Furiosa, Beatrice estava lançando objetos pelo quarto. Kevin não atendia as suas ligações telefônicas desde que chegou a Turim, a capital do Piemonte.— Vadia! — Gritou a todo pulmão.Ela pegou um dos perfumes da Dolce & Gabbana e lançou contra a parede.O frasco de vidro bateu em uma réplica do quadro “O Nascimento de Vênus” de Sandro Botticelli, que despencou no chão. Apertando os olhos, ela fitou o cofre e avançou. Olhando para os botões, a mulher ardilosa refletia sobre a senha que Kevin usava para proteger seus tesouros.Ela colocou os números que correspondiam à data do aniversário dos pais de Kevin, mas a senha estava incorreta. Em seguida, ela tentou colocar a data de morte dos pais se seu noivo, mas deu erro. Segurando o queixo pequeno, Beatrice ponderou e então colocou a data do aniversário do noivo, mas o cofre não abriu. Quando estava a ponto de desistir, uma súbita percepção ajudou-a a decifrar os números que abririam aquela pequena caixa de metal embutida na parede. Ela
Ao lado do filho, o tempo passou rápido. Em seu computador portátil, Kevin terminava de assistir ao filme Batman vs. Superman com Bryan. Ele deu um olhar enviesado para a mulher de frente para a janela.Uma brisa acariciou o rosto de Justine. As suas pálpebras estavam semicerradas quando as mechas loiras foram jogadas para trás.Kevin ergueu os olhos e teve um vislumbre da mulher de braços cruzados, que permanecia silenciosa desde que o filho contou o motivo de ter sido repreendido na escola.Por vezes, Bryan chamava a mãe para se reunir com eles, mas Justine decidiu dar um tempo para que pai e filho ficassem juntos antes de separá-los.— Quer um café? — Kevin tentou quebrar o muro invisível do silêncio.Distanciando-se da janela, ela suspirou, contudo, resistiu ao impulso de perguntar “a que horas ele iria embora”. Estava tarde e já havia passado da hora do garoto dormir, mas Bryan dormiu por vários dias, então, achou que seria melhor abrir uma exceção.— Quer ou não, quer? — A voz g
— Vim trazer os documentos que o senhor pediu para autenticar no cartório. — O assistente apresentou os papéis com um olhar que parecia esconder uma estratégia. — Amanhã, os advogados virão para conversar com a Justine. — Com a ponta do dedo indicador, ele ajustou a armação dos óculos sobre o nariz.— Ótimo, isso é tudo! — O chefe dispensou o assistente com um gesto rápido.Antes de sair, Alessandro forçou um sorriso. Por sua vez, Justine foi consumida pela curiosidade. Seu pensamento girava em torno da visita dos advogados e o que eles poderiam querer discutir com ela.— Troque essa roupa e descanse um pouco! — Disse Kevin, quando entregou um dos copos de café. — Não tive tempo de voltar no meu apartamento para pegar mais roupas.— Dê uma olhada naquelas sacolas — apontou para a poltrona, indicando as bolsas vermelhas sobre o sofá. — Entraram na minha casa para pegar minhas roupas? — Justine perguntou, claramente surpresa.— Claro que não! — Respondeu ele antes de se aproximar da c
— Não tente me culpar, é você quem está correndo atrás da sua ex-mulher feito um cachorrinho. Kevin respirou fundo, tinha uma resposta na ponta da língua para rebater àquela provocação, mas de repente, ele se encaminhou para a saída.— Quem cala, consente! — Beatrice o seguiu como se quisesse ter certeza de que ele realmente ainda amava Justine. — Já vai voltar correndo para a mulher que te enganou?Ao chegar no primeiro piso, Kevin entrou em um dos amplos corredores que dava para o escritório.— Deixe-me sozinho! — Disse antes de girar a maçaneta.— Prefere se esconder no escritório ao invés de se explicar…Negou, aborrecido. Afinal de contas, ele ainda estava carregado de raiva e desconfiado. Em vista dos últimos acontecimentos, era melhor ficar quieto do que dizer coisas que a magoasse. Ele tornou a seguir o seu caminho pelos corredores com paredes revestidas em papel arabesco.— É assim que vai me tratar? — Segurou o músculo do braço dele, sentindo o tecido do blazer feito sob med
Antes que explodisse de raiva, Kevin utilizou suas conexões para obter as imagens das câmeras de segurança na rua próxima ao Grande Hospital Metropolitano Niguarda, em Milão. Com um olhar atento e uma concentração minuciosa, ele passou horas examinando cada quadro. Em dado momento, esfregou os olhos com as palmas das mãos e soltou um longo suspiro. Olhou para a janela, e notou que o céu se tingia de tons alaranjados e dourados, anunciando o entardecer. O som familiar de passos aproximou-se de seu escritório, mas ele preferiu ignorar. — Querido, trouxe um lanche! — A voz doce e melodiosa ressoou do lado de fora da porta. — Estou sem fome, Beatrice. — Com um olhar comprimido ainda fixo na tela, Kevin retorquiu. — Você está muito tempo trancado nesse escritório. — A maçaneta dourada girava enquanto Beatrice continuava a reclamar. — Por que está tanto tempo aí dentro? — Tenho muito trabalho e gosto de ficar no silêncio para pensar… — asseverou ele, com um tom resoluto. — Você a
O rosto tinha assumindo uma máscara demoníaca quando Kevin terminou de falar com a diretora do hospital. Sem demora, ele fez uma chamada de vídeo com o assistente. Do outro lado da ligação, Alessandro contemplou a face do chefe. Não precisava de muito para saber que o plano foi descoberto. — Que porra está fazendo? — A rouquidão de Kevin reverberou pelo ambiente. — Não entendo, senhor! — Alessandro ajeitou os óculos, dissimulado. — Acabei de falar com a diretora do hospital. Estão transferindo o meu filho para um hospital francês. — Não pude evitar, senhor. Justine assinou os papeis da transferência para o hospital em Lyon. — Por que caralhos você não me avisou que minha ex está fugindo com meu filho? — Kevin continuou disparando as perguntas. — Foi por causa da tua noiva, senhor! — O assistente respondeu entre cochichos. — Pare de me enrolar, porra! — Abruptamente, Kevin levantou. — Estou dizendo a verdade, senhor. A Justine está com medo da Beatrice. A sua ex-mulhe
— Não devia me abraçar desse jeito — disse ela, tentando se distanciar. Recusando-se a soltá-la, ele a manteve presa em seus braços musculosos. Tocando em sua nuca, recostou o rosto de Justine em seu peitoral rijo enquanto suspirava. Cerrando os olhos, ela sentia o carinho no alto da cabeça. Aquele era o homem por quem ela se apaixonou anos atrás. — Não se preocupe com Beatrice… — o barítono aveludado tentou acalentar o seu coração agitado. — Por favor, não deixe ela mandar o meu filho para um colégio interno. — Ela ergueu o rosto. Kevin segurou o seu queixo entre o polegar e o indicador, sentindo a maciez de sua pele. Com o corpo pressionado contra o dela, ele deslizou a outra mão sobre os seus ombros até chegar na base de seu pescoço, onde a acariciou. — Por que mentiu para mim outra vez? Os cílios claros de Justine tremeluziam sob olhos dourados que continuavam presos aos dele. — Não sei do que está falando. — Ela baixou o rosto, interrompendo o contato visual. Os dedos de
— Pare, por favor! — disse ela, enquanto Kevin continuava a pressionar os lábios contra os dela. Ignorando o seu pedido, ele aprofundou ainda mais o beijo. As mãos compridas dele desciam por suas costas até a cintura, apertando-a com força. Ele sentia cada centímetro de suas curvas, e já não conseguia esconder a maneira como seu corpo reagia à proximidade da ex. Kevin estava à beira de perder o controle. Seu corpo clamava por ela, e o desejo latente pulsava em suas veias. Embora o sangue fervilhasse e o tesão o compelisse a continuar, ele precisou de um esforço hercúleo para não possuí-la naquela sala. Ele puxou o seu lábio inferior por entre os dentes, segurando-o por um breve instante antes de soltá-la. Justine se afastou, respirando com dificuldade. O beijo roubado tirou o seu fôlego, e ela precisou de alguns segundos para recuperar o controle. O coração saltava enquanto o ar entrava com força nos pulmões. Quando finalmente ergueu o olhar, encontrou Kevin encostado na parede,