O tempo destinado ao casal se esgotara muito rápido na percepção de Hellen e Euclides, para as duas que aguardavam do lado de fora, era uma eternidade. Como prometido, Hellen saiu da estufa no horário combinado, o difícil seria esconder do irmão toda a euforia e felicidade que a jovem carregava no rosto, isso e a aliança de noivado que ela agora possuía.
— Sabe que precisará esconder essa aliança, não é? Seu irmão me matará e eu voltarei para assombrar vocês dois!
— Querida, tome, coloque sua aliança nesta correntinha, assim pode prendê-la em seu espartilho sem perdê-la. — Marissa entregou a jovem uma pequena pulseira de prata, Hellen agradeceu e logo prendeu o anel ao seu espartilho com a ajuda das duas mulheres.
— Eu não sei como farei para esconder minha felicidade! Rave, tia Marissa, muito obrigada! Eu quer
A galeria de artes de Petrus Yamakov ficava aberta apenas durante a alta temporada, no restante do ano o homem viajava para outros países em busca de inspiração e novas obras.Ravenna estava maravilhada com as obras que russo havia concluído e mostrava para o quarteto. Ficou curiosa para saber como Killian conhecera um homem como aquele. O russo de cabelos loiros quase brancos, barba que lhe cobria quase todo o rosto, e grandes olhos azuis, era despojado e soltava impropérios a cada explicação sobre uma obra. Ravenna não ligava para a atitude do pintor, mas notava que a preceptora de Hellen estava a ponto de corrigir o homem com uma vara e colocá-lo de castigo no canto da sala.— O que está achando? — Killian sussurrou em seu ouvido.— As obras são muito bonitas, obrigada por me convidar. — Ravenna lhe ofereceu um sorriso
O evento de domingo na residência da família Osborne fora adiado em cinco dias e realocado para River House. Christopher informara aos colegas que não poderia deixar o lugar pois sua esposa, Lady Caroline, estava grávida e logo os dois partiriam para o campo. Como um pedido de desculpas e também uma despedida, ele convidou a todos para os visitar antes da partida.O grupo conversava e ria de situações do passado e também de fofocas que descobriram naquela temporada. O clima era agradável e Ravenna e Killian tentavam segurar uma risada quando Hellen, que fora até o reservado com Lady Caroline, voltou com uma carta aberta e a expressão de quem vira um fantasma. Uma missiva só era entregue daquela forma quando o assunto era de extrema importância. Killian logo levantou para verificar o que acontecia e a irmã pediu que ele lesse a carta em um lugar mais reservado.
Ravenna fora embora quase na hora do jantar. Killian e a irmã tentaram convencê-la a ficar, mas a dama estava decidida a partir. A verdade era que o rapaz queria aproveitar cada segundo na presença dela. Killian estava tão feliz de encontrar em Ravenna muito mais do que uma amizade passageira, que tinha medo de deixá-la voltar para casa e não ter mais contato com aquela extraordinária e encantadora mulher. Todavia os Seymour não a viam desde aquela noite.Fazia alguns dias que Lady Ravenna sequer lhes mandava um bilhete. O que era atípico dela, já que ele e a irmã recebiam diversos bilhetes dela durante os dias que não se encontravam pessoalmente. E ele sentia falta. Sentia falta dos flertes assinados com aquele R cheio de curvas. Relembrando coisas sobre ela, Killian se deu conta que sentia falta do aroma floral do perfume que ela usava; do som de sua voz, e até mesmo de suas provoca&cc
— Tem certeza disso? Você guardou este favor durante anos e pretende usá-lo por algo que nem mesmo é para você? — Fitzgerald o encarava sério com suas sobrancelhas ruivas franzidas. Aquela era uma decisão precipitada. Killian tinha alguns favores a cobrar de alguns conhecidos e sempre os guardou para usar em uma ocasião de extrema importância. Era assim que funcionava, você salvava algum cavalheiro imprudente e guardava um contrato de pagamento futuro. Killian não cobrava dinheiro, ele cobrava favores como esse que pedia agora.— Tenho. Preciso achar essa criança. — Virou o conteúdo do copo de uma vez. Decidira encontrar Matthew no White’s para que a irmã ficasse de fora. Ele sabia que Hellen gostava
A viagem até o galpão desativado fora curta e silenciosa, sem conversas e burburinho, apenas o barulho dos próprios cavalos. Ao chegar ao depósito desativado de uma empresa que fora à falência, ele logo enxergou os dois homens amarrados a uma cadeira com as bocas amordaçadas. Melvin fumava um cigarro encostado na parede, enquanto os homens estavam inconscientes.— Estão há quanto tempo assim? — James perguntou franzindo o cenho.— Algumas horas, milorde. Se jogar um balde de água fria neles, com certeza despertam.— Vamos logo com isso. — James retirou o casaco e, dobrando as mangas da camisa branca, começou a colocar suas ferramentas sobre uma mesa velha, próxima ao local onde os dois homens estavam amarrados. Dash voltou com um balde cheio e jogou a água nos rostos dos prisioneiros, que acordaram assustados, tentando mover-se e emitindo
Jean olhava para o azul do mar contemplando as ondas que se formavam lá longe, o homem cantarolava uma canção antiga que a falecida esposa costumava sussurrar em seu ouvido todas as noites antes de dormir. Dornelia era uma mulher simples e cativante e Jean a amara por isso, fora seu primeiro e único amor. Depois da morte precoce da esposa após ser confundida com uma criminosa em sua terra natal, o cantor decidiu partir e nunca mais voltar. Levou toda a família junto dele, família esta que se resumia em suas três irmãs.A idade começava a cobrar o preço da solidão e em seus quase trinta e sete anos, Jean sentia falta de ter alguém consigo todas as noites, de ter uma pessoa para dividir o fardo da vida, assim como a alegria de suas conquistas. Sentia falta de uma certa dama inglesa que o deixara a ver navios, fazendo com que Jean se sentisse empertigado toda vez que lembrava a forma como f
Copyright © 2021 Rachel Raya Registro: Fundação Biblioteca Nacional Capa: Tomaz Lopes Revisão e diagramação: Ana Zarpelon Rachel Raya. ― 2ªed ― Publicação independente 2021. 1. Literatura brasileira 2. Romance de época A autora desta obra detém todos os direitos autorais registrados perante a lei. Em caso de cópia, plágio e/ou reprodução completa e/ou parcial indevida sem a autorização, os direitos do mesmo serão reavidos perante à justiça. "Lei nº 9.610, de 19 de fevereiro de 1998.” Esta é uma obra de ficção. Nomes, personagens, lugares e acontecimentos descritos são produtos da imaginação do autor. Qualquer semelhança com nomes, datas e acontecimentos reais é mera coincidência. ____________________________________________________________________________________________________
Dezesseis anos depoisInglaterra, 1841Ser filha de um duque trazia inúmeros benefícios e, talvez, algumas liberdades que outras damas inglesas jamais poderiam aproveitar, sem que fossem rechaçadas pelas matronas que regiam quem deveria ser aceito, ou tornar-se pária da sociedade. Junto dos benefícios vinham grandes responsabilidades, já que a imagem da família era um espelho para toda a nobreza. Algumas damas conseguiam tornar-se em duquesas, o que daria uma certa autonomia para as felizardas, mas não uma real liberdade, pois mesmo estando abaixo apenas da realeza, nem todos os duques possuíam grande influência na sociedade. Alguns estavam afundados em dívidas devido à má administração de suas heranças, ou pela falta de adaptação às mudanças adv