Kevin tentava manter a calma enquanto o som do motor do Porsche Panamera ecoava pela cidade. Ele estava a caminho de casa, mas no meio do trajeto, o celular vibrou. Ao olhar para a tela, viu uma mensagem de Alessandro: “A sua noiva já está na ambulância”. O coração de Kevin acelerou ao ler, e ele sentiu uma onda de frustração por não ter conseguido chegar a tempo.A agonia o consumia a cada quilômetro percorrido até que, por fim, ele avistou o Humanitas Research Hospital em Rozzano. O carro mal parou e ele já estava fora, saltando para o asfalto sem se preocupar com quem pudesse estar ao redor. Seu único pensamento era Beatrice, a mulher que esteve ao seu lado quando Justine o traiu e no momento em que divórcio lhe roubou o chão. Beatrice o ajudou a reencontrar a vontade de seguir em frente, e desta vez, era ela que precisava dele. Não podia abandoná-la.Ao entrar no saguão do hospital, Kevin encontrou o assistente que tentou transmitir uma falsa tranquilidade. — Senhor, os médicos e
Justine chegou ao hospital de Torino e foi calorosamente recebida por uma equipe médica. O pequeno Bryan foi cuidadosamente conduzido para um enorme quarto VIP, enquanto Justine seguia atrás, absorvendo o ambiente novo e sofisticado. A diretora do hospital, vestindo um elegante terno preto, aproximou-se. — Bem-vinda, senhorita Delacroix. Sou Bianca Salvatore, diretora deste hospital. — Muito prazer! — Trocou aperto de mãos com a mulher de cabelos pretos. — Designei a melhor equipe médica para cuidar do seu filho. Se precisar de qualquer coisa, estarei à disposição. — Grazie! — Justine expressou sua gratidão. — Sinta-se à vontade para descansar no lobby — falou a diretora com um sorriso acolhedor. Logo depois, uma funcionária entrou com uma bandeja repleta de frutas, torradas, suco e café. O estômago de Justine roncou, e ela se envergonhou, torcendo para que ninguém tivesse ouvido o som. Após a recepção calorosa, Justine observou os médicos que examinaram seu filho com atençã
Pouco a pouco, o pequeno Bryan começou a reagir. Com um olhar curioso, um menino examinava as paredes e os médicos que rodeavam sua cama no amplo quarto VIP do hospital. Ele tocou o gesso em seu braço e passou os dedos pela faixa em volta de sua cabeça, sentindo-a com cuidado. Após mais alguns exames, os médicos ficaram entusiasmados ao vê-lo falar e, principalmente, ao perceberem que ele se lembrava da mãe e da bola de futebol que ela lhe deu de presente.— Quero minha bola, mamãe! — Bryan insistiu, provocando risadas contínuas entre os médicos, encantados com sua recuperação.Em seguida, uma equipe entrou com balões, brinquedos e uma bicicleta, o que causou estranheza em Justine.— De onde veio tudo isso? — perguntou ela.— São presentes do senhor Harrison, — explicou a mulher que entrou no quarto. — Olá, Bryan! — A diretora do hospital saudou o menino com um olhar atento.Timidamente, Bryan se retraiu. Ficou evidente que a senhora Salvatore já havia informado Kevin sobre a situaçã
Furiosa, Beatrice estava lançando objetos pelo quarto. Kevin não atendia as suas ligações telefônicas desde que chegou a Turim, a capital do Piemonte.— Vadia! — Gritou a todo pulmão.Ela pegou um dos perfumes da Dolce & Gabbana e lançou contra a parede.O frasco de vidro bateu em uma réplica do quadro “O Nascimento de Vênus” de Sandro Botticelli, que despencou no chão. Apertando os olhos, ela fitou o cofre e avançou. Olhando para os botões, a mulher ardilosa refletia sobre a senha que Kevin usava para proteger seus tesouros.Ela colocou os números que correspondiam à data do aniversário dos pais de Kevin, mas a senha estava incorreta. Em seguida, ela tentou colocar a data de morte dos pais se seu noivo, mas deu erro. Segurando o queixo pequeno, Beatrice ponderou e então colocou a data do aniversário do noivo, mas o cofre não abriu. Quando estava a ponto de desistir, uma súbita percepção ajudou-a a decifrar os números que abririam aquela pequena caixa de metal embutida na parede. Ela
Ao lado do filho, o tempo passou rápido. Em seu computador portátil, Kevin terminava de assistir ao filme Batman vs. Superman com Bryan. Ele deu um olhar enviesado para a mulher de frente para a janela.Uma brisa acariciou o rosto de Justine. As suas pálpebras estavam semicerradas quando as mechas loiras foram jogadas para trás.Kevin ergueu os olhos e teve um vislumbre da mulher de braços cruzados, que permanecia silenciosa desde que o filho contou o motivo de ter sido repreendido na escola.Por vezes, Bryan chamava a mãe para se reunir com eles, mas Justine decidiu dar um tempo para que pai e filho ficassem juntos antes de separá-los.— Quer um café? — Kevin tentou quebrar o muro invisível do silêncio.Distanciando-se da janela, ela suspirou, contudo, resistiu ao impulso de perguntar “a que horas ele iria embora”. Estava tarde e já havia passado da hora do garoto dormir, mas Bryan dormiu por vários dias, então, achou que seria melhor abrir uma exceção.— Quer ou não, quer? — A voz g
— Vim trazer os documentos que o senhor pediu para autenticar no cartório. — O assistente apresentou os papéis com um olhar que parecia esconder uma estratégia. — Amanhã, os advogados virão para conversar com a Justine. — Com a ponta do dedo indicador, ele ajustou a armação dos óculos sobre o nariz.— Ótimo, isso é tudo! — O chefe dispensou o assistente com um gesto rápido.Antes de sair, Alessandro forçou um sorriso. Por sua vez, Justine foi consumida pela curiosidade. Seu pensamento girava em torno da visita dos advogados e o que eles poderiam querer discutir com ela.— Troque essa roupa e descanse um pouco! — Disse Kevin, quando entregou um dos copos de café. — Não tive tempo de voltar no meu apartamento para pegar mais roupas.— Dê uma olhada naquelas sacolas — apontou para a poltrona, indicando as bolsas vermelhas sobre o sofá. — Entraram na minha casa para pegar minhas roupas? — Justine perguntou, claramente surpresa.— Claro que não! — Respondeu ele antes de se aproximar da c
— Não tente me culpar, é você quem está correndo atrás da sua ex-mulher feito um cachorrinho. Kevin respirou fundo, tinha uma resposta na ponta da língua para rebater àquela provocação, mas de repente, ele se encaminhou para a saída.— Quem cala, consente! — Beatrice o seguiu como se quisesse ter certeza de que ele realmente ainda amava Justine. — Já vai voltar correndo para a mulher que te enganou?Ao chegar no primeiro piso, Kevin entrou em um dos amplos corredores que dava para o escritório.— Deixe-me sozinho! — Disse antes de girar a maçaneta.— Prefere se esconder no escritório ao invés de se explicar…Negou, aborrecido. Afinal de contas, ele ainda estava carregado de raiva e desconfiado. Em vista dos últimos acontecimentos, era melhor ficar quieto do que dizer coisas que a magoasse. Ele tornou a seguir o seu caminho pelos corredores com paredes revestidas em papel arabesco.— É assim que vai me tratar? — Segurou o músculo do braço dele, sentindo o tecido do blazer feito sob med
Antes que explodisse de raiva, Kevin utilizou suas conexões para obter as imagens das câmeras de segurança na rua próxima ao Grande Hospital Metropolitano Niguarda, em Milão. Com um olhar atento e uma concentração minuciosa, ele passou horas examinando cada quadro. Em dado momento, esfregou os olhos com as palmas das mãos e soltou um longo suspiro. Olhou para a janela, e notou que o céu se tingia de tons alaranjados e dourados, anunciando o entardecer. O som familiar de passos aproximou-se de seu escritório, mas ele preferiu ignorar. — Querido, trouxe um lanche! — A voz doce e melodiosa ressoou do lado de fora da porta. — Estou sem fome, Beatrice. — Com um olhar comprimido ainda fixo na tela, Kevin retorquiu. — Você está muito tempo trancado nesse escritório. — A maçaneta dourada girava enquanto Beatrice continuava a reclamar. — Por que está tanto tempo aí dentro? — Tenho muito trabalho e gosto de ficar no silêncio para pensar… — asseverou ele, com um tom resoluto. — Você a