Fernando Quatro telas exibiam as notícias das principais mídias do país, com as últimas notícias. Uma taça de champanhe francês foi entregue em suas mãos por uma de suas belas acompanhantes da Aura.A reunião mensal não foi cancelada, e hoje seus sócios receberiam novos presentinhos. De volta ao Rio, Fernando assistia em êxtase a queda de seu inimigo orquestrada com esmero por ele mesmo. Carla, uma das garotas, sentou em seu colo, fazendo um carinho gostoso em seu membro. A sala privada ficava no segundo andar, e esse era o seu trono. Caio anunciou a presença de alguns de seus sócios à porta, e ele acenou para que entrassem. Três de seus maiores investidores entraram, e se sentaram à mesa oval, observando as telas.- Soube que você teve alguns dissabores em São Paulo, Fernando. – disse Joaquim Sampaio, um dos maiores empresários do agronegócio desse país. - Nada que eu não possa contornar, como podem ver.- Não é arriscado mexer com um homem como o Darius? – Carlos Flores, um de s
AstridAs mãos trêmulas e machucadas seguravam o telefone com dificuldade. Sair do hospital seria um grande problema, mas felizmente conseguiu sair do quarto no momento em que percebeu que alguém tentava entrar. A umidade nos curativos não era um bom sinal, certamente os pontos estavam vazando. Mesmo assim, escapar pela sacada do quarto vizinho foi a melhor decisão. Não sabia exatamente o que estava acontecendo mas de uma coisa tinha certeza, só havia uma pessoa que poderia ter enviado um assassino para acabar com sua vida. Fernando Vidal, aquele desgraçado mentiroso.Quando ouviu a voz do desconhecido no corredor, se passando por seu irmão, ela soube que sua vida corria perigo novamente, e agiu rapidamente. Agora precisava sair do hospital.Se encolheu no armário de limpeza do quarto andar, o suor frio escorria por suas costas, a respiração ofegante desestabilizava seus pensamentos. Precisava pensar friamente, e sair desse lugar. Enquanto estivesse no hospital, seria um alvo
No passado, suas lágrimas eram um catalisador para Vitório. Um combustível que o impulsionava contra tudo e contra todos. - Você é mais cínica do que eu imaginava. – ele riu sarcasticamente. – Acha que eu não sei o que você fez? Você mudou sua aparência, se passou por outra pessoa na festa da Acrópole e se infiltrou como um parasita no condomínio do Ícaro. Não passa de uma oportunista mesquinha que abre as pernas para qualquer um que pode te ajudar como o que você quer!- Querido, não fale assim... você sabe que foi.. foi.. – Astrid ficou surpresa ao sentir grossas gotas transbordarem de seus olhos. Um sorriso amargo se instalou em seus lábios, ele era o único que conseguia atingir o que as pessoas chamavam de sentimentos. – Minha vida corria perigo como agora, eu não tinha saída... por favor, querido...- Se você morrer, eu vou ter o prazer de ser o primeiro a jogar terra sobre o seu cadáver imundo! Nunca mais ligue para mim sua vadia! - Se desligar eu conto tudo para o Ícaro!
São PauloAmélia BastosMais que aberração é essa?! - um homem gritou.Ela se levantou, virando a cabeça para se desculpar pelo ocorrido. A visão periférica era limitada dentro da cabeça de camaleão. - De que buraco essa GORDA do inferno saiu?!!!! - o homem olhava para ela com raiva. Cuspindo ofensas, o cara continuava indignado apontando ou gesticulando para ela. As pessoas começaram a se aglomerar, querendo saber o que aconteceu.Amélia ficou parada, como se seus pés criassem raízes ali. Seus olhos se marejaram pelas lágrimas. -Ela fez de propósito! Quem fica parado na porta de uma loja com uma roupa bizarra dessa? Tá ocupando toda a saída, sua coisa gorda! - Talvez ela não tenha percebido que era grande demais para ficar aqui… - Não, acho que ela sabia o que estava fazendo… - Nossa tudo isso para vender?... que ridículo….As pessoas opinavam e julgavam com aquele olhar. Amélia sentia o peito apertado, como se o ar faltasse, enquanto as palavras cruéis ainda ecoavam na sua ca
Odiava aquela voz asquerosa.Bastou ouvir seu nome dito naquele tom áspero e autoritário para que Amélia sentisse o estômago revirar. Ela parou no meio do corredor, cerrando os punhos. Ela pretendia apenas trocar de roupa e respirar por um instante, mas claro que seu chefe insuportável tinha que estragar até isso.— Pode esperar um minuto? Acabei de voltar da galeria, preciso me trocar.— Na minha sala. Agora! — ele ralhou, com a grosseria de sempre.Amélia inspirou fundo, se recompondo do caos interior enquanto batia na porta do escritório dele. “Respira. Não perca a paciência.” Mas por dentro, sua frustração ardia como fogo. Soltou um suspiro de desgosto.Jaime Caetano sempre dava trabalho extra a Amélia quase no fim do expediente. Ele não gostou da sua contratação, que foi feita pelo gerente geral das lojas. Segundo ele, Amélia não tinha a imagem que a Color Graphic precisava para seus atendentes.Antes de entrar, puxou o ar com força e tentou adquirir uma serenidade que estava l
Palavrões e impropérios escapavam de sua boca.Parada sob a chuva, Amélia tentava apertar a tampa traseira do fusca, quando sentiu um impacto muito forte e ouviu um barulho alto de freada brusca.O som ao seu redor foi sumindo repentinamente, enquanto ela perdia os sentidos.O barulho de um assovio ensurdecedor na sua cabeça foi a primeira coisa que tomou consciência, sentia uma dor aguda em partes do corpo. Alguém estava tocando seu rosto, um pavor aterrorizante a tomou por não conseguir se mexer.Seus sentidos voltavam letárgicamente, a visão estava embaçada demais, a chuva foi a segunda coisa que conseguiu distinguir. No instante seguinte ouviu uma voz profunda a chamando.A pessoa dizia alguma coisa, mas ela não conseguia entender o que era.Compreendeu então, que sofreu um acidente. O que estavam dizendo? Será que a poça que sentia sob seu corpo era água da chuva ou sangue?- Você... me atropelou... – Amélia conseguiu dizer, ainda não enxergava quase nada e nem sabia se a pessoa t
Aos poucos Amélia foi acordando, estava em um quarto branco e amarelo pálido com uma tv enorme embutida na parede, um vaso de flores do campo de perfume suave; era um hospital particular.Não fazia ideia de como foi parar ali, ela não tinha convênio médico e nem um centavo no bolso para pagar. Se sentou na cama reclinada confortável, o lençol macio escorregou revelando a camisola fina com o logotipo do lugar de alto padrão.Esse é o tipo de hospital que os artistas e gente montado na grana procura quando precisa. Pelo menos a dor praticamente sumiu. Não via sinais de que passou por algum procedimento cirúrgico, felizmente.Amélia suspirou de alívio. Sentindo-se observada, ela se virou nos travesseiros macios; seus olhos se depararam com um homem parado perto da porta fechada.O homem a observava em silêncio. Incrivelmente alto e forte, imponente, o terno preto de alfaiataria cara talhava um porte muito sofisticado e másculo. O físico desenvolvido era invejável; os olhos de tom profun
Ainda com vestido nas mãos ela não conseguia chegar a uma conclusão sobre aquilo. O vestido era perfeito, serviu como uma luva quando ela decidiu usar. Não sabia nada sobre aquele homem, e ele deduziu o seu tamanho com uma só olhada?!Tudo estava confuso demais. O que aconteceu com fantasia de camaleão, e por que ele se deu ao trabanho de comprar uma roupa daquelas para uma desconhecida que ele considerava uma maluca?!No espelho do banheiro ela deu uma ultima olhada em seu reflexo. Seus cabelos estavam embaraçados e molhados, seu rosto estava horrível, com um inchaço enorme no formato de bola na testa; um corte no lábio e um na sobrancelha esquerda; parecia cuspida pelo próprio desespero.Mas a roupa trazia a dignidade que precisava para sair desse quarto. Ela pagaria pelo vestido, obviamente.Saiu do quarto sem olhar para o homem. Quando sentiu uma tensão estranha e só ouviu o silêncio, resolveu apelar para seu orgulho próprio.- O que aconteceu com minha roupa? – ela levanto