— Tia Virgínia! — Rebeca chamou.Era ela, Virgínia, a quarta filha da família Pimentel, tia de Rubem e Rebeca.— Estão todos aqui? — Virgínia assentiu levemente, lançando um olhar para a luz vermelha acesa da sala de cirurgia antes de perguntar a Rebeca. — Ouvi dizer que Rubem sofreu um acidente. Como ele está?— Rubem ainda está na cirurgia. Não sabemos ao certo. — Respondeu Rebeca, inclinando o olhar para Mônica. — Esta é Mônica, a nova gerente do setor de Reguladores do Grupo Pimentel. Ela também estava no carro com o Rubem.Ao ouvir o nome de Mônica, as pupilas de Virgínia se contraíram de imediato. Seu olhar afiado pousou sobre Mônica, fixo e implacável. Apesar de seu rosto manter a serenidade, seus olhos revelavam uma tempestade contida.Ela só conhecia Mônica de nome. Mas agora, vendo-a pessoalmente, confirmou que era a mesma mulher que havia recusado uma proposta de negócios sua, preferindo acompanhar Rubem em uma viagem à Turquia. A mesma mulher que, de forma indireta, havia f
Eduardo, que Mônica já tinha visto em uma chamada de vídeo, cumprimentou-a com suavidade:— Srta. Mônica.— Uau, você é realmente linda! — Exclamou um jovem que estava ao lado de Eduardo, seus olhos estreitos brilhando de interesse enquanto olhava para ela. Ele fez um gesto casual com a mão. — A gente se adicionou no Line, lembra?Mônica imediatamente se lembrou da vez em que Rubem, sem paciência, passou o contato de um homem para ela. O mesmo que havia dito algo como: "Que tal a gente conversar mais a fundo, gata?"Seu rosto se contraiu involuntariamente:— Francisco?— É isso mesmo! — Francisco sorriu de canto, com um ar despreocupado. — Parece que eu deixei uma impressão marcante, hein?Mônica ficou sem palavras.Eduardo, irritado, deu uma cotovelada no estômago de Francisco para fazê-lo calar a boca e se virou para Mônica:— Como está o Rubem?— O Sr. Rubem ainda está na cirurgia. — Respondeu ela, tentando manter a calma, embora seu ombro tremesse levemente ao lembrar da cena que h
Diante das súplicas de Virgínia, o médico apenas suspirou, impotente, e respondeu:— Não é uma questão de dinheiro... É que... A situação da perna do Sr. Rubem é muito grave. Fizemos tudo o que podíamos. Desculpe, agora preciso ir, tenho outras cirurgias para atender.O médico se apressou para a próxima cirurgia e logo saiu. A enfermeira empurrou a maca e levou Rubem para o quarto. Do lado de fora do centro cirúrgico, só restavam alguns membros da família Pimentel: Mônica, Eduardo e mais alguns.Ao ouvirem as palavras do médico, os rostos deles mudaram imediatamente. Francisco, visivelmente abalado, deu um passo à frente, tentando segurar o médico, mas Eduardo o puxou de volta com força.— Já chega! Quer causar mais confusão? — Eduardo lançou-lhe um olhar severo e, em seguida, voltou sua atenção para Mônica, com o semblante pesado. — Mônica, você não disse que o Rubem estava bem? Como isso foi acontecer?— Eu... eu não sei... — Gaguejou Mônica, com os olhos perdidos. Na ambulância, a e
Quando a empregada entrou no carro e fechou a porta, Virgínia perguntou:— É verdade?— Sra. Virgínia, é verdade. — Respondeu a empregada em voz baixa. — O médico é um dos nossos, ele não teria coragem de mentir. Ele até me mandou uma mensagem dizendo que a perna do Rubem entrou em necrose. Ele nunca mais vai conseguir ficar de pé.— Muito bem, isso é o que eu chamo de justiça divina! — Virgínia esboçou um leve sorriso, sentindo um prazer profundo em seu íntimo. — Ele foi trazido para a família Pimentel pelo Conrado e começou a achar que era um de nós. Queria dominar tudo sozinho?— Ele teve a ousadia de barrar a promoção do meu filho e ainda atrapalhou os meus negócios! Pois bem, agora ele vai pagar por isso. Um moleque como ele... Que méritos ele tem para herdar o Grupo Pimentel?A empregada concordou, acenando com a cabeça:— É verdade. Rubem só tem um pouco mais de inteligência, mas o Sr. Conrado sempre o protegeu. A família Pimentel tem tanta gente capaz, e antes de tudo a avó sem
A preocupação e a urgência estavam estampadas no rosto dela, e seus passos eram apressados. No entanto, sua elegância seguia intacta. Ao se aproximar, Maitê acenou levemente para Eduardo e os outros.— Olá, eu sou Maitê Bingham, noiva do Rubem.Sua voz era suave, sem afetação, e transmitia uma calma que cativava.Mônica só conhecia Maitê através das páginas dos jornais e, ao vê-la pessoalmente, percebeu que ela era ainda mais bonita do que nas fotos.Eduardo rapidamente se apresentou, assim como Francisco e Gustavo.De repente, Maitê pareceu perder o equilíbrio. Seu tornozelo virou, e ela quase caiu. Eduardo, que estava próximo, hesitou em ajudá-la, mas Mônica, que estava ao lado, foi quem a segurou.— Maitê, você está bem? — Perguntou Mônica, preocupada.— Sim... Sim, está tudo bem. — Respondeu Maitê, com a voz um pouco trêmula.Mônica notou que o braço dela estava tremendo, como se estivesse tentando conter algo. Maitê, no entanto, recuperou a compostura rapidamente, em questão de se
Francisco prendeu a respiração. Íris era a mais nova deles, e além disso, uma garota. Se ela pulasse em qualquer um, não haveria problema, mas sempre se jogava em cima do Gustavo e, claro, acabava sendo arremessada para longe.— Essa pestinha... — Ele resmungou baixinho. — Já caiu de bunda tantas vezes e ainda não aprendeu?— Gustavo! Quanto tempo! — Íris agarrou-se a Gustavo como um polvo, colando-se a ele e esfregando a cabeça em sua camisa como uma criança mimada. — Estava com tanta saudade de você!Gustavo ficou tenso, o corpo rígido como uma rocha. Levantou o braço, pronto para tirá-la de cima e atirá-la para longe, mas algo no canto do olho pareceu chamar sua atenção. Em vez disso, pousou a mão sobre os cabelos dela e fez um leve carinho:— Você se comportou enquanto eu estava fora?Íris arregalou os olhos, surpresa estampada no rosto. Era a primeira vez que Gustavo mostrava qualquer tipo de gentileza com ela. Animada, apertou-o ainda mais e respondeu com um sorriso radiante:— C
— Droga, isso é diferente! — Resmungou Francisco. — Você conhece a Íris, não conhece? Aquela grudenta! E se você me disser que o Gustavo gosta dela, eu sou capaz de cortar minha própria cabeça.Mas sua voz não soava muito convincente, e logo ele virou-se para Eduardo:— Você acha que o Gustavo... Sei lá...— Tem coisas que, se eu te contar, você só vai atrapalhar. — Respondeu Eduardo, sem paciência. Conhecendo bem o jeito de Francisco, ele preferiu não dar mais explicações. — Se você está tão desocupado assim, pode subir até o Corcovado e rezar na capela de Nossa Senhora. Pede pra ela ajudar o Rubem a cair logo na real.— Porra! Como é que eu vou saber se você não me conta? — Francisco explodiu, indignado. — E outra, rezar pra Nossa Senhora não é meu trabalho, né? Você é o irmão mais velho, isso aí é contigo, não comigo.Nesse momento, um vulto apressado, cabeça baixa, veio diretamente em direção a eles. Sem prestar atenção no caminho, a pessoa deu uma cabeçada no braço de Francisco e
Se o acidente de Rubem não tivesse sido sabotado, então, com certeza, havia alguém conspirando nos bastidores.— Mônica, o Rubem está sob meus cuidados. Pode ficar tranquila. — Disse Maitê, percebendo que suas palavras haviam despertado algo em Mônica. Ela segurou o ombro da outra com firmeza. — Não decepcione a confiança que ele tem em você. O Grupo Pimentel agora está nas suas mãos.— Certo. — Respondeu Mônica, assentindo enquanto tentava controlar o turbilhão de emoções que fervia dentro dela.A notícia sobre as pernas de Rubem já havia chegado aos parentes da família Pimentel no país. Era questão de tempo até que, na manhã seguinte, todos os jornais publicassem a história. Ela precisava se preparar.De repente, o som de um celular interrompeu seus pensamentos. O aparelho tocava dentro da bolsa de Maitê. Ela o pegou, olhou para o nome na tela, apertou os lábios e, após avisar Mônica, afastou-se para atender a ligação em um canto discreto:— Não vou poder voltar nos próximos dias. Es