Mônica pegou três dólares e não sabia o que fazer com eles.Mais tarde, foi Douglas quem quebrou o clima constrangedor, dizendo:— Foi só uma gentileza de ajudar um novo aluno. — Ele pegou os três dólares da mão dela como uma “taxa de serviço”, e então se afastou.Por serem ambos da mesma faculdade de tradução, os dois sempre acabavam se encontrando. Com o tempo, foram se tornando amigos e, devido aos interesses em comum, numa certa véspera de Natal, Douglas se declarou para ela e Mônica aceitou.O relacionamento deles foi extremamente doce, nunca houve brigas, e Douglas sempre a tratou com muito carinho.— Se naquele dia eu não tivesse ido… — Mônica não queria mais pensar sobre o que aconteceu naquele dia, então se calou, se virando para olhar as águas cintilantes do rio.Um olhar de dor cruzou os olhos de Douglas. Ele segurou a mão de Mônica e, com a voz suave, disse:— Nataly, quando tiver uma oportunidade, eu te contarei tudo.— Não precisa. — Mônica retirou a mão firmemente e sorr
Mônica perdeu-se em seus pensamentos.O perfil do homem parecia se sobrepor a outro rosto em sua mente.— Você… — Mônica, assustada, recuou alguns passos. Mas, ao olhar novamente para Douglas, não viu nada de diferente. Talvez tivesse sido apenas uma ilusão.Douglas também se assustou e abriu os olhos para encará-la.— O que foi?— N-nada — Mônica respondeu com um sorriso forçado.Será que foi apenas uma ilusão?Eles não foram a lugar nenhum, apenas subiram a Montanha de Nossa Senhora e depois voltaram.Mônica estava distraída. Se não fosseDouglas segurando-a, ela teria batido em um carro.— Mônica!A garota voltou à realidade e olhou para Douglas, confusa.— O que foi?— Está entediada de ficar comigo? — Douglas perguntou. — Você parece estar em outro mundo o dia todo.— Eu só estava pensando no que fazer amanhã — Mônica tentou disfarçar. — A gente já visitou praticamente tudo de interessante aqui em Vilarrosa… Que tal amanhã…— Amanhã vamos saltar de paraquedas.— O quê?No sexto dia
Douglas plantou um beijo discreto em sua face, pensando em si mesmo:— Mas você sabe? Nenhuma paisagem, por mais bela que seja, se compara a um décimo da sua beleza.Quando o relógio em seu pulso apitou, Douglas abriu o paraquedas. Os corpos dos dois balançaram no ar enquanto o homem controlava a direção, voando em direção ao campo dourado de trigo.Ao pousarem na trilha ao lado do campo, Mônica ainda estava relutante:— Já acabou? Foi rápido demais!— Quer ir de novo?— Não, não! — Ela recuou rapidamente, sem querer gritar por ajuda como uma criança outra vez.Mônica adorou o campo dourado. Tirou algumas fotos e, enquanto se preparavam para partir, algumas gotas de chuva caíram em seu rosto. Em segundos, a tempestade desabou.Douglas tirou o casaco e o ergueu sobre a cabeça de Mônica, e os dois correram em busca de abrigo.A chuva era tão forte que o casaco pouco ajudou. Ensopados, encontraram uma marquise e, ao trocarem olhares, caíram na gargalhada.Mônica apontou para os óculos del
— Minha namorada não precisa das suas desculpas. Cala a boca! — Douglas foi implacável. Chamou outra vendedora e ordenou que chamasse o gerente da loja. Ela rapidamente foi telefonar.Em poucos minutos, uma loira impecável entrou na loja. Seu uniforme era um pouco mais sofisticado que o das vendedoras, e ela exalava elegância.Depois de ouvir o que havia acontecido, a gerente se curvou educadamente para Mônica e Douglas, pedindo desculpas com sinceridade. Como forma de compensação, ofereceu a Mônica um cartão VIP vitalício, com 10% de desconto em qualquer compra.Mônica achou a atitude da gerente muito respeitosa, e com um desconto desses, pensou em deixar passar.Mas Douglas não via as coisas da mesma forma. Ele olhou para a gerente e disse:— Eu não preciso de dinheiro, muito menos do seu desconto VIP. O problema é que sua funcionária humilhou minha namorada, e isso também me incomodou.— Senhor, como podemos consertar essa situação?— Demita ela.A vendedora começou a implorar deses
Alta madrugada na Beira da Águia—A luz prateada da lua se espalhava sobre a Beira da Águia, e as ondas gigantes varriam as pedras na beira da praia, tornando-as ainda mais brilhantes e cristalinas. Um homem jovem, segurando uma lanterna, caminhava descalço na margem.O facho de luz percorria as inúmeras pedras ao redor. Ele olhava com extrema atenção, sem deixar escapar nenhuma delas. As ondas que se quebravam na areia de vez em quando engoliam seus pés.As pedras, moldadas pela força do mar, tinham formatos variados, estranhos e únicos.Mas nenhuma era a que ele queria.Ele se abaixou, varrendo as pedras com a lanterna sem parar. Ficou ali por três horas inteiras. O vento gelado agitava a barra da sua camisa, e, depois de um tempo, ele levou a mão aos lábios, começando a tossir violentamente.— Senhorito! — Elder emergiu das sombras, segurando seu braço. — Volte para casa, por favor. Deixe que eu procuro para você.— Não. Eu preciso encontrar por conta própria. — Douglas afastou a mã
— Douglas, por que você gosta tanto de camélias? — Mônica não conseguiu segurar a curiosidade. Além daquela rosa verde que ele lhe deu na Rua Vine, ela nunca o vira com outro tipo de flor.— Porque minha mãe amava.Sentindo a mão dela enrijecer, Douglas virou a cabeça para olhar Mônica e sorriu.— Acho que nunca te falei sobre minha mãe, não é?Mônica balançou a cabeça.Realmente, ele nunca mencionou. Tudo o que ela sabia era que ele era mestiço e que sua mãe era do País Z.Com um tom suave, Douglas continuou:— Minha mãe era uma mulher gentil e bondosa… mas eu não me lembro do rosto dela. A única coisa que ela deixou para mim foram dezoito cartas.— Todo ano, no meu aniversário, eu abro uma delas. A letra dela, as palavras... é como se ainda estivesse aqui. Minha mãe me dizia para ser forte, para nunca desistir, por mais que a vida não saísse como o esperado.Ele tocou uma pétala branca:— Ela dizia que o amor das rosas era intenso demais, difícil de suportar. Já as camélias represen
— Douglas, me solta. — Mônica tentou empurrá-lo com força. — Eu não consigo respirar!Ele a abraçou por um longo tempo antes de finalmente soltá-la. Assim que ficou livre, Mônica deu um passo para trás, olhando para ele com cautela.A desconfiança dela fez Douglas se sentir um pouco decepcionado. Mas, ao mesmo tempo, aquilo provava que a marca que ele deixara nela ainda doía. Ela nunca o esqueceria. Ao pensar nisso, ele sorriu amargamente. — Me escuta — disse Douglas. — Se afasta do Rubem o quanto antes. Ele é um homem perigoso. Se precisar de alguma coisa, fala comigo. Se quiser abrir sua própria empresa, eu te ajudo.— Vocês dois são farinha do mesmo saco — Mônica respondeu friamente.Faziam anos que tinham terminado, mas agora ele aparecia do nada, encenando essa peça para arrancar alguma compaixão dela?— Você não entende — Douglas hesitou, quis dizer algo, mas acabou desistindo. — Você ainda quer ajudá-lo?— Eu estou pagando uma dívida.Douglas encarou Mônica por alguns segundos,
Mônica Ramos nunca imaginou que, no dia do primeiro aniversário de casamento, seu marido a trairia!Não, talvez ele já a estivesse traindo há tempos, e ela só descobriu agora.Afinal, pelo plano original, ela deveria estar sentada em um voo para Munique neste momento.Mas, depois de muito pensar, ela decidiu cancelar a viagem de última hora e, em vez disso, encomendou flores, bolo e vinho para fazer uma surpresa ao marido.Agora, surpresa era mesmo o que não faltava...Mônica ouviu novamente a voz da mulher:— Leo, eu já me divorciei. Quando você vai se separar daquela sua esposa? Melhor que seja logo, é melhor uma dor curta do que uma longa.— Divórcio é só questão de tempo, não tem pressa. — Respondeu Leopoldo.Ele sempre acreditou que o amor seria suficiente para manter o casamento, mas com o tempo, tudo o que tinham era um abraço ocasional, e isso começou a cansá-lo.Só que o “divórcio” ainda era uma ideia muito repentina para ele, e ele não sabia como contar a Mônica, muito menos