Capítulo 7
Quando Mônica voltou de Nova Iorque, já havia se passado meio mês.

Ela tinha deixado o celular no modo de roaming, e durante esse tempo todo, Leopoldo tinha enviado apenas duas mensagens. Ambas eram respostas à mensagem que ela havia enviado no dia em que estava indo para Nova Iorque. Ele apenas disse para ela tomar cuidado.

Mônica estava completamente desiludida.

Antes, quando Leopoldo a traiu, ela talvez se culpasse por causa do seu problema com a intimidade. Mas agora, não era só o corpo de Leopoldo que não estava mais com ela, o coração dele também tinha ido embora.

Naquela noite, quando Leopoldo chegasse, ela decidira que iria pedir o divórcio.

Pouco antes de chegar ao escritório, Mônica recebeu uma ligação. Era o chefe dela, informando que um parceiro de negócios havia chegado da Suíça. No entanto, o representante só falava romanche e não tinha trazido um intérprete. A única tradutora que sabia romanche no departamento executivo estava em viagem, e a equipe de tradução pediu para Mônica assumir.

Ela era a única na empresa que falava romanche, então não podia recusar, mesmo que quisesse. Acabou concordando.

Meia hora depois, o carro parou na frente do Clube Aurum. Mônica olhou o relógio de pulso. Eram apenas oito e meia, e a reunião estava marcada para as nove.

Ela foi imediatamente organizar o local, escolhendo, com base nos dados que o chefe havia passado, as comidas e bebidas favoritas dos clientes.

Depois de deixar tudo pronto, às oito e cinquenta, Mônica ajeitou a roupa e foi até a entrada. Foi então que viu dois Mercedes-Benz chegando e parando em frente ao clube, um atrás do outro.

A porta do carro da frente se abriu, e de dentro saíram alguns homens de terno e gravata, com traços marcantes.

Mônica reconheceu aqueles clientes. Eram os representantes vindos da Suíça. Com um sorriso profissional, ela os cumprimentou com fluência em romanche, enquanto curiosamente dava algumas olhadas para o carro que vinha atrás.

Na empresa, havia vários vice-presidentes, mas a maioria tinha um temperamento difícil, e um deles, em particular, odiava mulheres e sempre levava tradutores masculinos para as negociações. Mônica temia encontrá-lo ali.

Logo, a porta do segundo carro foi aberta, e um homem alto e sério saiu primeiro. Ele deu a volta pelo lado direito do carro e abriu a porta.

Mônica achou que o assistente parecia familiar, mas não teve tempo de pensar muito nisso. Ela começou a caminhar para cumprimentar o vice-presidente, mas parou ao ver uma figura alta e imponente sair do carro, em meio ao som dos sapatos de couro brilhando sob a luz.

O homem era muito alto e vestia um terno cinza-escuro feito sob medida, que destacava seus ombros largos e sua postura elegante. Seus cabelos negros estavam impecavelmente penteados, e seus olhos eram frios e penetrantes. Ele exalava uma aura de nobreza e elegância, mas ao mesmo tempo parecia inalcançável.

Tio Rubem!

Ao reconhecer o homem, os olhos de Mônica se arregalaram em surpresa. Coincidentemente, o olhar de Rubem se voltou para ela, seus olhos se estreitaram ligeiramente, e um leve sorriso curioso apareceu em seus lábios.

Na manhã seguinte ao encontro no hotel, Tomás tinha trazido para Rubem o dossiê sobre Mônica. Foi só então que ele entendeu por que, naquela noite no bar, Mônica o havia chamado de “tio”.

Mônica, na verdade, era esposa de Leopoldo, aquele que, tecnicamente, era seu sobrinho por afinidade, mas com quem ele nunca teve qualquer relação. Além disso, Mônica também era uma tradutora sênior do Grupo Pimentel.

O olhar penetrante de Rubem fez Mônica se sentir desconfortável. Suas pernas começaram a tremer, e, sem querer, ela acabou esbarrando no tapete com seu salto alto, desequilibrando-se e caindo para frente.

— Presidente Rubem, cuidado! — Gritou Tomás.

A situação aconteceu tão rápido que, apesar do aviso, Tomás não conseguiu impedir a queda. Só pôde observar enquanto Mônica literalmente caía nos braços de Rubem, com a boca se contorcendo em um esgar de surpresa.

Durante todos os anos que trabalhara com Rubem, Mônica era a primeira pessoa a cair duas vezes seguidas nos braços do presidente.

O rosto de Mônica bateu contra o peito dele, e ela sentiu uma dor leve. O perfume familiar de Rubem inundou suas narinas, fazendo-a sentir tontura e seu coração disparar.

Era o cheiro de tio Rubem!

— Srta. Mônica, tome cuidado. — Disse Rubem em um tom gentil, ajudando-a a se levantar de forma educada. No entanto, seus dedos estavam gelados ao tocar a pele de Mônica, causando um arrepio imediato.

Ele a chamou de “Srta. Mônica”. Ou seja, ele a havia reconhecido?
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