Enfim, havia uma esperança de elucidar o caso e colocar os criminosos atrás das grades, ou embaixo da terra, não necessariamente nesta mesma ordem. Na verdade, Marcus não via problemas em ficar com a segunda opção. — Agora sim! Meu parceiro está de volta! — Paul gritou animado, apontando para o amigo. — E sabe qual é o grande “As” parceiro? — Não faço ideia, mas você vai me dizer. — Marcus respondeu sarcástico. — Você, irmãozinho! Mas não vai levar minha língua e muito menos as minhas bolas como prêmio, seu pervertido. — Zombou Ghost da cara de espanto de Marcus. — Eu? Como assim, você está maluco? — perguntou curioso. Marcus olhou atônito para o amigo que mexia o café de forma interminável, deixando-o cada vez mais impaciente. — Talvez esteja, mas não tanto quanto gostaria de estar. Pedra Santa tinha um homem, ou melhor, um rato no FBI. Era ele quem limpava a sujeira de Juanito, quando seu irmão não podia. Não é perfeito? Um agente duplo de alta patente. — Espere um pouco, quem
O coração de Marcus estava apertado pela difícil decisão que teriam que tomar. Encostado na porta, ele observava, com admiração, sua namorada vestir Lua Rosa após o banho. — Como ela cresceu rápido, ela era apenas uma criança quando perdeu sua mãe. — Pensou e o gosto amargo da lembrança subiu por sua garganta, ele a faria sofrer com sua ausência, eles não teriam tempo para aproveitar a vida juntos. Admirado com a destreza e agilidade de Analú ao cuidar da filha, ele sorriu feliz ao vê-la conversando e mimando sua princesinha. Pela primeira vez, Marcus sentiu medo, um medo real congelante com a possibilidade de não ver sua filhinha crescer, de não poder vê-la dar seus primeiros passos, ou dizer a primeira palavra. Ele sofria ao pensar que não estaria lá para ouvi-lo chamar de papai, não a levaria ao primeiro dia na escola. Que não seria ele a ensiná-la a andar de bicicleta e nem a gostar de baseball. Seu pai não estaria lá para secar as primeiras lágrimas de amor, não poderia ameaçar o
Após passar um tempo interminável ninando a filha, ele a colocou no berço e se voltou para a sua garota. Analú o abraçou por trás, entrelaçando seus braços ao redor de Marcus. Ele ergueu sua cabeça para trás, encostando a dele alto da cabeça dela. Eles ficam assim por um tempo, em silêncio, não dizendo o que nenhum deles gostaria de ouvir. Foi ela quem quebrou o silêncio, mais uma vez surpreendendo-o com a sua maturidade e tranquilidade, tudo o que ele precisava naquele momento. — Vai ficar tudo bem, amor, eu confio em você. Vai lá e pega eles por mim, pela nossa filha e pela minha mãe. Depois volte para mim, estaremos te esperando! Marcus se virou de frente para ela, fitando seus profundos olhos negros, bebendo de toda a vida que eles exalavam. Com a ponta dos dedos, ele desenhou todas as linhas do seu rosto, colocando uma pequena mecha do seu cabelo, agora curto, atrás da orelha. — Você e a Lua são as melhores coisas que aconteceram na minha vida, eu não sei o que faria se perde
Envolto no aconchego dos braços de Analú, Marcus desfrutava de um raro momento de serenidade, alimentando-se da doçura que permeava a noite e se permitindo saborear cada instante, consciente de que poderia ser a última vez que compartilhariam tal intimidade. No entanto, um som inesperado rompeu a tranquilidade, arrancando-o abruptamente de sua felicidade momentânea. Marcus vestiu um roupão, não por não estar vestido, ele costumava estar sempre preparado nos últimos dias, mas devido ao frio da madrugada. Ao entrar no centro de comando, a gravidade da situação se revelou diante dele. — Eles estão próximos. Homens de Nirkov estão seguindo em nossa direção, mas os homens de Mariano Pedra Santa devem nos alcançar antes deles, em no máximo seis horas — informou um dos membros da equipe. — Maldição! — Marcus assumiu prontamente o comando. — Paul, acione as armadilhas. Felipe, prepare as armas e o equipamento. Organize tudo e coloque no local designado. Vou garantir que Analú esteja pront
Abraçando o pequeno corpinho da filha com uma ternura infinita, ele inalou profundamente o doce aroma que emanava dela e depositou beijos suaves em sua face rosada. E então, sob o peso da dor e da despedida, e das lágrimas que fluíram livremente, testemunhas silenciosas de um amor incondicional que transcenderia qualquer distância ou desafio, ele orou aos céus, pedindo que as protegesse, se possível, o ajudasse a voltar para elas.— Desculpa, minha filha. Papai te ama muito. Seja feliz, meu bebê, e cuide da sua mamãe para mim. — Marcus sussurrava no ouvido de Lua Rosa, permitindo-se chorar mais e mais.Seu peito doía, uma dor que ele jamais experimentara, uma dor que rasgava o peito e dilacerava a sua alma. Marcus precisou respirar fundo até ser capaz de beijar uma última vez a sua princesinha. Então, com cuidado, entregou Lua Rosa para Analú, ajudando-a a encaixar a pequena no canguru junto ao corpo da mãe.Logo amanheceria, e Paul precisava sair antes que clareasse. Os dois observar
Enquanto Ghost arrancava com o carro, Analú fitava o horizonte pela janela, perdida em seus pensamentos. Seus olhos já não vertiam lágrimas, mas refletiam um vazio que se apossara de seu semblante. Era como se a esperança tivesse sido deixada para trás naquela pequena casinha escondida no meio do nada, agora esquecida e solitária. Seu futuro se desenrolava diante dela, uma estrada incerta e deserta, em um ermo infinito. — Ana Luz, olha para mim! — ordenou Paul em tom ríspido, fazendo-a retroceder de onde quer que estivesse indo com seus pensamentos. — Volta para o “aqui” e o “agora”. Você não tem tempo para sentir pena de si mesma. Há uma guerra acontecendo, e se você se perder, todos nós nos perderemos junto, incluindo o Marcus. Portanto, pequena, reaja. Por favor, por favor, pequena, reaja! — Não tinha outro jeito, não é? — perguntou com a voz rouca. Paul assentiu, compreendendo o peso das palavras de Ana Luz. Em um gesto de apoio, colocou a mão sobre a dela, transmitindo silencio
Pelo retrovisor, Paul notou dois veículos que se mesclavam habilmente ao tráfego, mantendo uma distância calculada e aderindo aos movimentos dos outros carros com precisão. Sua experiência como agente treinado permitiu-lhe reconhecer os sinais sutis de uma possível perseguição. Sem perder a compostura, ele analisou rapidamente a situação, avaliando possíveis rotas de fuga e pontos de emboscada. Seus olhos percorreram cada detalhe dos carros, buscando identificar qualquer padrão de comportamento suspeito. Uma tensão controlada permeava o interior do veículo, enquanto Paul mantinha sua mente afiada e pronta para reagir à ameaça iminente. — Analú, segure-se! — exclamou Paul, sua voz firme e autoritária cortando o ar tenso dentro do veículo. Com uma rápida ação, ele pisou no freio e manobrou bruscamente, atravessando o canteiro central da estrada. Sabia que essa decisão resultaria em algumas multas, mas naquele momento, a prioridade era escapar da possível ameaça que se aproximava. As co
Analú percebeu que Paul dirigia pelas rodovias brasileiras como se fossem uma extensão de seu bairro nos EUA. Ele não fazia questão de usar GPS; em vez disso, confiava em sua experiência e instinto para navegar pelos caminhos desconhecidos. Era como se as estradas se curvassem à sua vontade, e ele as percorria com confiança e determinação, despistando há muito tempo seus perseguidores, que não tinham a mesma sorte. Ela respirou aliviada pela trégua momentânea, sabendo que, apesar da calmaria temporária, os veriam novamente. Por enquanto, porém, Paul havia levado a melhor sobre seus inimigos, e isso era motivo suficiente para uma pausa breve e um suspiro de alívio. — Como você sabe tanto sobre o Brasil? — perguntou Analú, sua curiosidade despertada pelo conhecimento de Paul sobre o país. — É uma longa história — respondeu Paul, dando de ombros, o que deixou Analú com a sensação de que ele talvez não quisesse falar mais sobre o assunto. Ela decidiu não insistir, respeitando sua privac