— Sr. Leopoldo, o que foi? Vai bater em mulher agora?O pulso de Leopoldo foi firmemente segurado por alguém. Um homem alto e forte se colocou na frente de Mônica, sua voz era grave e carregada de autoridade.— Tomás? — Leopoldo exclamou, surpreso ao reconhecer o homem.Mônica também olhou discretamente para ele. Era Tomás, o assistente pessoal de Rubem, sempre sério e inexpressivo. O que ele estava fazendo ali? Não deveria estar grudado em Rubem, como de costume?Leopoldo e Mônica não eram os únicos intrigados com a presença de Tomás. Helen ficou ainda mais pálida, segurando o lençol com força e recuando lentamente.No escritório, fofocas eram altamente condenadas, especialmente para alguém na posição de Helen. Se Tomás descobrisse que ela estava se envolvendo com um subordinado e levasse isso para a diretoria, sua carreira estaria acabada.Mas Tomás parecia não se importar com a presença de Helen. Ele sequer olhou ao redor.Soltando o pulso de Leopoldo, Tomás se virou para Mônica, di
— Não, acho que deve ser presente de algum cliente. — Mônica agradeceu à colega com um sorriso discreto, mantendo a compostura de sempre, como se nada tivesse acontecido.Ao chegar à sua mesa, viu um buquê de camélias brancas impecáveis, exalando uma fragrância suave e envolvente. Ao lado, havia um presente finamente embalado. Suas mãos começaram a esfriar.Só ele sabia que ela gostava de camélias.Entre as flores, havia um cartão cor-de-rosa delicado. Mônica o puxou e, ao abri-lo, leu a frase: My love, my life.O inglês fluente e a caligrafia refinada deixavam claro que Douglas havia escrito aquilo. Ela conseguia até imaginar o sorriso sereno e confiante que ele teria enquanto escrevia, como se já estivesse certo da vitória.Quanto tempo passou? Douglas já conhecia todos os detalhes sobre ela. E agora enviava flores e presentes. Mas qual era o verdadeiro motivo? Vingança? Ou algo mais?No dia seguinte, ao chegar à empresa, Mônica deu de cara com Leopoldo.Ele estava com uma expressão
O apartamento ficava em Jardins de Belmonte, não muito longe do Grupo Pimentel. Era um condomínio de alto padrão.Noêmia explicou que o apartamento era de uma amiga que estava indo morar no exterior e que havia conseguido o aluguel pelo preço de treze mil mensais. Mônica achou que havia alguma coisa estranha nisso.Mas Noêmia garantiu várias vezes que estava tudo certo, fornecendo até os documentos e a identidade da amiga. Só então Mônica acreditou e, no fim de semana, mudou-se para o Jardins de Belmonte.— É este aqui. Obrigada pelo trabalho, pessoal.Como havia muitas caixas de livros, Mônica pediu para a equipe de mudança ajudá-la a levar tudo até o apartamento. As pequenas coisas, ela mesma carregaria. As caixas eram bem pesadas.Quando o elevador se abriu, uma voz feminina, doce e mimada, ecoou no corredor.Mônica conhecia aquela voz. Ao levantar a cabeça rapidamente, viu Rubem e Íris dentro do elevador. Os dois pareciam um casal perfeito, combinando em tudo.Rubem foi o primeiro
Ao terminar de falar, ela saiu do elevador carregando a caixa de papelão. Rubem a observou enquanto caminhava, e, de repente, teve a impressão de que, apesar daquele comportamento aparentemente submisso, Mônica conseguia ser bem afiada com as palavras.Mônica voltou para o apartamento com a caixa nos braços.A sala estava uma bagunça, cheia de caixas espalhadas por todo canto. Ela começou a organizar tudo, separando os itens e arrumando as coisas. Depois de um bom tempo, foi até a geladeira, pegou uma garrafa de água e foi para a varanda, onde o vento fresco soprava.No momento em que deu um gole, ela parou de repente. Não acreditava no que estava vendo: do outro lado da rua, além da faixa de vegetação, havia um carro preto estacionado. A janela de trás estava ligeiramente abaixada, revelando um terno impecável e, acima dele, um rosto bonito e elegante.Era Douglas!Mônica ficou tão surpresa que quase deixou a garrafa cair. O homem no carro parecia estar esperando por alguém e, logo de
Mônica riu por dentro.Helen era mesmo ousada. Não só estava interferindo em outro departamento, como também estava mentindo descaradamente. Ela realmente não conhecia o perfil do gerente Vitor? Ele era o tipo de chefe que defendia seus funcionários com unhas e dentes. Se Helen tentasse demitir alguém do departamento dele, Vitor certamente criaria problemas com o setor de planejamento.Nesse momento, a nova colega, Emma, não conseguiu se segurar:— Gerente Helen, acho que o erro foi seu, não?— Emma, você tem noção do que está dizendo? — Helen não podia acreditar que a novata estava defendendo Mônica. Ela lançou um olhar de ódio para a jovem. — Isso não tem nada a ver com você. Fique fora disso!Mas Emma não se intimidou com a bronca.— Se fosse uma funcionária do nosso departamento, você teria o direito de tomar uma decisão, mas ela é do setor de tradução. Mesmo sendo nova aqui, sei que a empresa não permite que um gerente interfira em outro departamento. Se o problema é a atitude del
Leopoldo sofreu um acidente?Mônica franziu a testa. Lembrava-se bem de que Leopoldo sempre foi um motorista cuidadoso. Como algo assim poderia ter acontecido? Apesar da surpresa, uma pontada de satisfação percorreu seu corpo.No fundo, era uma espécie de justiça divina. Leopoldo havia jurado destruí-la, mas o destino parece ter dado o primeiro golpe. Talvez isso fosse o que chamam de karma. Ele poderia passar o tempo que quisesse no hospital, isso não impediria seu divórcio.Os dois homens que estavam no elevador com ela continuavam conversando, sem perceber a mudança de expressão de Mônica. Um deles mexia no celular, e de repente soltou um “Meu Deus”. O outro inclinou-se para ver a tela.Logo, os dois se viraram para olhar diretamente para Mônica, com expressões curiosas.Mônica, percebendo o que se passava, lançou um olhar rápido para o celular. Era uma foto dela. Sem dúvida, o jornalista já havia publicado a matéria. Mesmo assim, ela manteve uma expressão de surpresa e perguntou:—
— Muito obrigada pelo apoio de vocês. — Mônica sorriu, agradecida.Ela já havia preparado tudo, esperando que Helen fosse a primeira a atacar. Helen queria vê-la humilhada, mas agora era Helen quem estava provando o gosto amargo da humilhação.— Mônica! — A voz enraivecida de Helen ecoou pelo saguão.Ela empurrou as pessoas ao seu redor para abrir caminho, caminhando com passos firmes até Mônica. Seu olhar era feroz, como se quisesse devorá-la viva.— O acidente do Leopoldo, esse vídeo... Foi você quem armou tudo, não foi? — Helen acusou enquanto levantava a mão, pronta para dar um tapa em Mônica.Mas Mônica, preparada para o golpe, rapidamente segurou o braço de Helen com facilidade. Controlando-se, respondeu com uma expressão de cansaço:— Helen, você já roubou meu marido. Eu tenho aguentado isso, mas o que mais você quer? Eu e Leopoldo ainda somos casados. A reputação dele também afeta a minha. Acha mesmo que eu ia querer expor algo que também me prejudicaria?Helen soltou uma risad
As pessoas ao redor começaram a ficar hesitantes, sem saber de que lado ficar.Embora Helen estivesse saindo com Leopoldo, que era casado, Mônica também não era santa, saindo para bares à procura de homens.Nesse momento, a tela, que havia permanecido apagada por um tempo, voltou a se acender.As imagens mostravam a cena de Mônica flagrando a traição no quarto de hotel, mas o áudio era de Helen e Leopoldo.Helen dizia:— Quando o gerente da Mônica fizer aniversário, a gente embebeda ela e arruma um cara pra levar ela pro hotel. Aí, ela não escapa. Vamos ver se ainda vai ter cara de continuar no Grupo Pimentel depois disso.Leopoldo elogiava:— Amor, você é brilhante, esse plano é perfeito. Você é realmente o meu tesouro!— Claro! Só estou esperando vocês se divorciarem!O áudio era curto, mas foi suficiente para deixar todos boquiabertos.Até Helen ficou paralisada. Ela não esperava que Mônica tivesse gravado aquela conversa. A gravação era ainda mais incriminadora do que o vídeo, e ag