AméliaA Acrópole estava movimentada nesta manhã de segunda feira. As pessoas pareciam apressadas e as recepcionistas nem mesmo olharam para ela como de costume.Amélia entrou no elevador, um bocejo foi disfarçado com sua mão. Havia trabalhado quase a noite toda no projeto da premiação anual. Alguns detalhes do tamanho da planta não foram salvos, por algum bug do sistema, e ela teve que ligar para Ticiano e pedir a tabela de recomendações padrão.O bom amigo estava estranho ontem a noite. Quando ela brincou sobre irem para o barzinho juntos, ele desconversou e disse que precisava desligar. Logo em seguida a chamada foi interrompida bruscamente.Por um instante, ela jurava que tinha ouvido a voz de Ícaro. Mas depois desprezou a ideia, imaginando que estava ficando paranoica.O vidro do elevador refletia sua imagem. O vestido preto tubinho com o blazer off-white que usava, combinava muito bem com o peep toe vermelho de camurça. Esse sapato foi um dos últimos presentes de Samanta, e el
ÍcaroAmélia ficou calada ao seu lado durante todo o percurso. Ele a observou, seu perfil sério e tenso não era um bom sinal.Depois da “brincadeira” na sala dela, Amélia evitava seus olhos quando se encontravam no corredor ou na sala de conferências. Ela rejeitou o convite para o almoço, sem nem mesmo se justificar.Pelo menos, não foi vista almoçando com Ticiano, e isso já era o suficiente para ele.Com um vestido soltinho, preto com estampa de girassois, ela permanecia de pernas cruzadas, aparentemente sem nenhuma lingerie por baixo. “Bom”, pensou.- Onde estamos indo? – ela perguntou em um tom baixo.O que havia de errado? Ela estava diferente, distante e incomodada.- Para minha casa. – respondeu, estendendo a mão para a sua coxa parcialmente desnuda.Sem nenhuma reação, ela permitiu o toque, mas não disse nenhuma palavra.Ao chegarem ao condomínio, percebeu que ela observava tudo à sua volta. O apartamento de três andares ficava no final da quinta rua à esquerda. Icaro estaciono
AméliaSeus olhos turvos pelo sono focalizaram as paredes negras com detalhes dourados. As cortinas translúcidas escuras que adornavam o dossel da cama enorme oscilavam com o vento que entrava no quarto.Flashs de momentos intensamente eróticos começaram a passar pela sua cabeça. Ícaro algemando suas mãos, explorando seu corpo com suas mãos habilidosas, ordenando comandos autoritários, e o chicote de couro que ardia em sua pele a cada vez que se esquecia de responder corretamente.Amélia sentiu-se quente ao se lembrar daquelas cenas. Fazer sexo com alguém tão experiente era sempre tão bom assim. Olhou para o lado. O divã em formato estranho foi palco de uma das experiências mais deliciosas que já sentiu na vida. Ícaro a colocou ali de quatro, cordas de seda amarraram seu corpo com nos intricados, a cada movimento, o tecido e a pressão estimulavam ao máximo seus sentidos. Ele a provocou com instrumentos leves em pontos apertados pela corda, e instrumentos rústicos em seus pontos ma
A Acrópole recebia vários empresários hoje. Anualmente havia uma conferência com os principais investidores da holding.Louca pra escapar da pequena multidão no hall do prédio, ela caminhou rápido até o elevador. Ícaro a deixou em casa com a promessa de um almoço na sala dela mais tarde. Ambos se despediram com um beijo que arrepiou até a alma de Amélia.Ali sozinha no elevador, ela apertou a pasta de documentos que deveriam ser entregues do departamento de criação. Um sorriso bobo iluminou seu rosto corado.A garota que cresceu com vários apelidos depreciativos, e quase morreu nas mãos de um monstro que a desprezava por ser uma mulher plus size; agora era a mesma mulher que estava dormindo com Ícaro Darius.Queria contar a Sam sobre o que aconteceu na casa dele, conversar sobre a intensidade de tudo o que estava experimentando com esse homem incrível. Mas quando chegou, ela não estava em casa. O papo de mulher ficou para outra hora.Quando chegou no departamento do terceiro andar,
TicianoO café de hoje estava mais forte, certamente foi um pedido do senhor Ícaro. Vez ou outra, ele pedia que preparassem a bebida mais forte. Geralmente era quando ele passava a noite com alguma garota desconhecida, e aparecia no escritório com sombras sutis sob os olhos e um mal humor fora do padrão. Ticiano sempre achou peculiar a atitude de seu chefe depois de uma noite de sexo.Já faz um tempo que isso não acontece. Pensou, se servindo de café na copa da presidência.É curioso pensar que esse período de abstinência, coincide perfeitamente com a data da contratação de Amélia. Pensando nisso, aquela ameaça velada do último domingo na favela, voltou à cabeça.Desde que o senhor Ícaro pediu que ele enviasse um guincho, para retirar um fusca vermelho que estava quebrado frente ao prédio na área nobre, no meio da noite, e pediu aquela averiguação inicial sobre a mulher que era dona do carro e que ele atropelou; Ticiano soube que Amélia Bastos não era alguém comum.De alguma forma,
SamantaOs olhos de Sam continuavam fixos no pescoço da prima sentada à mesa da cozinha trabalhando sem parar no notebook. Na noite anterior, chegou tarde em casa, e viu que o carro de Ícaro estava estacionado lá fora. O estranho é que Amélia tinha comentado por mensagens, que um amigo da empresa viria ajudar com o seu projeto de arquitetura. Ela até citou o nome, um tal de Ticiano.Então, Sam ficou confusa quando percebeu que era Ícaro quem estava lá com ela.Ele não dormiu na casa delas. Amélia amanheceu na cozinha trabalhando, com uma aparência cansada e de poucos amigos.Sam ponderou se deveria ou não perguntar sobre as marcas no pescoço, colo e braços dela, ou se poderia perguntar sobre a linda coleira de submissa, cravejada de diamantes rosa.- Por quanto tempo mais você vai ficar me analisando Samanta? – ela perguntou, com os olhos fixos na tela.Sam estendeu uma xícara de café fumegante.- Estou tentando entender por que você está irritada. Seu homem estava aqui ontem, pense
Fernando VidalA garota asiática que dançava para ele em cima da mesa, não passava dos quinze anos, essa era sua preferência. Ela rebolava vestida com uma roupa sensual preta, salto alto; uma indumentária preparada para ser igual a última vestimenta usada por sua esposinha. Por mais que a garota mexesse o corpo magro, não acabava com aquele tédio que ele sentia.Ela não era a primeira putinha sem graça que foi levada até ele, na casa colonial afastada da propriedade principal. A terceira vadia desta noite, não tinha nada de diferente das outras.Como essa piranha, todas as outras naquele mês e nos últimos anos, fracassaram miseravelmente em entrete-lo com sucesso. Eram tão insignificantes que causavam náuseas assim que as penetrava. Mesmo que fossem intocadas, elas não eram dignas. Até mesmo os gritos pareciam fracos e sem o menor atrativo, fossem de prazer ou dor. A falta daquela euforia experienciada com sua “esposa”, fez de Fernando um homem insatisfeito e impaciente.Os jogos me
A astúcia e inteligência o levaram ao destaque em pouco tempo e logo nos primeiros anos de exercício da profissão já estava no ministério público como o mais jovem juiz da cidade do Rio. Não demorou para se tornar procurador, adquiriu aliados que viram seu potencial e se tornaram sócios nos negócios paralelos, e agora desfrutam do poder e do prestígio do país inteiro.Astrid olhou para as abotoaduras de platina com ouro branco que continha uma minúscula gota de sangue. Ela a removeu com o lenço de bolso dele, e o arrumou de volta impecavelmente.Fernando praguejou com raiva, certamente ela faria disso um motivo para se recusar a fazer sexo mais tarde. Sorriu, beijando as mãos brancas e magras, com unhas pintadas de vermelho sangue.Não colocou tanta força no golpe que deu naquela vadiazinha para que ela se desmanchasse em sangue, respingando sua roupa impecável. Elas eram tão sujas, inúteis e indignas, nem se comparavam com sua “porquinha”.Ela era tímida e estoica, calada e subservi