— Pensando bem, nunca é tarde para ir a algum lugar. — Douglas gostou de ver Mônica assim, livre e despreocupada, o que também o deixou de bom humor. Ele empurrou o laptop na direção dela.— Você procura.— Por que eu? Você não tem mãos?Douglas sorriu levemente.— Quando saímos para viajar, era você quem planejava.— Não é só devido ao seu dinheiro, você vai a qualquer lugar e resolve tudo com dinheiro. É um monte de gente fazendo tudo para você, não tem graça nenhuma!Mônica resmungou, mas logo percebeu que tinha falado demais e fechou a boca.O homem apoiou o queixo na mão e olhou fixamente para a mulher à sua frente, os olhos cheios de afeto e indulgência. Ele queria que o avião nunca chegasse ao destino, que ficasse no ar para sempre.Na verdade, as paisagens de todo o país não eram tão diferentes, não tinha muito o que fazer. Mônica escolheu alguns pontos turísticos menos visitados e perguntou a opinião de Douglas.Douglas respondeu com uma frase só:— Qualquer lugar está bom.Mô
Douglas olhou para baixo e perguntou, muito preocupado:— Está tudo bem?— Está tudo bem. — Mônica respondeu, tentando se ajeitar, mas o trem balançou e, ao tentar se equilibrar, seu corpo foi novamente em direção aos braços dele.— …Era constrangedor demais.Mas Douglas não parecia achar que havia algo de errado. Com uma mão segurando a barra do trem e a outra apoiada em seu ombro, ele a manteve firme.Quando estavam na escola, ele e Mônica costumavam pegar o metrô com frequência. Naquela época, o metrô não estava tão cheio quanto agora. Ali, as pessoas estavam tão apertadas que mais pareciam sardinhas enlatadas sendo empurradas de um lado para o outro.Mas o bom era que ele estava ali com ela.— Vamos descer na próxima, em Rua Vine, são só quatro paradas. — Para tentar quebrar o clima tenso, Mônica disse: — Hoje, sei lá, não consegui pegar nenhum táxi.Uma garota ao lado ouviu e, sem hesitar, falou:— Vocês estavam na Rua do Ácer Dourado, né?— Ah, como sabe?— Eu sabia. A Rua do Ác
De repente, uma garota surgiu correndo e parou na frente de Douglas, oferecendo-lhe algo, com o rosto ligeiramente corado.— Com licença, pode aceitar?Mônica viu que era uma bala embalada com um desenho de coelhinho rosa.Hm?Isso parecia a mesma bala que a garota no metrô havia dado para ela. Teria algum significado?— Não, não posso aceitar. — Douglas respondeu sem olhar para a garota, recusando diretamente, e se virou para Mônica. — Você está com sede? Que tal comprar um sorvete de gelo?A garota, desapontada, se afastou.Mônica olhou para a garota e então perguntou a Douglas:— Por que você não aceitou a bala? Ela te deu de graça…— Tenho medo de ser envenenada.— …Quanto mais se aproximavam do centro da cidade, mais movimentada a rua ficava.Douglas, com sua aparência atraente, atraia olhares por onde passava. Garotas se aproximavam uma a uma, oferecendo-lhe balas embaladas com coelhinho, perguntando se ele aceitaria.— Por que todas estão te oferecendo? — Mônica não entendia. Q
Douglas tratou a bala de coelho como se fosse um tesouro, e Mônica, um pouco desconfortável, comentou:— Só uma bala, não é? Se você gostar tanto, quando encontrar uma loja que venda, eu compro um pacote para você.— Uma só já basta. — Respondeu Douglas.Com aquela única bala, toda a raiva que ele havia acumulado nos últimos tempos desapareceu, e ele se sentiu imensamente satisfeito.Pode?Claro que pode. Posso dizer um milhão de vezes…Mônica não pensou mais nisso, achando que ele só queria experimentar o gosto da bala. Após se sentarem na loja de bebidas por um tempo, continuaram a passear.À medida que a noite caía, a rua ficava cada vez mais movimentada.Não sabia por quê, mas durante todo o trajeto, nenhuma pessoa olhava para Mônica. Em contraste, as jovens garotas continuavam se aproximando de Douglas, oferecendo-lhe uma bala de coelho e perguntando se ele aceitava.Mônica, irritada, entrou na primeira loja de acessórios que encontrou e comprou uma máscara para cobrir o rosto del
Justo nesse momento, Mônica gritou para Douglas:— Douglas, quer suco de melancia?— Sim. — Respondeu Douglas, sabendo que Rubem ouvira tudo, e era exatamente isso que ele queria. — Sr. Rubem, se não há mais nada, vou desligar, o tempo é precioso.A voz de Rubem ficou mais grave, fria e tensa:— Douglas, não brinque com ela.— Rubem, que direito você tem de me falar isso? — Respondeu Douglas com um sorriso frio. — Você acha que seus planos são perfeitos, que ninguém percebe o que você está fazendo?— Enganei ela, mas nunca a machuquei. Você, por outro lado, a envolveu na briga da família Pimentel! — A voz dele ficou gélida. — Se eu soubesse disso antes, teria feito você perder suas duas pernas de verdade!— E o que você deu a ela? Fez um círculo e disse para ela ficar dentro, quietinha? — Rubem retrucou. — Ela é muito esperta, aprende rápido, e você não consegue esconder nada dela.— Gosto de mimá-la, deixá-la sem preocupações, sem precisar pensar em nada. — Douglas olhou para Mônica,
Mônica pegou três dólares e não sabia o que fazer com eles.Mais tarde, foi Douglas quem quebrou o clima constrangedor, dizendo:— Foi só uma gentileza de ajudar um novo aluno. — Ele pegou os três dólares da mão dela como uma “taxa de serviço”, e então se afastou.Por serem ambos da mesma faculdade de tradução, os dois sempre acabavam se encontrando. Com o tempo, foram se tornando amigos e, devido aos interesses em comum, numa certa véspera de Natal, Douglas se declarou para ela e Mônica aceitou.O relacionamento deles foi extremamente doce, nunca houve brigas, e Douglas sempre a tratou com muito carinho.— Se naquele dia eu não tivesse ido… — Mônica não queria mais pensar sobre o que aconteceu naquele dia, então se calou, se virando para olhar as águas cintilantes do rio.Um olhar de dor cruzou os olhos de Douglas. Ele segurou a mão de Mônica e, com a voz suave, disse:— Nataly, quando tiver uma oportunidade, eu te contarei tudo.— Não precisa. — Mônica retirou a mão firmemente e sorr
Mônica perdeu-se em seus pensamentos.O perfil do homem parecia se sobrepor a outro rosto em sua mente.— Você… — Mônica, assustada, recuou alguns passos. Mas, ao olhar novamente para Douglas, não viu nada de diferente. Talvez tivesse sido apenas uma ilusão.Douglas também se assustou e abriu os olhos para encará-la.— O que foi?— N-nada — Mônica respondeu com um sorriso forçado.Será que foi apenas uma ilusão?Eles não foram a lugar nenhum, apenas subiram a Montanha de Nossa Senhora e depois voltaram.Mônica estava distraída. Se não fosseDouglas segurando-a, ela teria batido em um carro.— Mônica!A garota voltou à realidade e olhou para Douglas, confusa.— O que foi?— Está entediada de ficar comigo? — Douglas perguntou. — Você parece estar em outro mundo o dia todo.— Eu só estava pensando no que fazer amanhã — Mônica tentou disfarçar. — A gente já visitou praticamente tudo de interessante aqui em Vilarrosa… Que tal amanhã…— Amanhã vamos saltar de paraquedas.— O quê?No sexto dia
Douglas plantou um beijo discreto em sua face, pensando em si mesmo:— Mas você sabe? Nenhuma paisagem, por mais bela que seja, se compara a um décimo da sua beleza.Quando o relógio em seu pulso apitou, Douglas abriu o paraquedas. Os corpos dos dois balançaram no ar enquanto o homem controlava a direção, voando em direção ao campo dourado de trigo.Ao pousarem na trilha ao lado do campo, Mônica ainda estava relutante:— Já acabou? Foi rápido demais!— Quer ir de novo?— Não, não! — Ela recuou rapidamente, sem querer gritar por ajuda como uma criança outra vez.Mônica adorou o campo dourado. Tirou algumas fotos e, enquanto se preparavam para partir, algumas gotas de chuva caíram em seu rosto. Em segundos, a tempestade desabou.Douglas tirou o casaco e o ergueu sobre a cabeça de Mônica, e os dois correram em busca de abrigo.A chuva era tão forte que o casaco pouco ajudou. Ensopados, encontraram uma marquise e, ao trocarem olhares, caíram na gargalhada.Mônica apontou para os óculos del