— Vim trazer os documentos que o senhor pediu para autenticar no cartório. — O assistente apresentou os papéis com um olhar que parecia esconder uma estratégia. — Amanhã, os advogados virão para conversar com a Justine. — Com a ponta do dedo indicador, ele ajustou a armação dos óculos sobre o nariz.— Ótimo, isso é tudo! — O chefe dispensou o assistente com um gesto rápido.Antes de sair, Alessandro forçou um sorriso. Por sua vez, Justine foi consumida pela curiosidade. Seu pensamento girava em torno da visita dos advogados e o que eles poderiam querer discutir com ela.— Troque essa roupa e descanse um pouco! — Disse Kevin, quando entregou um dos copos de café. — Não tive tempo de voltar no meu apartamento para pegar mais roupas.— Dê uma olhada naquelas sacolas — apontou para a poltrona, indicando as bolsas vermelhas sobre o sofá. — Entraram na minha casa para pegar minhas roupas? — Justine perguntou, claramente surpresa.— Claro que não! — Respondeu ele antes de se aproximar da c
— Não tente me culpar, é você quem está correndo atrás da sua ex-mulher feito um cachorrinho. Kevin respirou fundo, tinha uma resposta na ponta da língua para rebater àquela provocação, mas de repente, ele se encaminhou para a saída.— Quem cala, consente! — Beatrice o seguiu como se quisesse ter certeza de que ele realmente ainda amava Justine. — Já vai voltar correndo para a mulher que te enganou?Ao chegar no primeiro piso, Kevin entrou em um dos amplos corredores que dava para o escritório.— Deixe-me sozinho! — Disse antes de girar a maçaneta.— Prefere se esconder no escritório ao invés de se explicar…Negou, aborrecido. Afinal de contas, ele ainda estava carregado de raiva e desconfiado. Em vista dos últimos acontecimentos, era melhor ficar quieto do que dizer coisas que a magoasse. Ele tornou a seguir o seu caminho pelos corredores com paredes revestidas em papel arabesco.— É assim que vai me tratar? — Segurou o músculo do braço dele, sentindo o tecido do blazer feito sob med
Antes que explodisse de raiva, Kevin utilizou suas conexões para obter as imagens das câmeras de segurança na rua próxima ao Grande Hospital Metropolitano Niguarda, em Milão. Com um olhar atento e uma concentração minuciosa, ele passou horas examinando cada quadro. Em dado momento, esfregou os olhos com as palmas das mãos e soltou um longo suspiro. Olhou para a janela, e notou que o céu se tingia de tons alaranjados e dourados, anunciando o entardecer. O som familiar de passos aproximou-se de seu escritório, mas ele preferiu ignorar. — Querido, trouxe um lanche! — A voz doce e melodiosa ressoou do lado de fora da porta. — Estou sem fome, Beatrice. — Com um olhar comprimido ainda fixo na tela, Kevin retorquiu. — Você está muito tempo trancado nesse escritório. — A maçaneta dourada girava enquanto Beatrice continuava a reclamar. — Por que está tanto tempo aí dentro? — Tenho muito trabalho e gosto de ficar no silêncio para pensar… — asseverou ele, com um tom resoluto. — Você a
O rosto tinha assumindo uma máscara demoníaca quando Kevin terminou de falar com a diretora do hospital. Sem demora, ele fez uma chamada de vídeo com o assistente. Do outro lado da ligação, Alessandro contemplou a face do chefe. Não precisava de muito para saber que o plano foi descoberto. — Que porra está fazendo? — A rouquidão de Kevin reverberou pelo ambiente. — Não entendo, senhor! — Alessandro ajeitou os óculos, dissimulado. — Acabei de falar com a diretora do hospital. Estão transferindo o meu filho para um hospital francês. — Não pude evitar, senhor. Justine assinou os papeis da transferência para o hospital em Lyon. — Por que caralhos você não me avisou que minha ex está fugindo com meu filho? — Kevin continuou disparando as perguntas. — Foi por causa da tua noiva, senhor! — O assistente respondeu entre cochichos. — Pare de me enrolar, porra! — Abruptamente, Kevin levantou. — Estou dizendo a verdade, senhor. A Justine está com medo da Beatrice. A sua ex-mulhe
— Não devia me abraçar desse jeito — disse ela, tentando se distanciar. Recusando-se a soltá-la, ele a manteve presa em seus braços musculosos. Tocando em sua nuca, recostou o rosto de Justine em seu peitoral rijo enquanto suspirava. Cerrando os olhos, ela sentia o carinho no alto da cabeça. Aquele era o homem por quem ela se apaixonou anos atrás. — Não se preocupe com Beatrice… — o barítono aveludado tentou acalentar o seu coração agitado. — Por favor, não deixe ela mandar o meu filho para um colégio interno. — Ela ergueu o rosto. Kevin segurou o seu queixo entre o polegar e o indicador, sentindo a maciez de sua pele. Com o corpo pressionado contra o dela, ele deslizou a outra mão sobre os seus ombros até chegar na base de seu pescoço, onde a acariciou. — Por que mentiu para mim outra vez? Os cílios claros de Justine tremeluziam sob olhos dourados que continuavam presos aos dele. — Não sei do que está falando. — Ela baixou o rosto, interrompendo o contato visual. Os dedos de
— Pare, por favor! — disse ela, enquanto Kevin continuava a pressionar os lábios contra os dela. Ignorando o seu pedido, ele aprofundou ainda mais o beijo. As mãos compridas dele desciam por suas costas até a cintura, apertando-a com força. Ele sentia cada centímetro de suas curvas, e já não conseguia esconder a maneira como seu corpo reagia à proximidade da ex. Kevin estava à beira de perder o controle. Seu corpo clamava por ela, e o desejo latente pulsava em suas veias. Embora o sangue fervilhasse e o tesão o compelisse a continuar, ele precisou de um esforço hercúleo para não possuí-la naquela sala. Ele puxou o seu lábio inferior por entre os dentes, segurando-o por um breve instante antes de soltá-la. Justine se afastou, respirando com dificuldade. O beijo roubado tirou o seu fôlego, e ela precisou de alguns segundos para recuperar o controle. O coração saltava enquanto o ar entrava com força nos pulmões. Quando finalmente ergueu o olhar, encontrou Kevin encostado na parede,
Movendo os lábios, Kevin pensou em retrucar a ex-mulher, mas desistiu. Ele simplesmente se virou e se aproximou da cama.— Eu também quero muito ir para França. — Kevin comentou com o menino. — Quero muito ir a Paris fazer um passeio pela Euro Disney. Quer ir?— Sim! — Bryan respondeu, animado.— Não, você não vai, Bryan. — Justine se intrometeu.— Por que, mamãe? — Fazendo manha, o garotinho indagou.— Você ainda está engessado.— Tem a cadeira de rodas, mamãe. — Bryan falou.— Há algumas horas, você ia para França, não entendo porque desistiu… — Kevin alegou num tom crítico.Justine suspirou, absorvendo o ar fresco que entrava pela janela aberta. Se ficasse naquela cidade, Andrew não pouparia recursos para atormentá-la. — Vamos, mamãe, por favor! — Bryan insistiu.— Vou pensar sobre isso, filho. Enquanto o menino brincava com o pai, Justine ficou admirando a cena. Durante os últimos anos, ela não imaginou que, um dia, o filho conheceria o pai.Mais tarde, Kevin estava lendo uma re
No caminho até a saída do hospital, ela pensou na proposta que o ex-marido fez para conseguir a guarda do filho.A cada passo, ela pensava em tudo o que diria a Kevin. Se fizesse tal oferta, ela certamente conseguiria manter o filho longe das ameaças de seu ex-padrasto e tinha certeza de que seria uma maneira perfeita de se vingar pelo inferno que o senhor Harrison a fez viver no passado. Chegando do lado de fora, ela avistou o Ford Mustang estacionado que a aguardava. O guarda-costas não ocultou a cara zangada quando abriu a porta do automóvel de luxo.— Cadê o outro carro? — Justine puxou assunto ao pôr o cinto de segurança.— Deixei em Milão. — Sem desviar o olhar, ele replicou secamente.Acomodando-se ao lado do CEO, ela se afastou um pouco.— Quero conversar com você sobre a guarda do Bryan, mas antes, preciso que você entenda que temos que pensar no melhor para o nosso filho. — Como devemos proceder?— Primeiro, temos que parar de brigar… — argumentou, olhando para o ex.— Est