Assim que saí do trabalho naquela manhã, resolvi esquecer o assunto do teste de DNA pelo resto do dia. Não estava preparada para o impacto que essa revelação teria na minha vida e na vida de Ellah. Ainda processava tudo, mas precisava me focar nas tarefas do escritório e deixar esses pensamentos para outra hora. Murilo entrou e, como sempre, já veio com a agenda de reuniões, a pilha de relatórios para revisar e uma lista interminável de telefonemas para fazer.Fui seguindo a rotina: organizei documentos, revisei relatórios, e, no meio de um e-mail importante, ouvi um burburinho vindo do lado de fora. Murilo entrou sem bater, com uma expressão de quem tenta conter um sorriso.— Atena, você tem uma visita — ele disse, meio incerto sobre o tom da notícia.— Visita? Está agendada? — questionei, com um olhar intrigado.— Definitivamente, não.Antes que pudesse questionar mais, a porta se abriu e Lukke Rock entrou, com aquele sorriso debochado de quem se acha o dono do mundo. Revirei os olh
Lukke RockAssim que saí do prédio de Atena, avistei o carro de Arthur estacionado do outro lado da rua. Ele estava no volante, absorto no celular, e só levantou o olhar quando bati no vidro, exibindo um sorriso cheio de provocação. Ele destravou a porta para que eu entrasse, e assim que me acomodei no banco, ele guardou o celular, estreitando os olhos enquanto me encarava, curioso.— Então, quer me dizer o que veio fazer aqui? — perguntou, com aquele ar de quem já sabe que eu não responderia de forma direta.Dei de ombros, inclinando a cabeça e lançando um sorriso despreocupado.— Fui lá me divertir um pouco — respondi, dando-lhe um tapinha nas costas.Ele soltou um riso contido, balançando a cabeça como quem está acostumado às minhas respostas vagas, mas ainda assim insatisfeito.— E o que você considera diversão, Lukke? Tirar a paciência de uma pessoa que está trabalhando? Porque, conhecendo você, é a única coisa que deve ter feito — Arthur disse, engatando a marcha enquanto saíamo
Acordei com um peso sobre os ombros literalmente. Olhei para os lados e, como esperado, as três mulheres da noite passada estavam espalhadas ao meu redor, emaranhadas entre os lençóis e com expressões de satisfação. Fiquei observando-as por alguns segundos, a lembrança das risadas e da diversão ainda fresca na memória.— Bom dia, minhas queridas — murmurei, provocando.Uma das três abriu os olhos e sorriu, puxando-me para perto e sussurrando algo no meu ouvido. Com a mão, fiz um gesto preguiçoso de que precisávamos começar o dia. O convite para mais uma “rapidinha matinal” quase saiu, mas o som de passos no corredor me interrompeu.Desci até a cozinha depois de um tempo, seguido pelas garotas, que riam e cochichavam enquanto olhavam ao redor da casa. Estavam, claro, famintas. Assim que entramos na cozinha, encontrei a governanta parada ali, os braços cruzados e uma expressão levemente impaciente. Dona Mercedes era como uma segunda mãe para mim — uma daquelas mulheres fortes que você
Atena Godoy Sábado de manhã. Não há dia que pareça mais convidativo para relaxar e se desconectar de tudo. Mas, claro, isso não se aplica a mim. Enquanto a maioria das pessoas aproveita o descanso, eu preciso finalizar algumas pendências importantes. Assim que terminei de me arrumar, passei pela cozinha e encontrei Dona Martina com sua expressão habitual de serenidade e eficiência, já ocupada com os preparativos do café da manhã. — Dona Martina, vou precisar que prepare lagosta ao molho thermidor para o jantar de hoje à noite. — Pedi, enquanto observava Ellah correndo pela casa cheia de energia. Ela arqueou uma sobrancelha, interessada. — Lagosta ao molho thermidor? E quem é que vem jantar, hein? — Um sorriso curioso e provocador apareceu em seu rosto. Revirei os olhos, já sabendo onde essa conversa iria parar. — É um cara. Só isso. — Respondi com um tom casual, mas sabia que isso não iria satisfazer a curiosidade dela. Como previsto, ela soltou uma risadinha e estreitou
A noite caiu em um ritmo tranquilo, o jantar estava pronto e a mesa posta com o requinte que Dona Martina sempre esbanjava quando tínhamos visita. Ellah já estava na cama dormindo depois de tanto esperar Lukke aparecer. A campainha tocou. Suspirei, me ajeitei e fui abrir a porta. Ele estava lá, com seu ar despreocupado e aquele charme irritante. Vinha com um jeans rasgado, uma camiseta preta e um sorriso que claramente sabia ser irresistível. Mas não para mim. — Finalmente, decidiu aparecer. Você não sabe ver as horas, não? — Falei, cruzando os braços. Ele deu uma risada despreocupada e respondeu, me olhando como se eu fosse uma peça rara em um museu. — Calma, gatinha. Tive uns probleminhas, mas já estou aqui. Revirei os olhos, resistindo ao impulso de revirá-los mais uma vez. Fechei a porta e, enquanto ele entrava, fui atrás dele. — Você é meio doido. — Comentei, meio sem pensar. Ele olhou para mim por cima do ombro, com um sorriso ladino. — Geralmente, as mulheres costumam
— Att, por que há uma aura negativa ao seu redor? — Dona Martina perguntou, enquanto eu permanecia de cabeça baixa na cozinha. — Ah, Marty! Eu fiz uma grande besteira. — Ela ficou em silêncio, esperando que eu continuasse, mas eu estava envergonhada demais para poder falar mais alguma coisa. — Atena, é sobre ontem? O que você fez? Não me diga que matou o Lukke e escondeu o corpo dele embaixo da cama. Se for isso, eu te ajudo a me livrar do corpo. Levantei a cabeça e olhei para Martina, me perguntando se ela era louca. — Não seja ridícula, Marty! Eu jamais perderia meu réu primário. — Então o que aconteceu? — Eu... eu... dormi com ele. — Falei de uma vez, voltando a abaixar a cabeça. — Você transou com seu ídolo? — Sua voz parecia animada. — Não fique assim só por isso, você não fez nada demais. Ela colocou uma xícara de café fumegante na minha frente, e eu tomei um gole, sentindo minha garganta queimar, mas parecia que o líquido quente me acalmava um pouco. Café é a
O parque estava mais cheio do que eu esperava, mas encontrei um lugar tranquilo, perto de uma árvore, onde eu e Ellah poderíamos estender a toalha e nos acomodar. Assim que ajeitei a toalha no chão e preparei alguns lanchinhos, Ellah tirou da mochila os brinquedos favoritos dela, incluindo dois ursos de pelúcia um tanto... peculiares. — Você só podia ser filha da sua mãe mesmo pra gostar de uns ursos tão feios assim, né? — brinquei, sorrindo enquanto pegava um dos ursinhos surrados e sem cor. Enquanto ria, fui tomada por uma nostalgia gostosa, lembrando de como Artemis também adorava essas coisas estranhas e fora do comum. No entanto, antes que eu pudesse mergulhar ainda mais nas lembranças, senti um toque no meu ombro. — Sabia que você fica ainda mais gata quando sorri? — ouvi Lukke sussurrar, claramente se divertindo com o meu desconforto. Imediatamente, fechei a cara e bufei, com as palavras saindo quase sem pensar: — Você é um chato de galochas, sabia? Ele soltou uma risada
Lukke RockEstava achando engraçado o quanto provocá-la parecia dar certo. Por mais que Atena tentasse ser rígida, séria e centrada, era só cutucar um pouco que a máscara dela começava a cair. De onde eu vinha, gente como ela era rara – e, sem dúvida, ela me desafiava, o que só me deixava com mais vontade de brincar. Estar aqui no parque, ao ar livre, parecia o cenário perfeito para desarmá-la.Enquanto eu a observava, ela estava com o rosto imerso no celular. Espiei, me perguntando se ela estava tão ocupada a ponto de não perceber o quanto era irritante me ignorar. Fiz uma careta, e logo resolvi questionar:— O que é tão importante aí? — perguntei, tentando esconder a provocação.Ela me lançou um olhar rápido, provavelmente se perguntando se responderia ou se me ignoraria. Mas, no fim, suspirou, resignada:— É um e-mail urgente de uma empresa parceira. Preciso resolver antes que a semana comece.Fiz uma expressão de desaprovação e, sem pensar duas vezes, tomei o celular da mão dela.