– Elliot não expulsaria você – Skyla, de imediato, conclui.Sorrio novamente, desta vez achando graça de sua inocência.Ele não me expulsaria? Oh, claro. Me vender parece menos ruim.Penso em uma forma de lhe contar a verdade. Não quero dizer que LeBlanc simplesmente tirou o talão de cheques do bolso e me adquiriu, como se estivesse na concessionária da Ferrari. Também não quero dizer que Elliot desistiu de ser meu pai e me trocou por dígitos em sua conta. Não quero passar pela humilhação de ter que contar o que houve nesta noite.– É difícil explicar.– Bem – Skyla se levanta, estendendo as mãos para mim – Sobre familiares que não dão a porra da mínima para seus filhotes, eu entendo. Agora você pode tomar banho, vestir uma de minhas camisolas e dormir.Seguro suas mãos e me levanto.– Quando acordar, podemos fazer algo para distrair sua cabeça – ela continua.Me distrair do fato de que valho menos do que os carros na garagem de Elliot? Eu acho que não.– Simples assim?– Claro, docin
LEBLANC...Camisa branca perfeitamente alinhada, gravata simétrica, todos os botões do colete fechados, paletó bem passado e sapatos lustrosos. Eu não precisava me preparar para este evento, mas fiz questão.Olho para o outro lado da rua, onde a mansão Parker foi construída. Meus pés formigam, ansiando pelo momento em que entrarei na casa. No entanto, preciso aguardar. A festa ainda não acabou.O sol já se pôs há alguns minutos, e uma fina garoa – prelúdio da chuva – começa a cair. Seguro o guarda-chuva acima de mim, porque não quero molhar o terno. Hoje, de fato, o diabo veste Prada.Quando estou trabalhando, normalmente, consigo congelar minhas emoções. Não me sinto bem, porque não sou um psicopata. No entanto, também não me sinto mal. Apenas não sinto. O resultado do meu trabalho é problema dos meus clientes, não meu.Contudo, excepcionalmente hoje, sinto alguma emoção enquanto aguardo pelo fim da pequena festa que Skyla deu. Porque hoje não estou fazendo um serviço, estou fazendo
ANGELIC...Desperto, sentindo meu corpo corresponder da pior forma possível. Minha cabeça lateja como nunca antes. Tento abrir os olhos, e agradeço pela escuridão ao meu redor. Eu não suportaria sequer uma faísca de luz do sol.Olho para o lado, buscando meu relógio de cabeceira. Não o encontro, então me lembro de que não estou em casa.Na verdade, onde eu estou?Me sento na cama macia, e sinto o lençol de cetim sob meu corpo. Não é a cama de Skyla, ela odeia tecido escorregadio.Aos poucos, as imagens da última noite voltam para minha memória. Me recordo de Tyler me oferecendo o primeiro copo, depois o segundo, o terceiro... depois estávamos todos alterados, bebendo qualquer coisa que colocassem em nossos copos.Merda.Eu apaguei no sofá da área de lazer. Tyler não teria forças para me levar para cama, então...Toco meu corpo, percebendo que todas as peças de roupa estão aqui. Respiro aliviada por saber que não fui parar pelada na cama de um desconhecido.Me levanto. A vontade de con
LEBLANC...Existem homens inteligentes. Aqueles que constroem aviões, que fazem um pedaço de lata se locomover e chamam de carro. Homens que fazem o mundo prosperar, porque estão sempre tirando algo de suas mentes e colocando na terra.Por outro lado, existem homens de músculos. Eles raramente usam o cérebro mais do que os braços. São os executores. O inteligente pode até construir o avião, mas quem irá pilotar?Mas, ainda assim, existe uma terceira categoria, e eu me atrevo a dizer que é a melhor dentre todas. Homens inteligentes e executores. Aqueles que não usam o cérebro para fazer algo, mas pagam alguém para que o faça. São os famigerados chefes, aqueles que pagam o salário dos inteligentes e executores, e não precisam sequer levantar da cama.É interessante, porque exatamente agora estou vendo dois homens trabalhando. Um deles é um piloto de avião; o homem executor. O outro é um assessor; o homem inteligente. Eles estão discutindo sobre o abastecimento do avião no último mês, e
ANGELIC...Salto sobre os cacos de vidro – do copo que acabei de derrubar. LeBlanc me arrasta em direção ao corredor, sem esforço algum. Olho para trás, para a porta de entrada do apartamento que ele sequer trancou.LeBlanc abre a porta do primeiro quarto, mas não parece se contentar. Ele segue para a segunda, que é um banheiro. Me dou conta de quais são suas intenções apenas quando ele abre a porta do quarto principal, então entra.Eu nunca estive no apartamento de Vicenzo. Na verdade, nunca estive no apartamento de um homem, pelo menos não sozinha. É claro que nunca direi isso a LeBlanc. Se ele perguntar, direi que frequentava este apartamento todos os dias.Aaron para, encara a cama arrumada com lençóis e edredom branco. Ele me olha sobre o ombro.- Esta é a cama onde ele pensa que vai comer você?Não.A família Mares gosta de ter todos seus entes próximos. Neste caso, aposto que Vicenzo me levaria para morar com sua mãe e irmãos nos Hamptons.- Ele pensa? – ergo uma sobrancelha.N
- Sim... – tento puxar meus pulsos, porém estão muito bem presos na cabeceira – Isso é muito bom.Sua língua gira ao redor do meu clitóris, depois desce e sobe. Evito olhar para baixo, porque sei que seus olhos estão em mim; devorando cada um dos meus gemidos. Empurro o quadril para cima, e, em resposta, ele me chupa com mais pressão.Meu estômago contrai à medida que o prazer vai progredindo. Os fios macios de seu cabelo roçam contra a parte interna e sensível das minhas coxas. O sangue pulsa em cada milímetro do meu corpo.Seus lábios prestam uma atenção especial ao meu clitóris, chupando com dedicação e exigência, como se nunca fosse ter o suficiente. Minha mente entra em combustão enquanto eu me contorço sob ele. Suas mãos mantêm meu quadril no lugar enquanto sua língua me lambe, chupa, explora e invade.- Aaron – seu nome sai dos meus lábios com tanta naturalidade e necessidade que parece que sempre fizemos isso – Eu preciso...Sua boca deixa de me chupar, e meu corpo imediatamen
LEBLANC...Eu sempre apreciei a solidão. Não o sentimento vazio e miserável, mas aquela sensação de que ninguém, além de você mesmo, importa. Eu costumava gostar da minha privacidade, porque a única coisa me julgando era minha moral, ninguém mais. Eu cresci assim. Eu vivi sozinho, me afogando no ouro por não gostar da prata.Minha casa sempre foi um local silencioso. Odeio vizinhos, odeio barulho, odeio não ter paz. Entretanto, mesmo assim, eu passei a noite em claro. Eu ouvi Angelic caminhando pelo quarto principal enquanto eu estava no quarto de hóspedes, logo ao lado. Ouvi o chuveiro sendo ligado, depois o colchão afundando e o abajur sendo desligado.Quando o primeiro raio de sol infiltrou o quarto, eu me levantei. Ainda podia sentir a presença dela do outro lado da parede. Ela é uma intrusa no meu mundo, mas isso me obriga a me perguntar; eu quero que ela deixe de ser?Eu gosto da solidão, mas também gosto dela usando minhas roupas. Gosto de saber que ela tem meu cheiro agora. Go
ANGELIC...- Certo, turma. Nos vemos na próxima semana – o professor Harley diz, encerrando a última aula do dia.- Graças a Deus – ouço Skyla murmurar ao meu lado.As pessoas ao redor da sala começam a se levantar depressa, porque esta está longe de ser nossa melhor aula. Não tenho sequer uma caneta, então apenas me levanto e espero Skyla terminar de organizar seus pertences na bolsa. Saímos juntas, e por último, como sempre.- Você não vai mesmo me contar o que está acontecendo, não é? – ela diz, despretensiosamente, enquanto brinca com a trança em seu cabelo.Viver a tragédia que foi minha vida nas últimas semanas foi bizarro, e falar sobre isso é ainda mais. Eu amo Skyla com todo meu coração, mas não quero ter que expressar o que sinto.Na verdade, eu me sinto tão ferida que tudo que quero é me curar. Eu quero me abrigar em mim mesma e ser tudo que implorei para que outras pessoas fossem. Porque, eu sei, alguém devia ter cuidado de mim. Mas não cuidaram. E eu não quero ser forte.