Capítulo 6
Não podia ser verdade... Como a abotoadura de Rubem tinha ido parar na bolsa dela?

Rubem era muito rico, então provavelmente nem se importaria por ter perdido uma simples abotoadura.

Com esse pensamento, Mônica guardou a abotoadura de volta na bolsa e, em passos firmes sobre os saltos, entrou na empresa.

Por azar, ao levantar os olhos, deu de cara com Leopoldo andando ao lado de uma mulher de curvas graciosas, os dois rindo e conversando animadamente.

Mônica olhou para a mulher com mais atenção. Era a mesma que ela tinha visto na noite anterior, se enroscando na cama com Leopoldo.

Ao notar Mônica, o semblante de Leopoldo mudou na hora. Em sua cabeça, ela deveria estar em Munique a trabalho, certo? Quando ela tinha voltado? Ou será que nunca foi?

Nesse momento, a mulher ao lado dele sussurrou algo, fazendo Leopoldo desviar a atenção para ela novamente. Após trocarem um olhar, a mulher se afastou, entrando no elevador.

Mônica notou as marcas suaves de beijos no pescoço dela, que, antes de ir, ainda levantou uma sobrancelha em direção a Mônica, como se debochasse.

O rosto de Mônica escureceu. Era óbvio que o relacionamento deles já era bem íntimo.

Leopoldo olhou de relance para Mônica enquanto ela se aproximava, mas nenhum dos dois disse nada. Eles entraram juntos no outro elevador.

Quando a porta se fechou, Leopoldo, sem mais se preocupar, quebrou o silêncio:

— Aquela é minha chefe. Ela estava me perguntando sobre o trabalho da semana passada. Aliás, você não disse que estava indo para Munique a trabalho?

Mônica apertou a alça da bolsa com força, sentindo um desconforto crescente e outras emoções confusas.

Por causa de um incidente ocorrido na universidade, ela desenvolveu uma disfunção sexual. Desde que se casara com Leopoldo, tentaram algumas vezes, mas nunca conseguiram. Nunca tiveram uma verdadeira vida de casal. E Leopoldo, sendo um homem normal, não podia suportar isso por tanto tempo...

Pensando em tudo aquilo, a satisfação que sentiu ao vingar-se de Leopoldo na noite anterior foi se dissipando aos poucos.

Ela mordeu os lábios e respondeu em voz baixa:

— Ontem foi o nosso aniversário de um ano de casamento. Cancelei a viagem para poder comemorar com você, mas, quando soube que estava fazendo hora extra, decidi não ir ao seu encontro.

O rosto de Leopoldo mudou ligeiramente. Ao tocar o pequeno estojo no bolso, sua expressão voltou ao normal.

— Desculpe, eu acabei me esquecendo de uma data tão importante, mas... — Ele tirou o estojo do bolso e o abriu, revelando um anel de diamante. — Eu preparei um presente para você.

Mônica observou o anel. Era muito semelhante ao par de brincos que a chefe de Leopoldo usava. Provavelmente, esse anel também seria um presente para aquela mulher.

De repente, Mônica sentiu um bloqueio emocional e afastou a mão.

Leopoldo, confuso, perguntou:

— O que foi? Você não gostou do anel?

— Gostei, sim, mas estamos na empresa. Se alguém nos vir, pode pegar mal. — Mônica respondeu, aproveitando a desculpa para tirar o anel das mãos dele.

Leopoldo não desconfiou da sinceridade de suas palavras e, com um sorriso, colocou a mão no ombro de Mônica.

— Vamos sair para jantar hoje à noite. Quero me redimir com você.

O perfume da outra mulher ainda pairava sobre Leopoldo, invadindo o nariz de Mônica com um cheiro enjoativo. Prestes a empurrá-lo, o elevador fez um som característico, e a porta se abriu, revelando um colega de trabalho do outro lado.

O colega estava prestes a entrar, mas parou ao ver Leopoldo e Mônica juntos, observando a cena com curiosidade.

— Srta. Mônica, tome cuidado para não perder o equilíbrio. — Disse Leopoldo rapidamente, retirando a mão do ombro dela e justificando que a estava amparando por conta dos saltos altos.

Mônica não sabia descrever o que estava sentindo. No saguão da empresa, ele podia ser íntimo com sua chefe sem nenhum problema, mas, sendo seu marido, parecia que Leopoldo tinha medo de ser visto. Era ridículo!

— Obrigada, gerente Leopoldo. — Mônica respondeu em um tom frio, saindo do elevador logo em seguida.

O cheiro do perfume dele fazia Mônica querer vomitar.

Naquela tarde, Mônica foi rápida em resolver as coisas. Logo, já estava no escritório de um advogado, redigindo o contrato de divórcio.

Leopoldo a havia traído primeiro, e ela, em resposta, se vingara, com raiva. No entanto, sabia que não havia mais como consertar o casamento. Ao tomar a iniciativa de pedir o divórcio, pelo menos não sairia tão humilhada.

Porém, antes que pudesse levar o documento para casa, foi convocada de última hora para um projeto em Nova Iorque. Sem tempo para arrumar as coisas, Mônica foi direto para o aeroporto naquela mesma noite.
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