Por sorte, Mônica nunca tinha feito nada para irritar Rubem. Sabia que mexer com um homem tão perigoso seria seu fim.A cama da suíte era incrivelmente macia, perfeita para dormir. Mônica teve uma noite tranquila e confortável. Ao acordar, ouviu vagamente sons de passos apressados e vozes agitadas do lado de fora.Será que o espetáculo começou?Ela sorriu de canto e, sem pressa, foi escovar os dentes, tomou um banho, vestiu-se, passou maquiagem e, por fim, colocou o anel que Leopoldo lhe dera. Então, abriu a porta do quarto.O corredor estava lotado de jornalistas, e Leopoldo estava no meio deles.Ele, sem perceber que Mônica havia saído do quarto, falava aos repórteres com uma expressão de tristeza e indignação:— Gente, eu sei que problemas de família não deveriam ser expostos, mas minha esposa passou dos limites. Enquanto eu trabalho duro para sustentar a casa, ela faz isso comigo. Vem a um hotel para me trair! Agora, eu nem sei se o filho que ela está esperando é meu.Leopoldo se c
Os jornalistas se entreolharam, com expressões de incredulidade.Até segundos atrás, Leopoldo estava acusando Helen de traição e os dois estavam discutindo ferozmente. E agora, de repente, Helen estava virando o jogo?Mesmo assim, a maioria dos jornalistas tinha recebido dinheiro de Leopoldo, então preferiram não fazer mais perguntas, aguardando para ver qual seria a próxima jogada.Helen lançou um olhar significativo para Leopoldo, que entendeu o recado. Sabia que haviam caído em uma armadilha, então decidiu seguir o teatro dela.— Sim, é verdade. Eu vim aqui para ajudar a Srta. Helen.A única pessoa que parecia completamente perdida era Guilherme. Seu rosto ficou pálido, e ele apontou para Helen, gaguejando:— Gerente Helen, você me armou uma cilada?— Eu? Você me trouxe para este hotel e fez essa sujeira toda! Agora quer bancar o inocente? — Helen deu-lhe outro tapa, desta vez mais teatral. — Se tinha algum problema comigo no trabalho, deveria ter dito diretamente. Não precisava rec
Helen, instintivamente, levou a mão ao colar que usava no pescoço. Ainda não teve tempo de escondê-lo quando o jovem jornalista se aproximou, puxou o colar e o entregou a Mônica:— Sra. Mônica, este colar não parece ser parte de um conjunto com esse anel?— Mas... O que é isso? — Mônica segurou o colar e, com o rosto pálido, olhou para Leopoldo. — Amor, você não disse que ela era só sua chefe? Vocês... Estão juntos?Leopoldo ficou totalmente desconcertado com a pergunta de Mônica.Ele estava visivelmente desconfortável e tentou dizer algo, mas Mônica o interrompeu:— Por que você fez isso comigo, Leopoldo? Você tem ideia do quanto isso me machuca?— Machuca? Que porra de machucar, Mônica! — Leopoldo explodiu. — Você sempre soube sobre mim e Helen! Agora vem bancar a vítima aqui? Mônica, você está grávida de outro homem e ainda tem a cara de pau de me acusar?Mônica, com a voz trêmula e os olhos cheios de mágoa, apontou o dedo para ele:— Como eu poderia saber? Qual mulher aguentaria o
— Sr. Leopoldo, o que foi? Vai bater em mulher agora?O pulso de Leopoldo foi firmemente segurado por alguém. Um homem alto e forte se colocou na frente de Mônica, sua voz era grave e carregada de autoridade.— Tomás? — Leopoldo exclamou, surpreso ao reconhecer o homem.Mônica também olhou discretamente para ele. Era Tomás, o assistente pessoal de Rubem, sempre sério e inexpressivo. O que ele estava fazendo ali? Não deveria estar grudado em Rubem, como de costume?Leopoldo e Mônica não eram os únicos intrigados com a presença de Tomás. Helen ficou ainda mais pálida, segurando o lençol com força e recuando lentamente.No escritório, fofocas eram altamente condenadas, especialmente para alguém na posição de Helen. Se Tomás descobrisse que ela estava se envolvendo com um subordinado e levasse isso para a diretoria, sua carreira estaria acabada.Mas Tomás parecia não se importar com a presença de Helen. Ele sequer olhou ao redor.Soltando o pulso de Leopoldo, Tomás se virou para Mônica, di
— Não, acho que deve ser presente de algum cliente. — Mônica agradeceu à colega com um sorriso discreto, mantendo a compostura de sempre, como se nada tivesse acontecido.Ao chegar à sua mesa, viu um buquê de camélias brancas impecáveis, exalando uma fragrância suave e envolvente. Ao lado, havia um presente finamente embalado. Suas mãos começaram a esfriar.Só ele sabia que ela gostava de camélias.Entre as flores, havia um cartão cor-de-rosa delicado. Mônica o puxou e, ao abri-lo, leu a frase: My love, my life.O inglês fluente e a caligrafia refinada deixavam claro que Douglas havia escrito aquilo. Ela conseguia até imaginar o sorriso sereno e confiante que ele teria enquanto escrevia, como se já estivesse certo da vitória.Quanto tempo passou? Douglas já conhecia todos os detalhes sobre ela. E agora enviava flores e presentes. Mas qual era o verdadeiro motivo? Vingança? Ou algo mais?No dia seguinte, ao chegar à empresa, Mônica deu de cara com Leopoldo.Ele estava com uma expressão
O apartamento ficava em Jardins de Belmonte, não muito longe do Grupo Pimentel. Era um condomínio de alto padrão.Noêmia explicou que o apartamento era de uma amiga que estava indo morar no exterior e que havia conseguido o aluguel pelo preço de treze mil mensais. Mônica achou que havia alguma coisa estranha nisso.Mas Noêmia garantiu várias vezes que estava tudo certo, fornecendo até os documentos e a identidade da amiga. Só então Mônica acreditou e, no fim de semana, mudou-se para o Jardins de Belmonte.— É este aqui. Obrigada pelo trabalho, pessoal.Como havia muitas caixas de livros, Mônica pediu para a equipe de mudança ajudá-la a levar tudo até o apartamento. As pequenas coisas, ela mesma carregaria. As caixas eram bem pesadas.Quando o elevador se abriu, uma voz feminina, doce e mimada, ecoou no corredor.Mônica conhecia aquela voz. Ao levantar a cabeça rapidamente, viu Rubem e Íris dentro do elevador. Os dois pareciam um casal perfeito, combinando em tudo.Rubem foi o primeiro
Ao terminar de falar, ela saiu do elevador carregando a caixa de papelão. Rubem a observou enquanto caminhava, e, de repente, teve a impressão de que, apesar daquele comportamento aparentemente submisso, Mônica conseguia ser bem afiada com as palavras.Mônica voltou para o apartamento com a caixa nos braços.A sala estava uma bagunça, cheia de caixas espalhadas por todo canto. Ela começou a organizar tudo, separando os itens e arrumando as coisas. Depois de um bom tempo, foi até a geladeira, pegou uma garrafa de água e foi para a varanda, onde o vento fresco soprava.No momento em que deu um gole, ela parou de repente. Não acreditava no que estava vendo: do outro lado da rua, além da faixa de vegetação, havia um carro preto estacionado. A janela de trás estava ligeiramente abaixada, revelando um terno impecável e, acima dele, um rosto bonito e elegante.Era Douglas!Mônica ficou tão surpresa que quase deixou a garrafa cair. O homem no carro parecia estar esperando por alguém e, logo de
Mônica riu por dentro.Helen era mesmo ousada. Não só estava interferindo em outro departamento, como também estava mentindo descaradamente. Ela realmente não conhecia o perfil do gerente Vitor? Ele era o tipo de chefe que defendia seus funcionários com unhas e dentes. Se Helen tentasse demitir alguém do departamento dele, Vitor certamente criaria problemas com o setor de planejamento.Nesse momento, a nova colega, Emma, não conseguiu se segurar:— Gerente Helen, acho que o erro foi seu, não?— Emma, você tem noção do que está dizendo? — Helen não podia acreditar que a novata estava defendendo Mônica. Ela lançou um olhar de ódio para a jovem. — Isso não tem nada a ver com você. Fique fora disso!Mas Emma não se intimidou com a bronca.— Se fosse uma funcionária do nosso departamento, você teria o direito de tomar uma decisão, mas ela é do setor de tradução. Mesmo sendo nova aqui, sei que a empresa não permite que um gerente interfira em outro departamento. Se o problema é a atitude del