Enquanto Ana subia as escadas, algumas pessoas passaram por ela, inclusive alguns pacientes que, tendo condições de se locomover, fugiram dos deinonychus. Quando chegou ao andar superior, encontrou o corredor vazio, não havia nem deinonychus nem enfermeiros ou pacientes, e as portas dos quartos estavam abertas.
O primeiro sinal de vida que encontrou foram dois deinonychus que, saindo de um dos quartos, pareciam ter a intenção de continuar indo para os fundos, mas assim que a viram mudaram de direção e vieram atrás dela. Ana correu de volta e entrou num quarto, cujos ocupantes haviam fugido um pouco antes, indo logo até a janela para fechá-la. Como ela já esperava, os dois dinossauros vieram atrás dela.
O quarto tinha dois leitos, os dois estavam no mesmo sentido, com as cabeceiras junto à parede da direita e com a janela ao fundo. Ana teve tempo apenas
No hotel Três Lagoas, quando Amanda acordou encontrou o irmão amarrando os tênis. Permaneceu algum tempo sentado sobre a cama enquanto decidia se desobedeceria ou não a ordem da mãe. Naquele momento já havia tomado uma decisão. Ficou um longo tempo pensando, pois o que pesava em sua decisão era sua irmã, que deixaria sozinha. – O que está fazendo? – perguntou Amanda, surpresa com a pressa do irmão. – O que devia ter feito assim que a mãe saiu – resmungou Eduardo. – Para onde você vai? – Amanda, você ainda não percebeu que tem alguma coisa ruim acontecendo? Ontem à noite nos trouxeram para cá às pressas, como se estivéssemos fugindo de nossa própria casa. Não percebeu que aquele homem que nos parou no meio da rua foi o mesmo que estava jogado no chão da sala? Um segurança veio chamar a mãe e o ouvi dizendo que o pai estava no hospital. Por isso, vou até lá. A menina olhou para o irmão com admiração. – Como você percebeu tudo isso? – per
Depois de algum tempo sentada sobre a cama, Cíntia olhou à sua volta, tentando entender onde estava. Sabia que aquele lugar não pertencia à Dimensão Turismo ou então Alex já teria falado dele. Resolveu ir buscar um livro sobre a estante, para tentar se acalmar, e voltou a sentar sobre a cama, com os pés sobre esta e as costas contra a parede. Tentou ler, mas estava nervosa demais para concentrar-se na leitura, de modo que fechou o livro antes de chegar à terceira página e jogou-o ao seu lado, sobre a cama. Não viu mais ninguém depois que Juarez foi embora, nem mesmo um segurança ele deixou junto à porta para vigiá-la. Permaneceu ainda algum tempo sentada no mesmo lugar, angustiada e sem saber o que fazer. Quando levantou, foi até a janela, olhou para fora até onde conseguia ver por entre as grades e não viu ninguém. Devido aos longos corredores e às poucas portas entre eles, calculou que as salas deviam ser grandes. Estranhava o fato de aquele lugar ser tão vazio. Só
Depois que Alex entrou no aeromóvel, seguido por Luís, eles saíram da estação, seguindo na direção indicada por Juarez. Nervoso e preocupado, o ódio de Alex aumentava a cada momento. O que pretendia Juarez humilhando-o daquela maneira e jogando-o de um lugar a outro como se ele fosse uma marionete? Por algum tempo, enquanto eles seguiam em alta velocidade, nenhum dos dois disse nada. Alex estava preocupado demais com Cíntia para pensar em outra coisa e Luís, que não acompanhou o interrogatório, tentava entender o que estava acontecendo. Quando se afastaram da estação, Alex teve que diminuir a velocidade, pois não encontraram nada, apesar de continuarem seguindo sempre em frente, conforme Juarez os orientou. Luís percebeu que Alex ficou chateado por ele insistir em acompanhá-lo mas, como os últimos acontecimentos deixaram Luís apenas mais confuso, resolveu perguntar, esperando que Alex lhe esclarecesse alguma coisa. – Como pode afirmar que Juarez derrubou o prédio? –
Cíntia havia tirado outro livro da estante e agora estava sentada na cadeira com o livro largado sobre a mesa e assim o lia, tentando se distrair dos problemas. Ela ainda estava ali quando começou a ouvir um ruído calmo e contínuo de água escorrendo, olhou para fora e viu o corredor todo molhado. A água estava subindo muito rápido. Cíntia logo percebeu que, apesar de molhar um pouco por baixo das portas e na parte inferior da janela, a água não entrava na sala, nem mesmo através das grades. Cíntia levantou da cadeira e ficou olhando para aquilo sem acreditar, era como se uma parede invisível segurasse a água. Quando a água do lado de fora se aproximou da altura de Cíntia, ela contornou a mesa indo sentar-se na cama com os olhos fixos na parede à sua frente, onde não havia abertura alguma. “Isso não está acontecendo”, pensou ela, “é só um pesadelo, vai acabar”. Valdir levou o casal e os filhos de Alex à sua casa, onde as crianças fizeram
Alex acordou em outro lugar, a princípio não conseguiu distinguir onde estava, pois chovia muito forte e ele não conseguia controlar seus movimentos. Sua mente desejava fazer uma coisa, mas seu corpo não lhe obedecia e fazia outra, sentiu uma sensação estranha, como se seu corpo não lhe obedecesse mais. Juarez olhou para o chalé, ele sabia que Ana estava lá. Então Alex começou a entender o que estava acontecendo, sua mente havia voltado mais de dez anos no tempo, aquela era a noite em que Juarez se acidentou. Relâmpagos cortavam o céu a todo o momento, Juarez e outros dois rapazes estavam chegando ao viveiro de Ana, na época apenas alguns blocos retangulares com gaiolas, onde os animais eram mantidos a céu aberto. Alex surpreendeu-se por Juarez saber exatamente quantos e quem eram os que estavam trabalhando no laboratório naquela noite, e mais ainda ao entender o quanto era fácil para ele descobrir, bastava perguntar aos caçadores e eles diriam sem perceber qualquer
Juarez continuou andando sem rumo por um longo tempo. Não havia luz alguma naquele lugar, fosse ela natural ou artificial. O chão, os morros, as montanhas ou qualquer outra coisa que encontrasse sempre apresentavam uma cor marrom em contraste com o escuro das trevas. Depois do combate com a besta, seus olhos já estavam acostumados com aquele lugar e ele podia ver muito bem por onde andava. Já estava andando há algum tempo quando cinco homens vieram ao seu encontro. Vestiam roupas sujas e rasgadas e traziam espadas penduradas à cintura. – Volta para casa, este lugar não é para você – disse um deles. – Pode fazer o favor de me levar até seu líder? – perguntou Juarez, ignorando o que ele dissera. Os cinco soldados começaram a rir debochadamente. – Até que poderíamos levá-lo, o problema é que ninguém faz favores por aqui, além disso, não aceitamos vivos neste lugar – ele então puxou a espada e, num gesto rápido, atravessou-a no peito de Juarez. –
Semanas mais tarde, a enfermeira que cuidava de Juarez percebeu que havia algo anormal naquele dia. Já estava assim desde cedo, tendo ela relatado ao médico, que começou a dar mais atenção ao paciente, mas de repente os aparelhos indicaram uma parada cardíaca. Médicos e enfermeiros correram para o quarto e iniciaram os procedimentos necessários, porém nada dava resultados e, depois de muito esforço tentando salvá-lo, Juarez foi dado como morto. O médico, ainda com o desfibrilador na mão, olhava para os aparelhos e para o paciente, incapaz de acreditar. Juarez sobreviveu a um choque elétrico ao qual ninguém teria sobrevivido. Chegara ali terrivelmente desfigurado e, agora que estava recuperado, iria morrer por algo que deveria tê-lo matado no momento do choque. Um enfermeiro logo saiu desapontado. Depois de um minuto com o desfibrilador na mão, incrédulo, o médico largou-o sobre o leito, relutando em desligar os aparelhos. A enfermeira muito triste acompanhava tudo de
Quando Alex acordou, duas horas depois, estava deitado sobre um sofá. Aquela foi a segunda vez que ele esteve aprisionado pela eletricidade em poucas horas, e sentia-se muito mal. Seu raciocínio estava lento, sua visão, ofuscada, e seus músculos estavam doendo mais do que haviam doido naquela manhã. A primeira coisa que viu, ainda fora de foco, foi uma mesa redonda à sua frente. Fez um esforço para sentar-se e viu que havia outro sofá à sua esquerda e, atrás da mesinha redonda, havia duas poltronas, uma de frente para a outra. Quando se restabeleceu um pouco mais, percebeu que estava dentro de uma biblioteca, com muitas mesas de madeira retangulares e dois bancos ao lado de cada uma delas. A biblioteca também tinha um formato retangular; nas laterais havia dois andares com inúmeras estantes repletas de livros e, no centro, um grande saguão que ligava um andar ao outro. De cada lado do saguão havia uma série de colunas ligando o andar de baixo ao de cima e um parapeit