Francisco prendeu a respiração. Íris era a mais nova deles, e além disso, uma garota. Se ela pulasse em qualquer um, não haveria problema, mas sempre se jogava em cima do Gustavo e, claro, acabava sendo arremessada para longe.— Essa pestinha... — Ele resmungou baixinho. — Já caiu de bunda tantas vezes e ainda não aprendeu?— Gustavo! Quanto tempo! — Íris agarrou-se a Gustavo como um polvo, colando-se a ele e esfregando a cabeça em sua camisa como uma criança mimada. — Estava com tanta saudade de você!Gustavo ficou tenso, o corpo rígido como uma rocha. Levantou o braço, pronto para tirá-la de cima e atirá-la para longe, mas algo no canto do olho pareceu chamar sua atenção. Em vez disso, pousou a mão sobre os cabelos dela e fez um leve carinho:— Você se comportou enquanto eu estava fora?Íris arregalou os olhos, surpresa estampada no rosto. Era a primeira vez que Gustavo mostrava qualquer tipo de gentileza com ela. Animada, apertou-o ainda mais e respondeu com um sorriso radiante:— C
— Droga, isso é diferente! — Resmungou Francisco. — Você conhece a Íris, não conhece? Aquela grudenta! E se você me disser que o Gustavo gosta dela, eu sou capaz de cortar minha própria cabeça.Mas sua voz não soava muito convincente, e logo ele virou-se para Eduardo:— Você acha que o Gustavo... Sei lá...— Tem coisas que, se eu te contar, você só vai atrapalhar. — Respondeu Eduardo, sem paciência. Conhecendo bem o jeito de Francisco, ele preferiu não dar mais explicações. — Se você está tão desocupado assim, pode subir até o Corcovado e rezar na capela de Nossa Senhora. Pede pra ela ajudar o Rubem a cair logo na real.— Porra! Como é que eu vou saber se você não me conta? — Francisco explodiu, indignado. — E outra, rezar pra Nossa Senhora não é meu trabalho, né? Você é o irmão mais velho, isso aí é contigo, não comigo.Nesse momento, um vulto apressado, cabeça baixa, veio diretamente em direção a eles. Sem prestar atenção no caminho, a pessoa deu uma cabeçada no braço de Francisco e
Se o acidente de Rubem não tivesse sido sabotado, então, com certeza, havia alguém conspirando nos bastidores.— Mônica, o Rubem está sob meus cuidados. Pode ficar tranquila. — Disse Maitê, percebendo que suas palavras haviam despertado algo em Mônica. Ela segurou o ombro da outra com firmeza. — Não decepcione a confiança que ele tem em você. O Grupo Pimentel agora está nas suas mãos.— Certo. — Respondeu Mônica, assentindo enquanto tentava controlar o turbilhão de emoções que fervia dentro dela.A notícia sobre as pernas de Rubem já havia chegado aos parentes da família Pimentel no país. Era questão de tempo até que, na manhã seguinte, todos os jornais publicassem a história. Ela precisava se preparar.De repente, o som de um celular interrompeu seus pensamentos. O aparelho tocava dentro da bolsa de Maitê. Ela o pegou, olhou para o nome na tela, apertou os lábios e, após avisar Mônica, afastou-se para atender a ligação em um canto discreto:— Não vou poder voltar nos próximos dias. Es
Não importava se o acidente de Rubem tinha sido planejado ou apenas uma fatalidade. O fato era que ele havia se jogado para protegê-la, e isso custou suas pernas. Mônica sabia que tinha, sim, uma parcela de responsabilidade.Vendo a determinação no rosto da amiga, Emma desistiu de insistir:— Se precisar de mim, é só falar! Tá bom que eu sou só uma planejadora, mas minha cabeça funciona muito bem, viu?Mônica não resistiu e sorriu:— Combinado.Era verdade. Emma tinha uma mente ágil e era extremamente inteligente. Da última vez, o mapa que ela desenhou tinha sido de grande ajuda.Quando chegaram ao apartamento, já eram cinco da manhã. O céu começava a clarear. Emma, exausta, anunciou que dormiria algumas horas. Mônica, por outro lado, não conseguiu sequer pensar em dormir. Toda vez que fechava os olhos, as cenas do acidente vinham à tona. A conversa que teve com Rubem no carro, o sedã vindo na contramão e, principalmente, o momento em que Rubem se jogou sobre ela para protegê-la. —
— Além disso, a polícia analisou as imagens das câmeras e conseguiu identificar o motorista que dirigia na contramão. Ele estava bêbado, bateu no carro e ainda fugiu. Agora está detido na delegacia, aguardando julgamento.Kelly relatava cada detalhe com sua habitual calma e eficiência. Mônica, admirando a compostura da assistente, puxou o pequeno presente sobre a mesa. Quando abriu a caixa com cuidado, a palavra Néonatal, em francês, saltou aos seus olhos.Seria aquilo um símbolo de um "renascimento" para ela, ou para o Grupo Pimentel?Ela deslizou os dedos pela placa de diamante, sentindo o frio do material, e, sem hesitar, pegou o colar e o colocou no pescoço. O brilho discreto refletiu na sua pele, como se fosse feito sob medida para ela.Mônica não se apressou em abrir os documentos que estavam sobre a mesa. Em vez disso, disse a Kelly:— Esse motorista não é apenas um caso de direção imprudente. Estamos falando de tentativa de homicídio. E a vítima é o CEO do Grupo Pimentel. Entre
Virgínia estava sentada no lugar que antes pertencia a Rubem, e Rebeca estava ao seu lado. A mensagem era clara, não precisava de explicações. Quando Mônica entrou na sala de reuniões dos altos escalões, Rebeca franziu a testa, com um ar de desprezo:— Mônica, o seu departamento foi criado exclusivamente pelo antigo CEO, sem consulta a ninguém. Mesmo sendo gerente, você não deveria estar aqui.As palavras de Rebeca ecoaram na mente de Mônica como um déjà-vu. Eram quase idênticas às que Patrícia tinha dito a ela na primeira vez que esteve naquela sala.Antigo CEO? Já tinham descartado Rubem tão rápido assim? Mônica esboçou um sorriso frio:— Meu departamento foi, de fato, criado pelo Sr. Rubem, mas com o conhecimento de todos os diretores. Não entendi o que você quis dizer com "sem consulta a ninguém". Você está se referindo aos acionistas ou aos vice-presidentes? A menos que o cargo de CEO mude de mãos, as decisões sobre mudanças no alto escalão não cabem aos acionistas. E os vice-p
Mônica não demonstrou irritação. Em vez disso, virou-se para os acionistas e perguntou com calma:— Senhores, os senhores nos chamaram aqui, os altos executivos, mas não nos dão o direito de falar? Qual seria, então, o propósito da nossa presença?— A Mônica tem razão. — Disse João, aproveitando a deixa. — O presidente Rubem está em coma, mas ele ainda é parte do Grupo Pimentel. Sra. Virgínia, se a senhora continuar interferindo, estará violando as regras do Sr. Conrado.Os acionistas, que já estavam incomodados, ficaram ainda mais tensos. Mesmo aqueles que apoiavam Virgínia preferiram não dizer mais nada. Todos sabiam que Conrado, embora tivesse passado a presidência para Rubem, ainda detinha uma parte significativa das ações do Grupo Pimentel. Somadas às ações de Rubem, eles tinham a maioria absoluta. Além disso, Conrado era conhecido por ser implacável. Se alguém quebrasse suas regras, ele não hesitaria em expulsá-lo da empresa. E, considerando que o Grupo Pimentel era uma mina de
Conrado lançou um olhar afiado pela sala de reuniões, detendo-se por acaso em Mônica, que estava de pé. Por um instante, ele ficou surpreso, mas logo abriu um leve sorriso, acenando com a cabeça para ela.Mônica, ainda atordoada, inclinou-se ligeiramente em um gesto de respeito, sem saber muito bem o que fazer.Foi só naquele momento que ela se deu conta de que o senhor à sua frente era Conrado. Desde que havia se casado com Leopoldo, ela tinha visitado a Mansão Pimentel algumas vezes, mas Conrado estava no exterior em tratamento de saúde e eles nunca haviam se encontrado. Que coincidência!— Sr. Conrado, o Sr. Rubem está hospitalizado, e a empresa não pode ficar sem liderança! — Explicou Breno, direto ao ponto. — Por isso estamos reunidos aqui, para decidir quem assumirá a gestão temporária do Grupo Pimentel. Se as ações continuarem caindo desse jeito, os acionistas não vão aguentar.João concordou com um gesto de cabeça e acrescentou:— O senhor mesmo estabeleceu a regra: no máximo