Fernando VidalA garota asiática que dançava para ele em cima da mesa, não passava dos quinze anos, essa era sua preferência. Ela rebolava vestida com uma roupa sensual preta, salto alto; uma indumentária preparada para ser igual a última vestimenta usada por sua esposinha. Por mais que a garota mexesse o corpo magro, não acabava com aquele tédio que ele sentia.Ela não era a primeira putinha sem graça que foi levada até ele, na casa colonial afastada da propriedade principal. A terceira vadia desta noite, não tinha nada de diferente das outras.Como essa piranha, todas as outras naquele mês e nos últimos anos, fracassaram miseravelmente em entrete-lo com sucesso. Eram tão insignificantes que causavam náuseas assim que as penetrava. Mesmo que fossem intocadas, elas não eram dignas. Até mesmo os gritos pareciam fracos e sem o menor atrativo, fossem de prazer ou dor. A falta daquela euforia experienciada com sua “esposa”, fez de Fernando um homem insatisfeito e impaciente.Os jogos me
A astúcia e inteligência o levaram ao destaque em pouco tempo e logo nos primeiros anos de exercício da profissão já estava no ministério público como o mais jovem juiz da cidade do Rio. Não demorou para se tornar procurador, adquiriu aliados que viram seu potencial e se tornaram sócios nos negócios paralelos, e agora desfrutam do poder e do prestígio do país inteiro.Astrid olhou para as abotoaduras de platina com ouro branco que continha uma minúscula gota de sangue. Ela a removeu com o lenço de bolso dele, e o arrumou de volta impecavelmente.Fernando praguejou com raiva, certamente ela faria disso um motivo para se recusar a fazer sexo mais tarde. Sorriu, beijando as mãos brancas e magras, com unhas pintadas de vermelho sangue.Não colocou tanta força no golpe que deu naquela vadiazinha para que ela se desmanchasse em sangue, respingando sua roupa impecável. Elas eram tão sujas, inúteis e indignas, nem se comparavam com sua “porquinha”.Ela era tímida e estoica, calada e subservi
A jovem universitária olhou mais uma vez as pessoas entrando e saindo das lojas a sua volta. Hoje estava cheio, talvez fosse a véspera do feriado, todos pareciam estar procurando algo novo para comprar.Um casal de namorados passeava de mãos dadas, com a mochila nas costas e o uniforme da escola.A garota com um olha apaixonado, meio deslocada a lembrou de si mesma.O amor pode ser como uma chama sempre acesa, que aquece a gente nos momentos mais frios e solitários da vida. Mas também pode virar um fogo descontrolado, traiçoeiro, que consome tudo pela frente.Para Amélia, a desilusão por esse sentimento aconteceu cedo. A pouca idade não a impediu de se lançar ao precipício do amor, assim que conheceu o homem que julgou ser o amor de sua vida.A garota ofereceu o espeto de morango coberto de chocolate para que o rapaz desse uma mordida.Ela era tão jovem e inocente; igual a si mesma naquela época de colégio.Sempre imaginou que não se apaixonaria tão cedo, pois seus sonhos e objetivos
Amélia bateu na porta, respirando fundo para que não transparecesse sua frustração e raiva na frente daquele cara mesquinho.Ele era um sujeito de meia idade, com pouco cabelo seboso, usava roupas sociais baratas e cara de que estava sempre com dor.Jaime Caetano sempre lhe dava trabalho extra quase no fim do expediente. Ele não gostou da sua contratação, que foi feita pelo gerente geral das lojas.Segundo ele, Amélia não tinha a imagem que a Color Graphic precisava para suas atendentes; ou seja ela não servia para um conjunto de lojas de gráfica, porque não tinha o mesmo perfil físico de Jéssica.Magra, de cabelos compridos e olhos claros. Ela não era muito eficiente, e costumava faltar bastante, mas esse era o padrão correto para seu chefe. A linda Jéssica, foi contratada por ele pessoalmente.Já imaginando o que estava por vir, seu estômago que roía de fome, passou a doer de nervoso.A enxaqueca que iniciou por causa do calor escaldante lá fora, agora estava no auge. Ela só pensav
Amélia sentia seus nervos a flor da pele. Com dor, cansada e suada, ela caminhava apressada para encontrar seu carro. A fantasia estava grudada em sua pele. Só conseguiria tirar aquilo com calma em casa.Não queria danificar a roupa, para não ter que pagar por ela depois. Caetano adoraria um motivo para descontar do seu acerto de contas.O estacionamento do outro lado da rua estava calmo. Haviam poucos carros no pátio, encontrou o seu fusquinha vermelho tomate perto da área dos guichês de pagamento, no mesmo lugar que sempre deixava.Ela entrou no seu carrinho se sentindo aliviada. Ao mesmo tempo, a preocupação com o seu futuro, começou a bater forte. E agora? Como pagaria a faculdade sem emprego?Precisava ir embora antes que fechassem o lugar. Deixaria para pensar e gritar consigo mesma, quando estivesse em casa.Deu partida no carro que fez uma manha para pegar, como de costume. Já estava saindo de sua vaga quando viu a luz da tela do celular se iluminar no banco do passageiro. Pe
Aos poucos Amélia foi acordando, estava em um quarto branco e amarelo pálido com uma tv enorme embutida na parede, um vaso de flores do campo de perfume suave; era um hospital particular.Não fazia ideia de como foi parar ali, ela não tinha convênio médico e nem um centavo no bolso para pagar. Se sentou na cama reclinada confortável, o lençol macio escorregou revelando a camisola fina com o logotipo do lugar de alto padrão.Esse é o tipo de hospital que os artistas e gente montado na grana procura quando precisa. Pelo menos a dor praticamente sumiu. Não via sinais de que passou por algum procedimento cirúrgico, felizmente.Amélia suspirou de alívio. Sentindo-se observada, ela se virou nos travesseiros macios; seus olhos se depararam com um homem parado perto da porta fechada.O homem a observava em silêncio. Incrivelmente alto e forte, imponente, o terno preto de alfaiataria cara talhava um porte muito sofisticado e másculo. O físico desenvolvido era invejável; os olhos de tom profun
Ainda com vestido nas mãos ela não conseguia chegar a uma conclusão sobre aquilo. O vestido era perfeito, serviu como uma luva quando ela decidiu usar. Não sabia nada sobre aquele homem, e ele deduziu o seu tamanho com uma só olhada?!Tudo estava confuso demais. O que aconteceu com fantasia de camaleão, e por que ele se deu ao trabanho de comprar uma roupa daquelas para uma desconhecida que ele considerava uma maluca?!No espelho do banheiro ela deu uma ultima olhada em seu reflexo. Seus cabelos estavam embaraçados e molhados, seu rosto estava horrível, com um inchaço enorme no formato de bola na testa; um corte no lábio e um na sobrancelha esquerda; parecia cuspida pelo próprio desespero.Mas a roupa trazia a dignidade que precisava para sair desse quarto. Ela pagaria pelo vestido, obviamente.Saiu do quarto sem olhar para o homem. Quando sentiu uma tensão estranha e só ouviu o silêncio, resolveu apelar para seu orgulho próprio.- O que aconteceu com minha roupa? – ela levanto
O cheiro do homem ao seu lado era uma droga. Uma mistura alucinógena entre o amadeirado sofísticado e o doce excêntrico. Amélia se pegou inspirando fundo, só para reter aquele cheiro delicioso por mais tempo. Suas mãos enormes, com veias saltadas segurando a direção, expunha um anel de obsidiana, e um relógio caríssimo de edição limitada.Lembrava-se que esse modelo era único, alguém da sua antiga vida, tentou adquirir aquele relógio. E quando não conseguiu, foi ela quem arcou com as consequências.Amélia se encolheu. Queria esquecer tudo aquilo, até agora se saiu bem, ela nunca conviveu ou encontrou pessoas como esse homem. Fez um bom trabalho em se esconder e recomeçar como uma outra pessoa.Até aquele acidente, não tinha cruzado com ninguém que pudesse comprometer sua identidade. Sua terapia estava indo muito bem, sua vida era sacrificante, mas a liberdade não tinha preço.Estava tudo bem. Logo chegaria em casa, e ela fecharia essa porta e jogaria a chave fora.O que aconteceu a po