AméliaSeus olhos turvos pelo sono focalizaram as paredes negras com detalhes dourados. As cortinas translúcidas escuras que adornavam o dossel da cama enorme oscilavam com o vento que entrava no quarto.Flashs de momentos intensamente eróticos começaram a passar pela sua cabeça. Ícaro algemando suas mãos, explorando seu corpo com suas mãos habilidosas, ordenando comandos autoritários, e o chicote de couro que ardia em sua pele a cada vez que se esquecia de responder corretamente.Amélia sentiu-se quente ao se lembrar daquelas cenas. Fazer sexo com alguém tão experiente era sempre tão bom assim. Olhou para o lado. O divã em formato estranho foi palco de uma das experiências mais deliciosas que já sentiu na vida. Ícaro a colocou ali de quatro, cordas de seda amarraram seu corpo com nos intricados, a cada movimento, o tecido e a pressão estimulavam ao máximo seus sentidos. Ele a provocou com instrumentos leves em pontos apertados pela corda, e instrumentos rústicos em seus pontos ma
A Acrópole recebia vários empresários hoje. Anualmente havia uma conferência com os principais investidores da holding.Louca pra escapar da pequena multidão no hall do prédio, ela caminhou rápido até o elevador. Ícaro a deixou em casa com a promessa de um almoço na sala dela mais tarde. Ambos se despediram com um beijo que arrepiou até a alma de Amélia.Ali sozinha no elevador, ela apertou a pasta de documentos que deveriam ser entregues do departamento de criação. Um sorriso bobo iluminou seu rosto corado.A garota que cresceu com vários apelidos depreciativos, e quase morreu nas mãos de um monstro que a desprezava por ser uma mulher plus size; agora era a mesma mulher que estava dormindo com Ícaro Darius.Queria contar a Sam sobre o que aconteceu na casa dele, conversar sobre a intensidade de tudo o que estava experimentando com esse homem incrível. Mas quando chegou, ela não estava em casa. O papo de mulher ficou para outra hora.Quando chegou no departamento do terceiro andar,
TicianoO café de hoje estava mais forte, certamente foi um pedido do senhor Ícaro. Vez ou outra, ele pedia que preparassem a bebida mais forte. Geralmente era quando ele passava a noite com alguma garota desconhecida, e aparecia no escritório com sombras sutis sob os olhos e um mal humor fora do padrão. Ticiano sempre achou peculiar a atitude de seu chefe depois de uma noite de sexo.Já faz um tempo que isso não acontece. Pensou, se servindo de café na copa da presidência.É curioso pensar que esse período de abstinência, coincide perfeitamente com a data da contratação de Amélia. Pensando nisso, aquela ameaça velada do último domingo na favela, voltou à cabeça.Desde que o senhor Ícaro pediu que ele enviasse um guincho, para retirar um fusca vermelho que estava quebrado frente ao prédio na área nobre, no meio da noite, e pediu aquela averiguação inicial sobre a mulher que era dona do carro e que ele atropelou; Ticiano soube que Amélia Bastos não era alguém comum.De alguma forma,
SamantaOs olhos de Sam continuavam fixos no pescoço da prima sentada à mesa da cozinha trabalhando sem parar no notebook. Na noite anterior, chegou tarde em casa, e viu que o carro de Ícaro estava estacionado lá fora. O estranho é que Amélia tinha comentado por mensagens, que um amigo da empresa viria ajudar com o seu projeto de arquitetura. Ela até citou o nome, um tal de Ticiano.Então, Sam ficou confusa quando percebeu que era Ícaro quem estava lá com ela.Ele não dormiu na casa delas. Amélia amanheceu na cozinha trabalhando, com uma aparência cansada e de poucos amigos.Sam ponderou se deveria ou não perguntar sobre as marcas no pescoço, colo e braços dela, ou se poderia perguntar sobre a linda coleira de submissa, cravejada de diamantes rosa.- Por quanto tempo mais você vai ficar me analisando Samanta? – ela perguntou, com os olhos fixos na tela.Sam estendeu uma xícara de café fumegante.- Estou tentando entender por que você está irritada. Seu homem estava aqui ontem, pense
Fernando VidalA garota asiática que dançava para ele em cima da mesa, não passava dos quinze anos, essa era sua preferência. Ela rebolava vestida com uma roupa sensual preta, salto alto; uma indumentária preparada para ser igual a última vestimenta usada por sua esposinha. Por mais que a garota mexesse o corpo magro, não acabava com aquele tédio que ele sentia.Ela não era a primeira putinha sem graça que foi levada até ele, na casa colonial afastada da propriedade principal. A terceira vadia desta noite, não tinha nada de diferente das outras.Como essa piranha, todas as outras naquele mês e nos últimos anos, fracassaram miseravelmente em entrete-lo com sucesso. Eram tão insignificantes que causavam náuseas assim que as penetrava. Mesmo que fossem intocadas, elas não eram dignas. Até mesmo os gritos pareciam fracos e sem o menor atrativo, fossem de prazer ou dor. A falta daquela euforia experienciada com sua “esposa”, fez de Fernando um homem insatisfeito e impaciente.Os jogos me
A astúcia e inteligência o levaram ao destaque em pouco tempo e logo nos primeiros anos de exercício da profissão já estava no ministério público como o mais jovem juiz da cidade do Rio. Não demorou para se tornar procurador, adquiriu aliados que viram seu potencial e se tornaram sócios nos negócios paralelos, e agora desfrutam do poder e do prestígio do país inteiro.Astrid olhou para as abotoaduras de platina com ouro branco que continha uma minúscula gota de sangue. Ela a removeu com o lenço de bolso dele, e o arrumou de volta impecavelmente.Fernando praguejou com raiva, certamente ela faria disso um motivo para se recusar a fazer sexo mais tarde. Sorriu, beijando as mãos brancas e magras, com unhas pintadas de vermelho sangue.Não colocou tanta força no golpe que deu naquela vadiazinha para que ela se desmanchasse em sangue, respingando sua roupa impecável. Elas eram tão sujas, inúteis e indignas, nem se comparavam com sua “porquinha”.Ela era tímida e estoica, calada e subservi
A jovem universitária olhou mais uma vez as pessoas entrando e saindo das lojas a sua volta. Hoje estava cheio, talvez fosse a véspera do feriado, todos pareciam estar procurando algo novo para comprar.Um casal de namorados passeava de mãos dadas, com a mochila nas costas e o uniforme da escola.A garota com um olha apaixonado, meio deslocada a lembrou de si mesma.O amor pode ser como uma chama sempre acesa, que aquece a gente nos momentos mais frios e solitários da vida. Mas também pode virar um fogo descontrolado, traiçoeiro, que consome tudo pela frente.Para Amélia, a desilusão por esse sentimento aconteceu cedo. A pouca idade não a impediu de se lançar ao precipício do amor, assim que conheceu o homem que julgou ser o amor de sua vida.A garota ofereceu o espeto de morango coberto de chocolate para que o rapaz desse uma mordida.Ela era tão jovem e inocente; igual a si mesma naquela época de colégio.Sempre imaginou que não se apaixonaria tão cedo, pois seus sonhos e objetivos
Amélia bateu na porta, respirando fundo para que não transparecesse sua frustração e raiva na frente daquele cara mesquinho.Ele era um sujeito de meia idade, com pouco cabelo seboso, usava roupas sociais baratas e cara de que estava sempre com dor.Jaime Caetano sempre lhe dava trabalho extra quase no fim do expediente. Ele não gostou da sua contratação, que foi feita pelo gerente geral das lojas.Segundo ele, Amélia não tinha a imagem que a Color Graphic precisava para suas atendentes; ou seja ela não servia para um conjunto de lojas de gráfica, porque não tinha o mesmo perfil físico de Jéssica.Magra, de cabelos compridos e olhos claros. Ela não era muito eficiente, e costumava faltar bastante, mas esse era o padrão correto para seu chefe. A linda Jéssica, foi contratada por ele pessoalmente.Já imaginando o que estava por vir, seu estômago que roía de fome, passou a doer de nervoso.A enxaqueca que iniciou por causa do calor escaldante lá fora, agora estava no auge. Ela só pensav