lado do pôster de seu desenho animado preferido, arruma a manga do suéter e caminha lentamente para a sala, e senta-se no chão, liga a televisão, onde atentamente vê o noticiário, que mostra a cobertura do inicio da festa que comemora o dia da cidade, ele sorri quando aparece uma enorme faixa pendurada na praça da cidade com letras garrafais – Elbor 118 anos – os balões e as barracas de doces deixam Adam apreensivo e com a mão no canto da boca chama sua mãe para ver a cobertura do noticiário.
- Já estou indo! – Responde Sarah dando os últimos retoques no cabelo.
Em pé na cozinha Sarah Reed torce o pescoço e olhando a festa na praça central da cidade avisa ao filho: - Daqui a pouco estaremos lá e você poderá comer quantos cachorros quentes conseguir! Mas antes precisa comer seu cereal! O menino logo se senta a mesa e pergunta a sua mãe sobre como será sua festa de aniversário de nove anos, Sarah logo interpela o jovem Adam.
- Mas ainda faltam quatro meses mocinho!
O menino faz olhar de insatisfação e depois ri timidamente.
- E falta muito né? – pergunta o inquieto menino levando uma colher de cereal a boca.
- Depende do ponto de vista mocinho! - responde Sarah pacientemente – Mas agora temos que ir!
Os dois caminham até o carro e com rádio ligado partem para a praça central da cidade, no rádio a única coisa que se fala é do primeiro de catorze dias da festa de 118 de Elbor, uma pequena cidade, pacata e hospitaleira, com cerca de trinta mil habitantes possui ruas largas com ciprestes italianos nos canteiros centrais, casas sem muros em estilo drywall e janelas bay window, quase todas decoradas com cores vermelho e branco, as cores da cidade. Em poucos minutos Sarah chega a praça central, a musica alta, as crianças correndo de um lado para o outro, os casais conversando sobre assuntos da vizinhança com um pretzel a mão.
Adam parece estar extasiado com aquilo tudo, olha para os lados e algo lhe chama a atenção, seus colegas da escola!
- Posso ir brincar com o Anthony? – diz olhando para cima enquanto puxa a manga da mãe.
- Claro que pode! Só não esqueça da hora do almoço! – relembra Sarah.
Ela estica o pescoço e tenta olhar por cima das pessoas enquanto Adam se afasta, procura por algum colega do trabalho, ou algum vizinho, sem sucesso caminha em direção a barraca de refrigerantes, uma última olhada para trás e se certifica que o filho está correndo com outras crianças e se divertindo no parquinho de diversões. Para em frente o balcão de refrigerantes e faz um sinal com a mão.
- Um refrigerante por favor! – Toma a garrafa em suas mãos e se vira para admirar a festa, olha de novo para o parquinho e vê Adam rindo e abraçando os colegas. Ao voltar seus olhares para a festa, de longe vê um braço se erguendo e um rosto familiar desponta na multidão, Susan vem andando em sua direção enquanto desvia das pessoas, pede licença a um, um toque no ombro do outro e logo chega perto de Sarah.
- Olá! Achei que não vinha mais! – cumprimenta Susan, com um beijo no rosto de Sarah.
- Aquele menininho demorou um pouco para se levantar hoje cedo! – diz apontando para Adam.
Susan procura o menino na direção que Sarah apontou e com um sorriso admira Adam, logo as duas começam a conversar, o primeiro assunto é claro é o trabalho, o assunto mais comentado em um sábado de manhã. Susan logo acena com a mão e pede dois pretzels a senhora da barraca, entrega um para Sarah e as duas se encostam no balcão para admirar a festa.
Logo aplausos e assovios tomam conta da praça, o prefeito e outras autoridades da cidade sobem no palco montado logo a frente das duas, o prefeito levanta a chave da cidade e entrega ao cidadão mais antigo o velho Gregory Jacobs, os aplausos se intensificam e o prefeito se aproxima do microfone.
- Caros amigos de Elbor, e com muito prazer que se inicia a festa de comemoração dos 118 anos de nossa cidade, espero que todos se divirtam!
Nesse momento começa a tocar Born to Run de Bruce Springsteen, as pessoas batem palmas e aos poucos voltam aos seus lugares, alguns aproveitam para comprar um cachorro quente, outros vão sentar-se as mesas para tomar algumas cervejas e assim a festa da cidade segue, ao fundo pode-se ver pessoas na barraca de tiro ao alvo, namorados passeiam pelos corredores formados pelas tendas de comida, a fila da roda gigante começa a se formar e o pipoqueiro prepara pacotes e entrega as famílias.
É um sábado de festa, e todos os anos no dia dezesseis de agosto a cidade comemora seu aniversário de fundação com duas semanas de festa, musica e comida, atrações, parques e brinquedos para as crianças.
Susan Brown, é a amiga e principal confidente de Sarah, as duas são praticamente inseparáveis, principalmente depois que Sarah perdeu seu marido, além de trabalharem na mesma sala, no escritório de seguros e apólices de Elbor, as duas são quase vizinhas, morando no mesmo quarteirão, quase podem avistar a janela uma da outra.
- A mesma festa de sempre, as pessoas de sempre... – afirma Sarah em tom apático.
Enquanto toma um gole de refrigerante continua observando o vai e vem das pessoas, sem muita vivacidade em seus olhos, Susan fica em silêncio tentando achar palavras para tentar animar a amiga, porém sem sucesso, a quietude toma conta das duas. Depois de mais uma mordida no pretzel Susan fala enquanto olha para Adam.
- Mas vejo que Adam gosta muito da festa!
Logo Sarah retoma o sorriso.
- Sim, ele se diverte muito – afirma Sarah – daqui a pouco vai querer um cachorro quente, quer apostar? Diz em tom de brincadeira - se ele não vir todos os anos nem sei o que pode acontecer!
Mal termina de falar e Adam desponta correndo em direção as duas, o sorriso do garoto pode ser notado de longe, seus cabelos loiros refletem o sol, enquanto sua juventude contagia as duas amigas.
- Olá tia Susan! Tudo bem? – diz o esbaforido menino que logo se vira para a mãe e pergunta:
- Já posso comer um cachorro quente?
Sarah se vira para a mulher que atende na barraca e solicita com um sorriso enorme no rosto:
- Pode matar o desejo desse gulosinho?
Susan se abaixa e beija o rosto de Adam, que retribui com um afetuoso abraço.
- Achei que não iria ganhar um beijo – dia mexendo da bochecha de Adam – quem vai ser o campeão da corrida de sacos esse ano de novo?
- Eu! – grita eufórico levantando o braço, mas logo sua atenção é tomada pelo cachorro quente nas mãos de sua mãe.
- Sente ali Adam! – aponta Susan – vamos todos para baixo da tenda!
- Como está o cachorro quente meu filho? Está bom? – pergunta Sarah limpando a boca de Adam com um papel.
- Muito! – responde Adam com o polegar levantado.
Sarah estica o pescoço tentando olhar por debaixo da tenda, seus olhos ficam semicerrados com o sol lhe ofuscando os olhos, olha para Susan e passa a mão na testa.
- Hoje o calor está de matar! Ainda bem que os refrigerantes estão bem gelados!
- Está demais mesmo! – responde Susan concordando com a cabeça
- Terei que jogar um pouco de água gelada no rosto! – afirma Sarah enxugando o rosto.
- O banheiro é lá atrás, logo depois da barraca de doces.
Sarah faz um sinal que vai até o banheiro e pede para Susan cuidar de Adam.
- Posso voltar para o parquinho? – Pergunta Adam.
- Claro que sim meu filho! Já volto está bem? – responde Sarah beijando a cabeça da Adam.
Enquanto caminha entre as pessoas, ela encontra alguns vizinhos, outros colegas de trabalho, quando é puxada pela mão, ao virar-se percebe que é Robert Collins, que a recebe com um sorriso na qual ela não retribui, fazendo cara de poucos amigos, afasta Bob com um gesto brusco.
- Quantas vezes tenho que te dizer que não tenho nada para falar com você? – responde com rispidez.
Bob levanta as mãos na altura do rosto e com as palmas para cima torce a cabeça para o lado com um sorriso desajeitado.
- Apenas queria saber quando iremos sair para jantar! – fala Robert despretensiosamente.
- Entenda uma coisa, nunca! Quantas vezes terei que responder isso a você?
Robert se afasta e vai embora. Sarah chega ao banheiro, abre a torneira com pressa, suas mãos estão trêmulas, enche as mãos com água e leva ao rosto, respira fundo aproveitando a sensação de frescor, repete mais uma vez e abana o rosto, já se sente melhor, vagarosamente pega uma toalha de papel e seca o rosto com calma e sai do banheiro mais aliviada, e começa a imaginar um sorvete gelado descendo pela garganta, olha em volta e rapidamente acha a barraca de sorvetes, levanta três dedos e mostra para o sorveteiro, escolhe um para si, outro para o filho e o ultimo para Susan e enquanto olha na carteira o dinheiro que possui, um vizinho chega a seu lado.
- Olá Sarah! Como vai?
- Olá Dennis, muito bem e você? Onde está Kate? Está com as crianças?
- Está assistindo a apresentação de música com elas, brigamos um pouco ontem e ela está brava comigo, será que vocês querem ir lá em casa hoje a noite? Podemos comer umas pizzas e o Adam e as crianças podem assistir o novo filme do Benji, o que acha? – pergunta desapontado – talvez a Kate fique menos braba comigo.
- Já sei Dennis você esqueceu novamente de renovar a mensalidade do caratê dos meninos! – responde rindo.
- Acertou na mosca! – responde Dennis, levando a mão atrás da cabeça e retraindo o canto da boca.
- Tá certo, as oito estaremos lá! – responde Sarah levando a mão ao seu ombro.
Logo que pega os sorvetes começa a caminhar de volta, a cada dois passos vai desviando de alguém, desajeitada vai atravessando lentamente a multidão, os sorvetes parecem querer cair no chão a qualquer momento, mas ela trava uma batalha de equilíbrio contra os três, cuidando para não apertar muito e amassar a pote, aí sim ficaria desapontada, a única coisa que não quer e ter que voltar para comprar novamente os sorvetes, mas logo consegue vencer a multidão mais densa e os pequenos potes, todos intactos. Logo que volta a levantar a cabeça encontra sua vizinha Kate.
- Oi Sarah! quer ajuda com esses sorvetes?
- Kate! Que bom te ver! Quero sim! – responde entregando um dos sorvetes a amiga.
As duas param um pouco e Sarah não hesita em provar um pouco do sorvete, levanta um pouco o pote e oferece a Kate, que logo responde que não quer.
- Já comi doces com as crianças! – responde.
- Vou ficar com esse de chocolate, o de creme é para o Adam, e o de pistache para Susan.
- O Adam veio com você? – pergunta Kate – Depois leve-o para encontrar as crianças, eles adoram o Adam.
Sarah se vira para apontar o lugar onde está seu filho, olha com mais atenção e logo seus movimentos ficam agitados, deixa os sorvetes caírem no chão e desesperada sai correndo em direção a Susan, a amiga Kate corre atrás gritando.
- Sarah! Sarah! O que deu em você?
Ao chegar perto de Susan põe a mão na mesa, e seus olhos continuam fixos no parquinho, coloca os cabelos para trás e caminha rapidamente a procura de Adam.
- O que foi Sarah? – pergunta Susan.
- Onde está o Adam? Eu pedi para você ficar de olho nele! – responde agressiva.
- Ele estava aqui a um minuto atrás! – responde Susan olhando para os lados.
Uma das mães do grupo diz que também viu Adam há poucos instantes e logo o grupo começa a procurar por todos os lados. Sarah começa a caminhar entre a multidão, seus passos começam a ficar mais rápidos, sua respiração mais ofegante, começa a gritar por Adam, olha em volta e não o avista, lagrimas começam a cair de seus olhos, começa a perguntar a todos em sua volta e ninguém viu um menino com as tais descrições. Depois de alguns minutos procurando, seu vizinho Dennis corre em sua direção a puxa pelo ombro apontando para uma rua fora da praça onde Adam caminha em direção ao outro lado da rua.
Sarah corre desesperadamente ao encontro de Adam, grita seu nome o mais alto que pode, quando o menino chega ao outro lado da rua para em frente a uma pequena loja de antiguidades, Sarah chega à beira da calçada, quando o menino abre a porta entra na loja. Sarah respira fundo e balança a cabeça negativamente, desapontada com o filho se recompõe e quando vai atravessar a rua um ônibus vira a esquina e a impede, coloca as mãos na cintura e o espera cruzar sua frente, tentando olhar nas pontas dos pés, desiste, bate os pés impaciente e os ônibus se vai. Quando chega ao outro lado da rua para em frente a loja e percebe que na vitrine está escrito “ANTIQUÁRIO”, por um momento torce o pescoço e se pergunta desde quando existe aquela loja nos arredores da praça central, balança a cabeça e entra na loja. No balcão está um homem de cabelos e barba branca, cerca de oitenta anos com um sorriso singelo no rosto recebe Sarah.
- Boa tarde, em que posso ajuda-la?
- Boa tarde – responde ofegante – Meu filho acabou de entrar aqui, onde ele está? – pergunta olhando para os lados.
- Ninguém entrou aqui! – responde o homem.
- Como não entrou? A um minuto atrás eu o vi entrando aqui!
Os dois trocam olhares, Sarah fecha os olhos e balança a cabeça tentando entender o que está acontecendo e começa a andar pela a loja.
- Adam, onde você está? Pare de brincadeiras!
Depois de alguns minutos certifica-se que a loja está vazia, vai ao balcão e aponta o dedo ao homem.
- Se o senhor está com meu filho trate logo de dizer onde ele está ou eu chamarei a policia! Ele só pode estar ali! – aponta para uma porta atrás do homem.
- Ali é o banheiro. – responde calmamente – Pode olhar se quiser!
Sarah atravessa o balcão e abre a porta, deparando-se a um pequeno banheiro com cerca de seis metros quadrados com apenas um vaso sanitário e uma pequena pia, volta a procurar pela loja e percebe que está vazia, na porta de entrada da loja avista uma pequena sineta que avisa quem entra e se dá conta de que como não está balançando Adam não poderia ter saído enquanto ela examinava o pequeno banheiro.
- Desculpe senhora, ninguém entrou aqui – reitera o homem, apoiado no balcão.
- Desde quando esta loja está aqui? No mês passado quando vim até aqui a sua loja não existia!
- Estou aqui há algum tempo.
Parada de costas para porta Sarah encara o homem de forma a desafia-lo, com os olhos examina mais uma vez a loja, dá dois passos alcança o balcão mais uma vez, repousa suas mãos sobre ele e o aperta com raiva, retoma o fôlego e pergunta: - Qual seu nome? - Me chamo Richard – responde em silêncio. Sarah tira de sua bolsa uma tesoura de cerca de quinze centímetros e a leva na altura do rosto com a ponta virada ao homem, fecha os olhos com força e quando abre, brada para Richard: - O senhor tem dois minutos para trazer meu filho aqui ou eu estraçalho sua cara! Eu juro por tudo que não sobrará um pedaço dela! O homem esbugalha os olhos e com as mãos pede calma a Sarah. - Seu filho está seguro! Pode confiar no que estou falando – responde o velho homem. Mal ele termina suas palavras e ouve um grito descontrolado: - Então devolva meu filho! Richard dá um passo para trás e levanta as mãos como estivesse se renden
Sarah está muito cansada, seus olhos tendem a se fechar, tem sono, seus pensamentos são confusos, ao sair do antiquário dirigiu até em casa sem sequer saber como chegou em casa, muitos pensamentos passam por sua cabeça, seu filho Adam, os acontecimentos inexplicáveis que aconteceram durante o dia o levaram ao cansaço mental, por alguns momentos acha que tudo foi apenas um sonho ou algo parecido, e que vai abrir a porta e seu filho vai vir correndo abraça-la perguntando onde ela estava esse tempo todo e se trouxe alguma guloseima da rua para ele, mas não será isso que vai acontecer.Estaciona o carro na garagem e caminha pelo pátio da casa cabisbaixa e triste, mal consegue andar de tanta tristeza, se coloca em frente a porta e sequer tem vontade de abrir a porta, a tristeza que se abateu sobre ela não lhe dá sequer vontade de respirar, mas mesmo assim se esforça e busca a chave de
Sarah abre os olhos e logo percebe que dormiu no sofá, a luz incomoda seus olhos a ponto de colocar uma almofada na cabeça e tentar dormir mais um pouco, mas é em vão, suas costas doem, dormir no sofá talvez seja pior que não dormir durante a noite, irritada senta-se e arruma os cabelos, um bom bocejo e uma espreguiçada lhe fazem lembrar que a noite foi ruim. Quando seus pensamentos vêm à tona, percebe que teve um sonho ruim, aliás um grande pesadelo, balança a cabeça e faz cara feia, tenta lembrar a última vez que teve um pesadelo tão real, seu filho desaparece, um maluco em uma loja que não existe, um livro que se escreve sozinho, enfim... ainda bem que tudo não passou de um desagradável pesadelo. Ainda sonolenta olha para o corredor e tenta ver se a porta do quarto de Adam está fechada. - Adam, você está aí? Está acordado? – pergunta em voz alta. Sem receber uma resposta, decide ir até o quarto do filho para se certificar que ele está dormindo, se espreguiça mais
Após conversar com Timothy, Sarah fica parada na calçada, apenas observa o movimento, analisa as pessoas caminhando e se põe a pensar em como vai saber quando uma pessoa vai morrer ou como vai descobrir que pessoa morta é a que deve ser aprisionada no livro, mas sem sucesso resolve ir para o carro, talvez uma volta na cidade para arejar seus pensamentos possa trazer alguma resposta para toda essa maluquice que está acontecendo em sua vida.Enquanto se aproxima do carro se dá conta que um passeio a pé pode ser mais proveitoso, abre rapidamente o livro, e uma olhada em volta para se certificar que está tudo bem, e finalmente novas palavras aparecem no livro.Vá encontrar Joe Flame no cemitério.Sarah fecha o livro rapidamente e desiste de caminhar, entra no carro e dirige até o cemitério na cidade, enquanto dirige seu nervosismo começa a aumentar, começa a pe
Elizabeth Sholer sempre foi uma pessoa rica, seus pais acumularam riquezas com uma empresa de estocagem de arroz, tinham silos em todas as partes do país, em Elbor ficava a sede de sua empresa a Rice Garner Co., ainda muito jovem seus pais morreram e deixaram uma fortuna para Elizabeth, que com o passar dos anos multiplicou a fortuna. Desde criança sempre foi chamada de Liz, incorporou o apelido como seu nome, raramente não era chamada assim, e um pouco depois dos trinta anos noivou com um fotógrafo famoso, viajava o mundo tirando fotos de eventos esportivos, um homem ligado as artes, o contrário de Liz que vivia apenas para si mesma, Peter, seu noivo era apenas um acessório, muitas vezes era até tratado mal na frente dos outros, no fundo Liz era acima de tudo uma pessoa muito diferente das outras.Quando chegava no seu escritório sequer dava bom dia aos funcionários, sentava em sua mesa e os gritos já come
Mais um dia amanhece, Sarah senta-se na cama, abre a janela e admira o dia de sol, esfrega os olhos, troca de roupa, e depois de um café da manhã rápido dirige pela cidade, tudo está normal, as pessoas caminhando para o trabalho, estudantes indo para escola, as lojas abrindo as portas e o vem e vai dos carros pelas ruas, tudo está acontecendo como sempre. Ao passar pela escola de Adam, dá uma olhada rápida e logo desvia olhar, por um momento sente-se triste, mas tem a esperança que seu filho logo voltará, vira uma esquina e estaciona o carro no estacionamento, mais um dia de trabalho está para começar. Ainda com vontade de se espreguiçar caminha até a sua mesa, sem vontade nenhuma senta-se e apática começa a verificar as coisas que precisa fazer, trabalhar no escritório de apólices e seguros da cidade é algo um tanto chato, rotineiro e maçante que Sara
Sarah caminha pela rua exausta, os últimos dias para ela foram duros, pensa em tudo que está acontecendo em sua vida, pensa em Adam e tenta controlar a saudade. Caminha em passos preguiçosos enquanto olha em volta, pensa que um passeio pode trazer a ela um pouco de ânimo e lhe fazer esquecer o que está acontecendo, sua vida não tinha muita graça antes de Adam desaparecer e toda essa loucura tomar conta de sua vida.As vezes chega a sentir que não existe, as pessoas passam por ela sem sequer nota-la, como não tem muitos amigos e dedicou sua vida a seu filho, sua vida social se tornou praticamente nula depois que seu marido foi embora naquele acidente automobilístico, o mundo tornou-se vazio e sem graça, a única coisa que a fazia seguir em frente era Adam, que agora não está mais ao seu lado.Os pensamentos ficam cada vez mais confusos e intensos, começa a suar frio e
Sarah chega em casa e desaba no sofá, é inevitável pensar no que aconteceu, apoia os pés na mesa de centro, liga a televisão e abre uma cerveja, nem sempre tem o costume de beber, mas aquela lata de cerveja perdida na geladeira veio bem a calhar em contrapartida ao dia agitado. Bebe um longo gole e com a lata a frente do rosto a analisa enquanto saboreia o amargo descendo pela garganta, jamais pensou que uma lata de cerveja seria uma companhia tão boa, mexe os dedos dos pés e recosta a cabeça no sofá, na televisão não há nada de interessante, mas nada que a faça desistir de apenas ficar no sofá e esperar o tempo passar, as imagens sequer chamam sua atenção e seus pensamentos estão longe, as vezes chegar a cochilar.A cerveja acaba, era a única que tinha, massageia a nuca e percebe que está cansada e um banho seria uma boa ideia, mas, ficar no so