Fiona
" Devemos ter amigos que nos ensinam o bem; e perversos e cruéis inimigos, que nos impeçam de praticar o mal." " Diógenes de Sinope " —Essa é a Hannah.—Diz mamma apontando para uma mulher loira. —Prazer em ti conhecer Hannah!—Falo dando-lhe um abraço e dois beijinhos no rosto,ela retribui como se sentisse saudades. —Seja bem vinda de volta,Annalie!—Diz Hannah mim soltando. —Já nós vimos antes?—Pergunto a Hannah. —Acho que não!—Responde no modo automatico como se desse conta de que falou de mais. —Vai com calma,Fiona...—Fala mamma rindo.—Ainda terá muito tempo para isso. Espera aí,como assim terá muito tempo para isso. —Não estou entendendo mamma,o que quis dizer com o "terá muito tempo para isso"?—Pergunto franzindo a testa. —Hannah é a soldado que seu papà encarregou para a sua segurança.—Responde.—Achamos que ter uma mulher por perto te fará bem. Como é que deixei que a minha vida chegasse até esse ponto? Quando você aceitou casar com o Giancarlo responde o meu eu interior. Quero muito espancar alguém e extravasar toda essa tensão acumulada nesses últimos dias mas não posso porque promete que ia mim comportar lindamente. Agora reparando melhor,ela carrega uma arma no cós da calça e as unhas curtas sem esmalte reforçam que ela é mesmo um soldado. Se eles já decidiram não têm mais nada que eu possa fazer em relação a esse assunto. Até que será bom ter uma mulher como segurança. —Está bem mamma,se é isso o que vocês acham!—Digo sentando na cadeira em frente ao espelho. —Nicolini preciso que hidrante o cabelo dela e depois faça um penteado magnífico,uma maquiagem leve para noite e que ela fique mais linda do que é.—Mamma diz tudo tão rápido que até fico tonta. —Não se preocupe Senhora Morelli,ela estará pronta para a festa de noivado!—Responde um homem com uma camisa de cetim rosa e uma calça cinza.—O seu cabelo é muito bonito senhora. Mamma se despedi e sai com Hannah,na sala só ficamos eu,Nicolini e quatro assistentes dele que não falaram nem uma única palavra desde que eu cheguei aqui. —Obrigada...Não mim transforme em uma bonequinha.—Digo. —Querida és mais linda que uma boneca.—Fala movimentado o meu rosto de um lado para o outro. —Humm ok.—Digo fechando os olhos. Depois de três horas de puro tédio finalmente estou pronta,minha mamma não poupou em nada. Estou de um vestido prata justo comprido todo bordado de costas nuas e que contorna bem até de mais as minhas coxas com um pequeno colar com uma safira azul incrustada nela e brincos,um coque baixo,uma maquiagem leve e para finalizar um escarpim preto mim sinto tão enfeitada com tudo isso. Por mim eu iria vestida de uma calça jeans,molenton e tênis tudo confortável e prático. Desço um degrau de cada vez até chegar no hall da mansão onde minha família mim espera,os homens estão de ternos pretos enquanto que a mamma está de um vestido preto e a Elisabeta de um verde escuro como a cor dos seus olhos. O vestido preto da mamma só mostra o seu descontentamento perante esse casamento de uma forma elegante,uma coisa que eu adoro nela. —Mamma o vestido precisava mostrar tanta pele assim?—Perguntou Felippo não escondendo o seu desagrado pelo vestido. —Sei bellissima figlia mia!—Diz mamma ignorando completamente a pergunta do Felippo.—Uma mulher extremamente linda. —Grazie mille mamma.—Falo emocionada apesar de partilhar da mesma opinião que o meu irmão. — Se não fosse minha irmã,eu te pegava de jeito.—Diz Risa nos fazendo rir a todos. —E eu cortava as suas bolas para o jantar!—Felippo diz sério. —Que nojento!Gritamos eu e Elisabeta ao mesmo tempo assustando o Felippo. —Ainda não acredito que minha filhinha já é uma mulher.—Diz papà como se a ficha só caísse agora. —Posso farlo papà, te lo prometto.—Falo abrançando ele. São momentos como esses que mim fazem amar minha família,apesar de meu pai ter nascido e crescido na máfia ele ama a família e demostra isso com pequenos gestos ou palavras. —Sei disso...—Responde—Vamos. Os saltos altos da Elisabeta ecoam quando ela começa a andar,fora da mansão a um comboio de seis carros a nossa espera mas o que mais me chamou atenção é o Dartz Prombron no meio deles. —De quem é essa máquina Elisa?—Pergunto para minha prima. —É do Felippo!—Responde com os olhos brilhando ao olhar para o carro. Devo admitir que as mulheres da nossa família são um pouco ortodoxas. Eu e Elisabeta participamos de algumas corridas ilegais aos quinze anos,minha mamma é fascinada por adagas e minha tia por luta livre. Meu papá diz que isso mostra o quanto somos livres e autónomas. —Papá vou no carro do Felippo,pode ser?—Pergunto com a melhor carinha de cachorinho abandonado. —Então o Risa vai com a Elisabeta.—Decreta o grande Vincenzo Alfiero Morelli. Nós nunca vamos no mesmo carro,isso evita que qualquer inimigo saiba em que carro estamos. —Obrigado papá.Mil perdões Risa mais a sua Ferarri não mim atrai tanto quanto o Dartz Prombron.—O Risa mim fulmina com os olhos. —Conduza com cuidado Felippo e você mocinha se comporte.—Diz mamma mim apontando. —Está bem mamma. Digo entrando no carro sem dar o Risa a chance de defender o carro dele. Felippo entra rindo e coloca o cinto de segurança. —Ótima escolha coelhinha...—Fala ligando o carro e fazendo a manobra. —O que ele disse?—Pergunto depois de dois minutos de silêncio. Conheço muito bem o meu irmão para saber que ele não aceitaria esse casamento tão facilmente assim,Felippo não queria que eu voltasse para Itália segundo ele séria mais fácil não mim casar estando longe e fora da jurisdição da Cosa Nostra. —Giancarlo é apenas um idiota que se acha de Deus,acha que casando com você terá acesso ao vovó.—Rosna Felippo.—Se quiser o matar eu te apoio em tudo,coelhinha. Se até agora Felippo ainda não matou o Giancarlo é pelo nosso pai. —Não quero matá-lo!—Digo a verdade.—Não sou como ele. —Ainda acho que deves escolher ser feliz enquanto ainda há tempo.—Comenta Felippo. —Isso não muda nada,o plano ainda continua o mesmo!—Digo enquanto olha para a vista além da janela.—E ele já disse o que pensa sobre nós dois. —Ele pode estar mentindo para você.Não acredito que ele não sinta nada por você. —Chega desse assunto por favor,Lippo.—Falo não querendo mexer esse assunto.—Isso já não importa. Ele não diz mais nada sobre esse assunto e agradeço. Estaciona o carro em frente ao hotel Florença,desço quando Felippo abre a porta do carro. Hoje só pessoas importantes da máfia e alguns associados estarão na festa,nunca gostei de participar desses tipos de eventos. Quando o resto de família chega entramos,primeiro o papà e a mamma,em segundo o Risa e a Elisa e por último eu e o Felippo. A entrada para o salão de festas está deslumbrante,com pequenas flores brancas jogadas na escada que sobe até ao salão tudo muito bonito,devo admitir que a minha futura sogra fez um ótimo trabalho. A decoração do salão alterna entre o dourado e o creme,todas as mesas têm uma placa exibindo o sobrenome da família que deve sentar ali. Vejo o puro ódio no olhar das várias mulheres que aqui estão,e já sinto que esse casamento vai ser a porra de uma baita dor de cabeça para mim. Caminhamos até a nossa mesa que está bem próxima da dos Saltori.Todos os olhos estão virados para nós o que mim deixa um pouco desconfortável mas o olhar que mim surpreende é o do Giancarlo.Giancarlo Saltori " O que é verdadeiramente imoral é ter desistido de si mesmo. Clarice Lispector " —Quem te mandou?—Pergunto mais uma vez para um dos cinco homens que ainda continua vivo. Eles tiveram muita ousadia ou foi burrice mesmo em pensar que conseguiriam roubar alguma coisa de mim. —Não falarei nada para você seu filho da puta italiano.—Fala e depois cospe na minha cara. Pego um lencinho no bolso e limpo a minha cara,ele não sabe como mim dá muito prazer dobrar um homem. —A parte de eu nunca saber o nome do teu chefe é apenas uma ilusão que o teu cérebro minúsculo projectou.—Digo caminhando em direção a mesa cheia de ferramentas de tortura.—Barba traga a família dele. Mando o meu soldado que não demora muito em trazer uma mulher e duas menininhas que começam a chorar quando vêm os homens mortos pendurados na parede. —Ouvi dizer que um homem faz de tudo pela sua família é verdade Barba?—Pergunto para o meu soldado,não demora muito e ele dá uma resposta. —S
Giancarlo Saltori"Ele tentou não olhar para ela, como se fosse o sol. Mas, como o sol, ele a viu mesmo sem olhar para ela." — Liev Tolstói —Aquela menina não têm o que você precisa,Giancarlo!—Diz a loira vestindo a mini saia.—Isso não é da sua conta ou devo te fazer lembrar qual é a sua função?—Pergunto sem paciência.Me arrependo amargamente de a ter trazido para ser minha distração durante essa viagem,Scarlett pensa que têm outra serventia para mim fora da cama.—Eu sou a mulher que você precisa e não aquela malledeta.—Fala furiosa.Levo as mãos até o pescoço dela e aperto com força,sinto ela estremecer e começando a mudar de cor.As mulheres pensam que servem para outra coisa além de servir os desejos do homens e parir herdeiros.—Acho que não deixei claro seu papel aqui,não é figlia di puttana? Escuta bem o que vou dizer,você não passa de uma boceta que eu como de vez em quando e eu não te devo porra nenhuma,nunca te dei esperanças de que teria algo a mais que meu pau
Fiona Morelli"A maneira mais comum das pessoas desistirem do seu poder é pensando que não têm nenhum." — Alice WalkerGiancarlo não consegue tirar os olhos de mim e isso não é bom,ele levanta e caminha em minha direção com aquela figura imponente.Felippo se abaixa um pouco e diz: —Ele vem aí,me chame se precisar de alguma coisa Fiona. —Não se preocupe mio fratello.—Digo—Ele não é louco para tentar alguma coisa aqui.Meu irmão acena e saí em direção a mesa onde estão nossos pais. Não desvio o olhar dele nem um segundo vejo os olhos negros analisarem cada pedaço do meu corpo nesse maldito vestido e um sorriso de canto aparecer no rosto dele.Giancarlo se aproxima de mim como se eu fosse a presa e ele o caçador,sorrio com essa nova descoberta.O maior erro que um ser humano pode cometer é subestimar outrem e acho que Giancarlo fez isso,se ele soubesse o real motivo de eu ter aceite esse casamento não estaria com essa cara. Gianc
Fiona Morelli “ A coragem é a primeira das qualidades humanas porque garante todas as outras.” —Aristóteles—Vá buscar suas coisas que partimos hoje mesmo,fidanzata.—Diz Giancarlo —E vá se trocar antes de sair.—Acrescenta já se afastando.Suspiro enquanto o vejo partir,Giancarlo é um homem complexo e difícil que não sabe o que é amar.Um alívio que eu não terei que doma-lo,porque o meu plano só funcionará se ele continuar a ser um homem implacável e impiedoso,já não existe rendição para ele.Mando uma mensagem para o meu pai,avisando-o de tudo.E então me levanto e caminho até uma pequena sala onde já encontro uma caixa preta na mesa.Troco o vestido de casamento por um outro branco acima dos joelhos.Giancarlo deixou um carro a minha disposição sem nenhuma escolta ou soldados por perto para a minha protecção,algo muito estranho para um Don fazer com a sua esposa mas não questiono nada querendo ver até onde isso vai. Entro no carro e di
Giancarlo Saltori “Meu pai comparou o entrelaçar dos fios do linho à trama do destino, que alinhava as ações humanas, gerando encontros e desencontros.” —João Anzanello Carrascoza.—Don,já levaram a sua esposa para a sede.—Informa Barba em um tom de descontentamento pelo que vai acontecer a seguir. —Ela está ferida?—Pergunto enquanto ando até o carro. —Sim,Don.O carro em que ela estava capotou três vezes,o motorista quebrou o pescoço com o impacto enquanto que ela teve um corte na testa e desmaiou no local.—Responde. Entro no saguão da sede e vou direito ao elevador,na sala já se encontram dez dos onze capos e o meu consigliere.Olho ao redor procurando o Luigi que é o meu sottocapo e não o encontro,então mando um dos soldados a sua procura.A entrada da família Morelli para essa sala está proibida. —Don.—Cumprimentam todos ficando de pé quando entro. Sento no meu lugar e
Fiona Morelli “Quando atacar alguém por vingança, prepare duas covas.” —ConfúcioDigo ao Giancarlo que estou com fome e ele sai do quarto,aproveito o momento para perguntar algumas coisas para o doutor Bullati.—Quem o chamou pra cá,Doutor Bullati?—Pergunto.—O seu pai me mandou ficar de prontidão essa manhã,Senhora.—Ele faz uma pausa e arruma melhor os óculos—Mas depois recebi um telefonema do Sottocapo,ele disse que o Don precisava dos meus serviços.Queria recusar,mas quando ele disse o seu nome vim rapidamente.Pisco atordoada com a informação,meus pais já sabiam disso e mesmo assim não me contaram nada.—Preciso ficar de repouso por quantos dias?—Pergunto a ele.—Duas semanas no mínimo,Senhora!—Responde conhecendo o sentido da minha pergunta.—Você partiu algumas costelas no acidente,e isso só agravou o seu quadro.Mas não é nada que irá mata-la,peço que se
Giancarlo Saltori —O mais terrível de todos os males, a morte, não significa nada para nós, justamente porque, quando estamos vivos, é a morte que não está presente; ao contrário, quando a morte está presente, nós é que não estamos.” —EpicuroO doce cheiro de sangue chama minha atenção assim que piso na sala dos Vallati. —Como isso aconteceu no meu território?—Pergunto aos incompetentes na minha frente e os vejo estremecer com medo. Se têm uma coisa que não admito é que qualquer um pense que pode fazer o que bem entender no meu território e sair impune disso.Otto Vallati e toda sua família estão mortos.As mulheres mortas com dois tiros na testa enquanto que o Otto e o filho inconsequente dele comeram as próprias bolas,a sala suja de sangue dá uma perfeita obra de arte,que não me agrada no momento por parar alguns dias os negócios que o velho estava encarregue.A forma que eles morreram mostra que a raiva deles estava direcionado no Otto e
Fiona Morelli —“Tudo envolve riscos. Não fazer nada também é arriscado. A decisão é sua." — Nicola YoonNesses últimos dias,o Giancarlo foi comigo a todas consultas que eu tinha.Descobrimos pelo raio-x que fiz que eu havia partido quatro costelas,nada grave mas que para ele poderia significar a perda do seu pote de ouro e me receitaram alguns remédios que o Giancarlo fazia questão que eu tomasse todas as noites antes de dormir para esconder as suas saidas noturnas. Até que o filho da mãe tinha um ótimo plano,porém ele me subestimou bastante.Não fiz questão de descobrir quem é a cyka com quem ele anda fodendo por aí,porque isso pouco me importa.Partimos hoje para Nova Iorque,e eu não poderia ir sem primeiro me despedir da minha família. —O que aconteceu na minha ausência.—Pergunto e eles olham estranho para mim.—O que aconteceu? Repito a pergunta não gostando do silêncio dos dois. —Houve um ataque na Suécia.—Risa é o primeiro a abrir a boca. —Que