LEBLANC...Existem homens inteligentes. Aqueles que constroem aviões, que fazem um pedaço de lata se locomover e chamam de carro. Homens que fazem o mundo prosperar, porque estão sempre tirando algo de suas mentes e colocando na terra.Por outro lado, existem homens de músculos. Eles raramente usam o cérebro mais do que os braços. São os executores. O inteligente pode até construir o avião, mas quem irá pilotar?Mas, ainda assim, existe uma terceira categoria, e eu me atrevo a dizer que é a melhor dentre todas. Homens inteligentes e executores. Aqueles que não usam o cérebro para fazer algo, mas pagam alguém para que o faça. São os famigerados chefes, aqueles que pagam o salário dos inteligentes e executores, e não precisam sequer levantar da cama.É interessante, porque exatamente agora estou vendo dois homens trabalhando. Um deles é um piloto de avião; o homem executor. O outro é um assessor; o homem inteligente. Eles estão discutindo sobre o abastecimento do avião no último mês, e
ANGELIC...Salto sobre os cacos de vidro – do copo que acabei de derrubar. LeBlanc me arrasta em direção ao corredor, sem esforço algum. Olho para trás, para a porta de entrada do apartamento que ele sequer trancou.LeBlanc abre a porta do primeiro quarto, mas não parece se contentar. Ele segue para a segunda, que é um banheiro. Me dou conta de quais são suas intenções apenas quando ele abre a porta do quarto principal, então entra.Eu nunca estive no apartamento de Vicenzo. Na verdade, nunca estive no apartamento de um homem, pelo menos não sozinha. É claro que nunca direi isso a LeBlanc. Se ele perguntar, direi que frequentava este apartamento todos os dias.Aaron para, encara a cama arrumada com lençóis e edredom branco. Ele me olha sobre o ombro.- Esta é a cama onde ele pensa que vai comer você?Não.A família Mares gosta de ter todos seus entes próximos. Neste caso, aposto que Vicenzo me levaria para morar com sua mãe e irmãos nos Hamptons.- Ele pensa? – ergo uma sobrancelha.N
- Sim... – tento puxar meus pulsos, porém estão muito bem presos na cabeceira – Isso é muito bom.Sua língua gira ao redor do meu clitóris, depois desce e sobe. Evito olhar para baixo, porque sei que seus olhos estão em mim; devorando cada um dos meus gemidos. Empurro o quadril para cima, e, em resposta, ele me chupa com mais pressão.Meu estômago contrai à medida que o prazer vai progredindo. Os fios macios de seu cabelo roçam contra a parte interna e sensível das minhas coxas. O sangue pulsa em cada milímetro do meu corpo.Seus lábios prestam uma atenção especial ao meu clitóris, chupando com dedicação e exigência, como se nunca fosse ter o suficiente. Minha mente entra em combustão enquanto eu me contorço sob ele. Suas mãos mantêm meu quadril no lugar enquanto sua língua me lambe, chupa, explora e invade.- Aaron – seu nome sai dos meus lábios com tanta naturalidade e necessidade que parece que sempre fizemos isso – Eu preciso...Sua boca deixa de me chupar, e meu corpo imediatamen
LEBLANC...Eu sempre apreciei a solidão. Não o sentimento vazio e miserável, mas aquela sensação de que ninguém, além de você mesmo, importa. Eu costumava gostar da minha privacidade, porque a única coisa me julgando era minha moral, ninguém mais. Eu cresci assim. Eu vivi sozinho, me afogando no ouro por não gostar da prata.Minha casa sempre foi um local silencioso. Odeio vizinhos, odeio barulho, odeio não ter paz. Entretanto, mesmo assim, eu passei a noite em claro. Eu ouvi Angelic caminhando pelo quarto principal enquanto eu estava no quarto de hóspedes, logo ao lado. Ouvi o chuveiro sendo ligado, depois o colchão afundando e o abajur sendo desligado.Quando o primeiro raio de sol infiltrou o quarto, eu me levantei. Ainda podia sentir a presença dela do outro lado da parede. Ela é uma intrusa no meu mundo, mas isso me obriga a me perguntar; eu quero que ela deixe de ser?Eu gosto da solidão, mas também gosto dela usando minhas roupas. Gosto de saber que ela tem meu cheiro agora. Go
ANGELIC...- Certo, turma. Nos vemos na próxima semana – o professor Harley diz, encerrando a última aula do dia.- Graças a Deus – ouço Skyla murmurar ao meu lado.As pessoas ao redor da sala começam a se levantar depressa, porque esta está longe de ser nossa melhor aula. Não tenho sequer uma caneta, então apenas me levanto e espero Skyla terminar de organizar seus pertences na bolsa. Saímos juntas, e por último, como sempre.- Você não vai mesmo me contar o que está acontecendo, não é? – ela diz, despretensiosamente, enquanto brinca com a trança em seu cabelo.Viver a tragédia que foi minha vida nas últimas semanas foi bizarro, e falar sobre isso é ainda mais. Eu amo Skyla com todo meu coração, mas não quero ter que expressar o que sinto.Na verdade, eu me sinto tão ferida que tudo que quero é me curar. Eu quero me abrigar em mim mesma e ser tudo que implorei para que outras pessoas fossem. Porque, eu sei, alguém devia ter cuidado de mim. Mas não cuidaram. E eu não quero ser forte.
Choro, e me permito chorar. Todas as lágrimas presas desde que fui atacada no trânsito precisam sair de mim. Toda a raiva de LeBlanc por ter me comprado. A decepção quando me lembro de tudo que fiz por cada Donneli que conheço. O medo de morrer. A vontade de morrer. Tudo.- Eu vou pensar – digo, porque estou desesperada para sair daqui.- Não pense. Eu faço isso por você. Eu farei tudo por você – Vicenzo segura meus braços e me balança, como se precisasse me trazer à realidade – Tudo que você precisa fazer é ser minha, estar na minha casa e gerar meus filhos – seus lábios se aproximam de mim. Viro o rosto para o lado – Seria uma boa vida, Angelic – sussurra.- Se você não me soltar, eu vou começar a gritar.Não vejo, mas tenho certeza de que Vicenzo está me encarando. Sinto sua raiva pairar sobre nós, porque garotos mimados não gostam de ser negados.Suas mãos afrouxam em meus braços. Não espero sequer mais um segundo. Esquivo para o lado e me afasto. Corro em direção à porta, no enta
ANGELIC...Às vezes, precisamos de grandes curativos para grandes feridas. Mas, às vezes, precisamos apenas de um demorado banho para curar aberturas doloridas. Digo, sinceramente, quando toda aquela água quente desliza pelo meu corpo, é como se estivesse me expurgando.É por isso que termino o banho com certo pesar. Eu poderia passar o dia inteiro dentro do box.Enrolo uma toalha em meu corpo. O aroma ao redor do banheiro tornou-se habitual para mim. O cheiro é claramente masculino, mas, de alguma forma, eu não me importo em ter o cheiro dele. Na verdade, quando estou sozinha durante a madrugada, sinto seu cheiro ao meu redor, e quase posso me convencer de que ele está ao meu lado.Caminho até o espelho embaçado sobre a pia e encaro meu reflexo. Viro a cabeça de um lado para o outro, analisando a marca em meu pescoço. Os dedos de Vicenzo gravados em mim. Sinto a bile subir na garganta, no entanto, me recuso a vomitar novamente.Não posso sentir nojo de mim mesma. Não foi culpa minha.
Me levanto da cama. Eu tenho uma pilha de roupas para organizar. Caminho até o closet, ainda sentindo aquela sensação incômoda de rejeição. Como se ele tivesse escolhido me deixar aqui, e reservado todo seu tempo e suas palavras para outra pessoa.Domada por um instinto infantil, e um tanto quanto rancoroso também, retiro as camisas de LeBlanc dos cabides, colocando as minhas no lugar. Abro espaço nas gavetas para minhas peças íntimas, e, nas prateleiras, organizo os sapatos. Coloco suas peças nas sacolas, e então as deixo sobre a bancada.Eu sei que provavelmente estou exagerando. Mas esse conhecimento faz nada para parar o trem de carga de emoções que funciona em mim.Algum tempo depois, quando tudo está organizado, volto para o quarto. A garoa tornou-se uma chuva forte. Meu celular tocou algumas vezes, mas eu estava ocupada sendo uma criança mimada, portanto, não atendi. Contudo, checo as ligações perdidas, chegando à inédita e surpreendente conclusão de que são todas de LeBlanc.E