O peito de Douglas parecia prestes a explodir de dor e frustração. Ele queria explicar tudo para ela, dizer o que estava preso dentro de si, mas sabia que aquele momento não era o certo. Decidido, tentou puxá-la para longe do carro.Os dois se enfrentavam sob a chuva, cada um lutando pelo que acreditava. Mônica, no entanto, não conseguia se soltar. Num ato de desespero, levantou a mão e deu-lhe um tapa forte.O som seco ecoou no ar. A cabeça de Douglas virou de lado com o impacto, e seus óculos voaram para longe. Em poucos segundos, uma marca vermelha em forma de mão apareceu em sua bochecha. Mônica, com a palma da mão dormente, percebeu tardiamente o que havia feito.A sirene da ambulância soava cada vez mais perto, até finalmente chegar ao local do acidente.— Me desculpe... — Murmurou ela, antes de se virar e correr em direção ao carro para ajudar.Douglas continuou parado, imóvel sob a chuva.Com a ajuda dos paramédicos, Mônica finalmente conseguiu retirar Rubem dos destroços. Suas
— Tia Virgínia! — Rebeca chamou.Era ela, Virgínia, a quarta filha da família Pimentel, tia de Rubem e Rebeca.— Estão todos aqui? — Virgínia assentiu levemente, lançando um olhar para a luz vermelha acesa da sala de cirurgia antes de perguntar a Rebeca. — Ouvi dizer que Rubem sofreu um acidente. Como ele está?— Rubem ainda está na cirurgia. Não sabemos ao certo. — Respondeu Rebeca, inclinando o olhar para Mônica. — Esta é Mônica, a nova gerente do setor de Reguladores do Grupo Pimentel. Ela também estava no carro com o Rubem.Ao ouvir o nome de Mônica, as pupilas de Virgínia se contraíram de imediato. Seu olhar afiado pousou sobre Mônica, fixo e implacável. Apesar de seu rosto manter a serenidade, seus olhos revelavam uma tempestade contida.Ela só conhecia Mônica de nome. Mas agora, vendo-a pessoalmente, confirmou que era a mesma mulher que havia recusado uma proposta de negócios sua, preferindo acompanhar Rubem em uma viagem à Turquia. A mesma mulher que, de forma indireta, havia f
Eduardo, que Mônica já tinha visto em uma chamada de vídeo, cumprimentou-a com suavidade:— Srta. Mônica.— Uau, você é realmente linda! — Exclamou um jovem que estava ao lado de Eduardo, seus olhos estreitos brilhando de interesse enquanto olhava para ela. Ele fez um gesto casual com a mão. — A gente se adicionou no Line, lembra?Mônica imediatamente se lembrou da vez em que Rubem, sem paciência, passou o contato de um homem para ela. O mesmo que havia dito algo como: "Que tal a gente conversar mais a fundo, gata?"Seu rosto se contraiu involuntariamente:— Francisco?— É isso mesmo! — Francisco sorriu de canto, com um ar despreocupado. — Parece que eu deixei uma impressão marcante, hein?Mônica ficou sem palavras.Eduardo, irritado, deu uma cotovelada no estômago de Francisco para fazê-lo calar a boca e se virou para Mônica:— Como está o Rubem?— O Sr. Rubem ainda está na cirurgia. — Respondeu ela, tentando manter a calma, embora seu ombro tremesse levemente ao lembrar da cena que h
Diante das súplicas de Virgínia, o médico apenas suspirou, impotente, e respondeu:— Não é uma questão de dinheiro... É que... A situação da perna do Sr. Rubem é muito grave. Fizemos tudo o que podíamos. Desculpe, agora preciso ir, tenho outras cirurgias para atender.O médico se apressou para a próxima cirurgia e logo saiu. A enfermeira empurrou a maca e levou Rubem para o quarto. Do lado de fora do centro cirúrgico, só restavam alguns membros da família Pimentel: Mônica, Eduardo e mais alguns.Ao ouvirem as palavras do médico, os rostos deles mudaram imediatamente. Francisco, visivelmente abalado, deu um passo à frente, tentando segurar o médico, mas Eduardo o puxou de volta com força.— Já chega! Quer causar mais confusão? — Eduardo lançou-lhe um olhar severo e, em seguida, voltou sua atenção para Mônica, com o semblante pesado. — Mônica, você não disse que o Rubem estava bem? Como isso foi acontecer?— Eu... eu não sei... — Gaguejou Mônica, com os olhos perdidos. Na ambulância, a e
Quando a empregada entrou no carro e fechou a porta, Virgínia perguntou:— É verdade?— Sra. Virgínia, é verdade. — Respondeu a empregada em voz baixa. — O médico é um dos nossos, ele não teria coragem de mentir. Ele até me mandou uma mensagem dizendo que a perna do Rubem entrou em necrose. Ele nunca mais vai conseguir ficar de pé.— Muito bem, isso é o que eu chamo de justiça divina! — Virgínia esboçou um leve sorriso, sentindo um prazer profundo em seu íntimo. — Ele foi trazido para a família Pimentel pelo Conrado e começou a achar que era um de nós. Queria dominar tudo sozinho?— Ele teve a ousadia de barrar a promoção do meu filho e ainda atrapalhou os meus negócios! Pois bem, agora ele vai pagar por isso. Um moleque como ele... Que méritos ele tem para herdar o Grupo Pimentel?A empregada concordou, acenando com a cabeça:— É verdade. Rubem só tem um pouco mais de inteligência, mas o Sr. Conrado sempre o protegeu. A família Pimentel tem tanta gente capaz, e antes de tudo a avó sem
A preocupação e a urgência estavam estampadas no rosto dela, e seus passos eram apressados. No entanto, sua elegância seguia intacta. Ao se aproximar, Maitê acenou levemente para Eduardo e os outros.— Olá, eu sou Maitê Bingham, noiva do Rubem.Sua voz era suave, sem afetação, e transmitia uma calma que cativava.Mônica só conhecia Maitê através das páginas dos jornais e, ao vê-la pessoalmente, percebeu que ela era ainda mais bonita do que nas fotos.Eduardo rapidamente se apresentou, assim como Francisco e Gustavo.De repente, Maitê pareceu perder o equilíbrio. Seu tornozelo virou, e ela quase caiu. Eduardo, que estava próximo, hesitou em ajudá-la, mas Mônica, que estava ao lado, foi quem a segurou.— Maitê, você está bem? — Perguntou Mônica, preocupada.— Sim... Sim, está tudo bem. — Respondeu Maitê, com a voz um pouco trêmula.Mônica notou que o braço dela estava tremendo, como se estivesse tentando conter algo. Maitê, no entanto, recuperou a compostura rapidamente, em questão de se
Francisco prendeu a respiração. Íris era a mais nova deles, e além disso, uma garota. Se ela pulasse em qualquer um, não haveria problema, mas sempre se jogava em cima do Gustavo e, claro, acabava sendo arremessada para longe.— Essa pestinha... — Ele resmungou baixinho. — Já caiu de bunda tantas vezes e ainda não aprendeu?— Gustavo! Quanto tempo! — Íris agarrou-se a Gustavo como um polvo, colando-se a ele e esfregando a cabeça em sua camisa como uma criança mimada. — Estava com tanta saudade de você!Gustavo ficou tenso, o corpo rígido como uma rocha. Levantou o braço, pronto para tirá-la de cima e atirá-la para longe, mas algo no canto do olho pareceu chamar sua atenção. Em vez disso, pousou a mão sobre os cabelos dela e fez um leve carinho:— Você se comportou enquanto eu estava fora?Íris arregalou os olhos, surpresa estampada no rosto. Era a primeira vez que Gustavo mostrava qualquer tipo de gentileza com ela. Animada, apertou-o ainda mais e respondeu com um sorriso radiante:— C
— Droga, isso é diferente! — Resmungou Francisco. — Você conhece a Íris, não conhece? Aquela grudenta! E se você me disser que o Gustavo gosta dela, eu sou capaz de cortar minha própria cabeça.Mas sua voz não soava muito convincente, e logo ele virou-se para Eduardo:— Você acha que o Gustavo... Sei lá...— Tem coisas que, se eu te contar, você só vai atrapalhar. — Respondeu Eduardo, sem paciência. Conhecendo bem o jeito de Francisco, ele preferiu não dar mais explicações. — Se você está tão desocupado assim, pode subir até o Corcovado e rezar na capela de Nossa Senhora. Pede pra ela ajudar o Rubem a cair logo na real.— Porra! Como é que eu vou saber se você não me conta? — Francisco explodiu, indignado. — E outra, rezar pra Nossa Senhora não é meu trabalho, né? Você é o irmão mais velho, isso aí é contigo, não comigo.Nesse momento, um vulto apressado, cabeça baixa, veio diretamente em direção a eles. Sem prestar atenção no caminho, a pessoa deu uma cabeçada no braço de Francisco e