Atena Godoy Depois de um dia exaustivo no escritório, finalmente consegui voltar para casa. O relógio marcava quase nove da noite e eu sentia cada músculo do meu corpo clamando por descanso. As reuniões haviam sido tensas, e as decisões que precisei tomar pareciam pesar o dobro do habitual. Ao entrar no apartamento, suspirei aliviada ao ver a luz da sala suavemente acesa e o silêncio acolhedor que preenchia o espaço. Minha sobrinha já estava dormindo em sua cama. Dona Margarida, ao me ver, sorriu e levantou, contando como havia sido o dia da minha sobrinha. Agradeci a ela, que se retirou, desejando-me boa noite. Dona Martina havia deixado o jantar preparado, como de costume. Agradeci mentalmente por esse cuidado, pois a última coisa que eu queria agora era me preocupar com o que comer. Deixei minha bolsa sobre a mesa da sala e fui até a cozinha, onde o prato estava coberto com um pano limpo. "Canelone de espinafre", li em um bilhete deixado pela Dona Martina. Esbocei um sorriso. El
Depois de algumas horas de conversa fiada, onde Lukke conseguiu me irritar com cada comentário bobo e piadinha fora de hora, o cansaço começou a pesar mais forte. Olhei para o relógio de parede e vi que já passava da meia-noite. Era incrível como ele parecia não ter noção do tempo ou simplesmente não se importava. Eu, por outro lado, estava no meu limite.— Acho que já está na hora de você ir, Lukke — falei, colocando minha taça vazia sobre a mesa de centro e me levantando. — Já passa da meia-noite, e você tem uma equipe vindo logo cedo amanhã para o exame de DNA.Ele olhou para mim com aquele sorriso desafiador, sem demonstrar nenhuma pressa em ir embora.— Já vou, gatinha — respondeu tranquilamente. — Meu motorista está me esperando lá embaixo.Franzi o cenho, surpresa.— Espera aí... O motorista está lá embaixo desde que você subiu?Ele acenou com a cabeça, casual, como se fosse algo completamente normal.— Sim, ele está lá desde o momento que cheguei.Eu soltei um suspiro de indig
— E agora vai me contar o que está acontecendo? — Dona Martina estava se corroendo de curiosidade.— O que eu vou te contar aqui é uma bomba, e eu espero a sua descrição.— Claro, meu amor, como sempre.Quando contei a ela o que Lukke e as enfermeiras vieram fazer aqui, ela arregalou os olhos.— Puta merda! Como Artemis conseguiu fazer isso? — Ela me perguntou, querendo saber mais.Contei a ela sobre o que Artemis havia escrito no diário, e dona Martina balançou a cabeça.— Artemis era mesmo doidinha. — Concordei com ela, e então chamei Ellah para tomar café. Quando ela chegou, beijei o topo de sua cabeça e sorri.— Estou indo trabalhar, meu bem. — Beijei novamente sua cabeça. — Tchau, Marty.— Tenha um bom dia de trabalho e dirija com cuidado.Ela sempre me alertava sobre isso. Sorri para ela, acenei para as duas mais uma vez e fui para o meu carro. Ao passar pela portaria, notei o senhor Martinez conversando com uma das velhas fofoqueiras. Desde que não estejam falando de mim ou da
Assim que saí do trabalho naquela manhã, resolvi esquecer o assunto do teste de DNA pelo resto do dia. Não estava preparada para o impacto que essa revelação teria na minha vida e na vida de Ellah. Ainda processava tudo, mas precisava me focar nas tarefas do escritório e deixar esses pensamentos para outra hora. Murilo entrou e, como sempre, já veio com a agenda de reuniões, a pilha de relatórios para revisar e uma lista interminável de telefonemas para fazer.Fui seguindo a rotina: organizei documentos, revisei relatórios, e, no meio de um e-mail importante, ouvi um burburinho vindo do lado de fora. Murilo entrou sem bater, com uma expressão de quem tenta conter um sorriso.— Atena, você tem uma visita — ele disse, meio incerto sobre o tom da notícia.— Visita? Está agendada? — questionei, com um olhar intrigado.— Definitivamente, não.Antes que pudesse questionar mais, a porta se abriu e Lukke Rock entrou, com aquele sorriso debochado de quem se acha o dono do mundo. Revirei os olh
Lukke RockAssim que saí do prédio de Atena, avistei o carro de Arthur estacionado do outro lado da rua. Ele estava no volante, absorto no celular, e só levantou o olhar quando bati no vidro, exibindo um sorriso cheio de provocação. Ele destravou a porta para que eu entrasse, e assim que me acomodei no banco, ele guardou o celular, estreitando os olhos enquanto me encarava, curioso.— Então, quer me dizer o que veio fazer aqui? — perguntou, com aquele ar de quem já sabe que eu não responderia de forma direta.Dei de ombros, inclinando a cabeça e lançando um sorriso despreocupado.— Fui lá me divertir um pouco — respondi, dando-lhe um tapinha nas costas.Ele soltou um riso contido, balançando a cabeça como quem está acostumado às minhas respostas vagas, mas ainda assim insatisfeito.— E o que você considera diversão, Lukke? Tirar a paciência de uma pessoa que está trabalhando? Porque, conhecendo você, é a única coisa que deve ter feito — Arthur disse, engatando a marcha enquanto saíamo
Acordei com um peso sobre os ombros literalmente. Olhei para os lados e, como esperado, as três mulheres da noite passada estavam espalhadas ao meu redor, emaranhadas entre os lençóis e com expressões de satisfação. Fiquei observando-as por alguns segundos, a lembrança das risadas e da diversão ainda fresca na memória.— Bom dia, minhas queridas — murmurei, provocando.Uma das três abriu os olhos e sorriu, puxando-me para perto e sussurrando algo no meu ouvido. Com a mão, fiz um gesto preguiçoso de que precisávamos começar o dia. O convite para mais uma “rapidinha matinal” quase saiu, mas o som de passos no corredor me interrompeu.Desci até a cozinha depois de um tempo, seguido pelas garotas, que riam e cochichavam enquanto olhavam ao redor da casa. Estavam, claro, famintas. Assim que entramos na cozinha, encontrei a governanta parada ali, os braços cruzados e uma expressão levemente impaciente. Dona Mercedes era como uma segunda mãe para mim — uma daquelas mulheres fortes que você
Atena Godoy Sábado de manhã. Não há dia que pareça mais convidativo para relaxar e se desconectar de tudo. Mas, claro, isso não se aplica a mim. Enquanto a maioria das pessoas aproveita o descanso, eu preciso finalizar algumas pendências importantes. Assim que terminei de me arrumar, passei pela cozinha e encontrei Dona Martina com sua expressão habitual de serenidade e eficiência, já ocupada com os preparativos do café da manhã. — Dona Martina, vou precisar que prepare lagosta ao molho thermidor para o jantar de hoje à noite. — Pedi, enquanto observava Ellah correndo pela casa cheia de energia. Ela arqueou uma sobrancelha, interessada. — Lagosta ao molho thermidor? E quem é que vem jantar, hein? — Um sorriso curioso e provocador apareceu em seu rosto. Revirei os olhos, já sabendo onde essa conversa iria parar. — É um cara. Só isso. — Respondi com um tom casual, mas sabia que isso não iria satisfazer a curiosidade dela. Como previsto, ela soltou uma risadinha e estreitou
A noite caiu em um ritmo tranquilo, o jantar estava pronto e a mesa posta com o requinte que Dona Martina sempre esbanjava quando tínhamos visita. Ellah já estava na cama dormindo depois de tanto esperar Lukke aparecer. A campainha tocou. Suspirei, me ajeitei e fui abrir a porta. Ele estava lá, com seu ar despreocupado e aquele charme irritante. Vinha com um jeans rasgado, uma camiseta preta e um sorriso que claramente sabia ser irresistível. Mas não para mim. — Finalmente, decidiu aparecer. Você não sabe ver as horas, não? — Falei, cruzando os braços. Ele deu uma risada despreocupada e respondeu, me olhando como se eu fosse uma peça rara em um museu. — Calma, gatinha. Tive uns probleminhas, mas já estou aqui. Revirei os olhos, resistindo ao impulso de revirá-los mais uma vez. Fechei a porta e, enquanto ele entrava, fui atrás dele. — Você é meio doido. — Comentei, meio sem pensar. Ele olhou para mim por cima do ombro, com um sorriso ladino. — Geralmente, as mulheres costumam