“Tomei a liberdade de pedir que sirvam a comida aqui, espero que não se incomode em ter companhia.”O curandeiro sorridente entra, trazendo consigo a maleta de madeira repleta de ervas.Diferente da minha mãe, Embry não trata usando venenos, e pelo menos até agora, nenhum dos seus tratamentos foi doloroso. Disse não ser assim que os curandeiros nascidos em Lupine Grove trabalham. São os donos das terras mais férteis do reino, isso deve fornecer um número considerável de plantas para trabalhar, não é o caso de Celestial Spire, onde o solo é quase estéril e só temos as áspides e escorpiões como maior recurso para cura.O enxerido chamado Lucian o respeita, pois se senta quieto numa das quatro cadeiras ao lado da mesa do quarto, permitindo que o homem faça o tratamento em silêncio.Embry limpa minha mão e passa uma mistura de óleo de folhas de cravo e lavanda na área lesionada. A dor praticamente desaparece. —Sabe como funciona? Fico quieta, sem saber ao certo do quê está falando. D
POV: NathanielO banho frio foi suficiente para resolver minha situação, mas demorou mais do que tinha previsto.Quase fiquei feliz ao ver que Embry conseguiu resolver sem dificuldade alguma os problemas de Carina com a comida, quase… tudo foi levado pela fúria ao notar o que Lucian estava tentando fazer.Puxo Lucian da mesa, meus dedos cravam no braço dele, e sinto os músculos tensos sob minha mão, mas ele não resiste.Carina está distraída pela conversa, não percebe o que está acontecendo.Empurro Lucian para dentro de um cômodo adjacente, fechando a porta com um estrondo que ressoa pelo corredor. O espaço ao nosso redor é apertado. O ar está pesado com o cheiro de cera derretida e um leve aroma de tabaco, o que é bom, pois afasta o cheiro dela, que apesar de fraco segue em minha memória. — Então é isso, meu pai acha que os Starbane fazem parte da Insurreição. Há células de rebeldes espalhadas pelo reino, ansiosos por reviver os antigos costumes, mas sempre foram mantidos sob cont
POV: CarinaSaímos no dia seguinte.Diferente da caminhada dentro da cidade murada, dessa vez fui na carruagem. Nathaniel me evita a todo tempo, embora seus olhos continuem fixos em mim sempre que olho pela janela para apreciar a paisagem. Devo ter feito algo de errado ao tentar seduzi-lo, talvez meu beijo não fosse bom o suficiente. O beijo era a chave para todo o resto.Fui fácil demais? O cheiro dele era bom demais para resistir, só de lembrar sinto minhas bochechas corarem. Embry disse que levaremos cerca de uma semana na estrada para chegar até a ponte que me levará para a trilha certa. Diferente do que está nos mapas que possuía na torre, a ponte não fica nos domínios de Celestial Spire, e sim em Whispering Hollows, domínio da família Shadowfen. São os espiões do reino, treinados na arte da furtividade e leais à família real. Talvez fugir seja mais difícil do que planejei. Passo os primeiros dias tentando recobrar minhas forças.Três dias que se arrastam numa viagem que é c
POV: Nathaniel Observei a garota pelos próximos dias de perto, também ameacei os soldados para que não se aproximassem dela.Embry me disse a razão por sempre comer junto a Carina, ela provavelmente tinha medo que a envenenassem. A desconfiança me machuca, mas é compreensível. Ser arrastada por estranhos e tratada como uma criminosa deve ser assustador para uma mulher que cresceu numa redoma de vidro.Não há nada no comportamento que faça alusão aos relatos além da paranoia, que acho justificada.Carina é gentil com todos, menos Lucian.Quase nunca perde a calma desde o início da viagem, encara com olhos curiosos as coisas mais insignificantes na viagem. É arrebatador observá-la caminhando pela trilha e abaixando-se para examinar flores e ervas. O pedido em si é estranho.Nobres costumam cavalgar, é algo que uma garota da sua classe deveria saber, mas não acho inútil ensiná-la.A carruagem atrasa o percurso.Chegamos ao ponto de descanso, a propriedade é uma visão bem-vinda após a
POV: NathanielEu a observo fugir, um sorriso predatório se espalha pelo meu rosto. De tempos em tempos Carina volta a face para trás, e vejo seus olhos brilharem de desejo enquanto a persigo, meu corpo se move com uma graça felina que dualiza com minha forma humana e preciso lutar para não me transformar e assustá-la. Resolvo conceder-lhe alguma vantagem, só para ver até onde a audácia da garota nos leva.Gosto desse jogo perigoso mais do que quero admitir.Estendo a mão, meus dedos roçam sua manga e ela escapa por pouco do meu aperto. Uma risada baixa sai da minha garganta ao notar que ela também está se divertindo, consigo sentir daqui o cheiro da sua excitação.—Ah, você acha que correr vai te salvar? Você se esqueceu de quem eu sou, Carina? A caça me atrai, me instiga.O aroma dela, misturado com a adrenalina da fuga, é inebriante, puxando-me ainda mais para dentro dessa brincadeira que nenhum de nós parece disposto a parar.Seus passos são rápidos, a julgar pelo som de sua res
Nate rasteja pelo meu corpo exausto, acomodando-se entre as minhas pernas. Posso senti-lo duro contra minha coxa, mas ele não faz nada além de estender a mão para afastar uma mecha de cabelo do meu rosto, traçando o contorno do meu queixo com a ponta dos dedos. Isso não correu como planejado.Sempre soube que ele me capturaria, mas não tão rápido.Propus o jogo para descobrir quanto de vantagem precisaria ter para pelo menos ter uma chance, e perdi.Meu coração me confunde, ou é meu corpo, ainda em chamas. Por um instante, enquanto ele me chupava, senti que iria morrer, então tudo explodiu, varrendo meus sentidos com uma potência que nunca consegui alcançar sozinha, na torre. É quase como se ele soubesse quais cordas puxar para me fazer implorar por ele.O peso do meu corpo está apoiado nos cotovelos, e já consigo sentir o incômodo das escoriações. Devo ter me movido demais sem perceber, lutando para manter o equilíbrio.O aperto em minhas coxas aumenta, e ele estava prestes a me be
Observo Embry sair apressado para ajudar os soldados. Ele deixa para trás a maleta de ervas e tento ficar focada no som dos passos desaparecendo e das vozes diminuindo. Ao escutar a conversa distante, percebo que levará pelo menos uma noite para voltarem. Quando terei tanta vantagem assim? Talvez nunca.Um arrepio de nervosismo percorre minha espinha. A oportunidade que tanto esperei está finalmente aqui.Respiro fundo e me levanto devagar, evitando fazer sons que possam chamar atenção de alguém. Caminho até a maleta de ervas e abro-a com cuidado, quase não há venenos na maleta do curandeiro, diferente do arsenal da minha mãe. Não quero as ervas, quero o pó feito com elas, é incolor, e o gosto é fácil de confundir, encontro vários saquinhos no fundo, separados, a quantidade basta para derrubar um batalhão inteiro, mas só pego três e torço para ser o suficiente. Se tudo der certo, essas coisinhas me darão a liberdade com que tanto sonho.Escondo dentro da fronha de travesseiro e ac
Seguimos o rastro através do cheiro que captamos no orfanato. Não usamos cavalos, nossas formas lupinas eram mais rápidas e ágeis nesse tipo de missão, e não demoramos mais do que um par de horas para compreender o que estava acontecendo aqui.Há vampiros nas terras que produzem as sombras do rei, estão caçando em Whispering Hollows. Isso nos deixa mais ferozes e ágeis, cada pelo nosso se eriça ao menor som, e conforme o cheiro de morte aumenta nossa fúria também alcança proporções inimagináveis. Quero colocar os dentes neles agora, mal vejo a hora de fechar a mandíbula em suas carnes frias e dilacerar membro por membro, por mais que o gosto seja horrível a matança nos instiga. Provavelmente é algo também envolvendo nossa natureza, e isso ajuda a não pensar no gosto da boceta de Carina em minha língua.Ela estava tão dócil, desfazendo-se em meus braços.Vou fodê-la de todas as formas quando voltar, mas no momento a missão é mais importante. Isso pode ajudar a solucionar o mistéri