— Mônica, estou te dando esse presente como forma de agradecimento, nada mais. — Disse Rubem. — Sei que essas coisas não são um peso para você, porque poderia comprá-las por conta própria.Mônica balançou a cabeça:— Não posso aceitar algo sem retribuir. Você já me deu um apartamento de oitocentos mil. Sou imensamente grata. Não precisa me pedir nada, eu já faria o meu melhor pelo Grupo Pimentel e por você.Sua voz soou fria, polida e sem emoção. Rubem franziu a testa, visivelmente incomodado. Naquele momento, ele até sentiu falta da maneira como ela o chamava de "tio" antes.— Então considere isso um presente de comemoração. — Rubem empurrou o estojo novamente na direção dela com um sorriso discreto. — Você foi promovida a gerente do setor de Reguladores. Não tive a chance de te parabenizar.— Não precisa...Mônica tentou devolver o presente, mas a mão de Rubem pousou firme sobre o estojo. Ele a olhou de forma intensa, e o olhar dele a fez estremecer. Por fim, ela cedeu e aceitou o pr
Quando tudo finalmente se acalmou, os ouvidos de Mônica zumbiam incessantemente. Seu ombro direito doía intensamente, e havia um gosto metálico na garganta. Antes que pudesse controlar, vomitou sangue.Quando conseguiu abrir os olhos, sentiu um peso esmagador sobre si. Era como se alguém estivesse deitado sobre ela.Rubem, no momento crítico, havia soltado o cinto de segurança para protegê-la, jogando-se por cima dela. O vidro do para-brisa havia se estilhaçado em suas costas, cravando-se profundamente em sua pele. Ele estava preso na estrutura deformada do carro, coberto de sangue.— Rubem... Rubem! — Mônica estendeu as mãos trêmulas para afastá-lo. O rosto dele estava completamente ensanguentado, uma visão aterradora. Apesar disso, ela percebeu que ele ainda respirava, embora de forma fraca e irregular.Rubem moveu levemente as pálpebras e, com grande esforço, abriu os olhos. Seu olhar, ainda profundo e intenso, a percorreu de cima a baixo. Sua voz saiu rouca, quase um sussurro:— Vo
O peito de Douglas parecia prestes a explodir de dor e frustração. Ele queria explicar tudo para ela, dizer o que estava preso dentro de si, mas sabia que aquele momento não era o certo. Decidido, tentou puxá-la para longe do carro.Os dois se enfrentavam sob a chuva, cada um lutando pelo que acreditava. Mônica, no entanto, não conseguia se soltar. Num ato de desespero, levantou a mão e deu-lhe um tapa forte.O som seco ecoou no ar. A cabeça de Douglas virou de lado com o impacto, e seus óculos voaram para longe. Em poucos segundos, uma marca vermelha em forma de mão apareceu em sua bochecha. Mônica, com a palma da mão dormente, percebeu tardiamente o que havia feito.A sirene da ambulância soava cada vez mais perto, até finalmente chegar ao local do acidente.— Me desculpe... — Murmurou ela, antes de se virar e correr em direção ao carro para ajudar.Douglas continuou parado, imóvel sob a chuva.Com a ajuda dos paramédicos, Mônica finalmente conseguiu retirar Rubem dos destroços. Suas
— Tia Virgínia! — Rebeca chamou.Era ela, Virgínia, a quarta filha da família Pimentel, tia de Rubem e Rebeca.— Estão todos aqui? — Virgínia assentiu levemente, lançando um olhar para a luz vermelha acesa da sala de cirurgia antes de perguntar a Rebeca. — Ouvi dizer que Rubem sofreu um acidente. Como ele está?— Rubem ainda está na cirurgia. Não sabemos ao certo. — Respondeu Rebeca, inclinando o olhar para Mônica. — Esta é Mônica, a nova gerente do setor de Reguladores do Grupo Pimentel. Ela também estava no carro com o Rubem.Ao ouvir o nome de Mônica, as pupilas de Virgínia se contraíram de imediato. Seu olhar afiado pousou sobre Mônica, fixo e implacável. Apesar de seu rosto manter a serenidade, seus olhos revelavam uma tempestade contida.Ela só conhecia Mônica de nome. Mas agora, vendo-a pessoalmente, confirmou que era a mesma mulher que havia recusado uma proposta de negócios sua, preferindo acompanhar Rubem em uma viagem à Turquia. A mesma mulher que, de forma indireta, havia f
Eduardo, que Mônica já tinha visto em uma chamada de vídeo, cumprimentou-a com suavidade:— Srta. Mônica.— Uau, você é realmente linda! — Exclamou um jovem que estava ao lado de Eduardo, seus olhos estreitos brilhando de interesse enquanto olhava para ela. Ele fez um gesto casual com a mão. — A gente se adicionou no Line, lembra?Mônica imediatamente se lembrou da vez em que Rubem, sem paciência, passou o contato de um homem para ela. O mesmo que havia dito algo como: "Que tal a gente conversar mais a fundo, gata?"Seu rosto se contraiu involuntariamente:— Francisco?— É isso mesmo! — Francisco sorriu de canto, com um ar despreocupado. — Parece que eu deixei uma impressão marcante, hein?Mônica ficou sem palavras.Eduardo, irritado, deu uma cotovelada no estômago de Francisco para fazê-lo calar a boca e se virou para Mônica:— Como está o Rubem?— O Sr. Rubem ainda está na cirurgia. — Respondeu ela, tentando manter a calma, embora seu ombro tremesse levemente ao lembrar da cena que h
Diante das súplicas de Virgínia, o médico apenas suspirou, impotente, e respondeu:— Não é uma questão de dinheiro... É que... A situação da perna do Sr. Rubem é muito grave. Fizemos tudo o que podíamos. Desculpe, agora preciso ir, tenho outras cirurgias para atender.O médico se apressou para a próxima cirurgia e logo saiu. A enfermeira empurrou a maca e levou Rubem para o quarto. Do lado de fora do centro cirúrgico, só restavam alguns membros da família Pimentel: Mônica, Eduardo e mais alguns.Ao ouvirem as palavras do médico, os rostos deles mudaram imediatamente. Francisco, visivelmente abalado, deu um passo à frente, tentando segurar o médico, mas Eduardo o puxou de volta com força.— Já chega! Quer causar mais confusão? — Eduardo lançou-lhe um olhar severo e, em seguida, voltou sua atenção para Mônica, com o semblante pesado. — Mônica, você não disse que o Rubem estava bem? Como isso foi acontecer?— Eu... eu não sei... — Gaguejou Mônica, com os olhos perdidos. Na ambulância, a e
Quando a empregada entrou no carro e fechou a porta, Virgínia perguntou:— É verdade?— Sra. Virgínia, é verdade. — Respondeu a empregada em voz baixa. — O médico é um dos nossos, ele não teria coragem de mentir. Ele até me mandou uma mensagem dizendo que a perna do Rubem entrou em necrose. Ele nunca mais vai conseguir ficar de pé.— Muito bem, isso é o que eu chamo de justiça divina! — Virgínia esboçou um leve sorriso, sentindo um prazer profundo em seu íntimo. — Ele foi trazido para a família Pimentel pelo Conrado e começou a achar que era um de nós. Queria dominar tudo sozinho?— Ele teve a ousadia de barrar a promoção do meu filho e ainda atrapalhou os meus negócios! Pois bem, agora ele vai pagar por isso. Um moleque como ele... Que méritos ele tem para herdar o Grupo Pimentel?A empregada concordou, acenando com a cabeça:— É verdade. Rubem só tem um pouco mais de inteligência, mas o Sr. Conrado sempre o protegeu. A família Pimentel tem tanta gente capaz, e antes de tudo a avó sem
A preocupação e a urgência estavam estampadas no rosto dela, e seus passos eram apressados. No entanto, sua elegância seguia intacta. Ao se aproximar, Maitê acenou levemente para Eduardo e os outros.— Olá, eu sou Maitê Bingham, noiva do Rubem.Sua voz era suave, sem afetação, e transmitia uma calma que cativava.Mônica só conhecia Maitê através das páginas dos jornais e, ao vê-la pessoalmente, percebeu que ela era ainda mais bonita do que nas fotos.Eduardo rapidamente se apresentou, assim como Francisco e Gustavo.De repente, Maitê pareceu perder o equilíbrio. Seu tornozelo virou, e ela quase caiu. Eduardo, que estava próximo, hesitou em ajudá-la, mas Mônica, que estava ao lado, foi quem a segurou.— Maitê, você está bem? — Perguntou Mônica, preocupada.— Sim... Sim, está tudo bem. — Respondeu Maitê, com a voz um pouco trêmula.Mônica notou que o braço dela estava tremendo, como se estivesse tentando conter algo. Maitê, no entanto, recuperou a compostura rapidamente, em questão de se