Embora o filho estivesse eufórico e não parasse de falar do pai, Justine suspirava enquanto servia a sobremesa. Seus olhos se fixaram no jardineiro que cuidava das belas flores no jardim, e a nostalgia lhe trouxe lembranças da infância na França. Desde o abandono de Sophia, que não era sua mãe biológica, Justine sentia um vazio e uma saudade difícil de preencher.“Será que minha mãe biológica está viva?” O pensamento surgiu de repente.— Está triste, mamãe? — O menino acariciou seu rosto com as mãos pequenas.— Só estou um pouco cansada, meu anjo.Só naquele momento percebeu que todo luxo daquela casa não se comparava à liberdade que tinha de ir e vir quando morava no conjunto habitacional da Via Aler. A vida era simples, porém, ela vivia sem medo de perder a guarda do filho a todo momento.— Está tudo bem? — Dona Laura aproximou-se, oferecendo uma xícara de chá de camomila, com a delicada etiqueta da Dammann Frères. — A governanta me disse que você adora essa marca.— Foi a Helena qu
Após trocar de roupa, Justine seguiu para a sala de estar, onde o filho lia com atenção a história do “Pequeno Polegar” de Charles Perrault. Com um orgulho evidente, a mãe observava a desenvoltura do menino enquanto ele passava os olhos pelo texto. Sentada no sofá ao lado de Bryan, Dona Laura estava tricotando um suéter azul-claro. — Mamãe, quer ler comigo? — perguntou Bryan ao perceber a presença dela. — Mais tarde, querido. Preciso sair agora… — respondeu Justine, com ternura. — Você vai à nossa outra casa? Posso ir junto? — Animado, Bryan deixou o livro sobre o sofá e encheu a mãe de perguntas. Embora ficasse feliz por saber que o filho sentia falta da humilde casa onde viviam nos últimos anos, Justine tinha medo de voltar para lá desde que Beatrice e Andrew Turner haviam descoberto o endereço. Aquele lugar já não era um local seguro como antes. Bryan estava mais protegido sob o mesmo teto que o pai. — Deixa eu ir, mamãe. Quero contar para os meus amiguinhos que meu papai volt
Por volta das três da tarde, as espessas nuvens cinza enfeiavam o céu. Justine estava sentada ao lado da mulher que conduzia o Mercedes e, em certo momento, sentia saudade da época em que conduzia o próprio carro.Ela fitou o retrovisor para passar um pouco do gloss labial para dar um brilho ao contorno de seus lábios cor de cereja. Foi nesse instante que ela focou nos dois homens sentados no banco carona e se deu conta de que ambos não faziam parte da equipe de segurança do marido.— Não se preocupe, eles não trabalham para o meu primo. — Carol mencionou, assim que notou as sobrancelhas claras em forma de V e os cantos dos lábios abaixados de Justine. — São os meus guarda-costas de confiança. O único problema é que eles odeiam ficar no banco carona porque o carro é meu e eu gosto de dirigir. — Comentou ao reparar nos rostos franzidos de seus seguranças.Dando um sorriso refreado, Justine tirou a presilha e deixou os seus cabelos longos deslizarem por seus ombros.O percurso pelas ruas
— Por que está sendo desrespeitoso com a esposa do meu primo? — A voz de Carol era cheia de autoridade. — Não estou, senhora Juíza… acho que a senhora escutou errado… — O semblante de Alessandro era imperscrutável quando falou.— Saia daqui e leve aqueles seguranças do Kevin com você.— Mas foi o senhor Harrison quem pediu para acompanhá-las — redarguiu o assistente.— Tenho guarda-costas competentes que são da polícia, não preciso do serviço de vocês. — Carol enfatizou.Dando uma rápida olhada pelo local, Alessandro fitou a vendedora que aguardava a tensão amenizar entre eles.— Com licença, senhora! — Ele foi.Era a primeira vez que Justine via o assistente do CEO sair com o rabo entre as pernas. Se por um lado ela estava feliz, por outro, passou a se preocupar. Era óbvio que ele ia entrar em contato com Andrew e, depois, faria de tudo para convencer Kevin de que foi injustiçado. — Obrigada! — Agradeceu Justine ao pegar a bolsa com o jarro de flores e o cartão.Caroline deu uma br
Naquela tarde, Kevin decidiu passar algum tempo com o filho. O menino falava bastante sobre futebol até que chegou ao assunto sobre quando a professora chamou a atenção dele no dia em que ele mentiu para os coleguinhas da turma.— A mamãe ficou triste comigo porque eu menti, aí a bola escapou da minha mão e eu fui pegar porque era o presente que a mamãe me deu no aniversário… — A criança relembrou. — Por que mentiu, Bryan?Os olhinhos da criança seguiam o carro do Batman que bateu no pé da cama. Para o menino, a mentira sobre “o pai ser um jogador de futebol” se confundia com a realidade que havia criado. Como Justine quase não falava sobre Kevin, a imaginação de Bryan idealizou a imagem de como seria o pai e, então, passou a acreditar na própria mentira.— Todos os meus amiguinhos tinham pai e eu também queria ter um…O peito queimava enquanto o senhor Harrison ouvia o relato do filho. Era impossível não se comover com a mentira contada pelo filho.— Também está zangado comigo? — A
A cada passo, Kevin sentia como se as paredes do corredor se fechassem em torno dele. Seus dedos longos abriram os botões do colarinho em uma tentativa inútil de se livrar da sensação sufocante que o envolvia. Ao entrar na sala de estar, ele se deparou com um homem de estatura mediana. O detetive Edoardo Bonanno examinava a elegante sala, cujos móveis certamente valiam mais do que um ano de seu salário.Os passos pesados que se aproximavam atraíram a atenção de Bonanno. Ele se virou para a entrada, enfiando as mãos nos bolsos de seu casaco. Um sorriso enigmático brotou em seu rosto ao avistar Kevin.— Olá, senhor Harrison! — proferiu o detetive, estendendo a mão para cumprimentá-lo. Porém, ao notar que Kevin permanecia imóvel, recolheu-a.— O que aconteceu com o carro da minha prima? — Kevin interpelou.— A Mercedes da sua prima foi alvejada por diversos tiros. Sua esposa estava dentro do carro no momento do ataque — explicou Bonanno.Kevin levou a mão à cabeça, angustiado, e começou
— Detetive, o senhor quer mesmo nos manter presas nesta sala? — Carol ficou em pé. — São só por alguns minutos, senhora Juíza. — Já disse que vários homens saíram de dois carros e atiraram, nós quase morremos hoje e não temos condições de ir até uma delegacia agora. — Ok. — Deu um suspiro cansado. — Vou pegar o depoimento de vocês outro dia… — o detetive girou a maçaneta e abriu a porta. — Vamos! — Kevin tocou na mão de Justine, ajudando-a a se levantar. — Onde está o meu filho? — Ela perguntou fracamente. — Está com a dona Laura… O braço de Kevin pousou em seu ombro num instinto protetor. Todos seguiram pelos corredores, mas não se falaram até sair do hospital. Lá fora, equipe de guarda-costas já esperava na entrada próximo ao carro do senhor Harrison. Após todos se acomodarem no estofado macio do automóvel, Justine deitou a cabeça no ombro de Kevin e suspirou baixinho ao sentir o braço direito envolvendo-a. Do outro lado do banco traseiro do veículo, Caroline tranquilizava
O escritório da suntuosa mansão era preenchido pela sinfonia de gemidos dos beijos selvagens do senhor Harrison. Ele dava leves mordidinhas em seu lábio, aplicando um pouquinho de dor e acariciando com a língua, antes de chupar com mais intensidade. Os dedos de Kevin passearam por seus cabelos, costas e nuca, deslizando por suas costas até apertar a sua nádega. A necessidade de sentir o calor do corpo de sua esposa era crescente. As línguas continuavam enroscando-se num ávido duelo. Depois de quase perdê-la, ele a queria mais do que tudo.Embora a paixão avassaladora a consumisse, Justine não estava cansada e um pouco sensível devido à emboscada. Ela plantava a mão no peito dele, tentando afastá-lo, mas aquele muro de músculos a erguia e a pressionava contra a madeira fria da porta. — Por favor! — Pediu ela, quase sem fôlego. — Preciso de você… — murmurou contra a sua boca, recusando-se a se afastar.Ele puxou o seu lábio entre dentes, aumentando o calor de seus corpos. O corpo dele