VitórioA chuva açoitava a vidraça de seu escritório, lá fora o mundo estava desabando. Observando os raios e trovões, decidiu ficar mais uma noite no sofá do escritório. A escolta de Lucila enviava informativos a cada meia hora, portanto não precisava se preocupar com a segurança dela. Na verdade, sair de casa foi a decisão mais assertiva em relação a ela.Com tudo o que estava se passando, ficar longe de Lucila era a forma mais efetiva de protegê-la. Mesmo que isso causasse uma ruptura irremediável nessa relação fantasiosa.O escândalo do retorno de Astrid Darius estava revirando a Acrópole e as vidas pessoais de todos os Darius. A situação na holding ainda era delicada, os investidores estavam inseguros devido à repercussão do caso, e exigiam medidas de estratégia financeira.Não foi fácil elaborar um plano de contingência em um período tão curto, mas as lições de seu pai se provaram mais valiosas que qualquer diploma na sua gaveta. Enfim, era possível respirar sem a corda no pes
AméliaDigitou uma resposta pela enésima vez e apagou. Não sabia o que dizer a Lucila. Ela estava preocupada com o marido, e todos os dias pedia informações sobre ele.Vitório estava sobrecarregado na Acrópole em razão de tudo o que estava acontecendo com Ícaro, mas Lucila insistia que ele estava diferente, que alguma coisa estava acontecendo com ele desde que saiu de casa.- Ainda não respondeu para ela? – Ícaro perguntou, adentrando a cozinha, vestindo somente uma cueca cinza grafite. Amélia levou a caneca de café e o copo de suco para a mesa. - Eu não sei o que dizer. – respondeu, se sentando de frente para ele.- Já disse para dizer a verdade. Vitório nunca escondeu sua participação ativa no clube. Diga a ela que ele estava na Masmorra ontem a noite. - Não quero magoar minha amiga. O que a Lucila sentiria se soubesse que ele estava no clube transando com a submissa que ele divide com o canalha do Alberto.- Isso é um assunto deles. O que acontece na Masmorra é privado e consens
AlbertoTiciano olhava para mim com a expressão mais desagradável que já havia apresentado durante todos esses anos que se conheciam. Camila, por outro lado, parecia se divertir com o que estava acontecendo.“Essa maluca do caralho.” Ele pensou irritado.- Não posso fazer isso, Camila. Você terá que abrir mão de ser Catarina na Masmorra de qualquer forma, então que seja agora. - Eu sei disso, Alberto. E é exatamente isso o que Ticiano e eu queremos. Vou abandonar a Masmorra permanentemente.- Está falando sério? – ele perguntou, provando se café. Combinaram aquele café da manhã na Acrópole por motivos profissionais, porém havia uma questão pessoal pairando entre eles. A suposta posição de submissa de Catarina, que Camila representava na Masmorra Diè.Camila escolheu usar um pseudônimo enquanto estivesse como submissa para proteger sua postura de CEO do grupo Camargo. - Estou, mas preciso que faça isso por mim. - Não vou fazer mais isso, porra. – Alberto, pediu mais um café preto s
Ícaro - Isso não faz sentido. – ponderou para si mesmo, assistindo as imagens das câmeras de segurança pela milionésima vez.Do aeroporto, aguardava a chegada de Alberto enquanto repassava tudo o que aconteceu. O choque do sequestro de Amélia ainda estava vívido em suas entranhas, como se alguém o nocauteasse repetidas vezes.Não era só ela que estava em risco, mas o seu filho também. Lola, a mulher que trabalhava com ele desde quando os irmãos Darius eram só adolescentes, traiu seu patrão porque foi ameaçada. Quem sequestrou Amélia, estava com o filho dela e ameaçavam matá-lo se ela não colaborasse com o sequestro.Não conseguia evitar odiá-la, porque para ele não importava seu instinto materno. O que importava era a sua mulher e o seu filho, que agora corriam risco de vida por causa do que ela fez.Um segurança estava com ela na casa, ele não podia permitir que fugisse depois do que fez. Ela não sabia quem eram os sequestradores, mas disse que eles tinham boa aparência e
AméliaO som de música clássica trouxe um terror pavoroso à Amélia. No passado, as variadas sinfonias eram cortadas por seus gritos de dor. Seus olhos se abriram desesperada para ser somente um pesadelo, mas não era. O quarto luxuoso com decoração renascentista fez o seu estômago se revirar. Ela se levantou lentamente, procurando pela presença de seu algoz, mas não havia ninguém por perto. Amélia correu até a janela, estava no segundo andar e não havia sacada. Se pulasse, poderia machucar ou perder o seu bebê. Procurou pelo jardim enorme por algo que pudesse ser seu fio de esperança para escapar.Mas a estrutura familiar da fonte e o formato das vegetações, fizeram seus olhar se deter na estrutura de madeira mais a frente. Um anexo pequeno, de madeira branco, um lugar que foi construído para Melissa quando ainda era só uma garotinha.- Não pode ser... – disse, observando melhor o quarto.Entrou no closet e encontrou peças de suas roupas antigas, e alguns vestidos novos de grife. Sap
Chegando ao hall de entrada, Amélia viu Lurdes chamando seu antigo nome com lágrimas nos olhos, mas não ficou para abraçar e dizer o quanto sentiu sua falta. Precisava sair dali o mais rápido possível, Ícaro devia estar preocupado.O jardim estava quieto e silencioso e o percurso até o portão principal foi o mais longo de sua vida. Mas ao chegar lá, se deparou com quatro seguranças, que mantinha a propriedade fechada.- Abram os portões, eu vou sair. – ela disse, olhando para seus rostos, de cabeça erguida.- A senhora não pode sair. Recebemos ordens. – um deles disse seriamente.- Você tem que abrir esse portão! Me manter aqui é sequestro e eu posso denunciar todos vocês agora mesmo!Nenhum deles se intimidou ou se comoveu com seu pedido. O mesmo que respondeu para ela, atendeu ao celular e respondeu algumas afirmações, em seguida o guardou de volta no bolso do terno preto.- Nos acompanhe de volta até a residência, senhora. - Não! Você tem que me deixar sair! O meu noivo, ele está.
A imagem no espelho refletia uma mulher decidida e convicta. Os olhos castanhos esverdeados eram firmes e determinados no reflexo do espelho. O mesmo ímpeto flamejava em seu interior.O vestido verde esmeralda se moldou ao seu corpo como uma luva, as sandálias de tiras de couro eram trançadas nos tornozelos, finalizando o conjunto elegante. Amélia só usava um par de brincos de ouro branco com diamantes, que foi um presente de Ícaro. Ela passou a mão em suas orelhas, se lembrando do gesto sedutor, quando ele mesmo colocou as joias ali.Ele deve estar muito preocupado com ela, e como o bebê. Levou as mãos ao seu ventre, o alisando suavemente.- Não importa o que está nos esperando lá embaixo, eu serei uma boa mãe para você e vou te proteger de qualquer coisa, meu amor.A imagem no espelho refletia uma mulher decidida, convicta. Os olhos castanhos esverdeados eram firmes e determinados no reflexo do espelho. O mesmo ímpeto flamejava em seu interior. Uma onda de revolta percorreu
Ele fitou seus olhos surpresos, mais lágrimas se desprenderam de seus olhos castanhos. Aurélio levou suas mãos aos lábios, as beijando com carinho.- Você estava lá? – ela assentiu com a cabeça. – Por que não veio falar comigo.. eu estava desesperado.. Não, eu sei porque não o fez, filha. Não dei motivos para que confiasse em mim, deliberadamente me afastei de você.- Você me abandonou, pai... – Amélia sentiu suas emoções transbordarem. Lágrimas quentes escorreram livremente por seu rosto, e ela não se importou de mostrar o quanto esse abandono a destruiu. – Eu só tinha você... só você... e você...- Não chore, por favor não chore mais querida. – Aurélio se ajoelhou frente a ela. – Eu não tive escolha, filha. Sua mãe queria te educar da maneira dela, e não aceitava o jeito que eu lidava com você. Sua mãe me deu ultimato, se eu não ficasse do lado dela e abrisse mão do controle da sua educação, ela iria embora para o exterior com você.- Ela... ela te chantageou? – Amélia pergunto