Capítulo 76

O som baixo da música no ônibus misturava-se com o leve ronco do motor, criando uma trilha sonora monótona para os pensamentos caóticos que ocupavam minha mente. Estávamos na estrada há algumas horas, e o clima entre os integrantes da banda oscilava entre conversas esparsas e silêncios pesados. Eu me encontrava em meu lugar habitual: ao fundo do ônibus, com os fones no ouvido, mesmo que a música estivesse pausada há tempos. Era minha forma de criar uma barreira invisível, um espaço seguro no meio daquele caos velado.

Meu celular vibrou no bolso, tirando-me da minha bolha. Peguei o aparelho, e um sorriso automático surgiu ao ver o nome que piscava na tela: *Megera/ruivinha*.

“Tudo bem por aí?” li sua mensagem.

Ri baixo. Ela sempre sabia quando eu precisava de uma âncora para manter os pés no chão.

“Tudo sim, ruivinha. E por aí?”

Sua resposta veio quase instantaneamente.

“Correndo como sempre. Mas me conta... Tá gostando dessa viagem nostálgica?”

Olhei ao redor, observando os outros.
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