Abraçando o pequeno corpinho da filha com uma ternura infinita, ele inalou profundamente o doce aroma que emanava dela e depositou beijos suaves em sua face rosada. E então, sob o peso da dor e da despedida, e das lágrimas que fluíram livremente, testemunhas silenciosas de um amor incondicional que transcenderia qualquer distância ou desafio, ele orou aos céus, pedindo que as protegesse, se possível, o ajudasse a voltar para elas.— Desculpa, minha filha. Papai te ama muito. Seja feliz, meu bebê, e cuide da sua mamãe para mim. — Marcus sussurrava no ouvido de Lua Rosa, permitindo-se chorar mais e mais.Seu peito doía, uma dor que ele jamais experimentara, uma dor que rasgava o peito e dilacerava a sua alma. Marcus precisou respirar fundo até ser capaz de beijar uma última vez a sua princesinha. Então, com cuidado, entregou Lua Rosa para Analú, ajudando-a a encaixar a pequena no canguru junto ao corpo da mãe.Logo amanheceria, e Paul precisava sair antes que clareasse. Os dois observar
Enquanto Ghost arrancava com o carro, Analú fitava o horizonte pela janela, perdida em seus pensamentos. Seus olhos já não vertiam lágrimas, mas refletiam um vazio que se apossara de seu semblante. Era como se a esperança tivesse sido deixada para trás naquela pequena casinha escondida no meio do nada, agora esquecida e solitária. Seu futuro se desenrolava diante dela, uma estrada incerta e deserta, em um ermo infinito. — Ana Luz, olha para mim! — ordenou Paul em tom ríspido, fazendo-a retroceder de onde quer que estivesse indo com seus pensamentos. — Volta para o “aqui” e o “agora”. Você não tem tempo para sentir pena de si mesma. Há uma guerra acontecendo, e se você se perder, todos nós nos perderemos junto, incluindo o Marcus. Portanto, pequena, reaja. Por favor, por favor, pequena, reaja! — Não tinha outro jeito, não é? — perguntou com a voz rouca. Paul assentiu, compreendendo o peso das palavras de Ana Luz. Em um gesto de apoio, colocou a mão sobre a dela, transmitindo silencio
Pelo retrovisor, Paul notou dois veículos que se mesclavam habilmente ao tráfego, mantendo uma distância calculada e aderindo aos movimentos dos outros carros com precisão. Sua experiência como agente treinado permitiu-lhe reconhecer os sinais sutis de uma possível perseguição. Sem perder a compostura, ele analisou rapidamente a situação, avaliando possíveis rotas de fuga e pontos de emboscada. Seus olhos percorreram cada detalhe dos carros, buscando identificar qualquer padrão de comportamento suspeito. Uma tensão controlada permeava o interior do veículo, enquanto Paul mantinha sua mente afiada e pronta para reagir à ameaça iminente. — Analú, segure-se! — exclamou Paul, sua voz firme e autoritária cortando o ar tenso dentro do veículo. Com uma rápida ação, ele pisou no freio e manobrou bruscamente, atravessando o canteiro central da estrada. Sabia que essa decisão resultaria em algumas multas, mas naquele momento, a prioridade era escapar da possível ameaça que se aproximava. As co
Analú percebeu que Paul dirigia pelas rodovias brasileiras como se fossem uma extensão de seu bairro nos EUA. Ele não fazia questão de usar GPS; em vez disso, confiava em sua experiência e instinto para navegar pelos caminhos desconhecidos. Era como se as estradas se curvassem à sua vontade, e ele as percorria com confiança e determinação, despistando há muito tempo seus perseguidores, que não tinham a mesma sorte. Ela respirou aliviada pela trégua momentânea, sabendo que, apesar da calmaria temporária, os veriam novamente. Por enquanto, porém, Paul havia levado a melhor sobre seus inimigos, e isso era motivo suficiente para uma pausa breve e um suspiro de alívio. — Como você sabe tanto sobre o Brasil? — perguntou Analú, sua curiosidade despertada pelo conhecimento de Paul sobre o país. — É uma longa história — respondeu Paul, dando de ombros, o que deixou Analú com a sensação de que ele talvez não quisesse falar mais sobre o assunto. Ela decidiu não insistir, respeitando sua privac
Comprar um carro no Brasil não parecia complicado para alguém como Paul. Munido de documentos falsos, mas impecáveis, o cidadão naturalizado José Maria Rivera agiu com a destreza e a confiança de alguém acostumado a lidar com situações delicadas. Em pouco tempo, ele conseguiu adquirir um veículo usado, que estaria pronto para ele em algumas horas. Para Paul, essa era apenas mais uma tarefa em uma longa lista de desafios a superar, mas ele sabia que cada passo era crucial para garantir a segurança de Analú e Lua Rosa. Paul voltou para o hotel levando o jantar e para sua sobrinha, uma pequena lua de pelúcia cor de rosa que havia encontrado em uma loja de artesanato local. Ele pensou que, mesmo nos momentos mais desafiadores, um toque de afeto e um gesto cuidadoso poderiam fazer toda a diferença. Ao entregar o presente a Analú, ele viu um brilho de gratidão e um sorriso nos olhos dela. O formato de lua rosa da pelúcia tinha um significado especial para ela, simbolizando a esperança e a
Pela manhã, após garantir estarem seguros, Paul conduziu Analú com Lua Rosa nos braços, até o novo carro. Era hora de seguir em frente, rumo ao próximo destino que os aguardava. A confiança que ela depositava nele, o fortalecia e aquecia seu peito. As duas eram mais do que uma missão para ele, elas eram a extensão do seu irmão e parceiro Marcus Daniells, portanto, eram também uma extensão dele próprio. Enquanto entravam no carro e começavam a viagem, ela sabia que o caminho à frente seria desafiador, mas ele estava atento, ele não falharia em protegê-las, jamais falharia com Marcus. Após horas de estrada, Ghost parou para abastecer enquanto Analú aproveitava para usar o banheiro. Paul observou os dois homens que a seguiam furtivamente. Enquanto ela se dirigia ao banheiro feminino. Sem hesitar, ele deu a volta e se moveu, pronto para interceptá-los. Com movimentos precisos e ágeis, Paul neutralizou os dois intrusos com tiros certeiros, abafados pelo silenciador. A ação foi executada c
Analú compreendeu que naquele momento não adiantaria argumentar contra a decisão de Ghost. Ela assentiu em silêncio, absorvendo todas as instruções com atenção, confiando na experiência e na liderança dele para guiá-los através da situação perigosa em que se encontravam. — Vou te colocar em um barco de passageiros. Quando chegar ao destino marcado neste mapa, você vai procurar um hotel. Lembre-se, encontre um lugar seguro e pequeno. Observe se tem opções de fuga rápida caso precise, e não fale com ninguém. — Ghost transmitiu as instruções de forma clara e direta, sua voz carregada de determinação enquanto delineava o plano. — Entendi, mas como você vai me achar? — Analú expressou sua preocupação em um sussurro, temendo a resposta que viria. — Não se preocupe, tenho os meus meios — Ghost assegurou com confiança, seu sorriso transmitindo uma sensação de tranquilidade. O fantasma também era adepto dos rastreadores, mas sua astúcia e inteligência permitiam que seus métodos permanecess
Ao desembarcar na orla movimentada, Analú manteve-se atenta, seus olhos percorrendo o ambiente em busca de qualquer sinal de perigo. Após tantos desafios, ela aprendera a ler os sinais sutis ao seu redor, sabendo que a calmaria podia ser apenas uma fachada para a tempestade iminente. Observando cada movimento ao seu redor, ela procurou um táxi, mantendo-se alerta a qualquer atitude suspeita. A experiência de conviver com ameaças constantes havia lhe ensinado a não subestimar o perigo, mesmo em situações aparentemente normais. A pequena Lua Rosa, habitualmente serena nos braços de sua mãe, parecia inquieta, seus pequenos movimentos denotando um desconforto incomum. Analú sentiu um aperto no coração ao perceber a agitação da filha, cuja tranquilidade era uma constante reconfortante em meio ao caos que as cercava. Preocupada com a reação atípica da bebê, Analú acalentou-a com ternura, buscando acalmar seus temores enquanto mantinha um olhar vigilante sobre o ambiente ao seu redor. Após