Atena Godoy Sábado de manhã. Não há dia que pareça mais convidativo para relaxar e se desconectar de tudo. Mas, claro, isso não se aplica a mim. Enquanto a maioria das pessoas aproveita o descanso, eu preciso finalizar algumas pendências importantes. Assim que terminei de me arrumar, passei pela cozinha e encontrei Dona Martina com sua expressão habitual de serenidade e eficiência, já ocupada com os preparativos do café da manhã. — Dona Martina, vou precisar que prepare lagosta ao molho thermidor para o jantar de hoje à noite. — Pedi, enquanto observava Ellah correndo pela casa cheia de energia. Ela arqueou uma sobrancelha, interessada. — Lagosta ao molho thermidor? E quem é que vem jantar, hein? — Um sorriso curioso e provocador apareceu em seu rosto. Revirei os olhos, já sabendo onde essa conversa iria parar. — É um cara. Só isso. — Respondi com um tom casual, mas sabia que isso não iria satisfazer a curiosidade dela. Como previsto, ela soltou uma risadinha e estreitou
A noite caiu em um ritmo tranquilo, o jantar estava pronto e a mesa posta com o requinte que Dona Martina sempre esbanjava quando tínhamos visita. Ellah já estava na cama dormindo depois de tanto esperar Lukke aparecer. A campainha tocou. Suspirei, me ajeitei e fui abrir a porta. Ele estava lá, com seu ar despreocupado e aquele charme irritante. Vinha com um jeans rasgado, uma camiseta preta e um sorriso que claramente sabia ser irresistível. Mas não para mim. — Finalmente, decidiu aparecer. Você não sabe ver as horas, não? — Falei, cruzando os braços. Ele deu uma risada despreocupada e respondeu, me olhando como se eu fosse uma peça rara em um museu. — Calma, gatinha. Tive uns probleminhas, mas já estou aqui. Revirei os olhos, resistindo ao impulso de revirá-los mais uma vez. Fechei a porta e, enquanto ele entrava, fui atrás dele. — Você é meio doido. — Comentei, meio sem pensar. Ele olhou para mim por cima do ombro, com um sorriso ladino. — Geralmente, as mulheres costumam
— Att, por que há uma aura negativa ao seu redor? — Dona Martina perguntou, enquanto eu permanecia de cabeça baixa na cozinha. — Ah, Marty! Eu fiz uma grande besteira. — Ela ficou em silêncio, esperando que eu continuasse, mas eu estava envergonhada demais para poder falar mais alguma coisa. — Atena, é sobre ontem? O que você fez? Não me diga que matou o Lukke e escondeu o corpo dele embaixo da cama. Se for isso, eu te ajudo a me livrar do corpo. Levantei a cabeça e olhei para Martina, me perguntando se ela era louca. — Não seja ridícula, Marty! Eu jamais perderia meu réu primário. — Então o que aconteceu? — Eu... eu... dormi com ele. — Falei de uma vez, voltando a abaixar a cabeça. — Você transou com seu ídolo? — Sua voz parecia animada. — Não fique assim só por isso, você não fez nada demais. Ela colocou uma xícara de café fumegante na minha frente, e eu tomei um gole, sentindo minha garganta queimar, mas parecia que o líquido quente me acalmava um pouco. Café é a
O parque estava mais cheio do que eu esperava, mas encontrei um lugar tranquilo, perto de uma árvore, onde eu e Ellah poderíamos estender a toalha e nos acomodar. Assim que ajeitei a toalha no chão e preparei alguns lanchinhos, Ellah tirou da mochila os brinquedos favoritos dela, incluindo dois ursos de pelúcia um tanto... peculiares. — Você só podia ser filha da sua mãe mesmo pra gostar de uns ursos tão feios assim, né? — brinquei, sorrindo enquanto pegava um dos ursinhos surrados e sem cor. Enquanto ria, fui tomada por uma nostalgia gostosa, lembrando de como Artemis também adorava essas coisas estranhas e fora do comum. No entanto, antes que eu pudesse mergulhar ainda mais nas lembranças, senti um toque no meu ombro. — Sabia que você fica ainda mais gata quando sorri? — ouvi Lukke sussurrar, claramente se divertindo com o meu desconforto. Imediatamente, fechei a cara e bufei, com as palavras saindo quase sem pensar: — Você é um chato de galochas, sabia? Ele soltou uma risada
Lukke RockEstava achando engraçado o quanto provocá-la parecia dar certo. Por mais que Atena tentasse ser rígida, séria e centrada, era só cutucar um pouco que a máscara dela começava a cair. De onde eu vinha, gente como ela era rara – e, sem dúvida, ela me desafiava, o que só me deixava com mais vontade de brincar. Estar aqui no parque, ao ar livre, parecia o cenário perfeito para desarmá-la.Enquanto eu a observava, ela estava com o rosto imerso no celular. Espiei, me perguntando se ela estava tão ocupada a ponto de não perceber o quanto era irritante me ignorar. Fiz uma careta, e logo resolvi questionar:— O que é tão importante aí? — perguntei, tentando esconder a provocação.Ela me lançou um olhar rápido, provavelmente se perguntando se responderia ou se me ignoraria. Mas, no fim, suspirou, resignada:— É um e-mail urgente de uma empresa parceira. Preciso resolver antes que a semana comece.Fiz uma expressão de desaprovação e, sem pensar duas vezes, tomei o celular da mão dela.
Eu cheguei em casa sentindo a euforia ainda pulsando nas veias. O dia no parque tinha sido… diferente. Eu não me lembrava da última vez em que me senti tão à vontade. Sem a pressão de manter a postura de “rockstar rebelde” ou de lidar com os holofotes em cima de cada movimento. Com Atena e Ellah, foi como se eu fosse apenas o Lucas, e não o Lukke Rock. Nem acreditava que estava deixando me levar por uma mulher de personalidade tão forte, que insistia em ignorar qualquer charme que eu tentasse jogar.Enquanto eu pensava sobre isso, ouvi o som da porta se abrindo. Stella apareceu na sala com seu andar confiante e me lançou um olhar sério.— Lucas, preciso falar com você sobre a entrevista na próxima semana — ela disse, fechando a porta atrás de si e sentando no sofá com o tablet em mãos. — É uma entrevista importante, você sabe. Se tudo correr bem, vai render uma ótima exposição. Precisamos que você esteja no seu melhor.Eu me joguei no sofá em frente a ela, cruzando os braços com um so
Atena GodoySentada em minha mesa, deixo o olhar vagar pela janela, tentando encontrar algum ponto de paz em meio a tantas incertezas. Meus olhos se perdem no céu nublado, que, de alguma forma, reflete o emaranhado de pensamentos que invadem minha mente sem pedir permissão. Minhas mãos deslizam para o colar que carrego, quase como uma âncora, enquanto tento organizar tudo o que sinto. É nesse momento que a porta se abre e Murilo entra. Ele me encontra parada, perdida, e para, observando-me por um instante. — Atena? O que aconteceu? — ele pergunta, com a preocupação habitual, embora sem se intrometer demais. — Ah, Murilo... não é nada demais — respondo, tentando forçar um sorriso, mas a expressão dele mostra que meu disfarce não convence. Ele se aproxima e coloca a pasta com o balancete em minha mesa. — Aqui está o relatório que pediu. — Ele deixa a pasta e faz um aceno discreto antes de sair. Espero que ele tenha acreditado que estou bem, que não perceba o nó em minha g
Assim que o carro de Lukke para em frente ao edifício da empresa, respiro fundo, sentindo uma leve satisfação pelo dia que tivemos. Antes que eu possa abrir a porta, ele se adianta e lança aquele sorriso atrevido que sempre faz meu coração acelerar, embora eu faça o possível para não demonstrar.— Obrigada pela carona — agradeço, já abrindo a porta.Ele balança a cabeça com um ar descontraído e pisca.— Eu que agradeço. Até mais, gatinha — ele murmura, sorrindo com um brilho de malícia no olhar.Reviro os olhos e saio, rindo sozinha enquanto caminho até a entrada da empresa. Assim que entro, a agitação do dia volta a tomar conta de mim, e todo o trabalho que ainda me espera passa pela minha mente. Subo para minha sala, onde Murilo me espera com uma expressão séria.— Atena, o Isaac pediu para você ir até a sala dele. Temos uma reunião importante daqui a pouco — ele avisa, entregando-me uma pasta.Dou um rápido aceno e sigo para a sala de Isaac. Encontro-o concentrado, passando rapidam